Imagine ter uma carteira de ações crescendo a longo prazo e, ao mesmo tempo, gerando uma renda extra para você — sem precisar vender nenhum papel.
Pois saiba que isso é possível! Um dos caminhos para monetizar ações paradas na carteira é por meio do aluguel de ações, uma prática ainda pouco conhecida por muitos investidores, mas que movimenta bilhões na bolsa de valores.
De acordo com dados da B3, o saldo de ativos alugados em 2024 superou os R$120 bilhões, mostrando que cada vez mais investidores estão utilizando esse recurso para aumentar seus ganhos — ou para implementar estratégias de investimento mais sofisticadas.
Quer entender melhor como essa dinâmica funciona e descobrir se o aluguel de ações pode fazer sentido para sua estratégia? Continue a leitura para aprender:
- O que é aluguel de ações;
- Como funciona o aluguel de ações;
- Quais são os tipos de contratos de aluguel de ações;
- Quais são os tipos de ações para aluguel;
- Quais são as vantagens em alugar ações;
- Quais são os riscos de alugar ações;
- Como alugar ações.
No final, ainda indicaremos cursos para aprofundar seu conhecimento sobre o mercado de ações. Vamos juntos nessa?
O aluguel de ações é um acordo entre duas partes: o doador e o tomador (Foto: Pixabay)
O que é aluguel de ações?
O aluguel de ações é uma operação em que a pessoa que possui ações em carteira (chamada de doador) disponibiliza seus papéis temporariamente para outra pessoa investidora (tomador) em troca de uma remuneração.
Essa prática é vantajosa para os dois lados: o doador ganha uma renda extra sobre ativos que já possui, sem precisar vendê-los, enquanto o tomador pode usar as ações para realizar estratégias específicas, como operações de venda a descoberto, alavancagem ou mesmo arbitragem.
Todo o processo é regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela própria B3, garantindo segurança jurídica para ambas as partes. Além disso, o aluguel é formalizado por meio de contratos que estabelecem prazos, taxas de remuneração e as garantias exigidas para o cumprimento do acordo.
Em resumo: o aluguel de ações é uma maneira inteligente de rentabilizar seus investimentos ou potencializar estratégias no mercado. No próximo tópico, vamos entender em detalhes como essa operação funciona na prática.
Como funciona o aluguel de ações?
O aluguel de ações é uma operação intermediada pela B3, principal bolsa brasileira, que atua como contraparte central, garantindo a segurança e a liquidez da transação para doadores e tomadores.
É a B3 quem define as ações para aluguel (Foto: Divulgação)
Na prática, funciona de forma semelhante a um aluguel de imóveis: a parte proprietária dos ativos (doador) disponibiliza suas ações para outra pessoa (tomador) por um período determinado, em troca de uma remuneração previamente acordada.
Vamos entender cada etapa e detalhe dessa operação.
Direitos e deveres das partes envolvidas
Algumas responsabilidades dos envolvidos no aluguel de ações são:
- Doador: é a pessoa investidora que oferece suas ações para aluguel. Ela continua sendo a proprietária dos papéis e mantém o direito de receber a remuneração acordada pelo contrato de aluguel;
- Tomador: é quem pega as ações emprestadas para realizar operações no mercado, como venda a descoberto ou estratégias de proteção (hedge). Ao final do contrato, deve devolver as mesmas ações (ou seu valor equivalente).
Ambas as partes firmam um contrato com regras claras sobre prazos, taxas e condições.
Garantia e riscos
Antes de efetivar o aluguel, o tomador precisa apresentar garantias para assegurar que cumprirá a devolução das ações no vencimento do contrato.
Essas garantias podem ser:
- Dinheiro em conta;
- Títulos públicos (como Tesouro Direto);
- CDBs;
- Outras ações.
Esse sistema de garantias minimiza o risco de inadimplência, tanto para o doador quanto para a corretora que intermedia a operação. Ainda assim, existe o risco de mercado: oscilações no preço das ações podem impactar o valor das garantias.
Transferência de direitos
Quando o aluguel é feito, a posse das ações passa temporariamente para o tomador, enquanto a propriedade econômica segue com o doador.
Isso significa que o tomador pode negociar as ações durante o período do aluguel e, além disso, exerce o direito de voto em assembleias. Já o doador mantém o direito de receber dividendos, juros sobre capital próprio (JCP) e outras bonificações financeiras normalmente.
Em resumo, o tomador tem o direito de voto enquanto estiver com as ações alugadas e o doador continua recebendo os rendimentos que os ativos gerarem.
