InícioInvestimentosInvestimento Estrangeiro Direto (IED): o que é e como funciona

Investimento Estrangeiro Direto (IED): o que é e como funciona

Quando o assunto é investir no exterior, a primeira forma de negociação que vem à mente da maioria das pessoas é aquela que ocorre no mercado acionário. A lógica não está errada, é claro: essa é uma forma de injetar capital em empresas estrangeiras, mesmo estando fora de suas fronteiras.

No entanto, essa não é a única maneira de estimular a economia de outras nações: afinal, os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) têm o mesmo propósito, porém com uma natureza mais sólida e duradoura do que o ato de comprar ações. 

Um IED também é valioso no sentido de gerar empregos, desenvolver a economia local, e compartilhar conhecimento e tecnologia com os países receptores do investimento. Pensar em exemplos não é difícil, basta lembrar de algumas marcas internacionais que fazem parte do seu dia a dia: Heineken, Fiat, Phillips… Todos estes nomes investem bilhões no Brasil.

Não conhecia o termo ou quer se aprofundar no assunto? Este artigo é um guia completo do que você deve saber sobre o tema. Siga conosco para aprender:

  • O que são Investimentos Estrangeiros Diretos (IED);
  • Exemplos de IED;
  • Como funcionam os IED;
  • Quais suas principais características;
  • Benefícios e riscos do IED;
  • Como receber IED de outros países;
  • Qual o cenário dos Investimentos Diretos Estrangeiros no Brasil;
  • Quais países mais investem e recebem recursos.

Vem conosco!

O que são Investimentos Estrangeiros Diretos (IED)?

Se chamam Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) as aplicações de capital em empresas multinacionais, ou ativos que não estejam localizados no país de origem do investidor. Para além de aumentar o capital social, o objetivo dessa injeção de recursos inclui a influência (ou o controle) da gestão da empresa.

Dentre algumas formas possíveis de IED, temos:

  • Fusões e aquisições;
  • Construção de novas instalações;
  • Implantação de novas unidades de uma companhia;
  • Reinvestimento de lucros obtidos em operações no exterior;
  • Empréstimos intercompany (aqueles feitos entre empresas participantes do mesmo grupo econômico).

Quais setores mais atraem Investimentos Estrangeiros Diretos?

Atualmente, os setores de destaque no quesito Investimentos Estrangeiros Diretos e que têm atraído a atenção de grandes players do mercado internacional são:

  • Tecnologia da Informação;
  • Energia, renováveis ou não;
  • Manufatura;
  • Financeiro.
  • Serviços empresariais.

Ao longo do século XX, a inovação foi a palavra de ordem na aceleração econômica, política e social — isso considerando não somente o cenário nacional, mas também internacional. Segundo Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, o período pode até ser denominado como Quarta Revolução Industrial.

Dentre as mudanças expressivas que surgiram nos últimos anos e que impactaram enormemente os setores da lista acima, temos tecnologias cuja aplicação se estendem de forma massiva na economia, tais como:

  • Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês);
  • Inteligência Artificial;
  • Robótica;
  • 5G;
  • Indústria 4.0;
  • Metaverso;
  • Impressões 3D;
  • Biotecnologia e nanotecnologia.

De diferentes maneiras, esse novo momento do mercado global entra em um ciclo no qual serviços são aprimorados e as demandas aumentam vertiginosamente. É o caso da manufatura, por exemplo. 

Impulsionada pela Indústria 4.0, o desenvolvimento de sistemas de produção inteligentes não somente aumentam a produtividade, mas ainda reduzem custos operacionais e oferecem novos modelos de trabalho. Com a promessa de eficiência melhorada, inovação contínua e bons retornos, não é de se surpreender que o nicho tenha atraído a atenção de nações investidoras.

A mesma lógica se aplica às finanças. A digitalização dos serviços e produtos bancários nem sequer é uma novidade, dados os anos em que a população já vem se beneficiando da facilidade de gerir o próprio dinheiro em plataformas completas nos smartphones.

Com a Inteligência Artificial por trás de sistemas robustos de segurança, análise de dados e gestão de riscos, o setor se tornou uma mina de ouro para investidores estrangeiros também.

