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Planejamento financeiro 2024: importância e dicas de como fazer

Em 2023, o Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia realizou uma nova edição do relatório “Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”. Nele, um dado bem preocupante chama atenção: 8 em cada 10 brasileiros estão endividados. Além deste, outra informação complementa o panorama: 69% da população afirma não conseguir, ou não ter o hábito de poupar dinheiro.

Ao analisar o levantamento, percebemos que uma parcela grande de quem está com dívidas (36%, para sermos exatos) assume que a falta de planejamento financeiro foi o principal agravante para essa verdadeira bola de neve que tentam administrar hoje. Ao mesmo tempo, 11% confessa ter feito compras acima do orçamento, enquanto 8% alega falta de controle nos gastos.

O ponto aonde queremos chegar não é mais um mistério: muitas pessoas não estariam apertadas se soubessem como se planejar financeiramente. Essa tarefa, inclusive, não serve somente para não acumular dívidas, mas também para viver de maneira mais tranquila e confortável, com a perspectiva de um futuro igualmente agradável.

Se você é daqueles que acredita que essa missão é praticamente impossível, estamos aqui para te mostrar o contrário. Afinal, tudo o que você precisa para colocar as finanças em ordem em 2024 é justamente de um guia que esclareça a importância dessa organização e liste passos práticos para começar — exatamente o que faremos nesse artigo.

Por isso, siga por aqui para aprender:

  • O que é planejamento financeiro;
  • Quais os 3 tipos de planejamento;
  • Como está o cenário econômico atual;
  • Qual a importância de se planejar financeiramente;
  • 10 dicas para fazer um bom planejamento financeiro em 2024.

Se fôssemos você, seguiríamos até o final: após todo esse conteúdo valioso, vamos deixar de presente uma planilha para começar a sua nova vida financeira, e mais algumas dicas práticas de onde continuar aprendendo sobre o assunto.

Vamos lá?

O que é planejamento financeiro?

O planejamento financeiro pode ser descrito como um guia para controle de gastos e aplicações de recursos. Trata-se, na prática, de um registro de todo o dinheiro que entra e sai da sua conta, e tem por finalidade controlar e identificar seus gastos, além de servir de apoio para a tomada de decisões financeiras mais acertadas.

Além de auxiliar na importante tarefa de organizar suas despesas, também é o ponto de partida para começar a estabelecer suas metas financeiras. É dizer: esse plano não só auxilia a identificar para onde o seu dinheiro tem ido, como também ajuda a direcionar esses valores, que até então pareciam evaporar do seu bolso, para realizar seus sonhos.

Importante citar que o uso de pronomes na segunda pessoa do singular aqui não é ao acaso ou mera estilo literário. Afinal, uma característica importante do planejamento financeiro é seu caráter individual e intransferível. 

Cada pessoa conta com ingressos, despesas e sonhos específicos. Logo, apesar de existirem algumas sugestões que podem te auxiliar a alocar melhor os seus recursos — apresentaremos algumas mais adiante, em momento mais adequado do artigo —, nenhuma pode ser tomada como verdade absoluta. Planos financeiros são como traje sob medida. A cada qual, cabe o seu.

Apesar do descrito acima, vale citar que o planejamento financeiro não é uma ferramenta de uso exclusivo para o controle pessoal de despesas. Também pode ser usado na organização de gastos e realização de metas familiares, além de ser uma ferramenta essencial na administração empresarial.

Quais são os 3 tipos de planejamento financeiro?

Com suas finanças controladas e seu objetivo definido, basta cruzar essas informações para posicionar suas metas pessoais em um horizonte temporal. Afinal, cada sonho tem seu próprio tamanho — e tempo para ser realizado.

A depender de sua meta pessoal e do prazo desprendido para alcançá-la, o planejamento financeiro pode ser categorizado de três formas:

Planejamentos de curto prazo

Planejamentos de curto prazo englobam as metas que podem ser realizadas em até dois anos. Estão aqui, por exemplo, a formação de uma reserva de emergência, viagens para o exterior e a troca de carro.