Essa divisão é importante para que o doador saiba que, apesar de não participar de votações nesse período, ele não perde os benefícios financeiros da ação.
Dividendos e outros direitos
Se houver pagamento de dividendos, juros sobre capital próprio ou bonificações enquanto as ações estiverem alugadas, o tomador é obrigado a repassar esses valores ao doador.
Assim, o doador não perde nenhum benefício econômico relacionado às ações durante o período de aluguel.
Custos para alugar ações
Para o doador, o processo costuma ser gratuito — ele apenas recebe a remuneração pelo aluguel.
Para o tomador, existem custos:
- Taxa de aluguel: geralmente expressa como um percentual anual sobre o valor das ações alugadas;
- Custos operacionais: podem incluir taxas cobradas pela corretora ou pela B3.
Esses custos variam de acordo com:
- A demanda pelas ações (ações muito procuradas têm taxas mais altas);
- A liquidez dos papéis;
- A negociação individual entre as partes.
Quais são os tipos de contratos de aluguel de ações?
Existem diferentes modalidades de contratos para o aluguel de ações, que são:
- Contrato reversível ao doador;
- Contrato reversível ao tomador;
- Contrato reversível ao tomador e doador;
- Vencimento fixo.
Eles variam conforme o nível de flexibilidade que o doador e o tomador desejam ter. Entender essas diferenças é essencial para escolher o modelo que melhor se encaixa nos seus objetivos.
Veja a seguir os detalhes de cada um deles.
Contrato reversível ao doador
Nesse tipo de contrato, o doador pode solicitar a devolução das ações a qualquer momento, mesmo antes do prazo inicialmente combinado.
O tomador, ao ser notificado, deve devolver os ativos, e a taxa de aluguel será proporcional ao tempo em que ele manteve as ações.
Importante: essa é a modalidade mais comum nos serviços de custódia remunerada oferecidos por corretoras, em que as ações de quem investe são automaticamente disponibilizadas para aluguel, mantendo a possibilidade de resgatar os ativos com agilidade.
Contrato reversível ao tomador
Aqui, é o tomador quem possui o direito de encerrar o contrato a qualquer momento, independentemente do prazo estipulado inicialmente.
Após solicitar a devolução, ele deve devolver as ações para o doador em até quatro dias úteis, respeitando o prazo operacional da Bolsa.
Contrato reversível ao tomador e doador
Nesse formato, ambas as partes — tanto o doador quanto o tomador — podem solicitar o encerramento do contrato a qualquer momento.
As mesmas regras de devolução se aplicam, garantindo flexibilidade total para os dois lados.
Vencimento fixo
Já no contrato de vencimento fixo, o prazo estipulado inicialmente deve ser cumprido integralmente pelas duas partes.
Nem o doador nem o tomador podem solicitar a devolução antecipada das ações. Esse modelo oferece maior previsibilidade para quem quer manter o planejamento financeiro ou estratégias de longo prazo.
Contratos de aluguel de ações possuem regras bem definidas (Foto: Pixabay)
Quais são os tipos de ativos disponíveis para aluguel?
O mercado brasileiro oferece várias opções de ativos que podem ser alugados. Confira os principais:
- Ações de companhias abertas e listadas na B3;
- Units (pacotes que contêm ações ordinárias e preferenciais);
- Fundos de Índice (ETFs);
- BDRs Patrocinados e BDRs Não Patrocinados Nível I;
- Fundos de Investimentos Imobiliários;
- Fundos de Investimentos em Participações.
Entenda melhor sobre cada um deles a seguir.
Ações de companhias abertas e listadas na B3
As ações de empresas negociadas na Bolsa são os ativos mais comuns no aluguel. Tanto ações ordinárias (ON) quanto preferenciais (PN) podem ser alugadas, dependendo da disponibilidade e da demanda de mercado.
Units (pacotes que contêm ações ordinárias e preferenciais)
Units são pacotes compostos por mais de uma ação, geralmente combinando ações ordinárias e preferenciais. Elas também podem ser alugadas, seguindo as mesmas regras de contratos de aluguel aplicáveis às ações individuais.
Fundos de Índice (ETFs)
Os ETFs, fundos que replicam o desempenho de índices, como o Ibovespa ou o S&P 500, também podem ser alugados. Essa é uma alternativa para investidores que buscam diversificação e liquidez.