No que tange à energia, o IED vem atrelado a outra sigla: o ESG — governança ambiental, social e corporativa, na tradução para o português. Em termos práticos, a nanotecnologia e a biotecnologia têm sido protagonistas da transição para fontes renováveis

Por outro lado, a crescente demanda por soluções energéticas mais eficientes, limpas e sustentáveis têm feito as companhias do ramo a adaptarem a sua gestão para atender a esses critérios e oferecido aos Investidores Estrangeiros Diretos oportunidades lucrativas de aplicação de capital.

Exemplos de Investimento Estrangeiro Direto

É verdade que a inovação e a tecnologia têm protagonizado a movimentação de investimentos na modalidade IED. No entanto, a prática não é uma exclusividade dos tempos modernos.

Para se ter noção, a história dos Investimentos Estrangeiros Diretos remonta à época da expansão dos impérios. Quando um território era dominado, naturalmente era iniciada uma empreitada para consolidar o espaço e seguir ampliando o controle sobre a região. 

Alexandre, o Grande, é um exemplo clássico do período. Renomeando várias cidades a partir do seu nome — as tornando Alexandria —, levou a cultura grega para países distantes. O investimento? Estradas, portos e infraestruturas implantados por onde passou.

De volta ao presente, temos dados de 2021 do Banco Central exemplificando o cenário de IED no Brasil. No período, uma soma de US$901,4 bilhões chegou do exterior — a maioria da Europa, com US$566,9 bilhões investidos por aqui, representando uma fatia de 62,9% do valor total. 

Desta segunda classificação, a Holanda é o destaque. O país, inclusive, investiu no Brasil mais até do que os Estados Unidos e a China, parceiros comerciais relevantes da nossa nação. 

As maiores parcelas dessas injeções de capital por parte da Holanda vem de gigantes como Heineken e Phillips, bem como outros grandes nomes que possuem domicílio fiscal no país europeu, como a montadora Stellantis (responsável pela Fiat) e a americana Chrysler.

Como funcionam os Investimentos Estrangeiros Diretos?

Um Investimento Estrangeiro Direto (IED) acontece quando uma companhia — ou investidores — constroem ou compram operações e unidades em outra nação. Com isso, a expectativa é de manter os recursos no país por um período longo de tempo, auxiliando na gestão das atividades em questão e movimentando a economia local.

Como você pode ver, o funcionamento do IED se difere bastante da aplicação especulativa. Ou seja, de quando um investidor adquire ações de uma companhia, planejando se desfazer das posições quando estas se valorizarem, ou quando ocorrer algum imprevisto.

Em geral, as razões pela qual uma empresa estrangeira busca alocar suas operações ou injetar capital além de suas fronteiras podem ser verticais ou horizontais. Entenda:

  • Investimento vertical: a finalidade da companhia é minimizar custos de produção e aumentar a sua eficiência produtiva;
  • Investimento horizontal: busca uma aproximação maior com os clientes, a fim de reduzir os custos com transportes e exportações.

Quais são as suas principais características?

Os Investimentos Estrangeiros Diretos não são o mesmo que comprar ações de uma empresa. Por isso, essa injeção de capital apresenta algumas características próprias para que possa ser considerada um IED. Observe:

Participação significativa

Mais do que simplesmente adquirir uma ação de empresa estrangeira, acompanhar o seu desempenho e lucrar com a sua valorização, o IED demanda um envolvimento muito maior por parte do investidor.

Na prática, isso significa que o investimento é feito com a intenção de exercer algum grau de controle sobre a gestão da companhia, ou até uma influência mais substancial em suas operações.

Longo prazo

Embora cada investidor possa negociar ativos com horizontes temporais distintos, no mercado acionário não são raros aqueles que se empenham em transações de curto prazo — vendendo uma ação não muito tempo após comprá-la, para ganhar dinheiro com o seu momento de alta. É aqui que entra outra grande diferença do IED.

Com um Investimento Estrangeiro Direto, a expectativa é que se firme um compromisso duradouro com o país anfitrião. Logo, os ganhos financeiros rápidos não são o foco da operação.