Planejamento de médio prazo

Os planejamentos de médio prazo incluem todos os planos a serem concretizados em até cinco anos. Alguns exemplos comuns são a entrada em uma casa própria, um curso universitário, a abertura de uma empresa, entre outros.

Planejamento de longo prazo

Por fim, os planejamentos de longo prazo são aqueles projetos reservados para um futuro distante, daqui cinco, dez, vinte anos. Aqui está a programação para a sua aposentadoria, formação de patrimônio e a sonhada independência financeira. 

Mais do que ajudar a organizar suas finanças, esse simples exercício de cruzar objetivos e prazos também cumpre um papel psicológico valoroso, ajudando a manter a motivação e o foco. 

             Com um acompanhamento real de gastos, é possível ter certeza se tudo está indo como o planejado e quanto exatamente falta para chegar ao prêmio esperado. Pode ser até que, ao visualizar seu objetivo se aproximando no horizonte, você encontre meios de guardar ainda mais, para antecipar o que tanto deseja.

Esse mesmo tipo de planejamento também é essencial para quem pretende aplicar  dinheiro e vê-lo render, em vez de deixá-lo parado. Isso porque existem produtos financeiros mais ou menos adequados para cada tipo de planejamento. 

Para metas de curto prazo, por exemplo, o mais indicado são títulos que permitam o resgate a qualquer momento, sem prejudicar os retornos. Alguns exemplos são as LCIs, LCAs e Tesouro Selic

Já para objetivos de longo prazo, o fator crucial a observar é a rentabilidade, e não mais a liquidez. Algumas boas escolhas incluem o Tesouro IPCA, que garante retornos acima da inflação, além de ativos capazes de gerar renda passiva — ou seja, que pagam dividendos —, como ações e Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).

Antes de prosseguirmos, vale ressaltar que os exemplos utilizados para ilustrar os diferentes tipos de planejamento financeiro podem ser ajustados de acordo com as condições financeiras de cada indivíduo. Trocar de carro pode ser uma meta de curto prazo para uns, mas um plano que exige mais tempo para outros. 

           É preciso conhecer e ser sincero sobre suas condições financeiras para que seus planos funcionem. Mas não nos adiantemos, no momento certo, falaremos mais sobre esse assunto.

Como está o cenário econômico atual?

Sabemos que dedicar-se a compreender o cenário econômico atual pode parecer pedir demais para quem tem preocupações mais urgentes como sair do vermelho ou se virar para fazer o salário alcançar para o mês. Contudo, esse é um passo essencial para quem quer organizar sua vida financeira e pensa em investir no futuro. 

Mesmo que sua saúde financeira não esteja das melhores, com um bom planejamento financeiro sólido e determinação, é possível não apenas se livrar das dívidas, mas também começar a ver seu dinheiro crescer

            O primeiro passo é estabelecer uma base sólida, que inclua o pagamento das dívidas e a criação de uma reserva de emergência. Em seguida, é hora de pensar além e começar a buscar maneiras de gerar renda extra e passiva, investindo o dinheiro economizado. 

Nesse sentido, entender as prospecções para o cenário econômico para 2024 é essencial para estruturar seus planejamentos. Ao observar as tendências, ameaças e oportunidades do mercado, é possível tomar decisões mais informadas e estratégicas, e fazer deste o ano da mudança. 

Pronto para começar?

Economia brasileira em 2024

Contrariando o pessimismo inicial do mercado financeiro, o Brasil fechou o último ano com um saldo econômico surpreendentemente positivo. 

O primeiro boletim Focus de 2023 — estudo que mensura a média de projeções de mais de 100 instituições financeiras nacionais semanalmente —, publicado no começo de janeiro, previa um Produto Interno Bruto (PIB) de 0,78%, dólar a R$ 5,28, inflação fora da meta, em 5,36%, e Selic em 12,25%.