BDRs Patrocinados e BDRs Não Patrocinados Nível I
BDRs (Brazilian Depositary Receipts) representam ações de empresas estrangeiras e também estão disponíveis para aluguel na B3. Eles são classificados em patrocinados ou não patrocinados, e podem ser usados para estratégias específicas de mercado.
Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs)
Os FIIs, bastante populares entre investidores que buscam renda passiva, também participam do mercado de aluguel. O processo funciona de forma semelhante ao de ações, respeitando regras específicas de garantias e vencimentos.
Fundos de Investimentos em Participações (FIPs)
Alguns FIPs — fundos que investem em participações societárias de empresas — também podem ser alugados, apesar de serem menos comuns nesse tipo de operação devido à sua natureza e liquidez.
Outros ativos
Além dos ativos citados, também é possível encontrar para aluguel alguns recibos de ações e direitos de subscrição, dependendo das ofertas disponíveis no mercado.
Quais são as vantagens em alugar ações?
O aluguel de ações é uma operação que pode trazer benefícios tanto para quem empresta (doador) quanto para quem toma emprestado (tomador), como o aumento de potencial retorno nas operações.
A seguir, veja como cada parte pode se beneficiar:
Vantagens para o doador
Para o doador, o aluguel é uma forma de gerar uma renda extra sem precisar vender seus ativos.
Se ele já tem uma estratégia de longo prazo e pretende manter as ações por muitos anos, o aluguel permite aumentar o retorno da carteira ao receber uma remuneração adicional — a chamada taxa de aluguel.
Além disso:
- O doador continua recebendo dividendos, juros sobre capital próprio e outros benefícios normalmente;
- A valorização da ação também permanece sendo do doador, mesmo durante o período de aluguel;
- Os rendimentos obtidos com o aluguel, embora sujeitos ao Imposto de Renda, incrementam o ganho da carteira de forma passiva.
Assim, é uma forma prática de aumentar o potencial de retorno sem alterar o portfólio de investimentos.
Vantagens para o tomador
Para o tomador, a principal vantagem é a possibilidade de utilizar os ativos alugados em estratégias específicas para buscar lucro na Bolsa de Valores.
As duas estratégias mais comuns são:
- Venda a descoberto: o tomador vende as ações alugadas esperando recomprá-las depois a um preço menor, embolsando a diferença como lucro;
- Operações long & short: nesse caso, o investidor vende uma ação (posição short) e compra outra (posição long) simultaneamente. A ideia é ganhar na diferença de desempenho entre os dois ativos.
Em ambos os casos, o aluguel das ações é essencial para viabilizar operações que podem gerar ganhos mesmo em cenários de queda do mercado.
Quais são os riscos de alugar ações?
Apesar de trazer oportunidades, o aluguel de ações também envolve riscos que precisam ser conhecidos por quem deseja participar dessa operação, como o risco de liquidez, de inadimplência e de mercado.
Veja os principais para cada uma das partes:
Riscos para o doador
Alguns riscos que o doador precisa ter em mente são:
- Risco de liquidez: caso o doador precise vender as ações enquanto elas estiverem alugadas, pode ser necessário solicitar a devolução antecipada, o que pode demorar alguns dias úteis;
- Risco de inadimplência: embora haja garantias exigidas do tomador (como dinheiro, títulos públicos ou outros ativos), existe sempre um pequeno risco operacional de problemas na liquidação da operação.
Apesar desses pontos, vale lembrar que o aluguel de ações é uma operação bastante segura na prática, especialmente por conta da intermediação e garantias exigidas pela B3.
Riscos para o tomador
Para o tomador, os pontos de atenção antes de uma operação são:
- Risco de mercado: se o ativo se valorizar em vez de cair (no caso de uma venda a descoberto, por exemplo), o tomador terá prejuízo, já que precisará recomprar as ações por um preço maior para devolvê-las;
- Risco de chamada de garantias: se o valor da garantia oferecida cair (por exemplo, se ele usou ações como garantia e elas se desvalorizaram), o tomador poderá ser obrigado a aportar mais garantias para manter o contrato em dia;
- Risco de custo financeiro elevado: caso a operação demore muito ou as taxas subam no mercado, o custo do aluguel pode acabar sendo maior do que o ganho pretendido.
Portanto, é fundamental que o tomador tenha uma estratégia bem definida e controle de riscos para evitar perdas financeiras relevantes.
Como alugar ações?
Alugar ações é um processo simples, mas que precisa ser feito com atenção para garantir segurança e bons resultados. Inclusive, o processo muda para doadores e tomadores.
