Imagine que você tem a opção de manter um lucro garantido ou arriscar perder parte dele em busca de um rendimento ainda maior. A maioria das pessoas escolheria a segurança, evitando o risco desnecessário. Esse comportamento, conhecido como aversão à perda, foi estudado pelo economista Richard Thaler e é um dos fatores que ajudam a explicar o funcionamento do índice VIX, também chamado de “Índice do Medo“.
O VIX mede a expectativa de volatilidade do S&P 500 e reflete o grau de incerteza dos investidores em relação ao futuro do mercado financeiro. Quando a instabilidade é alta, os investidores tendem a buscar proteção, elevando o índice. Já em momentos de maior confiança, o VIX permanece em patamares mais baixos.
Mas por que esse índice é tão relevante? Afinal, ele é utilizado por investidores, analistas e gestores para avaliar o sentimento do mercado, proteger carteiras contra oscilações bruscas e até mesmo identificar oportunidades de investimento.
Neste artigo, respondemos a esta e outras perguntas. Siga conosco para aprender:
- O que é o VIX, índice do medo;
- Para que serve o índice VIX;
- Como calcular o VIX;
- Como interpretar o índice VIX;
- Como o índice VIX impacta o Ibovespa;
- Como usar o VIX nos investimentos.
No final, ainda deixamos uma dica extra sobre onde continuar estudando o mercado financeiro e aprender a transformar conhecimento em dinheiro. Bora?
O que é o VIX, o Índice do Medo?
O Índice VIX (Volatility Index), também conhecido como “Índice do Medo”, é um indicador que mede a expectativa de volatilidade do mercado acionário dos Estados Unidos para os próximos 30 dias. Ele é calculado com base nos preços das opções de ações do S&P 500, um dos principais índices de ações do mundo, e reflete o nível de incerteza dos investidores em relação ao futuro do mercado.
Criado pela Chicago Board Options Exchange (CBOE) em 1993, o VIX rapidamente se tornou um dos principais termômetros de risco do mercado financeiro. Seu valor é expresso em percentual e indica o quanto os investidores esperam que o S&P 500 varie em termos anuais.
A volatilidade medida pelo VIX está diretamente ligada a eventos macroeconômicos, crises financeiras e mudanças nas expectativas dos investidores. Por isso, ele é amplamente utilizado por traders e gestores de investimentos como uma ferramenta para avaliar riscos e ajustar suas estratégias.
Por que o VIX é chamado de “Índice do Medo”?
O VIX ganhou o apelido de “Índice do Medo” porque seu nível sobe em momentos de incerteza e crise, refletindo o aumento da ansiedade e receio dos investidores.
Durante períodos de pânico no mercado, como crises financeiras ou eventos inesperados, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros e negociar opções de venda (PUT) para se proteger contra quedas no mercado. Quando a volatilidade aumenta e o mercado cai, isso faz com que o preço dessas opções de PUT suba, elevando o valor do VIX.
Por exemplo, em momentos como a crise financeira de 2008 ou o início da pandemia de COVID-19 em 2020, o VIX disparou para patamares historicamente altos. Isso sinalizou que os investidores estavam extremamente preocupados com o futuro do mercado e, consequentemente, buscavam proteção contra perdas significativas.
Em contrapartida, quando o mercado está otimista e as oscilações são reduzidas, o VIX permanece em níveis baixos, indicando um ambiente mais estável e previsível.
O Índice VIX, portanto, funciona como um “termômetro do medo” do mercado, ajudando investidores a entender o sentimento predominante e a tomar decisões mais estratégicas diante da volatilidade.
Para que serve o Índice VIX?
O Índice VIX é uma ferramenta-chave para investidores e analistas de mercado, pois fornece uma medida clara da volatilidade esperada no curto prazo. Ele pode ser utilizado de diversas formas, desde a avaliação do sentimento do mercado até a implementação de estratégias de proteção contra riscos.
Indicador de sentimento de mercado
Uma das principais funções do VIX é atuar como um termômetro do sentimento dos investidores. Afinal, ele reflete o nível de incerteza e o apetite ao risco no mercado acionário.
A interpretação do índice é a seguinte:
- VIX baixo: indica um ambiente de otimismo e estabilidade, sugerindo que os investidores estão confiantes no futuro do mercado, ou em uma tendência de alta;
- VIX alto: sugere medo e incerteza, o que pode estar associado a eventos como crises financeiras, mudanças políticas ou preocupações com a economia global. Ainda, tem chances de ocasionar quedas em outros índices importantes.