Doze meses depois, na última semana do ano, a cotação do dólar estava a R$ 4,85, o crescimento do PIB na casa dos 3%, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,04%, dentro do limite da meta estimado para o ano (4,75%), e a Selic em 11,75%. Além disso, o Ibovespa ainda atingiu o recorde histórico de 132,7 mil pontos.

Diante desses números, as projeções iniciais para 2024, como não podia ser diferente, são consideravelmente melhores do que as de um ano atrás, podendo ser consideradas de ponderadas a positivas. 

De modo geral, espera-se que a taxa básica de juros siga caindo — voltando a atingir um dígito pela primeira vez desde janeiro de 2022 —, queda na inflação e aumento nos investimentos. Por outro lado, a expectativa é de uma economia estagnada, com um crescimento modesto do Produto Interno Bruto.

O IPCA projetado pelo boletim Focus para 2024 é de 3,91% (dentro do teto da meta de inflação para o ano) e a Selic é de 9%. Já a previsão para o câmbio do dólar é de R$ 5,00 e o crescimento esperado do do PIB é de 1,52%.

Com inflação controlada e continuidade nos cortes da Selic, a expectativa é positiva para o mercado de renda variável, contribuindo para o aumento do retorno das ações listadas na B3 e redução do endividamento das companhias. 

             As movimentações de manutenção na taxa de juros dos EUA também podem aquecer os mercados financeiros emergentes como o brasileiro, já que incentivam investidores estrangeiros a explorarem novas oportunidades além das bolsas norte-americanas.

Isso dito, não significa, contudo, que não existam boas oportunidades para investidores iniciantes e conservadores na renda fixa, além de opções interessantes de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) para quem busca praticidade e planeja a entrada periódica de dividendos em conta.

Economia global em 2024

Em um mundo globalizado, olhar para além de nossas fronteiras não é tarefa que se limita a investidores internacionais. As decisões e o desempenho de um mercado financeiro podem respingar de uma ou outra forma no desempenho do mercado doméstico e de seus setores.

Dito isso, espera-se que, a exemplo do Brasil, o crescimento econômico global também deva passar por um processo de desaceleração neste ano.

Segundo o relatório “Situação Econômica Mundial e Perspectivas para 2024“, da ONU, a estimativa de crescimento para 2024 é 2,4%, 0,3% inferior às previsões iniciais de 2023. Caso confirmado, essa performance estará abaixo da taxa de crescimento pré-pandemia, de 3%, demonstrando as dificuldades mundiais de restabelecer a economia. 

            Obviamente, esse cenário não deve-se exclusivamente aos danos deixados pela crise sanitária, como também à soma de fatores globais que se acumularam em um período conturbado, com as guerras entre Rússia e Ucrânia, e os conflitos no Oriente Médio.

Fora as tensões geopolíticas, outros motivos apontados no relatório incluem a perda de força do comércio global, dívida pública elevada e o alto custo de empréstimos. Além disso, também são calculados prejuízos causados pelo El Niño, que tem causado ondas extremas de calor e seca em algumas regiões e tempestades extremas em outros pontos, afetando a safra anual e causando danos à infraestrutura urbana.

Principais potências e emergentes

A influência dos maiores mercados financeiros globais é, por óbvio, o que impacta com maior força as projeções da economia mundial. Logo, como é de se esperar, as previsões econômicas para as principais potências são, no geral, de desaceleração.

As previsões para os Estados Unidos — a maior economia do mundo — apontam um avanço bastante tímido de 1,4%, o que representa uma queda de 1,1% em relação à estimativa de 2023. Segundo o relatório da ONU, o país enfrenta riscos consideráveis de quedas decorrentes do deterioramento dos mercados de trabalho, imobiliário e financeiro.

Passando por uma grave crise imobiliária, a China, segunda maior economia mundial, também deve desacelerar gradativamente. Outra potência na Ásia, o Japão é outro em queda de ritmo. Deve crescer apenas 1,2%, também abaixo de 2023.

