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Os Axiomas de Zurique: entenda os 12 Grandes Axiomas

Imagine um pequeno país com uma área menor que a do estado do Rio de Janeiro, de terreno montanhoso, clima frio, terra incultivável, sem saída para o mar e nenhuma riqueza natural. Apesar de tudo levar a crer que essas características ilustram algum país pobre economicamente, na verdade, elas descrevem uma das nações com maior renda per capita do mundo: a Suíça. Segundo o escritor Max Gunther, o que sustenta esse paradoxo é o fato de os suíços saberem investir e especular como ninguém.

Nascido na Inglaterra, Gunther migrou para os Estados Unidos aos 11 anos de idade, após seu pai, Franz Heinrich, funcionário de um grande banco de investimentos, ser transferido para Nova Iorque. Foi ali, nos bares de Wall Street, que Franz se reunia com uma pequena comunidade de amigos suíços que operavam mercadorias e ações e se encontravam para falar sobre riscos e apostas, compartilhando o objetivo em comum de se tornarem ricos.

Gunther percebeu que havia algo de distinto na forma com que os suíços encaravam os investimentos e que os permitia enriquecer em qualquer parte do globo. Restava descobrir o quê. Seu questionamento foi compartilhado com o grupo de suíços de Wall Street.

A título de brincadeira, eles começaram a tentar enumerar o que os fazia arriscar, chegando a um consenso de “12 grandes verdades” que guiavam a todos em suas escolhas. Gunther catalogou cada um desses ensinamentos e, como você já deve imaginar, essa foi a origem de “Os Axiomas de Zurique”. Publicado em 1985, o livro ainda é considerado fundamental para qualquer estante de finanças e investimentos. 

Se você investe ou já pensou em investir, essa obra certamente tem o poder necessário para te ajudar a guiar suas escolhas ou, ao menos, colocá-las em dúvida. Para demonstrar isso, ao longo deste artigo explicaremos objetivamente cada um dos segredos de riqueza elencados por Max Gunther em seu bestseller mundial. Ao final, há ainda um “segredo extra” exclusivo para os assinantes da Finclass.

O que ensina o livro Os Axiomas de Zurique?

De maneira geral, o livro “Os Axiomas de Zurique” ensina como administrar riscos e recompensas ao investir.

Para isso, Max Gunther compartilha os “conselhos secretos dos banqueiros suíços para orientar investimentos”, demonstrando como o investidor deve encarar as incertezas para multiplicar as chances de obter sucesso em suas “apostas”.

Embora o grupo integrado por seu pai apostasse em diferentes frentes, Gunther direcionou todas essas dicas para sua área de atuação: o mercado de ações. Esses ensinamentos, contudo, podem ser adaptados para qualquer modalidade de investimento, principalmente, para os mais arrojados.

Arisco à poupança e defensor da tomada de risco, ao fim, o grande ensinamento que fica ao terminar o livro é de que não há como enriquecer sem aceitar alguma dose de risco.

Quem é Max Gunther, autor do livro “Os Axiomas de Zurique”?

Max Gunther (1927-1998) foi um jornalista e escritor anglo-americano especializado na área de finanças e negócios. Ao longo de sua vida, publicou 26 livros, sendo reconhecido, sobretudo, pelo sucesso “Os Axiomas de Zurique“, obra que se tornou bestseller internacional, sendo traduzida para diversas línguas.

Gunther graduou-se pela Universidade de Princeton em 1949, tendo servido o Exército dos Estados Unidos por dois anos.

Em paralelo aos seus livros, escreveu para a revista Business Week e para a Time Magazine. Seus artigos também foram publicados nas revistas Playboy, True, Reader’s Digest, TV Guide, e no jornal Saturday Evening Post.

Os 12 Grandes Axiomas e os 16 Axiomas Menores do livro Os Axiomas de Zurique

Embora Max Gunther não saiba precisar quem ou quando foi cunhado o termo “axiomas de Zurique”, a expressão serviu como uma luva para abarcar o sentido geral de tudo o que é apresentado ao longo da obra: as táticas pessoais utilizadas pelos suíços para obter sucesso em seus negócios.

Os axiomas, vale a explicação, é como são chamadas as convicções que são validadas pela utilização constante e universal de um princípio. Não podem ser comprovadas cientificamente, mas se apresentam como produtos do conhecimento empírico. Dito de modo mais claro, são saberes baseados na experiência cotidiana e na observação do desencadeamento de ações.

