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Factor investing: o que é, como funciona e como aplicar

Você já deve ter se deparado por aí com uma máxima financeira que diz que quanto mais arriscado um ativo, maior é seu potencial de retorno.

Embora essa simplificação possa funcionar em termos mais generalistas ao se fazer equivalências entre diferentes classes de ativo — como quando se afirma que ações são mais arriscadas e possivelmente mais lucrativas que títulos públicos, por exemplo —, quando observado mais de perto, é possível perceber que nem sempre isso é tão preto no branco assim. 

Ao comparar diferentes ações, por exemplo, essa lógica já não se sustenta de todo. Não faltam, ao final, exemplos de ações de baixo risco que, historicamente, apresentam resultados significativamente melhores que seus pares de alto risco. 

Em resposta a essa contradição fundamental, existe uma corrente filosófica de investimento que defende aplicações feitas em consonância com a identificação de fatores econômicos que afetam o desempenho de toda uma classe de ativos: a chamada factor investing.

Se você quer entender melhor como isso funciona e, de quebra, aprender uma nova abordagem de escolha de investimentos, siga a leitura. Entre outros tópicos, neste artigo, abordaremos:

  • O que é factor investing;
  • Em que ativos pode ser aplicado;
  • Quais as vantagens e limitações desse método;
  • Como o investimento em fatores funciona;
  • Como aplicar essa metodologia em suas escolhas;
  • Dicas de livros para se aprofundar no assunto.

O que é factor investing?

Factor investing — ou “investimento em fatores”, em tradução direta para o português — é uma filosofia de investimento que consiste na seleção de ativos tendo por base fatores que podem afetar seu desempenho

Esse método tem por objetivo identificar condições que podem ser diretamente relacionadas a retornos acima do mercado, utilizando esse princípio como determinante para a composição de uma carteira. Ou seja, os aportes são orientados por um conjunto de atributos determinados, em vez de considerar as empresas especificamente ou seus setores de atuação

Esses fatores ou atributos podem ser entendidos como um filtro que auxilia o investidor ou o gestor a identificar títulos com a melhor relação entre risco e retorno. 

Segundo os entusiastas desse método, em horizontes de longo prazo, o factor investing é capaz de entregar rentabilidades superiores à média de mercado, sem que o investidor tenha que expor seu portfólio desnecessariamente para isso. 

Teoria que se comprova, ao menos, ao comparar o desempenho dos índices fatoriais do S&P 500 com o indicador original nas últimas 15 décadas. O mesmo vale para os índices MSCI, no mesmo período.

O factor investing é um método disruptivo que bate de frente com o amplamente reproduzido axioma que diz que os riscos de um ativo são compensados proporcionalmente por seu potencial de rendimento. 

Qual a origem da estratégia?

Mapear a origem do factor investing não é algo tão simples. Esse método foi desenvolvido ao longo de diferentes décadas, com adições e revisões de diferentes especialistas do mercado financeiro.

Contudo, é possível destacar, em ordem cronológica, alguns marcos históricos dessa filosofia:

CAPM (década de 1960)

Considerado por muitos como a semente para a criação do factor investing, o Capital Asset Pricing Model (CAPM), desenvolvido por William Sharpe, John Lintner e Jan Mossin, foi um dos primeiros modelos utilizados para definir a relação entre o risco e o retorno esperado de diferentes ativos.

Size effect (1981)

Em uma dissertação sobre a precificação de pequenas empresas, o acadêmico Rolf W. Banz descobre que, em média, as empresas menores apresentam rendimentos melhores quando comparadas às grandes companhias no longo prazo, no intervalo de quatro décadas analisado (1940 – 1980).

O fator momentum (década de 1990)

Uma série de estudos realizados na primeira metade da década de 1990 pelos professores Sheridan Titman e Narasimhan Jegadeesh demonstraram como o fator “momentum” estava relacionado ao desempenho das ações ao longo do tempo.

Modelo de três fatores de Fama e French (1992)

Considerando o marco mais notável do factory investing, o “Modelo de três fatores” dos professores Eugene Fama e Kenneth French relacionou a performance das ações considerados os seguintes atributos:

  • Mercado: considera a medida de volatilidade de um ativo em relação ao mercado;
  • Tamanho: medida entre a diferença de retornos entre empresas de pequena e grande capitalização;
  • Value: relação entre o valor contábil de uma empresa e o preço de suas ações.