Já a Europa, que em meio a inflação e altas taxas de juros ficou praticamente estagnada em 2023, deve apresentar uma leve melhora neste ano, com perspectivas de 1,2% de crescimento. Acredita-se que essa recuperação branda deve ser impulsionada por um aumento do consumo, puxado por um aumento do salário real e queda nos preços.

Vale citar que a inflação na Zona do Euro faz demonstrações de estar sob controle, aproximando das metas estabelecidas — até dezembro, o indicador de preços ao consumidor mostrava um acumulado de alta de 2,9% em doze meses. 

            Da mesma forma, nos EUA, a inflação ao consumidor entre em 2024 com menos intensidade, chegando a 3,2% — ainda acima da meta (2%), mas muito abaixo dos quase 6% apresentados no fim do último ano. 

De modo geral, com a redução inflacionária, espera-se também que as taxas de juros, naturalmente, começam a ser reduzidas.

Na outra ponta do tabuleiro, entre os países emergentes, as perspectivas de crescimento são divergentes. Em nossos vizinhos da América Latina, o crescimento esperado é também bastante baixo, na casa de 1,6%. Além das limitações de exportações, causadas pelo crescimento lento da China e dos EUA, boa parte dos países da região sofrem com condições financeiras mais rígidas desde a pandemia.

Em direção contrária, segundo o World Economic Outlook, relatório produzido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), os sete países que devem apresentar maior crescimento no ano são economias emergentes, todas asiáticas. Além da China, a lista é completada por: 

  • Índia (6,5%, liderando o ranking);
  • Filipinas (6%);
  • Indonésia (5%);
  • Tailândia (4,4%);
  • Malásia (4,3%); e 
  • Turquia (4%). 

Em um momento de ponderações nas grandes potências mundiais, países emergentes têm ganhado destaque como centros de inovação e produção, apresentando novas oportunidades de investimento, incentivando a diversificação geográfica para além dos grandes mercados.

Qual a importância do planejamento financeiro?

Você conhece alguém que sempre acaba tendo que contar os últimos dias do mês para fazer com o que dinheiro em conta alcance até cair o próximo salário? Isso é mais comum do que parece. Mas não precisaria ser.

Muita gente nem percebe para onde vai o dinheiro e acaba gastando mais do que recebe. Em parte, isso se deve a falta de controle e, principalmente, a falta de uma razão que as obrigue a ter controle. Daí a grande razão para criar e manter um planejamento financeiro.

Com um plano financeiro, é possível ter controle sobre seus gastos e, o mais importante, passa a se observar o que são esses gastos. Isto é, o x da questão não está tanto em saber o quanto se gasta, mas onde se gasta. 

            Ao ter o cuidado de anotar TODO o valor que entra e sai da conta, fica mais fácil identificar aqueles pequenos gastos desnecessários, que parecem insignificantes postos separados, mas fazem toda a diferença, quando reunidos.

Embora organizar as contas e começar a economizar sejam bons motivos para criar um planejamento, esses não são, contudo, os motivos mais importantes ou atrativos. Isso é apenas corrigir o passado e ajeitar o presente. A melhor parte vem agora: construir um futuro melhor.

Com as finanças organizadas, é momento de tirar aqueles sonhos esquecidos do papel. Ao controlar seu orçamento e estabelecer uma conquista a ser alcançada no futuro, seu plano financeiro passará a servir como um guia, por meio do qual, será possível não só estabelecer estratégias, como mensurar se suas decisões financeiras estão trazendo bons resultados, ou te afastando de onde você que

Dito claramente: ao criar e seguir um planejamento financeiro, sua viagem, festa de casamento, intercâmbio, curso profissional, a casa própria, deixam de parecer quimeras, para se metamorfosear em realidades tangíveis. Existe algum motivo mais importante para começar a planejar suas finanças do que esse? 