Podendo ser compreendido como um manual para aplicações, com foco na administração dos riscos, o que “Os Axiomas de Zurique” apresenta são, portanto, um compilado de 12 grandes princípios práticos filosóficos compartilhados entre o grupo de banqueiros e empresários suíços de Wall Street, e mais 16 princípios menores e complementares.  

Compreendido o conceito do livro, abaixo resumo cada um dos 28 axiomas que auxiliaram o pai de Gunther e seus conterrâneos a construir suas riquezas:

1º Grande Axioma: risco

Já na introdução do livro, Gunther ilustra mais de uma vez que boa parte do que difere o modo de agir dos suíços dos demais investidores é justamente a mentalidade de apostar alto. Logo, não haveria axioma melhor para iniciar a obra do que esse.

Ao decidir aplicar em produtos de renda variável como as ações, a preocupação será uma constante, afinal, ninguém tem controle sobre as flutuações de preço desses ativos. Para Gunther, essa preocupação deve ser encarada como um bom sinal. Quem não está preocupado, é porque não está tomando riscos suficientes.

1º Axioma Menor: só aposte o que valer a pena.

Não adianta investir pouco e esperar retornos altos, os grandes ganhos estão reservados para os mais arrojados. 

 O indicado, segundo Gunther, é só entrar em operações com grande potencial de lucro, mesmo que isso signifique tomar mais riscos.

2º Axioma Menor: resista à tentação das diversificações.

Em um dos tópicos mais controversos da obra, Gunther bate de frente com uma das estratégias mais reproduzidas no mercado financeiro: a diversificação.

Se você estuda sobre investimentos, certamente já leu em algum lugar a máxima que diz para “não colocar todos os ovos no mesmo cesto”. O que os suíços propõem é justamente o contrário. Segundo essa perspectiva antagônica, colocar todos os ovos em um mesmo cesto e cuidar bem dele é muito mais prático do que estar de olho em uma dúzia de cestos.

Espalhar os ovos reduz os riscos, mas também os lucros.

2º Grande Axioma: ganância

Fazendo uma analogia entre os jogadores de cassino e os investidores, o autor demonstra a necessidade de controlar a ganância e saber quando parar. Deixar se levar pelas emoções e dobrar as apostas pode significar sair sem nada no bolso.

3º Axioma Menor: entre no negócio sabendo quanto quer ganhar; quando chegar lá, caia fora.

A dica aqui é estabelecer quanto se pretende lucrar antes de fazer uma aplicação e quando chegar lá, sacar seus lucros e dar o fora — sem jamais olhar para trás.

3º Grande Axioma: esperança

Embora a esperança seja quase sempre aplicada em sentenças de tom positivista, no que tange aos investimentos, esse sentimento pode ser tão ou mais perigoso do que a ganância.

Se a ganância pode levar o investidor a perder seu lucro garantido, a esperança pode fazer uma pequena perda se transformar em um grande prejuízo. 

A melhor técnica aqui é estipular uma porcentagem máxima que se pode perder. Ao chegar a esse ponto, é hora de pular do barco. O erro é pensar que um vento favorável pode mudar a direção da sua sorte.

4º Axioma Menor: aceite as pequenas perdas com um sorriso, como fatos da vida. Espere incorrer em várias enquanto espera por um grande ganho.

Aprender a aceitar infortúnios menores é melhor do que se arrepender ao se deparar com um prejuízo imensurável. 

Pode soar óbvio, mas a ideia é sempre perder pouco e ganhar muito. As pequenas perdas fazem parte do custo da especulação.

4º Grande Axioma: previsões

As ações não são chamadas de ativos de renda variável por acaso. Esse axioma lembra que tudo que oscila não é passível de previsão. 

Logo, nem mesmo o mais renomado economista tem a capacidade de dizer exatamente como determinado ativo se comportará. Dar ouvido à previsões é um vício que deve ser deixado de lado. 

5º Grande Axioma: padrões

Embora não coloque nestes termos, o quinto axioma alerta para a heurística da disponibilidade, um atalho cognitivo descoberto por psicólogos poucos anos antes do lançamento da obra de Gunther. Na prática, o que esse viés mental faz é tentar ordenar as probabilidades de um evento acontecer com base em memórias de algum evento similar no passado. Um grande perigo quando falamos em investimentos e em dinheiro.