“O pequeno livro que bate o mercado” (2005)

O factor investing ganha popularidade com a publicação do bestseller do famoso investidor Joel Greenblatt, que se propõe a ensinar como replicar Warren Buffett usando um modelo fatorial.

Atualizações de Fama e French (2015)

23 anos após o desenvolvimento do famoso “Modelo de três fatores”, Fama e French revisitaram seu método de precificação para acrescentar dois novos atributos adicionais: 

  • Rentabilidade: compara os retornos de empresas com alta rentabilidade operacional e aquelas com baixa rentabilidade operacional;
  • Investimento: diferença de performance entre empresas que investem conservadoramente e companhias que investem agressivamente.

Em quais ativos pode-se aplicar a metodologia?

Embora seja comumente relacionado ao investimento em ações, o modelo factor investing pode também ser implementado para auxiliar o investidor na escolha de outros produtos financeiros, tais como:

Vale, porém, uma importante ressalva: essa metodologia funciona melhor em investimentos de longo prazo. Não é indicada como método de escolha para quem busca ativos com horizontes de resgate mais curtos.

Quais são as vantagens e riscos do factor investing?

Ao propor alocações por fatores, o factor investing apresenta um modelo de tomada de decisão alternativo às abordagens clássicas fundamentadas na escolha por classe de ativo. 

Para deixar mais claro as implicações desse método, destacamos abaixo, algumas de suas principais vantagens, bem como suas limitações:

Vantagens do factor investing

Entenda as razões pelas quais o factor investing pode ser uma mão na roda para o investidor! 

Potencial de retorno

Essa filosofia tem como objetivo identificar ativos com características que o façam apresentar melhores desempenhos quando em comparação à média do mercado.

Embasamento em dados

É um modelo menos especulativo e que não é impactado pelo fator emocional, uma vez que os fatores são elementos identificáveis e classificáveis.

Modelo de gestão ativa

Os atributos considerados podem se comportar de modos distintos em diferentes cenários econômicos. Contudo, o peso de cada fator na carteira pode ser rebalanceado, garantindo que o portfólio seja otimizado ao longo do tempo.

Estratégia comprovada

Diferentes estudos acadêmicos, incluindo comparações de indicadores de mercado com índices fatoriais, têm demonstrado que esse método é capaz de entregar resultados acima do mercado, sem expor o investidor a riscos desnecessários.

Desvantagens do factor investing

Agora, compreenda aspectos do factor investing que o tornam uma metodologia bastante arriscada, especialmente para investidores iniciantes.

Volatilidade de curto prazo

Por mais que possam oferecer retornos acima da média no longo prazo, carteiras baseadas em fatores podem experimentar altos graus de volatilidade no curto prazo, o que pode ser problema para investidores mais ansiosos ou pouco acostumados com quedas.

Aplicação limitada

Essa metodologia só é adequada para posições de longo prazo, não sendo indicada para objetivos com horizontes temporais mais curtos. Para evitar prejuízos e surpresas desagradáveis, investir com a mentalidade correta é essencial.

Complexidade

Ponderar diferentes fatores e suas implicações em distintos cenários exige um bom domínio do mercado financeiro e grande habilidade de análise, o que torna esse método pouco prático para investidores menos experientes.

Risco de sobreponderação

Alocar uma grande fatia do patrimônio em poucos fatores tem chances de impactar negativamente nos retornos, já que os ativos podem se comportar de forma imprevista em diferentes condições de mercado.

Como funciona o factor investing?

Segundo o dicionário Michaelis da língua portuguesa, o termo “fator” pode ser definido como “um elemento que contribua para a obtenção de um resultado”. 

Essa descrição pode ser facilmente aplicada para explicar o funcionamento do “factor investing”, metodologia que prega que as escolhas de ativos financeiros devem ser embasadas em fatores. Ou seja, em “elementos” que podem influenciar o desempenho (resultado) desses papéis.