Compartilhamento de conhecimento e tecnologia

Mais do que aportes financeiros, o IED pode ser composto pela transferência de tecnologias e habilidades para fora do país de origem do investidor. 

Sob essa perspectiva, não somente a companhia e o investidor podem sair ganhando nessa equação, mas também a região onde a empresa está localizada.

Quais são os principais benefícios dos IED?

Geração de empregos, qualificação profissional, desenvolvimento sustentável e inovação são alguns dos grandes benefícios que os Investimentos Estrangeiros Diretos trazem para uma nação.

Em um cenário positivo, ambos os lados saem ganhando da relação. Isto é, enquanto a companhia ou o investidor expande as suas atividades e obtém bons retornos em troca, o local que recebe o investimento tem a sua economia movimentada.

Vamos aos detalhes dos benefícios do IED:

Geração de empregos

Imagine uma empresa estrangeira que abre uma unidade no Brasil. Consequentemente, novos postos de trabalho serão abertos e a mão de obra local vai ser fortalecida. Nesse sentido, o IED representa uma gama de novas oportunidades para os moradores de determinada cidade, por exemplo.

Transferência de conhecimento e tecnologia

Experiências, ideias e competências: tudo o que pode contribuir para a eficiência produtiva da companhia alvo do Investimento Estrangeiro Direto é compartilhado. Os resultados variam — de rentabilidades maiores até a qualificação de funcionários.

No âmbito tecnológico, essa partilha engloba plataformas, automações e inovações diversas, transformando o modelo de negócio em questão e evoluindo a infraestrutura de quem recebe o investimento.

Gera fluxo de capital

Em alguns contextos, uma empresa pequena, ou de um país em desenvolvimento, pode encontrar dificuldades para receber recursos de investidores locais. Com a possibilidade de injeções externas de capitais, as chances de fundamentar as suas atividades com aportes financeiros aumentam.

Desenvolvimento de infraestrutura

A infraestrutura local é frequentemente considerada quando um Investimento Estrangeiro Direto acontece. Afinal, muitas vezes é necessário construir, por exemplo, estradas, portos e demais redes de comunicação, essenciais à operação em questão. Logo, toda a comunidade ao redor se beneficia das melhorias.

Quais são os principais riscos do IED?

Aumento de dependência econômica, ocultação de patrimônio e dificuldades de negociação são alguns dos riscos do IED.

É por essa razão que os países que recebem os recursos precisam desenvolver iniciativas para aumentar a confiança externa. Integridade e compliance, segurança jurídica, redução da carga tributária e desburocratização são algumas das razões pelas quais os investidores decidem alocar as suas atividades em determinada nação — como uma estratégia de mitigar essas ameaças.

Conheça mais sobre os principais riscos dos Investimentos Estrangeiros Diretos:

Aumento de dependência econômica

Quando a poupança interna de uma nação não é suficiente para sustentar o crescimento econômico local, o Investimento Estrangeiro Direto é uma ferramenta para suprir essa falta. Se essa relação for desigual demais, essa dependência pode terminar em:

  • Vulnerabilidade excessiva aos eventos econômicos de impacto global;
  • Impacto negativo às demais empresas locais, geralmente de porte pequeno ou médio;
  • Exploração desmedida de recursos naturais na região.

Ocultação de patrimônio

Lavagem de dinheiro e evasão de dívidas são dois grandes problemas que assombram o Investimento Estrangeiro Direto quando não há uma regulamentação pertinente para essa injeção de capital.

Aqui, pode acontecer de empresas serem estrategicamente posicionadas em paraísos fiscais ou sob a responsabilidade de “laranjas”. Assim, quando os recursos aplicados retornassem ao país de origem do investidor, estaria “limpo”. 

Riscos políticos, econômicos e sociais

Para começar, em cenários de instabilidade política e econômica, não é raro que os investidores estrangeiros retirem rapidamente o capital do país, agravando ainda mais uma situação econômica que já não está favorável. 

No auge da pandemia de Covid-19, por exemplo, o recuo do IED no Brasil foi gritante: a queda nos aportes estrangeiros foi de 35,4%.