A seguir, veja o passo a passo tanto para quem quer oferecer ações para aluguel (doador), quanto para quem deseja tomar ações emprestadas (tomador).
Como alugar ações sendo doador?
Se você pretende ser um doador de ações, o passo a passo é o seguinte:
- Verifique se sua corretora oferece o serviço de aluguel: nem todas as corretoras habilitam automaticamente seus clientes para alugar ações. Confira se essa opção está disponível no seu home broker ou consulte seu gerente;
- Ative a opção de disponibilizar suas ações para aluguel: após confirmar a disponibilidade, você precisa autorizar que suas ações fiquem disponíveis para aluguel. Isso é feito por meio da adesão ao programa de custódia remunerada da corretora ou mediante aceite específico;
- Escolha os ativos e defina as condições: você pode selecionar quais ativos deseja disponibilizar, a quantidade e, em alguns casos, definir a taxa mínima que deseja receber;
- Acompanhe a efetivação do aluguel: a corretora buscará interessados (tomadores) e fechará a operação para você. Caso algum aluguel aconteça, você poderá acompanhar o contrato, o prazo e o valor da remuneração;
- Receba a remuneração: os rendimentos provenientes do aluguel serão creditados na sua conta conforme o cronograma definido pela corretora ou pela B3.
Como alugar ações sendo tomador?
Para o tomador no aluguel de ações, o processo é:
- Abra conta em uma corretora habilitada para aluguel de ações: assim como no caso do doador, certifique-se de que sua corretora permite a operação de aluguel para quem deseja ser tomador;
- Busque as ações disponíveis para aluguel: no home broker ou na plataforma de aluguel, consulte a lista de ações disponíveis, as taxas cobradas e as condições de cada contrato;
- Solicite o aluguel: indique a quantidade de ações desejada, aceite a taxa e envie a solicitação de aluguel. O sistema vai buscar um “match” com algum doador;
- Ofereça as garantias necessárias: para concluir a operação, você precisará apresentar garantias financeiras, como dinheiro, CDBs, Tesouro Direto ou outras ações. A quantidade exigida é proporcional ao valor do ativo alugado;
- Utilize as ações conforme sua estratégia com o contrato ativo, você poderá vender as ações, usá-las em operações estruturadas ou conforme seu planejamento de investimentos;
- Devolva as ações no final do contrato: no vencimento do contrato (ou antes, se desejar, dependendo do tipo de contrato), você deve devolver a mesma quantidade de ações. Se houver diferença de preço no mercado, isso impactará seus resultados.
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O aluguel de ações é uma ferramenta poderosa para quem busca potencializar seus resultados na bolsa, seja gerando renda extra como doador, seja buscando estratégias diferenciadas como tomador.
Entender o funcionamento, os direitos, os deveres e os riscos envolvidos é fundamental para aproveitar ao máximo essa oportunidade e tomar decisões mais conscientes.
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Perguntas frequentes sobre aluguel de ações
Ainda tem dúvidas sobre o aluguel de ações? Nós respondemos para você!
Como cancelar um aluguel de ações?
Para cancelar um aluguel de ações, você deve acessar a sua corretora, entrar na área de empréstimo de ativos e solicitar o encerramento da operação. O cancelamento pode ser feito a qualquer momento, mas depende da liquidez e das condições do contrato, como o prazo mínimo estabelecido.
Como calcular a taxa do aluguel de ações?
A taxa do aluguel de ações é calculada com base em um percentual anual acordado entre as partes (doador e tomador), aplicado sobre o valor total das ações emprestadas. O rendimento é proporcional ao número de dias em que as ações permanecem alugadas.
Existe um perfil para fazer o aluguel de ações?
Não existe um perfil específico exigido para fazer o aluguel de ações, mas geralmente é indicado para investidores que possuem ações paradas em carteira, com perfil mais paciente e que desejam obter renda extra com baixo risco.
Como resgatar o dinheiro do aluguel de ações?
O dinheiro do aluguel de ações é creditado automaticamente na conta dos investidores, conforme os pagamentos acordados — geralmente em base mensal ou ao final da operação. Os investidores não precisam solicitar o resgate, pois o crédito ocorre de forma automática pela corretora.
Como consultar aluguel de ações?
Para consultar o aluguel de ações, você pode acessar o extrato ou a aba de empréstimo de ativos da sua corretora, onde encontrará detalhes como ativos emprestados, prazos, taxas acordadas e valores recebidos. Algumas corretoras também oferecem relatórios mensais detalhados.