Por isso, o VIX é frequentemente observado em conjunto com outros indicadores econômicos para prever possíveis movimentos do mercado.
Ferramenta para hedging
Além de ser um indicador de sentimento, o VIX é amplamente utilizado como um instrumento de hedging, ou seja, proteção contra volatilidade extrema.
Investidores e gestores de fundos podem utilizar contratos futuros e opções baseados no VIX para reduzir os impactos das oscilações bruscas nos preços dos ativos.
Aqui, estratégias comuns incluem:
- Compra de opções do VIX: quando há expectativa de aumento da volatilidade, investidores podem comprar opções de venda (puts) no VIX para lucrar caso o mercado entre em pânico e venha a cair;
- Proteção para carteiras de ações: fundos de investimento utilizam derivativos do VIX para minimizar perdas durante períodos de crise.
Essa característica torna o VIX um aliado importante para quem busca proteger seus investimentos em tempos de incerteza.
Utilização em análises de mercado
O VIX também é utilizado como um complemento na análise de mercado e na formulação de estratégias de investimento.
Alguns exemplos de como ele pode ser aplicado incluem:
- Correlação com índices de ações: quando o VIX sobe, o S&P 500 geralmente cai, e vice-versa. Isso ajuda investidores a antecipar tendências de curto prazo;
- Avaliação do risco sistêmico: níveis elevados do VIX podem indicar que o mercado está se aproximando de um período de alta volatilidade, o que pode impactar diversas classes de ativos;
- Ajuste de portfólio: um aumento no VIX pode sinalizar o momento de reduzir posições em ativos de maior risco e aumentar a exposição a investimentos mais defensivos.
Com essas aplicações, o VIX se torna uma ferramenta importante não apenas para traders, mas também para investidores que buscam tomar decisões mais informadas e estratégicas.
Como calcular o VIX?
O cálculo do Índice VIX é um processo matemático complexo que leva em consideração a média ponderada dos preços das opções de compra (calls) e venda (puts) do S&P 500. Ele não mede a volatilidade realizada no passado, mas sim a expectativa de volatilidade futura implícita nos preços dessas opções.
A fórmula do VIX utiliza opções com vencimentos próximos e considera tanto opções dentro do dinheiro (in the money) quanto opções fora do dinheiro (out of the money). Alguns dos principais fatores envolvidos no cálculo incluem:
- Preços das opções do S&P 500: o VIX é baseado nos preços das opções com vencimentos próximos, excluindo as que estão muito longe do dinheiro;
- Tempo até o vencimento: quanto mais próximo o vencimento, maior o peso das opções no cálculo do índice;
- Preços de exercício (strike prices): o cálculo envolve a diferença entre os preços de exercício das opções, ajudando a estimar a volatilidade futura.
A Chicago Board Options Exchange (CBOE), responsável pela metodologia do VIX, atualiza o índice em tempo real ao longo do pregão. Isso permite que investidores acompanhem instantaneamente as mudanças na percepção de risco do mercado.
Embora o cálculo exato do VIX envolva uma fórmula matemática detalhada, sua interpretação prática é mais acessível: quanto maior o índice, maior a expectativa de volatilidade futura; quanto menor, maior a estabilidade esperada pelo mercado.
Como interpretar o Índice VIX?
O VIX reflete a expectativa de volatilidade do mercado para os próximos 30 dias, baseada nas opções do S&P 500. Valores mais altos indicam maior incerteza e potencial para oscilações significativas nos preços das ações, enquanto valores mais baixos sugerem um mercado mais estável.
Na prática, a interpretação segue essas diretrizes:
- VIX abaixo de 20: geralmente associado a períodos de menor volatilidade e maior confiança dos investidores;
- VIX entre 20 e 30: indica uma volatilidade moderada, podendo sinalizar cautela entre os participantes do mercado;
- VIX acima de 30: reflete alta volatilidade, com investidores demonstrando preocupação significativa com possíveis quedas no mercado.
É importante notar que o VIX não prevê movimentos específicos do mercado, mas sim a magnitude das possíveis variações. Portanto, um VIX elevado não indica necessariamente uma queda iminente, mas sim que os investidores esperam movimentos mais acentuados, sejam de alta ou baixa.
