Sabia que, de acordo com uma exigência do Banco Central, todos os bancos do país precisam encerrar o dia com saldo de caixa positivo? Em resumo, essa é uma das medidas de segurança existentes para manter o sistema financeiro sempre saudável e estável.
No entanto, é claro que nem sempre isso é possível. Imagine um dia, por exemplo, onde tenham sido feitos muito mais saques do que depósitos. Nesse caso, é inviável que o caixa seja positivo.
A diferença do valor precisa ser coberta, então os bancos pedem empréstimos entre si, a fim de preencher essa “brecha”. Aqui, entra o assunto desse artigo, o CDI.
Curioso para descobrir o que essa sigla significa, como o CDI funciona e que diferença isso faz para os seus investimentos? Então, siga conosco. No final deste conteúdo, inclusive, daremos a você uma dica valiosa para aprender de uma vez por todas como extrair o melhor do seu patrimônio e investir com inteligência.
O que é CDI (Certificado de Depósito Interbancário)?
O CDI é um título emitido por instituições financeiras, cujo objetivo é facilitar empréstimos de curtíssimo prazo entre elas. Sua duração, aliás, é de apenas um dia útil.
Sua existência justifica-se pela regra do Banco Central, exigindo que os bancos fechem o dia com saldo positivo em caixa. Assim, a instituição que estiver precisando de recursos para cobrir a diferença deverá emitir um CDI.
Dessa forma, um CDI não pode ser comprado por pessoas físicas, embora ele desempenhe, sim, um papel importante em muitos títulos de investimento. Isso porque a média da taxa de juros praticada nesse tipo de transação — chamada de taxa DI — serve de referência para outras negociações.
Continue conosco para entender melhor!
Como funciona o CDI?
Gerado sob o propósito de possibilitar empréstimos entre um banco e outro, o CDI funciona como uma garantia de que a instituição devedora pagará pelo recurso que tomou.
Além disso, o seu funcionamento existe para que os bancos sempre tenham, em caixa, dinheiro suficiente para viabilizar suas operações. Protegendo, consequentemente, não somente a instituição em si, mas os clientes também.
Como você já sabe, a taxa média de juros praticada nesse empréstimo é chamada de taxa DI. Seu cálculo e divulgação fica por conta da B3, e representa a média ponderada das movimentações interbancárias que ocorrem em determinada data, servindo de base para os CDIs do dia seguinte.
Para determinar esse valor, há uma metodologia específica, que considera essas condições:
Realização de 100 ou mais operações de empréstimos interbancários;
Realização de operações elegíveis com um volume total igual ou superior a R$30 bilhões.
Quais são os investimentos atrelados ao CDI e como funcionam?
Como dito, alguns títulos de investimento são afetados pelo CDI, influenciando seus níveis de rentabilidade. Em resumo, esse conceito serve como referência para a definição das taxas de juros praticadas. Dessa forma, se o CDI sobe, então os papéis vinculados a ele aumentam também, levando lucros mais atrativos aos investidores.
Conheça os principais títulos influenciados pelo CDI:
CDBs
Temos aqui uma modalidade de investimento bem popular. Quem aplica em títulos assim, está emprestando dinheiro ao banco, em troca de juros. Em geral, estes papéis acompanham de maneira bem próxima as evoluções do CDI.
Por essa razão, se a taxa estiver alta, a rentabilidade do CDB vai aumentar também. Outro ponto positivo desse ativo é que, no mercado de capitais, há opções de investimento cujo rendimento é maior do que 100% do CDI.
Vale lembrar que os CDBs são protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), para investimentos de até R$250 mil. Em outras palavras, é um título de baixo risco, recomendado para perfis conservadores.
LCI e LCA
Temos aqui Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA). Seu funcionamento é o seguinte: as instituições financeiras que necessitam de fundos para impulsionar setores esses específicos da economia captam recursos por meio da venda de LCIs e LCAs aos investidores.
Estes, por sua vez, apresentam formas de rentabilidade variadas: prefixadas, pós-fixadas, indexadas a um índice de preços ou ao CDI. Naturalmente, os juros recebidos pelo investidor vão depender da opção escolhida.
Se uma LCI ou LCA render 100% do CDI, por exemplo, então os lucros obtidos com a aplicação serão exatamente iguais aos desta referência. Além disso, o valor vai ser corrigido diariamente, acompanhando a sua variação.
Assim como ocorre nos CDBs, essas duas Letras de Crédito são consideradas como investimentos de baixo risco e possuem a proteção do FGC.
Debêntures
As debêntures são títulos de dívidas, emitidos por empresas privadas. Ou seja, se uma organização necessita de recursos para financiar projetos ou refinanciar dívidas que já existem, então lançam papéis do tipo no mercado, disponíveis para que os investidores o adquiram.
Aqui, a rentabilidade também pode variar de acordo com a categoria do ativo em questão. Aqueles atrelados ao CDI são pós-fixados, ou seja, acompanharão a evolução deste índice. Por isso, o ideal é que o investidor opte por essa aplicação quando uma alta do CDI for esperada para o futuro.
CRI e CRA
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são títulos de renda fixa, emitidos por securitizadoras que representam créditos imobiliários ou agrícolas.
Em resumo, eles possibilitam que os emissores transformem esses créditos em ativos negociáveis no mercado financeiro, gerando recursos para novos investimentos nesses dois setores econômicos.