Como fazer um planejamento financeiro para 2024?

Não faltam números que comprovem o pouco caso dos brasileiros quando o assunto é economizar: sete entre cada 10 adultos simplesmente não guardam dinheiro. Ao menos metade não tem ou nunca sequer montou um planejamento financeiro. E o mais curioso: entre os endividados, 36% acreditam que a falta de planejamento financeiro é a causa do descontrole nas contas.

A verdade é que mesmo quando identificamos um problema, temos tendência de ir empurrando com a barriga, enquanto nos ocupamos de problemas de rotina e nos permitimos pequenos agrados momentâneos. 

            Anotar os gastos e entradas e calculá-los para ver o quanto está sobrando — ou faltando — pode parecer tarefa fácil, mas na prática exige mais força de vontade do que pode parecer. Um dia esquecemos de contar o cafézinho, no outro um almoço, e então as roupas compradas no cartão, e pronto: lá se foi o ímpeto inicial de poupar.

Para não cair nesse ciclo vicioso, é preciso estar disposto a construir e seguir um planejamento financeiro realista e consistente. Caso não saiba por onde começar, preparamos um passo a passo que pode lhe ajudar. Lembre, contudo, de adaptar nosso guia a sua realidade, mantendo-o sempre bastante prático e simples. 

Pronto para começar? Seguem então 10 dicas para lhe ajudar a montar um bom planejamento financeiro e começar a mudar de vida já em 2024:

  1. Identifique e trace sua situação financeira atual

Responda de prontidão: Quanto entrou na sua conta no último mês? Quanto você gastou no total neste período? Quanto você tem guardado? E aplicado? Qual o total das suas dívidas? 

Foi fácil responder todos esses questionamentos, ou ficou na dúvida em um – ou quem sabe, em todos eles? 

A verdade é que a maioria das pessoas não saberiam responder todas essas perguntas com precisão. Ou seja, não têm ideia de quanto ganham, quanto devem, e de quanto gastam. 

Enquanto um guia de controle de despesas, o primeiro passo do planejamento financeiro é justamente esclarecer todas essas perguntas. Assim, antes de mais nada, faça uma pesquisa cuidadosa em seu extrato bancário, recibos e demais registros financeiros, para saber o quanto tem entrado e saído regularmente da sua conta.

Caso existam, não esqueça ainda de calcular suas dívidas pendentes, incluindo empréstimos, cartões de crédito, hipoteca e outros. Não esqueça ainda de considerar suas obrigações mensais ou anuais, como seguros, impostos e demais contas fixas do lar.

Embora seja um exercício consideravelmente simples, traçar sua situação financeira pode resultar em verdades reveladoras. Certamente, você encontrará gastos dos quais nem ao menos se lembrava e começará a se questionar se foram ou não relevantes. Quem não faz isso, provavelmente gasta mais do que acredita e economiza menos do que poderia.

  1. Organize suas contas

Após analisar seus gastos, rendimentos e dívidas, se você perceber que está com dívidas além do que pode pagar, é crucial agir prontamente. O primeiro passo é reduzir os gastos e concentrar esforços em quitar suas obrigações financeiras.

É fundamental livrar-se das dívidas para retomar o controle de suas finanças e começar a considerar opções de investimento. 

Evite ao máximo recorrer ao crédito para comprar coisas que seu orçamento não comporta. Isso só aumentaria suas dívidas e dificultaria ainda mais sua situação financeira. Em vez disso, concentre-se em liquidar suas dívidas existentes e evitar contrair novas.

Se você já não está mais no vermelho, é o momento de virar a chave. É preciso fazer o dinheiro trabalhar para você, e não o contrário. Parafraseando o filósofo inglês Francis Bacon: “O dinheiro é um bom criado, mas um mau senhor”.

