InícioInvestimentosFOMC: o que é, o que faz e impactos na economia global

FOMC: o que é, o que faz e impactos na economia global

Está familiarizado com a estrutura do Sistema Financeiro Nacional? Sem entrar em detalhes, podemos citar algumas de suas instituições e atribuições. Temos, por exemplo, o Banco Central do Brasil e o Comitê de Política Monetária do Brasil (COPOM). Quanto às funções, várias se destacam: estabelecer metas de inflação, controlar a quantidade de papel-moeda em circulação, zelar pela estabilidade financeira do país e por aí vai.

Se você já tem noções de como tudo isso funciona no território nacional, saiba que nos Estados Unidos a estrutura é bem semelhante: em vez do COPOM, porém, temos o FOMC, cujo objetivo também é definir taxas de juros, controlar a oferta monetária e definir metas de inflação e emprego

Aqui, porém, estamos tratando de uma grande potência mundial, cujas movimentações e cuja moeda têm impacto sobre outros países também — e aí entra a razão pela qual você deveria seguir nessa leitura e aprender mais sobre:

  • O que é FOMC?
  • O que faz o FOMC?
  • Qual a diferença entre o FOMC e o FED (Federal Reserve)?
  • O que é FOMC Minutes?
  • Qual a relação entre o FOMC e a inflação?
  • Qual o impacto das decisões do FOMC na economia americana e global?
  • Como as decisões do FOMC afetam os investimentos?

Vamos lá?

O que é FOMC?

O FOMC (Federal Open Market Committee) é o comitê do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed). É, então, o responsável por definir a política monetária dos EUA, bem como realizar ajustes nas taxas de juros e, consequentemente, influenciar na economia do país.

Para fins de comparação, a atuação do FOMC se assemelha bastante à do Comitê de Política Monetária do Brasil, o COPOM. Voltando ao FOMC, este foi criado em 1933 e, atualmente, trabalha principalmente em prol da promoção do máximo emprego, da estabilidade de preço e da manutenção das taxas de juros a longo prazo.

Como funciona o FOMC?

A estrutura do FOMC reflete uma combinação de interesses nacionais e regionais dos Estados Unidos, e sua composição é equilibrada para representar essas diferentes perspectivas. É composto, então, por sete governadores do Fed, nomeados pelo presidente dos EUA e confirmados pelo Senado — cada um com mandato de 14 anos, o que serve para assegurar a continuidade e independência das decisões. 

Além dos governadores, cinco presidentes dos bancos regionais do Federal Reserve participam do comitê, selecionados de forma rotativa entre os 12 bancos. Consequentemente, se tem uma estrutura na qual várias regiões do país estejam representadas.

O FOMC se reúne aproximadamente a cada seis semanas, com decisões tomadas por votação após um processo rigoroso de análise de dados econômicos, bem como de discussões sobre o cenário econômico e as possíveis direções da política monetária. 

Ao final de cada reunião, o comitê divulga um comunicado explicando a sua visão econômica e as razões por trás de suas decisões. Essas informações, então, são acompanhadas de uma coletiva de imprensa conduzida pelo presidente do Fed, que esclarece as escolhas feitas e responde às perguntas da imprensa.

O que faz o FOMC?

As principais atribuições do FOMC são:

  • Definição das taxas de juros;
  • Manutenção da oferta monetária;
  • Definição de metas de inflação e emprego;
  • Avaliação da situação econômica no país.

Entenda melhor o que cada uma dessas tarefas implica.

Definição das taxas de juros

O FOMC define a taxa dos fundos federais — a qual representa os juros cobrados nos empréstimos de curto prazo entre os bancos. Essa taxa, por sua vez, tem um “efeito cascata” sobre outras taxas de juros na economia, já que influencia o custo do crédito e afeta diretamente o ritmo da atividade econômica.

Manutenção da oferta monetária

Aqui, o comitê determina as operações de mercado aberto, que envolvem a compra ou venda de títulos do governo norte-americano. Em termos mais práticos, isso significa que o objetivo do FOMC é regular a quantidade de dinheiro em circulação, manter a inflação dentro das metas estipuladas e preservar a liquidez no sistema financeiro.

Definição de metas de inflação e emprego

O FOMC define metas para a inflação e o emprego como parte de sua missão de promover uma economia estável e sustentável

Ao buscar manter a inflação em um nível controlado e próximo da meta, o FOMC trabalha para evitar a perda de poder de compra e o superaquecimento da economia. Já em relação ao emprego, o comitê busca o pleno emprego — ou seja, um nível de emprego elevado e sustentável.