Dificuldades de negociação

Primeiramente, há desafios na harmonização de expectativas e interesses. Os investidores estrangeiros, afinal, geralmente buscam maximizar seus retornos financeiros e, para isso, não raro exigem condições específicas, como incentivos fiscais, facilitação regulatória e garantias de repatriação de lucros. 

Por outro lado, o governo do país receptor pode estar focado em objetivos de desenvolvimento econômico e social — criação de empregos, transferência de tecnologia e desenvolvimento de infraestrutura, entre outros. Esse desalinhamento de prioridades consequentemente prolonga as negociações, além de deixá-las mais complexas.

Como receber Investimento Estrangeiro Direto no Brasil?

Primeiramente, saiba que qualquer empresa brasileira tem o direito de receber Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) de pessoas físicas ou jurídicas fora do país. Esse investimento, aliás, pode se manifestar na forma de aquisição de ações, incorporações, joint ventures ou fusões.

De acordo com a Resolução nº278 do Banco Central, para receber um IED, é preciso se enquadrar em uma dessas situações:

  • Ter recebido uma transferência nos moldes IED com valor igual ou superior a US$100.000,00 dos Estados Unidos, ou seu valor equivalente em outras moedas;
  • Ter feito uma movimentação de recursos de valor igual ou superior a US$100.000,00 dos Estados Unidos, ou seu valor equivalente em outras moedas referentes a:
    • Capitalização realizada a partir de ativos tangíveis ou intangíveis;
    • Cessão, permuta e conferência de ações entre investidores residentes e não residentes;
    • Reorganização societária;
    • Conferência internacional de cotas e ações;
    • Conversão em investimentos para o exterior não informados como crédito externo;
    • Reinvestimento;
    • Recebimentos ou pagamentos em moedas nacionais, em contas de não residentes;
    • Distribuição de lucros e dividendos no exterior, bem como pagamento de juros sobre capital próprio, restituição de capital e acervo líquido ou alienação de participação.

Caso a situação encaixe em algum dos tópicos acima, o processo para legalizar o recebimento do IED é este:

  • Se registrar no Sisbacen como pessoa jurídica;
  • Prestar contas sobre o investimento por meio do Sistema de Prestação de Informações de Capital Estrangeiro – Investimento Estrangeiro Direto (SCE-IED);
  • Negociar um contrato de câmbio com uma operação financeira autorizada a operar neste mercado;
  • Vincular o contrato de câmbio com o número de registro recebido no SCE-IED;
  • Atualizar o quadro societário no SCE-IED com os valores do IED dentro de um prazo máximo de 30 dias após a operação de câmbio.

Para além do registro, as empresas que se beneficiam de IED ainda devem fazer declarações periódicas, de acordo com esta tabela:

Tipo de declaraçãoDevem declarar empresas receptoras comDatas-base
TrimestralAtivos totais de R$300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) ou mais na data-base de referência.31 de março, 30 de junho e 30 de setembro de cada ano.
AnualAtivos totais de R$100.000.000,00 (cem milhões de reais) ou mais.31 de dezembro do ano anterior.
QuinquenalAtivos totais de R$100.000,00 (cem mil reais) ou mais.31 de dezembro de ano calendário terminado em 0 (zero) ou 5 (cinco).

Importante: não registrar o recebimento de investimentos do exterior ou não fazer as declarações exigidas é considerado como fraude fiscal.

Dicas para encontrar investidores estrangeiros

Uma vez que qualquer empresa pode receber investimentos de pessoas físicas ou jurídicas no exterior, o IED acaba sendo uma excelente ferramenta para quem necessita de uma injeção de capital para potencializar as atividades de uma companhia.

Encontrar investidores do tipo não é exatamente uma tarefa fácil, mas se torna mais viável quando o receptor dos recursos recorre a algumas táticas específicas para a busca. Veja algumas dicas sobre o que fazer:

  • Investir em networking, com o objetivo de aumentar a rede de contatos e estabelecer vínculos com pessoas estratégicas;
  • Adotar o crowdfunding como uma forma de levantar fundos para o negócio;
  • Participar de programas de investimentos que reúnem empresários e interessados em injetar capital em novas empresas;
  • Ter um pitch estratégico pronto, apresentando o negócio com transparência e inteligência;
  • Pesquisar sobre modalidades específicas de investimento para a área de atuação da sua empresa.