  1. Estabelecer os objetivos e metas da organização

O planejamento financeiro funciona como um mapa que traça os caminhos para se chegar a um ponto de destino, uma realização financeira futura. O problema é que, por mais que pareça estranho, muita gente não tem claro aonde exatamente quer chegar. E aí, sair do lugar, ou deixar de correr em círculos, torna-se mesmo complicado.

É por isso que, mais importante até do que tomar a decisão de economizar, é estabelecer exatamente o motivo pelo qual se está economizando. Do contrário, como saber o quanto é necessário guardar? Qual o auto-argumento para não ceder às suas vontades momentâneas? Ao estabelecer um objetivo específico e tangível, tudo torna-se mais nítido: o quanto essa realização custará, bem como o tempo necessário para alcançá-la. 

Conforme já mencionamos, trata-se de definir uma meta e estabelecer um prazo viável para atingi-la, respeitando sempre suas próprias condições financeiras. Apenas para reforçar, dependendo do que se deseja alcançar, o planejamento pode ser de curto, médio ou longo prazo.

Para determinar onde posicionar temporalmente esse objetivo, basta calcular quanto você precisa — e pode — guardar por mês. Porém, não tome nada como imutável. É importante revisar suas finanças com alguma periodicidade. Com o passar do tempo, é possível que surja algum imprevisto ou que seus ingressos aumentem, por exemplo.

  1. Economize

Para conseguir guardar dinheiro e investir é preciso gastar menos do que se ganha. Simples assim.

Embora controlar seus gastos possa parecer algo bastante básico, na prática isso exige mais força de vontade do que pode parecer. Do contrário, aquela sensação de que o dinheiro desaparece como mágica do bolso não seria assim tão frequente.

Para evitar que isso aconteça, revise suas anotações de gastos detalhadamente, identifique onde você pode cortar gastos desnecessários e ajuste seus hábitos de consumo.

Ao criar o costume de registrar todas suas compras e revisar seu histórico do cartão, naturalmente, você passará a identificar pequenos desperdícios que podem facilmente ser evitados, sem prejudicar sua qualidade de vida. Não é incomum que entre seus descontos, esteja a cobrança daquele streaming que você nunca assiste, ou a mensalidade da academia que já não frequenta a meses. É momento de eliminar tudo o que não faz mais sentido na sua vida. De real em real, o porquinho fica cheio. 

Ao final, construir riqueza não depende tanto do quanto se ganha, mas sim da forma como se gasta.

  1. Defina estratégias e ações

Ao compreender sua situação financeira e estar ciente dos custos de seus objetivos, é hora de pensar em estratégias e ações que o ajudem a manter suas finanças sob controle. É essencial estabelecer um plano que o auxilie a economizar dinheiro e, se possível, fazê-lo render.

Essa etapa pode ser mais complexa. No entanto, felizmente, existem diferentes fórmulas e exemplos de planos estratégicos que podem servir como base para quem está começando. Uma das estratégias financeiras mais difundidas é a chamada regra 50/30/20, apresentada no gráfico abaixo:

Points scored

Entender a “pizza” acima é bastante simples. Ela representa tudo o que entra mensalmente em sua conta (salário, aluguel, rendimentos).

Cada fatia, por sua vez, corresponde ao tamanho da parcela a qual seus ganhos devem ser destinados, conforme explicado abaixo:

  • 50% para gastos essenciais (sobrevivência): são os gastos impossíveis de serem cortados, como aluguel, alimentação, transporte, saúde e contas da casa (água, luz, internet, gás);
  • 30% para gastos flexíveis (qualidade de vida): corresponde aos gastos pessoais com atividades de lazer e diversão, incluindo hobbies, academia, cinema, restaurantes e festas;
  • 20% para economias: corresponde ao valor que deve ser reservado mensalmente para seus objetivos financeiros, incluindo estudos, reserva de emergência e investimentos.

Pode até parecer complicado a princípio, mas é essencial conseguir respeitar esse mínimo de 20%. Como dificilmente será possível diminuir os gastos essenciais, talvez, seja necessário ter um controle dos gastos flexíveis — mas relaxe, isso não será pra sempre: será como cortar um pequeno “luxo” momentâneo, para multiplicá-los no futuro.