Avaliação da situação econômica

O comitê examina uma vasta gama de dados econômicos e financeiros para embasar todas as suas decisões. Aqui, temos indicadores como o crescimento do PIB, a taxa de desemprego, a inflação e outros dados relevantes sobre a economia.

Qual a diferença entre o FOMC e o FED?

O FOMC (Federal Open Market Committee) é o comitê dentro do Federal Reserve (Fed) dos EUA responsável por definir a política monetária, principalmente a taxa de juros. Enquanto o Federal Reserve (ou Fed), por outro lado, é o banco central dos Estados Unidos, que supervisiona o sistema financeiro e implementa a política econômica nacional.

Resumindo, enquanto o Fed é a instituição mais ampla responsável pela política econômica e financeira, o FOMC é um dos seus comitês principais, focado especificamente na tomada de decisões sobre a política monetária.

Enquanto banco central norte-americano, o Fed existe para fornecer uma moeda estável e fortalecer o sistema financeiro do país. Consequentemente, conta com uma gama ampla de responsabilidades, como regular bancos, manter a estabilidade financeira, supervisionar o sistema bancário e estimular o crescimento econômico. Dentro do Fed, o FOMC é o comitê específico que decide a política monetária, especialmente a taxa de juros de curto prazo. 

O que é FOMC Minutes?

As FOMC Minutes são as atas detalhadas das reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto, divulgadas três semanas após cada reunião. Esses documentos apresentam uma visão aprofundada das posições de política monetária de cada membro do comitê, mostrando como eles veem o valor do dólar e de outros ativos financeiros.

Os analistas, por outro lado, examinam as atas para identificar se os membros estão adotando uma postura mais “hawkish” (favorável a políticas monetárias mais restritivas, para conter a inflação) ou “dovish” (favorável a políticas mais flexíveis, para estimular a economia). 

Por mais que a declaração oficial do FOMC já tenha cumprido o papel de fornecer indicações gerais sobre a política monetária dos EUA, são as FOMC Minutes que revelam as nuances nas opiniões dos membros do comitê.

Essas nuances, inclusive, podem ter impacto significativo no mercado, já que os traders ajustam suas expectativas com base nas perspectivas futuras da política monetária mencionadas nas atas. 

Mudanças nas estratégias de longo prazo, por exemplo, também têm chances de ocorrer caso as atas indiquem intenções que não estavam claras no comunicado anterior, revelando se o FOMC está mais inclinado a aumentar ou reduzir os juros em decisões futuras.

Quando será a próxima reunião do FOMC?

Para o ano de 2024, ainda restam duas reuniões do FOMC: uma aconteceu entre os dias 6 e 7 de novembro, e outra está marcada para os dias 17 e 18 de dezembro. Ao todo, o comitê se reúne oito vezes ao ano, além de realizar outros encontros extras, quando necessário. 

Para conferir todos os agendamentos do FOMC, além das Minutes publicadas não somente em 2024, mas nos anos anteriores também, você pode acessar o calendário da Federal Reserve.

Além disso, você também pode acompanhar qual é a probabilidade do Fed mudar a taxa-alvo federal nas próximas reuniões do FOMC, de acordo com as negociações das taxas de juros através do CME FedWatch.

Qual a relação entre o FOMC e a inflação?

O FOMC, enquanto comitê do Federal Reserve, é o responsável por definir a política monetária dos EUA. Assim, naturalmente tem uma relação direta com a inflação, pois uma das suas missões é manter a estabilidade dos preços

Para isso, o FOMC adota uma meta de inflação de 2% ao ano, medida pelo índice de preços de despesas com consumo pessoal (PCE). Esse limite é considerado ideal para garantir um crescimento econômico estável e sustentável.

Como as decisões do FOMC afetam as taxas de juros?

Quando a inflação ultrapassa os 2% anuais e os preços sobem rápido demais, o FOMC geralmente eleva as taxas de juros. Esse aumento torna o crédito mais caro, então, serve para reduzir o consumo e o investimento, bem como ajudar a conter a alta de preços. 

Por outro lado, se a inflação está abaixo do desejado, o FOMC pode baixar as taxas de juros para estimular o consumo e os investimentos — o que incentiva o aumento dos preços até um nível considerado saudável.

Em termos mais práticos, o FOMC utiliza o ajuste nas taxas de juros como uma forma de “freio” ou “acelerador” da economia para controlar a inflação, mantendo a taxa próxima de 2%.

