Imagine receber uma parte dos lucros das maiores empresas do Brasil diretamente na sua conta — sem precisar vender nada da sua carteira. É assim que funcionam os dividendos: uma fonte de renda passiva que pode complementar seus ganhos mensais ou até mesmo sustentar seus objetivos de longo prazo.
E o melhor: você não precisa de grandes fortunas para começar. É possível montar uma carteira diversificada com empresas sólidas, que distribuem lucros de forma consistente e com boas perspectivas de crescimento.
Neste artigo, você vai aprender:
- Os principais motivos para investir nesse tipo de ativo;
- Como funcionam os dividendos e os diferentes tipos de pagamento;
- O que analisar para escolher boas pagadoras de dividendos; e
- Um passo a passo completo para começar a investir agora mesmo.
No fim, ainda respondemos às dúvidas mais comuns de quem quer viver de dividendos — ou apenas aumentar seus rendimentos com inteligência. Vamos lá?
Os dividendos são uma forma de remuneração ao acionista (Foto: Pixabay)
Por que investir em ações que pagam dividendos?
Investir em ações que distribuem dividendos pode trazer uma série de benefícios para quem investe, especialmente aquelas pessoas que buscam construir uma fonte de renda passiva com potencial de crescimento ao longo do tempo. Abaixo, explicamos os principais motivos para considerar esses ativos na sua carteira:
Aumento de renda
A principal vantagem de investir em ações que pagam dividendos é o aumento do fluxo de caixa recorrente. Empresas que distribuem lucros regularmente permitem que você receba depósitos diretos na conta, sem precisar vender suas ações.
Em uma carteira bem montada, é possível usar esses dividendos para reinvestir e acelerar o crescimento do patrimônio ou até mesmo complementar a renda mensal — prática comum entre quem busca viver de renda no longo prazo.
Isenção do IR
No Brasil, os dividendos distribuídos por ações são isentos de Imposto de Renda — ao contrário do que ocorre em países como os Estados Unidos, onde os dividendos são tributados na fonte.
Isso significa que o valor pago pelas empresas chega líquido na sua conta, sem descontos, o que representa uma importante vantagem fiscal frente a outros tipos de investimento que sofrem tributação, como fundos, Tesouro Direto e CDBs.
Diversificação
A Bolsa brasileira conta com diversas empresas líderes de mercado, sólidas e lucrativas, que historicamente remuneram bem os acionistas. Com isso, é possível montar uma carteira diversificada apenas com ações que pagam dividendos, envolvendo setores distintos como energia, bancos, alimentos, mineração, logística, entre outros.
Essa diversificação é fundamental para reduzir o risco da carteira e suavizar o impacto de eventuais crises em setores específicos.
Liquidez
Muitas das empresas que se destacam pelo pagamento de dividendos também são blue chips — ações com grande volume de negociação diária na Bolsa. Isso garante alta liquidez, permitindo que você compre ou venda seus papéis com facilidade, sempre que precisar.
Diferentemente de investimentos menos líquidos, como imóveis ou ativos de crédito privado, ações com bom histórico de dividendos combinam rentabilidade, renda passiva e flexibilidade.
Quais são as formas que uma empresa pode usar para remunerar seus acionistas?
Ao investir em uma ação, você se torna sócio ou sócia da empresa e, naturalmente, espera obter retorno sobre o capital investido. Mas, além dos dividendos, existem outras formas de uma empresa remunerar seus acionistas — seja de forma direta ou indireta.
Veja a seguir as principais maneiras:
Reinvestimento no negócio
Nem sempre, uma empresa opta por distribuir o lucro aos acionistas. Muitas vezes, ela prefere reinvestir esse capital dentro da própria operação, com o objetivo de crescer.
Esse reinvestimento pode acontecer de várias formas:
- Abertura de novas unidades;
- Expansão para outros mercados;
- Compra de novas tecnologias;
- Contratação de pessoal;
- Melhoria de processos.
A lógica aqui é simples: ao aumentar a eficiência ou o faturamento, a empresa tende a se valorizar ao longo do tempo. Isso pode se refletir diretamente na valorização das ações, beneficiando o acionista de forma indireta.
Aquisições estratégicas
Outra maneira de alocar o lucro é através da aquisição de outras empresas, uma estratégia comum em setores competitivos.
Ao comprar companhias menores ou complementares, a empresa pode:
- Aumentar seu market share;
- Expandir para novas áreas de atuação;
- Obter sinergias operacionais;
- Reduzir concorrência.