Para o público, investir em CRIs e CRAs oferece várias vantagens, como rentabilidade atrativa, diversificação de investimentos, baixo risco de crédito e isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas.
Dentre as formas de rentabilidade disponíveis, temos opções onde a taxa de juros está atrelada ao CDI, ou é híbrida, combinando parte do rendimento ao índice e outra parte estabelecida como prefixada — ou seja, a categoria na qual o investidor sabe exatamente quanto vai receber futuramente, sem nenhuma correção a ser feita.
Fundos simples
Fundos de investimento configuram uma modalidade onde os recursos financeiros de várias pessoas são reunidos e aplicados em títulos diversos, a depender da estratégia adotada em contrato.
Na categoria de fundo simples, as aplicações são feitas em renda fixa, direcionando o dinheiro total em papéis como CDBs, LCIs e LCAs ou Tesouro Direto. Aqueles especificamente voltados ao CDI, por sua vez, concentram a administração do capital do fundo em títulos atrelados ao índice.
Diariamente, os gestores do fundo calculam quanto rendeu o dinheiro investido, adicionando o valor ao total. Ou seja, mesmo se você investir e decidir retirar o dinheiro no dia seguinte, receberá juros pelo curto período em que o dinheiro permaneceu alocado na cota.
Qual é a relação entre CDI, Selic e taxa DI?
A Selic é a taxa de juros básica da economia. Basicamente, ela é o principal instrumento de política monetária para que o Banco Central seja capaz de controlar a inflação no país. A taxa DI (também chamada de CDI), por sua vez, é a taxa de juros praticada quando os bancos emprestam dinheiro entre si.
A ligação entre ambas se dá principalmente pelo fato de que a Selic serve de base para a DI, normalmente estando levemente mais alta do que a taxa das negociações interbancárias. Além disso, as duas têm o poder de influenciar outras taxas de juros em diferentes contextos financeiros.
No Tesouro Direto, por exemplo, a Selic costuma ser a referência utilizada em títulos pós-fixados. Já a DI é mais frequentemente encontrada em títulos privados, como aqueles já mencionados nesse artigo: LCIs, LCAs, CDBs e outros.
O que significa 100% de CDI?
Quando se diz que um investimento rende “100% do CDI,” isso significa que seu retorno está atrelado integralmente à variação do CDI.
Por exemplo, se o índice estiver em 6% ao ano, um investimento que oferece 100% do CDI renderá essa mesma porcentagem: 6% ao ano. Em outras palavras, é uma forma de indicar que a rentabilidade da aplicação acompanhará de perto as mudanças dessa referência.
No mercado de capitais, alguns títulos chegam a render bem mais do que 100% — 120%, 130% e 150%, por exemplo. Quanto maior a porcentagem, melhor para o investidor, que aproveitará de lucros mais altos.
Vale dizer, inclusive, que aplicações atreladas ao CDI são opções bem melhores em comparação com a tradicional poupança, no que tange à rentabilidade. Isto é, estando historicamente levemente abaixo da Selic, os lucros acabam sendo bem mais atrativos, mesmo se tratando de papéis também muito seguros.
Qual é a taxa de CDI hoje?
No início de setembro de 2023, o valor da taxa CDI acumulado foi de 9,18%. Essa porcentagem contempla todas as variações registradas nos meses anteriores.
Inclusive, é importante lembrar que esta taxa é comumente apresentada nesta versão acumulada, considerando totais mensais ou anuais. Mesmo assim, não se esqueça de que suas operações ocorrem diariamente.
Muito importante: as taxas de juros, incluindo o CDI, podem variar diariamente, de acordo com as condições do mercado. Para saber exatamente o CDI atual, é recomendável verificar em fontes confiáveis de informações financeiras, como sites de notícias econômicas, instituições financeiras ou consultorias de investimentos.
Além disso, sempre que você precisar aplicar a correção do CDI em algum valor, saiba que a Calculadora do Cidadão, disponível no site do Banco Central, realiza essa simulação de forma bem simples, solicitando apenas as datas correspondentes ao período em questão e o montante a ser atualizado.
Como o CDI afeta as pessoas, seus investimentos e a economia no geral?
No que tange aos investimentos, muitos produtos de renda fixa utilizam o CDI como referência para calcular seus respectivos rendimentos — é o caso dos CDBs e fundos simples, por exemplo. Consequentemente, se essa taxa de juros cair ou aumentar, seus lucros serão impactados também.
Já no que diz respeito à economia como um todo, há de se lembrar que, a cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) ajusta a Selic, de modo a manter a inflação dentro das metas estabelecidas para o Brasil. Consequentemente, o CDI é impactado, bem como as taxas de juros para empréstimos e financiamentos.
Se essas taxas estão baixas, o país entra em um cenário de aquecimento da economia, uma vez que impulsiona o consumo e o investimento por parte da população. Caso estejam altas, então a realidade é oposta: os produtos ficam mais caros, a concessão de crédito mais difícil e, por isso, as pessoas tendem a consumir menos.
Como fazer os melhores investimentos em renda fixa?
A resposta é fácil: conhecimento é dinheiro. Assim como você sabe, ao final deste artigo, como o CDI funciona e como ele pode ser vantajoso (ou não) para as suas aplicações, continuar se aprofundando no mercado de capitais trará cada vez mais lucros atraentes e decisões mais inteligentes.
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