Como investir em IED?

O Investimento Estrangeiro Direto (IED) é possível por meio de aquisições de empresas, abertura de novas unidades de um negócio existente em outro país, fusões, incorporações e injeções de capital. 

Além disso, vale reforçar que essa modalidade de investimento não tem nenhuma relação com o processo de adquirir ações de uma empresa estrangeira — algo possível e relativamente comum entre pessoas físicas.

Quais países são os líderes em investimentos diretos?

Alguns países figuram frequentemente nos rankings de nações que mais realizam e recebem investimentos estrangeiros. China, Estados Unidos e México, por exemplo, estão presentes em ambas as listas, movimentando bilhões mundo afora.

Confira os detalhes sobre cada categoria:

Países investidores

Dentre os países que historicamente mais alocam recursos em nações estrangeiras, temos:

  • Estados Unidos;
  • Japão;
  • China;
  • Inglaterra;
  • Alemanha;
  • Canadá;
  • Rússia;
  • Suíça;
  • Suécia;
  • França;
  • Coréia do Sul;
  • Itália;
  • México;
  • Singapura;
  • Chile;
  • Noruega;
  • Irlanda;
  • Luxemburgo.

Nesta lista, elencamos apenas países cujo IED normalmente ultrapassa a casa dos bilhões de dólares. Para você ter ideia, em 2022, o Chile investiu US$3,2 bilhões no Brasil. À época, isso representou um aumento de 20% em comparação com 2021.

Países receptores

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil foi, em 2023, o 2º lugar no ranking dos países que mais receberam investimentos externos. No primeiro semestre do ano mencionado, o fluxo de IED havia alcançado US$34 bilhões. 

Dentre as nações receptoras com maior registro de IED, temos:

  • Estados Unidos;
  • Brasil;
  • Canadá;
  • México;
  • China.

Cenário de Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil

Em 2023, o total de Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil somou US$62 bilhões. O número corresponde a 2,85% do Produto Interno Bruto (PIB) do mesmo ano. Em comparação com 2022, os recursos sofreram uma queda de 17%, uma vez que o ano anterior havia registrado um IED de US$74,6 bilhões.

À época, como o fluxo global de IED passava por sequências de quedas generalizadas, a notícia não necessariamente representou um ponto inteiramente negativo. Preços altos, incertezas geopolíticas e taxas elevadas de juros foram algumas das razões que justificaram esse momento de baixa.

No mesmo período, inclusive, o país figurou na lista dos emergentes com maior aumento de IED no exterior — um total de US$21 bilhões no primeiro semestre, comparados a US$2 bilhões no segundo semestre do ano anterior.

Além disso, o Brasil seguiu firme na lista dos países com mais anúncios de novos projetos, junto dos Estados Unidos, Mauritânia, Reino Unido e Índia.

Nos últimos anos, várias estratégias têm sido empreendidas com êxito no país, na busca de atrair cada vez mais o interesse de investidores estrangeiros. Isso é o que aponta o estudo do BID, Infrascope 2021-2022. Nele, consta que, na América Latina, Chile e Brasil estão entre as nações da região com os maiores avanços para melhorar seus panoramas.

Parcerias público-privadas, segurança jurídica e otimização do ambiente de negócios são algumas das táticas nacionais capazes de otimizar o grau de confiança externa e aumentar os fluxos de IED. 

Naturalmente, nem todos os dados são otimistas. Afinal, quando se trata de investimentos em infraestrutura, os números do Brasil ainda são bem baixos. Com cerca de US$55 bilhões aplicados por ano neste setor, não se coloca em uma boa posição frente ao mercado global, especialmente em comparação com os investimentos da China (US$500 bilhões anuais) e Índia (US$130 bilhões).

Qual é o histórico de IED no Brasil?

O histórico de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil tem apresentado variações significativas nas últimas décadas. Por exemplo: apesar de manter a liderança regional e se posicionar entre as principais nações receptoras de IED no mundo, o país enfrentou um declínio e estagnação no recebimento desses investimentos entre 2012 e 2020. 

