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Por que as taxas de juros estão subindo ao redor do mundo? A ciência explica! 

Os tempos não são dos melhores para os investidores de Renda Variável e a economia de modo geral. 

Na semana passada, tivemos mais algumas grandes pancadas para os investimentos em ativos de risco no Brasil e no mundo. 

Isso porque, em virtude da inflação crescente, as taxas de juros subiram novamente ao redor do globo. 

No Brasil, esse aumento foi de 0.5 ponto percentual, com a Selic chegando a 13,25% ao ano. Já nos EUA, a taxa de juros alcançou o patamar entre 1,5% e 1,75%, em movimento que foi a maior alta no país desde o ano de 1994. 

Isso sem contar as principais economias europeias e asiáticas… 

Como consequência, as bolsas ao redor do mundo tiveram mais uma semana difícil e os ativos de risco, como ações e criptomoedas, viram as suas cotações derreteram. 

O que então explica essa alta? Como chegamos a essa situação dos juros? 

Vou te explicar com detalhes, mas para isso não vamos utilizar gráficos, estatísticas e projeções. Vou utilizar a ciência! 

Ficou curioso? Siga comigo que você vai entender. 

taxas de juros e bear market
As taxas de juros altas influenciam na queda dos ativos de renda variável (Foto: Pixabay)

O efeito borboleta e as taxas de juros

Acredito que você já tenha ouvido falar no termo “efeito borboleta”, mesmo que de maneira vaga, não é mesmo?  

Esse conceito é bastante utilizado na ficção científica e na dramaturgia, mas ele teve seu papel também na realidade científica. 

Isso aconteceu em 1961, quando o meteorologista norte-americano Edward Lorenz estava trabalhando em um modelo matemático para previsão do tempo. 

Em meio ao experimento, o cientista incluiu, em um computador, diversos dados como temperatura, umidade, pressão atmosférica, direção do vento, entre outros.  

Ele anotou todos os números e, em seguida, os inseriu novamente para validar os resultados obtidos anteriormente. 

Dessa vez, porém, as indicações foram diferentes. 

O mais inusitado é que, conforme as previsões avançavam no tempo, esse resultado ia se distanciando cada vez mais. 

Ao final, perturbado pela diferença, Lorenz tentou entender o que estava acontecendo. 

A resposta foi que o computador utilizado por ele tinha arredondado o cálculo, desconsiderando algumas casas decimais.  

Por mais incrível que parece, esses números após a vírgula que, a princípio, eram totalmente insignificantes, ao final faziam uma diferença exorbitante nos resultados. 

Foi aí que nasceu a expressão: “um simples bater de asas de uma borboleta pode causar um furacão no outro lado do mundo”, ou seja, uma variação muito pequena pode parecer algo pontual e restrito, mas ao final pode provocar mudanças drásticas e caóticas ao longo do tempo.  

Tudo bem, mas como isso se aplica à economia global? 

Já vou te explicar. Antes, vale ainda associarmos brevemente mais um conceito científico pertinente: a reação em cadeia.  

Esse conceito, na química e na física, consiste basicamente no fato de que uma sequência de reações provocadas por um único elemento ou um grupo pode gerar novas reações em elementos distintos.  

Um exemplo disso são as bombas atômicas, em que diferentes elementos reagem formando a grande explosão que nós já conhecemos.  

Aplicação na economia global

Partindo agora para a explicação, o cenário que vemos hoje na economia se assemelha muito a esses dois conceitos científicos. 

Todo o caos econômico começou com um simples vírus microscópico que, por mais que ainda não saibamos as causas, de alguma forma começou a circular livremente.  

E como no efeito borboleta, esse ser microscópico e até então limitado ao território chinês, se propagou e, em pouco tempo, tomou todo o mundo e causou grandes danos, ocasionando mortes e mudando a forma como vivíamos até então.  

A partir disso, criou-se um cenário de incertezas que colocou em choque dois conceitos importantes para aquele momento: a “crise sanitária” e a “economia global”.  

Em tempo recorde, os Governos tiveram que tomar a seguinte decisão: o que priorizar?  

Em um primeiro momento, como era de se esperar, as emergências na saúde foram priorizadas.  