Essa prática visa acelerar o crescimento e a rentabilidade do negócio. E, claro, quando bem executada, tende a gerar valorização das ações e aumento do retorno aos investidores.
Uma outra maneira de empregar os lucros é por meio de aquisições (Foto: Unsplash)
Recompra de ações
A recompra de ações é outra forma de beneficiar diretamente os acionistas.
Nesse caso, a empresa usa parte do lucro (ou caixa disponível) para comprar as próprias ações no mercado. O resultado disso é:
- Redução do número de ações em circulação;
- Aumento da participação de cada acionista nos lucros;
- Valorização potencial dos papéis restantes.
Essa é uma estratégia bastante usada por empresas que estão com o caixa robusto e acreditam que suas ações estão subvalorizadas.
Pagamento de proventos
O pagamento de proventos é a forma mais direta e visível de remunerar o acionista.
Como vimos, trata-se da distribuição de parte do lucro para investidores, proporcionalmente à quantidade de ações que possuem. Esse pagamento pode ser feito de forma:
- Trimestral, semestral ou anual;
- Na forma de dividendos ou juros sobre capital próprio (JCP).
Empresas maduras, com fluxo de caixa previsível e baixa necessidade de reinvestimento tendem a ter políticas de dividendos consistentes.
Bonificações em ações
Em algumas ocasiões, a empresa também pode optar por bonificar seus acionistas com novas ações, sem que seja necessário um pagamento em dinheiro.
Essa prática, conhecida como bonificação, aumenta o número de ações que seus investidores possuem, mantendo sua participação proporcional no capital da empresa. É uma forma de aumentar a liquidez e atratividade do papel, além de demonstrar confiança da empresa no próprio crescimento.
Por que as empresas pagam dividendos?
As empresas pagam dividendos como uma forma de recompensar seus acionistas — os verdadeiros donos do negócio. Ao distribuir parte do lucro, elas compartilham os resultados alcançados com quem acreditou e investiu na companhia.
Mas há outros fatores que explicam essa decisão. Veja os principais a seguir:
Distribuição do lucro
O principal motivo é a própria geração de lucro. Quando a empresa fecha o balanço com resultado positivo e não precisa reinvestir todo esse capital em crescimento, ela pode optar por distribuir parte dos lucros aos acionistas, seja na forma de dividendos, seja na forma de juros sobre capital próprio (JCP).
Sinal de maturidade e estabilidade
Companhias que pagam dividendos com regularidade costumam ser mais maduras e consolidadas no mercado, com geração de caixa previsível e estável. Isso transmite confiança para quem investe e ajuda a atrair novos acionistas.
Esse tipo de política de distribuição é muito comum em setores mais tradicionais, como energia, bancos, telecomunicações e saneamento, nos quais há menos necessidade de reinvestimento agressivo.
Atratividade para investidores
O pagamento de dividendos também é uma estratégia para tornar as ações mais atrativas na Bolsa. Muitos investidores procuram empresas com fluxo de caixa estável e boa remuneração, especialmente aqueles que buscam renda passiva no longo prazo.
Assim, manter uma política de dividendos consistente pode ajudar a empresa a valorizar suas ações no mercado, já que o interesse dos investidores tende a aumentar.
Obrigatoriedade legal
No Brasil, a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76) determina que, salvo disposição contrária no estatuto da empresa, as companhias devem distribuir pelo menos 25% do lucro líquido ajustado na forma de dividendos. Ou seja, em muitos casos, o pagamento de dividendos não é apenas uma escolha, mas uma obrigação legal.
Quais são os tipos de pagamentos de dividendos?
As empresas listadas na Bolsa têm liberdade para decidir quando e com que frequência vão pagar dividendos aos seus acionistas. Não existe uma regra fixa sobre a periodicidade — isso depende da estratégia de cada companhia, da previsibilidade de receitas e da política de distribuição de lucros adotada.
A B3 (B3SA3), por exemplo, costuma pagar dividendos trimestralmente (Foto: Divulgação)
De maneira geral, os principais tipos de pagamentos são:
- Dividendos mensais: algumas empresas optam por realizar pagamentos mensais de dividendos, o que atrai especialmente investidores que buscam um fluxo de renda mais constante;
- Dividendos trimestrais: esse é um dos formatos mais comuns na Bolsa brasileira. Empresas com lucros mais estáveis e previsíveis tendem a pagar dividendos a cada três meses;
- Dividendos quadrimestrais: menos frequente, esse modelo envolve a distribuição a cada quatro meses. Ele é adotado por empresas com uma dinâmica financeira um pouco diferente, geralmente ligadas a ciclos de produção ou sazonalidade;
- Dividendos semestrais: outras companhias preferem concentrar os pagamentos duas vezes ao ano, geralmente após a apuração dos resultados semestrais. Essa estratégia costuma ser adotada por empresas mais tradicionais ou com operação mais robusta;
- Dividendos anuais: empresas com maior necessidade de reinvestimento ou modelo de negócios mais volátil podem optar por distribuir lucros apenas uma vez por ano, geralmente após o fechamento do balanço anual;
É importante destacar que essas são apenas referências com base no comportamento histórico das empresas. Você precisa acompanhar a política de dividendos de cada companhia — que pode ser alterada ao longo do tempo — e estudar os fundamentos de forma individual.