Qual o impacto das decisões do FOMC na economia americana e global?

Quando o FOMC decide aumentar ou reduzir as taxas de juros, essas escolhas reverberam além das fronteiras dos EUA, ou seja, afetam mercados financeiros, moedas e economias em todo o mundo. Já que os Estados Unidos ocupam uma posição central na economia global, é natural que qualquer mudança em sua política monetária desencadeie uma série de reações que influenciam tanto países desenvolvidos quanto emergentes.

Uma das principais formas de influência das decisões do FOMC é por meio do “canal financeiro”. Quando o FOMC eleva as taxas de juros para controlar a inflação, o retorno dos investimentos americanos aumenta. Consequentemente, aumenta a entrada de capital de outras regiões, em busca de melhores rendimentos. 

Isso também reduz a quantidade de dinheiro disponível para investimentos em economias emergentes — o que normalmente resulta no aumento dos custos de empréstimos e ao risco cambial nesses países. Em termos mais simples, essas economias enfrentam mais dificuldades para acessar crédito e manter a estabilidade de suas moedas.

Além disso, temos o chamado “canal comercial”. Estes se tratam de alterações na demanda americana, que afetam diretamente o volume de exportações de muitos países emergentes para os EUA. 

Quando o FOMC aumenta as taxas de juros para desacelerar a economia, por exemplo, a demanda por produtos importados pode cair — afetando negativamente as exportações de países dependentes do comércio com os EUA. 

Por fim, a valorização do dólar decorrente de uma política monetária mais restritiva nos EUA é outro fator de impacto global. Aqui, a alta do dólar torna as importações mais caras para outros países. Com esse movimento, economias emergentes acabam lidando com uma inflação mais elevada e tendo que aumentar o custo de pagamentos feitos na moeda norte-americana.

Como as decisões do FOMC afetam os investimentos?

Quando o FOMC aumenta ou reduz a taxa dos Fed Funds, ele influencia os rendimentos de títulos de dívida americanos, como os Treasuries. Consequentemente, gera mudanças nas expectativas do mercado sobre o crescimento econômico e a inflação. 

Em cenários de alta de juros, por exemplo, os títulos de renda fixa se tornam mais atraentes, uma vez que oferecem retornos maiores — o que tende a reduzir o interesse dos investidores por ações, por exemplo. Esse movimento afeta não apenas o mercado americano, mas também países emergentes, como o Brasil, ao influenciar as taxas de títulos locais.

Esse aumento na atratividade dos títulos americanos, causado pela alta dos juros nos EUA, leva investidores estrangeiros a retirarem capital desses mercados emergentes, para que os redirecionem aos Treasuries, considerados mais seguros. 

Com essa saída de recursos, temos uma redução na liquidez no mercado brasileiro, capaz de pressionar a cotação do dólar para cima e aumentar a taxa de juros local — isso porque o Brasil precisa tornar seus próprios investimentos mais atraentes para compensar o risco maior. Como resultado, o custo de captação para empresas e o governo aumenta, gerando impactos negativos no crescimento econômico e na rentabilidade de diversos setores.

Voltando ao impacto nas ações, este ocorre porque os juros mais altos aumentam os custos das empresas, que geralmente dependem de financiamentos para crescer. Com despesas mais elevadas e perspectivas de crescimento reduzidas, as expectativas de lucro diminuem — movimento que tende a desvalorizar as ações. 

Já quando o Fed sinaliza um possível corte de juros, o mercado acionário reage de forma positiva. Afinal, isso indica uma redução nos custos e, potencialmente, melhores oportunidades de crescimento para as empresas. Em termos mais simples, o apetite pelo risco é estimulado.

Aqui temos algumas das razões pelas quais investidores observam atentamente o discurso e o comunicado do Fed após as reuniões, em busca de pistas sobre futuros ajustes nas taxas. Um sinal de que o Fed pode parar de subir os juros, por exemplo, tem o poder de estimular a venda de títulos de renda fixa e gerar uma migração para o mercado de ações. Assim, o FOMC acaba desempenhando um papel bem significativo nessa movimentação de preços das classes de ativos.

Além disso, vale lembrar que os diferentes setores de ações reagem de maneira variada. No mercado americano, empresas de tecnologia, listadas na Nasdaq, costumam ser mais afetadas por juros altos, já que dependem mais de financiamentos para expansão. 

Em contraste, o índice Dow Jones (que inclui grandes bancos), tende a se beneficiar, uma vez que juros elevados geralmente aumentam as receitas das instituições financeiras. 

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Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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