Com isso, as economias esfriaram, com estabelecimentos fechando ou reduzindo as suas atividades.  

Para evitar um colapso na economia, no entanto, os Governos ao redor do mundo tomaram a iniciativa de injetar liquidez por meio de estímulos. 

Em um primeiro momento, essas medidas foram importantes e ajudaram muitas famílias e empresas a se manterem. 

Como em uma reação em cadeia, porém, o choque desses diferentes elementos causou uma consequência, que leva o nome de inflação.  

Com os estímulos do Governo, uma maior quantidade e dinheiro começou a circular na economia. Isso, porém, não foi feito em virtude de um crescimento econômico, mas sim por essa necessidade de manter a economia aquecida. Portanto, essa injeção de liquidez no mercado foi artificial.  

O resultado foi um salto na inflação, mas sem um crescimento econômico condizente, nos levando ao cenário atual nas economias globais. 

Não bastasse isso, outras reações se originaram desse cenário pandêmico e influenciaram na inflação.     

A principal delas foi o choque na oferta das commodities.  

Afinal, em meio ao medo e incertezas em relação à pandemia, a produção de importantes commodities, como petróleo, alimentos e minério de ferro, por exemplo, foram diminuídas.  

Com a situação melhorando, porém, esse retorno da produção não seguiu na mesma velocidade. Afinal, para se produzir commodities é necessário todo um planejamento, investimento e tempo.  

Portanto, aumentou-se a procura por esses itens no mercado, mas ainda não havia quantidade suficiente para suprir essa demanda. Qual a consequência disso? Mais inflação.  

E se você acha que parou por aí, você está enganado. 

Mais outros fatores, relacionados ou não com a pandemia, foram surgindo ao longo dos últimos dois anos e corroboraram para esse cenário: 

– Guerra da Ucrânia, que afetou principalmente a oferta no mercado de energia e commodities, já que os dois países envolvidos são importantes produtores desses itens, como petróleo, gás natural, milho, trigo, fertilizantes, entre outros.  

– Lockdowns na China, que afeta a circulação de mercadorias ao redor do mundo e esfria a economia. 

– Seca severa nos Estados Unidos. 

E por aí vai… 

Dessa forma, a pandemia e até mesmo fatores não relacionados a ela foram provocando diversas reações em cadeia que levaram ao cenário de inflação global que vemos hoje.  

E se você acha que esse é um problema que enfrentamos apenas no Brasil atualmente, você está enganado. 

Afinal, a inflação está escalando no mundo todo, com recordes de muitos anos em países como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e até mesmo o Japão. 

Como principal mecanismo para frear esse cenário inflacionário, os Bancos Centrais ao redor do mundo sobem os juros.  

E é aí que chegamos aos dias atuais. 

Essa alta também está sendo recorde em diversas nações, e a principal consequência desse aumento dos juros é o freio de estímulos para o crescimento das economias.  

Isso afeta a expansão de empresas e, naturalmente, acaba atingindo as bolsas de valores mundiais, justificando a queda nas cotações dos ativos de renda variável.  

Portanto, o “efeito borboleta” provocado pelo início da pandemia do coronavírus, e por outros fatores locais, segue causando uma reação em cadeia na economia mundial cada vez mais globalizada.  

Com isso, o mundo sofre cada vez mais para conseguir contornar esse cenário e vem enfrentando a consequência de todos esses desdobramentos.  

Como mensagem de esperança, porém, vale ressaltar que o mundo já passou por cenários de crise até mesmo piores e conseguiu superá-los ao final. 

E foi nesses momentos de pessimismo e cautela que os investidores inteligentes conseguiram ganhar dinheiro com ativos vencedores no longo prazo.  

Portanto, essa pode ser a sua hora de identificar boas oportunidades e construir o seu sucesso nos investimentos. 

Afinal, no lado positivo, o efeito borboleta e a reação em cadeia também têm tudo a ver com os juros compostos, não é mesmo?  

Um abraço e até a próxima! 

Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalveshttps://finclass.com/
Hugo é economista e copywriter no Grupo PRIMO. Trabalha com finanças há mais de 7 anos.
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