Na prática, essa estratégia de investimento consiste em identificar fatores que historicamente estão relacionados a maiores retornos. Uma vez encontrados esses elementos, o investidor pode utilizá-los como uma espécie de “filtro” para orientar suas alocações, encontrando investimentos que possam oferecer a melhor relação entre custo e risco — isto é, o melhor desempenho.

É praticamente o inverso da lógica tradicional, já que o foco inicial aqui está nas características e fatores de mercado, antes da análise de ativos individuais. Ao fazer isso, os investimentos são orientados por um conjunto de critérios definidos, independentemente da empresa, setor ou classe do papel. Passam, portanto, a ser condicionados por dados quantitativos e evidências, reduzindo a especulação.

A ideia por trás do factor investing é encontrar ativos capazes de superar a média de mercado no longo prazo, sem a necessidade de que o investidor se exponha a riscos desmedidos. Conforme mostram os registros históricos, no longo prazo, muitos ativos menos arriscados acabam desempenhando melhor que seus pares.

Ao alocar seu capital seguindo essa lógica, o investidor pode montar uma carteira com foco em empresas que estão sendo negociadas abaixo de seu preço (value), em companhias com melhor comportamento no curto prazo (momentum), com baixa capitalização (tamanho), e assim por diante. A diversificação, nesse tipo de portfólio, parte da combinação de diferentes fatores como esses. 

Quais são os principais fatores da metodologia?

O factor investing, como já mencionamos, é uma estratégia de investimento em que a formação de uma carteira é organizada de acordo com fatores que podem influenciar a performance dos títulos selecionados. Mas, que fatores são esses?

A história dessa metodologia mostra que o leque de elementos foi se expandindo conforme novas observações e adições foram sendo implementadas. 

De modo geral, contudo, existe uma divisão amplamente aceita que os categoriza entre dois grupos: fatores macroeconômicos e fatores de estilo. Abaixo, explicaremos cada um deles para deixar tudo às claras.

Fatores macroeconômicos

Os fatores macroeconômicos abrangem aspectos econômicos globais. São, em outras palavras, os elementos que atingem a economia de um país ou do mundo como um todo, não apenas alguma empresa ou setor de mercado em específico.

Os fatores macroeconômicos mais utilizados em estratégias de factor investing, incluem:

  • Câmbio;
  • Crescimento econômico;
  • Inflação;
  • Liquidez;
  • Riscos de crédito;
  • Riscos políticos e de soberania;
  • Taxa de juros.

É preciso ressaltar que os fatores macroeconômicos são elementos capazes de impactar, em alguma instância, todas as classes de produtos financeiros.

Servem, desse modo, para identificar diferenças de comportamento entre diferentes tipos de ativo, mas não para comparar títulos de uma mesma categoria, como ações contra ações, por exemplo.

Fatores de estilo

Os fatores de estilo são aspectos menos abrangentes que os macroeconômicos. São elementos que podem ser utilizados como filtro ou comparação para selecionar ativos de uma mesma categoria. 

Essa abordagem, embasada em evidências, permite observar o melhor ajuste entre retorno e risco dentro de uma classe de ativos.

Entre os fatores de estilo mais conhecidos na estratégia factor investing estão:

  • Carrying (carregamento);
  • Dividend Yield (DY);
  • Momentum (momento);
  • Market cap (tamanho);
  • Qualidade;
  • Value;
  • Volatilidade.

O mais interessante é que esses atributos de estilo possuem, no geral, baixa correlação entre si, o que permite que uma carteira diversificada por fatores possa ter boa performance frente a diferentes condições de mercado.

Como analisar fatores?

Para investir em fatores e saber como selecionar a melhor composição entre diferentes elementos, é preciso entender de que forma estudar cada um deles

Para ajudar nesta tarefa, na sequência, apresentamos brevemente de que forma analisar os principais fatores observados por quem investe segundo essa lógica:

Value

Esse fator tem por objetivo encontrar ativos que estejam sendo negociados por um preço abaixo do justo, ou seja, com algum grau de desconto. Como esses valores tendem a se ajustar com o tempo, a performance de ativos subvalorizados pode apresentar uma boa relação de risco e retorno.