Como escolher as ações que mais pagaram dividendos no último ano?
Na hora de selecionar boas pagadoras de dividendos, não basta apenas olhar para o quanto uma empresa distribuiu no último ano. É preciso ir além da superfície e analisar alguns critérios fundamentais. Afinal, nem todo dividendo alto é sustentável ou saudável para investidores no longo prazo.
Veja a seguir os principais pontos que devem ser observados ao escolher ações focadas em proventos:
Dividend Yield (DY)
O Dividend Yield é, sem dúvidas, o indicador mais popular para quem procura ações que pagam bons dividendos. Ele mostra a relação entre o valor pago em dividendos nos últimos 12 meses e o preço atual da ação.
Fórmula do DY:
Fórmula do Dividend Yield
Por exemplo, se uma empresa distribuiu R$5,00 em dividendos nos últimos 12 meses e a ação custa R$50,00, o DY será de 10%.
Apesar de ser um indicador útil, não deve ser analisado de forma isolada. Um yield muito alto pode esconder problemas graves, como veremos a seguir.
Atenção nos pequenos detalhes
Um dos erros mais comuns de investidores iniciantes é confiar apenas no Dividend Yield. Um DY elevado pode ser um sinal de alerta, e não de oportunidade.
Alguns motivos para um DY inflado:
- A cotação da ação caiu demais por causa de problemas financeiros ou de governança, elevando artificialmente o rendimento (yield).
- A empresa fez um pagamento extraordinário (como após a venda de ativos), o que não se repetirá nos próximos anos.
O ideal é analisar o contexto do pagamento e verificar se ele é recorrente e sustentável.
Dividendos constantes e crescentes
Boas empresas pagadoras de dividendos têm histórico de consistência. Elas distribuem lucros de maneira previsível — e muitas vezes crescente.
Empresas assim costumam ter:
- Modelo de negócios estável;
- Previsibilidade de receita;
- Política de dividendos bem definida.
Prefira ações de empresas que mantêm ou aumentam os pagamentos ao longo dos anos. Evite aquelas que pagam muito em um ano e nada nos seguintes.
Histórico de lucro
Antes de pagar dividendos, uma empresa precisa ter lucro. Por isso, é essencial avaliar a qualidade dos resultados financeiros da companhia:
- O lucro é consistente ao longo dos anos?
- Há crescimento nos resultados?
- A geração de caixa cobre os dividendos pagos?
Se a empresa está queimando caixa ou se endividando para pagar dividendos, esse modelo pode não ser sustentável no longo prazo.
Governança corporativa
Por fim, mas não menos importante, está a governança. Empresas com boa governança respeitam os acionistas, têm regras claras de distribuição e prezam pela transparência nas decisões.
Fatores a observar:
- Estrutura de controle: capital pulverizado ou controlador forte?;
- Presença em níveis diferenciados da B3 (Nível 2, Novo Mercado etc.);
- Ausência de escândalos, fraudes ou problemas com reguladores.
Uma boa empresa é aquela que trata acionistas como sócios, inclusive quando distribui parte do lucro.
As boas práticas de governança têm sido cada vez mais exigidas nas empresas da Bolsa (Foto: Unsplash)
Resumo: para escolher boas pagadoras de dividendos, combine análise de indicadores (como o DY) com uma leitura crítica dos fundamentos. Não caia na armadilha dos dividendos pontuais ou insustentáveis. A consistência, a governança e o lucro recorrente são seus maiores aliados.
Como investir em ações que pagam dividendos?
Se você deseja começar a investir em ações que distribuem lucros aos acionistas, o caminho pode ser mais simples do que parece. A seguir, veja o passo a passo completo para montar sua carteira de dividendos com segurança e estratégia:
Passo 1 – Abra conta em uma corretora
O primeiro passo para investir em ações é abrir uma conta em uma corretora de valores. Existem diversas opções no Brasil, desde as mais tradicionais até as digitais.