Contudo, uma recuperação foi registrada em 2021. À época, a alta trouxe ao debate a necessidade de políticas públicas eficazes para atrair capital externo, essencial para complementar a poupança interna e financiar o desenvolvimento econômico.

Indo um pouco mais longe na histórica, temos as décadas de 1970 a 1990. Ao longo do período, o Brasil investiu cerca de 5% do PIB em infraestrutura. A partir de 1990, porém, o percentual caiu para menos de 2,5%. Tal déficit se manifesta na forma de um desafio para a nação — otimizar a infraestrutura é, afinal, uma das formas mais eficazes de impulsionar o desenvolvimento.

Inclusive, embora essa tenha sido a realidade algumas décadas atrás, segue como uma falta a ser resolvida, já que o Brasil segue com um índice baixo de investimentos no setor.

Ao mesmo tempo, diversas iniciativas têm favorecido a atração de IEDs no país, especialmente nos setores de energia eólica e solar, fornecimento de máquinas e equipamentos, e programas de desestatização e concessões públicas. 

Esses setores têm atraído multinacionais e líderes mundiais com tecnologias inovadoras, o que dá um gás na modernização da infraestrutura brasileira. No entanto, a necessidade de atrair mais fabricantes permanece inegável, especialmente na indústria de energia solar, para consolidar essa posição e transformar o Brasil de importador em exportador de máquinas e equipamentos.

Exemplos de Investimento Estrangeiro Direto no Brasil

De grandes nomes a pequenas empresas, não faltam exemplos de companhias brasileiras recebendo Investimentos Estrangeiros Diretos, ou de nomes internacionais abrindo unidades no país. 

Abaixo, selecionamos alguns casos para que você observe, de acordo com o último Boletim de Investimentos Estrangeiros divulgado pelo Governo:

  • Pipefy: essa é uma startup brasileira de softwares para empresas, que recebeu o aporte de US$45 milhões de fundos norte-americanos;
  • Quinto Andar: a empresa atua no mercado imobiliário e recebeu o aporte de US$250 milhões do grupo japonês SoftBank;
  • Prysmian: este grupo italiano é um líder mundial em cabos e sistemas de energia e telecomunicações, e abriu uma nova sede em Sorocaba (SP);
  • Verallia: multinacional francesa que inaugurou, em Jacutinga (MG), uma fábrica de embalagens de vidro, por meio de um investimento de US$86,2 milhões;
  • Nubank: o banco digital brasileiro foi agraciado com o investimento de US$400 milhões, liderado pela norte-americana Technology Crossover Ventures (TCV), empresa de venture capital.

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Perguntas frequentes

Qual a diferença da IED para investimento estrangeiro indireto?

Enquanto o IED envolve uma participação mais robusta sobre empresas estrangeiras receptoras, o investimento estrangeiro indireto diz respeito unicamente à compra de títulos e ações de uma companhia, sem exercer poder e influência sobre ela.

Qual é a diferença entre exportação e IED?

A exportação envolve a venda de bens ou serviços de um país para outro, sem a necessidade de estabelecimento físico ou controle sobre a produção no país estrangeiro. Já o IED implica em uma empresa de um país investir diretamente em fábricas ou subsidiárias fora de suas fronteiras, com o objetivo de exercer controle e influência sobre elas.

Como registrar Investimento Estrangeiro Direto no Brasil?

No Brasil, os Investimentos Estrangeiros Diretos devem ser registrados no Sistema de Prestação de Informações de Capital Estrangeiro – Investimento Estrangeiro Direto (SCE-IED). Para isso, é necessário realizar um cadastro como pessoa jurídica, prestar contas sobre os recursos recebidos, ter um contrato de câmbio com instituição financeira autorizada a operar e vincular esse contrato no sistema.

Qual a diferença do IED para um investimento em carteira?

O IED é a injeção de capital em empresas e projetos estrangeiros, com o objetivo de aumentar o capital social da companhia e exercer controle e influência sobre as suas operações. É uma aplicação de natureza mais significativa e de longo prazo. O investimento em carteira, por outro lado, se trata unicamente da aquisição de ações para eventualmente vendê-las outra vez, em busca de lucros.

Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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