Para investir segundo esse fator são utilizadas ferramentas de análise fundamentalista que relacionam o preço de uma ação com dados expostos no balanço patrimonial da empresa. Entre eles, é possível citar:

  • P/VPA: divide o preço da ação pelo valor patrimonial da empresa. Sempre que o resultado for inferior a 1 é sinal de que a participação está sendo negociada com desconto. Por exemplo, um P/VPA de 0,80 significa um deságio de 20% sobre o “preço justo”;
  • P/L: é a divisão do preço pelo retorno de lucro por ação;
  • EV/Ebitda: fórmula utilizada para medir a relação entre o “Enterprise Value” (Valor da Empresa) e o “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization” (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização).

Tamanho

O tamanho corresponde ao market cap (valor de mercado) de uma companhia, ou seja, sua capitalização.

 Embora o investidor possa optar por segurança, ao alocar seu capital em big chips (as empresas mais valiosas e consolidadas do mercado), quem aplica a estratégia de factor investing tende a dar preferência a empresas menores

Por se tratar de uma filosofia pensada para horizontes de longo prazo, companhias com menor tamanho tem um potencial de crescimento maior do que empresas já consolidadas e amplamente reconhecidas.

Essa abordagem é respaldada em dados históricos e conhecidos estudos acadêmicos, como a dissertação de Banz, onde o autor comprova que as empresas de menor market cap apresentaram retornos melhor ajustados aos riscos do que gigantes do mercado, no acumulado das décadas.

Qualidade

Por mais que o termo “qualidade” possa ter uma conotação subjetiva, no contexto do factor investing, esse não é o caso. Afinal toda essa metodologia é fundamentada em dados possíveis de serem comprovados.

O fator de qualidade, aqui, busca mensurar a saúde financeira de uma companhia. Para isso, podem ser considerados diferentes aspectos como a lucratividade bruta, a volatilidade dos lucros, o controle de endividamento, a geração de receita e margem de caixa, e o grau de incidência de caixa.

Também existe uma série de indicadores que podem ser utilizados para definir a qualidade administrativa de uma companhia, sendo os mais comuns:

  • Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE): mede a capacidade de uma empresa de gerar lucro a partir dos recursos próprios dos acionistas;
  • Dívida sobre Patrimônio Líquido: indica o nível de endividamento da empresa em relação ao seu patrimônio líquido, mostrando a dependência da empresa em financiamentos externos;
  • Retorno sobre o Capital Investido (ROIC): avalia a eficiência da empresa em gerar retornos a partir do capital total investido, incluindo dívidas e patrimônio líquido.

Ao facilitar a identificação de empresas financeiramente saudáveis e bem gerenciadas, essas métricas facilitam aportes em ações capazes de oferecer melhores retorno ajustado aos lucros que suas concorrentes.

Dividendos

O fator de dividendo considera o histórico e a política de distribuição de dividendos de uma empresa ou fundo.

Ele é útil tanto para investidores interessados em uma fonte de renda passiva, quanto para avaliar como a distribuição de proventos pode influenciar o crescimento da companhia.

Crescimento

É possível mensurar o fator de crescimento sobre diferentes perspectivas, incluindo a taxa de evolução histórica ou esperada de diferentes variáveis como: a geração de receita, fluxo de caixa, valor de mercado, retornos, dividendos, entre outros.

Volatilidade

Esse fator prioriza títulos mais estáveis e com menor risco. Para ir mais a fundo, é possível comparar o comportamento de diferentes preços de ativos em condições adversas de mercado, como recessões e crises famosas.

Ativos menos voláteis, ou seja, que apresentam menos alterações de preço, costumam apresentar retornos mais compatíveis com seu nível de risco.

Momentum

O fator momentum se concentra na identificação de ativos com tendência de alta. A prioridade, segundo esse aspecto, são títulos que têm apresentado uma evolução constante no passado frequente, o que pode indicar uma continuidade dessa subida, ao menos, por um curto período de tempo futuro. 

Essa análise se concentra, normalmente, na observação do retorno apresentado nos últimos 12 meses, adquirindo novos ativos que estejam em alta, e vendendo os que estejam desempenhando abaixo. 

Esse fator incorre no risco constante de reversão de tendência, exigindo maior atenção e atualizações mais constantes do portfólio.