Ao escolher a corretora, observe:
- Taxas de corretagem (muitas já são isentas);
- Plataforma fácil de usar;
- Suporte e reputação no mercado;
- Acesso ao home broker e ferramentas de análise.
Após abrir a conta, será necessário transferir o valor que deseja investir via TED ou Pix.
Passo 2 – Estude sobre dividendos e o mercado de ações
Antes de investir, é fundamental entender como funcionam os dividendos e quais fatores tornam uma empresa boa pagadora. Isso evita decisões baseadas apenas em dados superficiais, como o dividend yield momentâneo.
Dedique um tempo para aprender sobre:
- Proventos (dividendos, JCP, bonificações etc.);
- Indicadores fundamentalistas;
- Estratégias de carteira de dividendos;
- Riscos do mercado acionário.
Passo 3 – Selecione boas pagadoras de dividendos
Com conhecimento básico adquirido, é hora de buscar ações com histórico de pagamentos consistentes.
Alguns critérios a observar:
- Dividendos constantes e, se possível, crescentes;
- Boa governança corporativa;
- Lucros recorrentes e geração de caixa saudável;
- Setores maduros e previsíveis (como energia, bancos, saneamento etc.).
Lembre-se: o foco é qualidade e constância, não apenas o maior DY do momento.
Passo 4 – Monte uma carteira diversificada
Diversificar é uma das regras de ouro de quem investe com foco em dividendos. Ao distribuir seu capital entre diferentes empresas e setores, você reduz riscos específicos e garante um fluxo de dividendos mais estável ao longo do tempo.
Evite concentrar seus investimentos em apenas uma ação, por mais atrativa que ela pareça. Busque exposição a empresas de:
- Energia elétrica;
- Bancos;
- Saneamento;
- Commodities;
- Holding e seguros.
Passo 5 – Acompanhe seus investimentos
Mesmo em uma carteira voltada para o longo prazo, é importante acompanhar a saúde financeira das empresas. Veja se continuam lucrativas, se mantêm boas práticas de governança e se seguem distribuindo dividendos de forma previsível.
Você pode usar sites especializados, relatórios de analistas ou acompanhar os balanços trimestrais (os chamados “resultados”) divulgados pelas empresas.
Passo 6 – Reinvista os dividendos recebidos
Uma das maiores forças de uma carteira de dividendos está no reinvestimento dos proventos. Ao utilizar os valores recebidos para comprar mais ações, você aumenta sua base de patrimônio e, consequentemente, seus dividendos futuros.
Essa é a lógica dos juros compostos funcionando a seu favor ao longo dos anos — um dos caminhos mais eficientes para conquistar a liberdade financeira.
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Investir em ações que pagam dividendos pode ser uma excelente estratégia para gerar uma renda passiva constante e diversificada. No entanto, como em qualquer tipo de investimento, é fundamental estudar e escolher as empresas com cuidado, levando em conta indicadores como dividend yield, histórico de lucro, governança e a regularidade no pagamento de dividendos.
Vale ressaltar que não existe uma resposta única sobre qual é a melhor ação para investir, pois isso depende do seu perfil de investidor ou investidora, seus objetivos financeiros e do momento de mercado. O importante é se basear em um bom planejamento e escolher ações que se alinhem aos seus interesses.
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Perguntas frequentes sobre ações que pagam dividendos
Quanto tempo preciso ter uma ação para receber dividendos?
Você só precisa estar com a ação em carteira até a data de corte (ou “data com”) definida pela empresa. No dia seguinte, chamado “data ex”, quem comprar a ação já não terá direito a receber aquele dividendo específico. Não importa se você comprou a ação dias, semanas ou meses antes — o que vale é estar posicionado na data certa. Depois disso, mesmo que venda a ação, o dividendo será pago a você na data prevista pela companhia.
O que são ações e dividendos?
Ações são títulos emitidos por empresas que representam uma fração de sua propriedade. Quando você compra uma ação, você se torna sócio ou sócia da empresa e, se ela for lucrativa, pode receber uma parte do lucro na forma de dividendos. Dividendos são os pagamentos periódicos feitos pela empresa aos acionistas, geralmente originados dos lucros.
Como saber se uma ação paga dividendos mensais?
Para saber se uma ação paga dividendos mensais, é necessário verificar o histórico de pagamentos da empresa, que pode ser encontrado no site da própria companhia ou em plataformas financeiras. As empresas geralmente informam a periodicidade de seus dividendos nos relatórios anuais ou comunicados.