O ponto de virada, pensando no longo prazo, é que uma vez mantida a parcela mensal de investimentos, você começará a obter retornos com eles (renda passiva), fazendo com que suas entradas sejam incrementadas.

O truque aqui é ir aplicando os retornos obtidos com os investimentos em novas aplicações, de modo que esses rendimentos se multipliquem gradualmente. Com o tempo e dedicação, esses valores podem se tornar grandes o suficiente para cobrir alguns de seus gastos essenciais ou mesmo todos eles.

  1. Passe a investir

Já pensou como sua vida seria mais leve se o aluguel, o mercado ou as contas da casa fossem pagos apenas com os rendimentos de suas aplicações, sem descontar do salário? Parece até um sonho, mas pode ser real. É isso a que nos referimos anteriormente, ao falar sobre fazer seu dinheiro trabalhar para você

Tenha em mente que um bom planejamento financeiro não se limita apenas a te ajudar a economizar, mas também deve incluir maneiras de aplicar o dinheiro que estava sendo desperdiçado, de forma que ele passe a gerar rendimentos. Isso não só fará com que suas metas se realizem nos prazos estimados – e muitas vezes antes disso -, como garantirá que seu dinheiro continue se multiplicando, mesmo depois desta conquista em específico.

  Com suas contas em dia e suas finanças sob controle, é a hora de começar a investir aqueles 20% que você tem estado separando mensalmente. 

O ponto de virada, pensando no longo prazo, é que uma vez mantida a parcela mensal de investimentos, você começará a obter retornos com eles (renda passiva), fazendo com que suas entradas sejam incrementadas. 

O truque aqui é ir aplicando os retornos obtidos com os investimentos em novos produtos financeiros, de modo que esses rendimentos se multipliquem gradualmente. Com o tempo e dedicação, esses valores podem se tornar grandes o suficiente para cobrir alguns de seus gastos essenciais ou mesmo todos eles.

  1. Mantenha o controle financeiro e monitore os investimentos

O que não é medido não pode ser controlado. Uma vez que seu planejamento está estruturado e você já fez seus primeiros investimentos, é preciso tirar um tempo (uma vez na semana, ou no  mínimo duas vezes ao mês), para avaliar o desempenho de suas estratégias. 

Neste ponto, é importante manter o controle tanto de seus gastos, para garantir que tudo supérfluo foi realmente eliminado e que seu orçamento está dentro do planejado, quanto de seus investimentos, para verificar se estão rendendo conforme o esperado.

Ao fazer isso, torna-se mais fácil ajustar sua rotina e gastos, se necessário, para voltar ao caminho certo. Acompanhar regularmente seus progressos também permite ter uma ideia melhor de quanto falta para alcançar sua meta. Ao dar-se conta de que seus ganhos estão aumentando gradualmente e que seu sonho se avizinha, manter-se fiel ao seu planejamento se torna uma tarefa cada vez menos árdua.

  1. Adapte seus planos

O planejamento que você estabelecer hoje não deve estar escrito em pedra. Deve, pelo contrário, ser refeito constantemente, uma vez que te acompanhará ao longo da vida e deve sempre estar de acordo com sua realidade.

Tomar o controle de seus gastos é um momento importante, mas é passageiro. A vida está em constante mudança. Um filho pode estar a caminho, uma promoção no trabalho, uma falência ou até mesmo a abertura de sua própria empresa. Todas essas situações podem alterar suas entradas e saídas financeiras, exigindo que você adapte seus planos.

Lembre-se sempre de que o principal objetivo do planejamento financeiro é ajudá-lo a realizar seus sonhos e viver melhor. Isso só se tornará realidade se acompanhar sua evolução.

  1. Conheça e aceite sua realidade financeira

Na mitologia grega, Ícaro, deslumbrado pelo sol, voou mais alto do que podia e caiu em queda livre, depois que a cera que segurava as penas de suas asas derreteu.