Em momentos economicamente positivos, onde o mercado como um todo apresenta expectativa de alta, é possível aumentar a fatia da carteira destinada a papéis selecionados de acordo com esse fator.

Crescimento econômico

Fator macroeconômico que considera a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) e de que forma o ciclo econômico atual (recessão ou expansão) costuma impactar no desempenho de diferentes produtos financeiros.

Taxas reais

Analisa as políticas monetárias para identificar os impactos de movimentos na taxa de juros nos investimento, e a atratividade dos títulos de Renda Fixa.

Isso porque as tendências de aumento da taxa de juros costumam ser acompanhadas por migrações da Renda Variável para a Renda Fixa e vice-versa.

Inflação

Avalia o quanto a rentabilidade dos ativos está exposta a desvalorização da moeda.

No longo prazo, a moeda tende a perder de compra, o que pode reduzir significativamente os retornos de alguns ativos.

Crédito

O fator de crédito considera a capacidade de uma empresa ou entidade em honrar com suas obrigações. Isso pode ser avaliado com o auxílio de diferentes métricas como índices de endividamento, capacidade de pagamento de juros e histórico de inadimplência. 

Investidores que se guiam por esse elemento devem dar preferência a ativos de baixo risco de crédito, que oferecem maior segurança quanto ao retorno do capital aplicado.

Mercados emergentes

O fator de mercado emergente pressupõe a identificação de oportunidades de investimento em países em estágios iniciais de modernização ou desenvolvimento econômico. 

Apesar da possibilidade de obter retornos mais elevados devido ao crescimento acelerado desses mercados, esses investimentos também costumam ser mais voláteis e incorrer em maiores riscos políticos e de soberania.

Liquidez

O fator de liquidez busca reduzir o risco de manter ativos com baixa liquidez na carteira, optando por ativos que possam ser facilmente convertidos em dinheiro.

Quanto maior a liquidez, mais fácil é comprar ou vender um ativo sem que seu preço seja afetado. Papéis mais líquidos permitem que o investidor tenha maior flexibilidade e mais agilidade para rebalancear suas carteiras.

Como fazer factor investing?

O factor investing é uma estratégia sistemática de investimento que ordena alocações segundo fatores que, historicamente, têm se mostrado capazes de entregar retornos melhor ajustados ao risco do que o mercado.  

Se você tem interesse em testar essa metodologia em seus próximos aportes, elencamos abaixo algumas dicas básicas que podem lhe ajudar a ordenar seu planejamento:

1- Avalie seus objetivos

O primeiro passo para aplicar o factor investing como estratégia de investimento é definir ou ajustar o seu planejamento financeiro. Antes de mais nada, é preciso saber o quanto exatamente você deve se expor aos fatores, quanto dinheiro reservar para esses investimentos e, o mais importante, que objetivos pretende alcançar com esses aportes. 

Lembre que o investimento em fatores é indicado para horizontes temporais de longo prazo. Portanto, o indicado é incluir esse tipo de aplicação entre o capital destinado a metas para um futuro distante

2- Defina o seu perfil de risco

O factor investing pode ser aplicado aos mais diferentes tipos de ativos, desde investimentos de Renda Variável até aplicações mais conservadoras de Renda Variável. É, portanto, uma estratégia que pode ser adequada tanto para investidores conservadores quanto para os perfis mais arrojados.

Quem preza por aplicações mais seguras, por exemplo, pode focar em fatores de estilo como baixa volatilidade ou qualidade. 

Quem não tem problemas em tomar riscos, por sua vez, pode fazer aportes em aspectos como momento, mercados emergentes e tamanho, que possuem maior potencial de retorno.

3- Defina os fatores para analisar

Ao definir seus objetivos e saber qual sua tolerância a risco, fica mais fácil definir que fatores analisar. 

O factor investing, como dito anteriormente, permite que o investidor diversifique sua carteira com base em diferentes combinações de elementos, consequentemente realizando a manutenção do desempenho em cenários variados.

4- Faça as análises de mercado

Além de ter o cuidado de verificar se os fatores observados estão alinhados ao seu perfil de investidor, para que o factor investing entregue bons resultados é preciso também analisar as diferentes combinações de fatores para ter certeza que os elementos mantenham baixa correlação entre si.