Qual é o maior valor de índice de volatilidade S&P 500 de todos os tempos?
O VIX atingiu seu pico histórico em 16 de março de 2020, alcançando 82,69 pontos (no fechamento do dia) durante a crise desencadeada pela pandemia de COVID-19.
Esse valor superou o recorde anterior de 80,86 pontos, registrado em 20 de novembro de 2008, durante a crise financeira global. Esses picos refletem momentos de extrema incerteza e medo no mercado financeiro.
Qual é o menor valor de índice de volatilidade S&P 500 de todos os tempos?
O menor valor já registrado pelo VIX foi de 9,14 pontos, em 3 de novembro de 2017. Níveis tão baixos indicam uma confiança elevada dos investidores e expectativas de estabilidade no mercado.
Compreender esses extremos históricos ajuda os investidores a contextualizar o VIX atual e avaliar o sentimento predominante no mercado. No entanto, recomendamos fortemente utilizar o VIX em conjunto com outros indicadores e análises para uma avaliação mais completa do cenário econômico e financeiro.
Como o índice VIX impacta o Ibovespa?
O Índice VIX, por refletir a volatilidade esperada do mercado americano, tem um impacto indireto, mas relevante, sobre o Ibovespa e outros mercados globais. Como os Estados Unidos possuem a maior economia do mundo, a percepção de risco no S&P 500 influencia a aversão ou o apetite ao risco dos investidores em diversas regiões, incluindo o Brasil.
Geralmente, um VIX elevado sugere maior incerteza e turbulência nos mercados, levando a fluxos de capital para ativos mais seguros, o que pode pressionar o Ibovespa para baixo. Já um VIX baixo indica um ambiente mais estável e favorável para investimentos em ativos de maior risco, como ações e mercados emergentes.
Influência em ações e outros ativos
A relação entre o VIX e o Ibovespa ocorre principalmente por meio do fluxo de capital global e da percepção de risco dos investidores estrangeiros, que possuem um peso significativo na Bolsa brasileira.
Os cenários podem, então, ser vistos dessa forma:
- Cenário de VIX elevado: investidores buscam proteção e reduzem exposição a ativos de risco, incluindo ações de mercados emergentes, como o Brasil. Isso pode levar a quedas no Ibovespa e desvalorização do real frente ao dólar;
- Cenário de VIX baixo: com maior confiança no mercado, os investidores tendem a buscar retornos mais altos em ativos de risco, beneficiando ações da Bolsa brasileira e fortalecendo o fluxo de capital estrangeiro.
Além das ações, o comportamento do VIX também pode influenciar outros ativos, como:
- Câmbio: um aumento no VIX pode levar à valorização do dólar frente ao real, pois investidores buscam refúgio em moedas fortes;
- Juros: momentos de alta volatilidade podem afetar a curva de juros no Brasil, uma vez que a percepção de risco elevado influencia a precificação dos títulos públicos;
- Commodities: como o Brasil é um grande exportador de commodities, a oscilação do VIX pode impactar preços de ativos como petróleo, minério de ferro e soja.
Efeito em estratégias de investimento
O nível do VIX também pode influenciar a forma como investidores estruturam suas estratégias no mercado brasileiro. Observe:
- Gestão de risco: em períodos de alta volatilidade (VIX elevado), muitos gestores ajustam suas carteiras para ativos mais defensivos, como empresas com receitas previsíveis e menor alavancagem;
- Oportunidades de compra: um VIX alto pode criar oportunidades para investidores que buscam ativos descontados, assumindo que o pânico do mercado possa estar exagerado;
- Proteção de carteira: investidores podem adotar estratégias de hedge, como compra de opções de venda ou exposição ao dólar, para mitigar impactos de oscilações bruscas no mercado.
Acompanhar o VIX, portanto, é bastante útil para entender tendências do Ibovespa e ajustar estratégias conforme o cenário global. Embora não seja um indicador direto da Bolsa brasileira, ainda assim sua influência sobre o sentimento dos investidores e o fluxo de capital o torna um elemento importante para análises de mercado.
Como usar o VIX nos investimentos?
O Índice VIX não é apenas um termômetro do mercado, mas também uma ferramenta que pode ser utilizada estrategicamente em investimentos. Ele auxilia investidores na proteção contra oscilações bruscas, na identificação de oportunidades e na construção de estratégias mais robustas em momentos de alta ou baixa volatilidade.