Embora essa fábula seja antiga, seu ensinamento é relevante para nossos dias quando se trata de finanças. A moral aqui é clara: não há erro em sonhar alto, mas é crucial conhecer seus limites.

Isso é válido tanto para evitar prejuízos financeiros, como endividar-se ao comprar algo acima do que se pode pagar, quanto para não lidar com desilusões e desânimo ao investir.

Este é o momento de voltar à dica número 1 e avaliar se sua realidade financeira está alinhada com as metas e prazos que você estabeleceu. Aqui é possível aplicar a famosa metodologia SMART para gerenciamento de metas.

Em tradução direta, SMART significa “esperto” e é um acrônimo em inglês para os cinco critérios que devem ser observados ao estabelecer uma meta: específico (Specific), mensurável (Measurable), possível (Achievable), relevante (Relevant) e com prazo definido (Time-bound).

Mas como aplicar isso aos seus investimentos? Aqui estão algumas orientações:

Specific/Específico

Não basta tomar a decisão de economizar. Você tem que determinar o quanto precisa ser guardado de verdade e para que você está economizando. Se não é específico, pode ser que não seja suficiente. Caso não exista uma meta, da mesma forma, como saber o quanto guardar?

Mediable/mensurável

Seu progresso deve ser capaz de ser medido. O ideal aqui é ter uma meta de economia e investimento mensal, assim é possível saber o quanto falta para alcançar sua meta.

Achievable/possível

Falando em atingir seu objetivo, voltamos a raiz desse tópico, estar ciente de que seu objetivo é mesmo possível de ser atingido. Se você ganha um salário mínimo, não há como economizar para uma Ferrari em um ano;

Relevant/relevante

Essa é fácil. Sua meta tem que ser relevante o suficiente para você, a ponto de que lhe incentive a seguir economizando;

Time-bound/prazo definido

Por fim, é preciso estabelecer um prazo para alcançar aquilo que se almeja. Do contrário, pode ser que, em algum ponto, você se sinta cansado de tanto esperar, ou tenha a impressão de que sua meta nunca vai chegar. Outra vez, para posicionar seu objetivo em horizonte de tempo, é preciso ser coerente com sua realidade.

  1. Estude sobre finanças

Quando falamos em estudar sobre finanças, não é exagero dizer que seu conhecimento vale dinheiro.

Caso tenha posto tudo que aprendeu aqui em prática, temos certeza de que seu bolso agradecerá.

Entretanto, é importante não parar neste artigo. O mercado financeiro é um assunto amplo e complexo. Quanto mais você compreende seu funcionamento e o que ele tem a lhe oferecer, maiores são as chances de impulsionar seus rendimentos. 

Se você ainda é um investidor inexperiente ou apenas está se preparando para começar a investir, comece estudando conceitos básicos como finanças pessoais, taxas de juros e inflação.À medida que se sentir mais confortável, avance para o estudo de diferentes tipos de títulos financeiros, começando pelos de renda fixa e gradualmente explorando os variáveis. Com o tempo, você desenvolverá uma compreensão mais clara de como identificar oportunidades relevantes para sua situação financeira.

Caso não saiba por onde começar seus estudos, sugerimos explorar os outros artigos disponíveis neste blog ou verificar nosso conteúdo no YouTube.

Agora, caso esteja empolgado para acelerar seu aprendizado e receber insights exclusivos de profissionais do setor financeiro, continue lendo. Temos algumas dicas finais e convites especiais para compartilhar.

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Primeiramente, se você chegou até aqui, está muito mais preparado para fazer um excelente planejamento financeiro este ano. E para não ter erro, esperamos que você aproveite essa planilha gratuita de controle de gastos da Finclass, desenvolvida especialmente para te acompanhar nessa jornada.

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TedDuarte
TedDuarte
Economista formado e conteudista da Finclass.
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