5- Monitore e reequilibre a carteira

Por mais que o investimento em fatores partam de atributos que, historicamente, têm se mostrado capazes de superar o mercado, ninguém pode prever o futuro.

Os fatores escolhidos podem reagir de maneira distinta do esperado em determinadas condições de mercado. Por isso, para manter o controle de seu planejamento financeiro, é indispensável fazer o rebalanceamento regular da sua carteira.

6- Use a tecnologia a seu favor

Montar uma carteira aplicando factor investing envolve a leitura e pesquisa de dados diversos, bem como avançada habilidade de análise para cruzar diferentes variáveis e fazer projeções futuras. Parece muito? Pois, na verdade, é mesmo. 

Felizmente, existem ferramentas de programação que podem ser utilizadas para facilitar e otimizar esse trabalho, como as bibliotecas Python.

Essas podem ser utilizadas para auxiliar na coleta, filtragem, entendimento e construção de diferentes modelos de risco e combinações de fatores. Alguns exemplos de biblioteca Python que podem ser usadas com esse propósito incluem:

  • Alphalens: é uma biblioteca desenvolvida para analisar o desempenho de diferentes fatores;
  • NumPy: usada para cálculos matemáticos e estatísticos que exigem grandes conjuntos de dados, a NumPy é especialmente útil para cálculos de retorno;
  • Pandas: permite trabalhar com dados em formato de tabela, facilitando a manipulação de séries temporais financeiras;
  • Pyfolio: biblioteca utilizada para análises de desempenho de carteiras financeiras, particularmente útil para avaliar a performance de investimentos em fatores;
  • Scikit-learn: ferramenta de machine learning que serve principalmente para fazer regressões, auxiliando a identificar os fatores que impactam o desempenho de diferentes ativos;
  • Statsmodels: usada para modelagem estatística, é utilizada para execução de regressões lineares e não lineares, permitindo observar a relação entre fatores e retornos ao longo do tempo;
  • Yfinance: permite baixar dados históricos de preços de ações e outros ativos financeiros, compilados pelo Yahoo Finance.

Tenha ciência, porém, que essas ferramentas exigem conhecimentos prévios em programação e análise de dados para que sejam executadas. 

Livros sobre factor investing

Definitivamente, o factor investing é uma estratégia de natureza complexa e avançada. Ao mesmo tempo, é compreensível que atraia o interesse daqueles em busca de otimizar ao máximo a relação entre risco e retorno ao investir. 

Você é uma dessas pessoas? Então, vai gostar de receber algumas indicações de livros para dominar o assunto.

  • O pequeno livro que bate o mercado (Joel Greenblatt): best seller que popularizou o factor investing, este clássico moderno de finanças, ensina como analisar ações por meio da estratégia “Fórmula Mágica” de Greenblatt, que é simplesmente um modelo fatorial;
  • O investidor inteligente (Benjamin Grahan): um dos maiores clássicos sobre investimento, esse livro escrito em 1949 apresenta técnicas de análise de ações e estratégias para o longo prazo que ainda permanecem atuais;
  • Aprendizado de máquina para investimento em fatores: versão Python (Guilherme Coqueret e Tony Guida): livro didático que se propõem a ensinar a utilização do machine learning em estratégias de factor investing;
  • Seu guia completo para investimento baseado em fatores (Larry E. Swedroe e Andrew L. Berkin): voltado para investidores experientes, apresenta critérios que devem ser observados ao analisar um fator e como saber quais deles valem a exposição;
  • Retornos esperados: um guia para investidores para colher recompensas do mercado (Antti Ilmanen): outro guia técnico dedicado a discutir como fazer projeções de retornos considerando diferentes fatores;
  • Investindo em ações no longo prazo (Jeremy Siegel): mais um clássico do gênero de finanças, essa obra apresenta dados históricos que comprovam os benefícios e a rentabilidade que pode se obter ao investir em ações com horizontes longos de resgate;
  • Ações comuns, lucros extraordinários (Philip Fisher): nesse famoso livro, Fisher apresenta sua própria estratégia para identificar companhias pequenas com forte potencial de crescimento.

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Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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