Vem conosco conhecer algumas estratégias.
Estratégias de hedging
O VIX é amplamente utilizado como um instrumento de hedging, ou seja, proteção contra oscilações extremas do mercado. Algumas das formas mais comuns de utilizá-lo para esse fim incluem:
- Compra de opções de venda (puts) do VIX: quando um investidor acredita que a volatilidade do mercado pode aumentar, ele pode comprar opções de venda do VIX para se proteger contra quedas no mercado acionário;
- Venda de opções de venda (puts) no VIX: em um cenário de expectativa de estabilidade, vender puts do VIX pode gerar ganhos caso a volatilidade que está alta passe a cair;
- Exposição indireta via ativos defensivos: um aumento no VIX pode indicar turbulência nos mercados, levando alguns investidores a aumentar posições em ativos mais seguros, como ouro, títulos públicos americanos (Treasuries) e setores menos cíclicos (saúde, utilities).
Essas estratégias são utilizadas principalmente por investidores institucionais, fundos de hedge e traders que operam com derivativos.
Investimento em produtos ligados ao VIX
Além de utilizar o VIX como indicador, investidores também podem obter exposição direta à volatilidade por meio de produtos financeiros baseados no índice, como:
- ETFs e ETNs de volatilidade: existem fundos negociados em bolsa que replicam o desempenho do VIX ou de sua curva futura. Exemplos internacionais incluem o VXX (iPath Series B S&P 500 VIX Short-Term Futures ETN) e o UVXY (ProShares Ultra VIX Short-Term Futures ETF);
- Contratos futuros do VIX: os investidores mais experientes podem operar contratos futuros do VIX negociados na CBOE (Chicago Board Options Exchange) para especulação ou proteção de carteira;
- Opções sobre o VIX: assim como ações, o VIX possui mercado de opções, permitindo estratégias de hedge ou apostas diretas na movimentação da volatilidade.
É importante destacar que esses produtos costumam ser complexos e apresentam alta volatilidade. Logo, são mais indicados para investidores que compreendem seus riscos.
Análise de sentimento
O VIX também pode ser usado como um indicador de sentimento para ajustar estratégias de investimento. Alguns sinais que os investidores podem observar incluem:
- VIX abaixo de 15: indica um mercado calmo e de baixa volatilidade, cenário favorável para estratégias de longo prazo e alocações mais agressivas;
- VIX entre 20 e 30: sugere um mercado mais volátil, o que tende a levar a ajustes na carteira, como diversificação e aumento de proteção;
- VIX acima de 30: indica um período de estresse no mercado, momento em que oportunidades costumam surgir para investidores dispostos a assumir riscos.
Ao acompanhar o VIX juntamente com outros indicadores, como o S&P 500, Ibovespa, curva de juros e fluxo de capital estrangeiro, é possível ter uma visão mais completa do momento do mercado e tomar decisões mais estratégicas.
Continue explorando o mercado financeiro com a Finclass
O índice VIX é uma ferramenta poderosa para entender e monitorar a volatilidade do mercado, sendo essencial para investidores que buscam se proteger ou aproveitar oportunidades em tempos de incerteza. Ao compreender como calcular, interpretar e usar o VIX, você poderá tomar decisões mais informadas e otimizar suas estratégias de investimento financeiro.
Se esse tema despertou seu interesse, saiba que o universo dos investimentos está cheio de outros conceitos e indicadores que podem ajudar você a aprofundar ainda mais sua análise de mercado. Que tal explorar mais sobre esses assuntos?
Aqui na Finclass, oferecemos cursos completos sobre uma variedade de temas financeiros, desde estratégias avançadas de investimentos até a compreensão de tópicos globais como a dinâmica do mercado de ações e volatilidade. Com o conteúdo de grandes especialistas, como Thiago Nigro (Primo Rico), Bruno Perini, Gustavo Cerbasi e outros, você terá acesso ao melhor material para expandir seu conhecimento.
Por aqui, sugerimos as Finclasses Investimentos Internacionais, com Felipe Arrais, e o Futuro do Comércio Internacional, com Marcos Troyjo.Pronto para transformar sua visão sobre economia e investimentos? Assine a Finclass agora e dê o play!