Segundo o autor, a mente humana tem problemas em lidar com o caos e busca encontrar padrões para ordenar e compreender a realidade, nem que para isso precise distorcê-la. Para investir, diz ele, é preciso evitar esse atalho e aceitar que não existe nenhum padrão na flutuação de preços dos ativos. Alguns acertos em sequência podem dar a impressão de se ter encontrado alguma fórmula passível de ser replicada em outros momentos, mas isso é sempre um engano.

5º Axioma Menor: cuidado com a armadilha do historiador.

Esse axioma explora a tendência do ser humano de observar situações que se repetiram no passado, buscando sinais que podem anunciar que o mesmo fato está a ponto de ocorrer outra vez. Ou seja, é a crença de que a história se repete.

Ao se tratar de dinheiro, isso pode ser uma grande armadilha. Ao soprar os dados, eles podem cair várias vezes no número seis, mas não para sempre.

6º Axioma Menor: cuidado com a ilusão do grafista.

Funcionando como uma extensão gráfica da armadilha do historiador, esse axioma fala da tentativa de se estudar o passado e estabelecer correlações com o presente por meio de gráficos que criam a ilusão de estarem comprovando padrões. 

Essa é uma armadilha ainda mais perigosa e sutil, pois ao apresentar “dados”, ganha uma aura de credibilidade.

7º Axioma Menor: cuidado com a ilusão da correlação e a ilusão de causalidade.

Como dito anteriormente, o cérebro tende a forjar ordem para nos dar a sensação de segurança e conforto diante do acaso. Um dos atalhos mentais mais comuns e errôneos está na busca constante de relações de causas e efeitos onde eles não existem. 

O assunto é base de diferentes teorias psicológicas como aquelas que se debruçam sobre o funcionamento do efeito placebo. Dentro ou fora do mercado financeiro vale a famosa máxima científica: “correlação não implica casualidade“. 

Se uma ação subiu às 12 horas e 12 minutos por 12 dias seguidos, isso não significa que esse número tenha tido o poder de causar algum efeito sobre a flutuação do ativo. Foi mera coincidência.

8º Axioma Menor: cuidado com a falácia do jogador.

Mais uma vez, o escritor faz uma alusão entre os apostadores de cassinos e os investidores para alertar sobre os riscos de se deixar seduzir por crenças ou ímpetos momentâneos. O sentimento de que estamos em um “dia de sorte”, onde todo vento sopra a nosso favor, pode fazer com que apostemos mais alto do que deveríamos. 

6º Grande Axioma: mobilidade

O sentimento de estabilidade ou pertencimento faz com que as pessoas estabeleçam raízes em seus empregos, lares e assim por diante, fazendo com que a ideia de mudança cause apreensão. 

Segundo Gunther, isso se replica ao mercado de capitais, onde não é incomum que investidores se prendam a um ou outro ativo por estarem esperando o seu ganho, ou pelo medo de trocar algo conhecido por algo novo e desconhecido.

Para ele, esse tipo de atitude talha as possibilidades de sucesso. Estar cercado pelo “antigo, conhecido e confortável” pode fazer com que o investidor perca o melhor momento de sair de uma posição, ou mesmo deixe alguma oportunidade única escapar. Como aconselha o autor: “não deixe que as raízes engrossem demais. Ficam difíceis de cortar”. 

9º Axioma Menor: numa operação que não deu certo, não se deixe levar por sentimentos como lealdade ou saudade.

Por mais que você goste de um barco, ao primeiro sinal de que ele está afundando, é preciso estar preparado para pular fora. O fato de uma empresa ser vista como sólida ou boa não é motivo suficiente para que haja alguma fidelidade excessiva do investidor para com ela.

10º Axioma Menor: jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente.

Se o aconselhável é abandonar o barco ao se notar que ele está para afundar, da mesma forma, o investidor não deve hesitar de mudar para uma embarcação melhor, caso a oportunidade seja vantajosa.

Isso, sublinha o escritor, não quer dizer que o investidor deva ficar pulando de uma especulação a outra. Todos os movimentos devem ser antecipados por uma profunda avaliação dos prós e contras, instigada pelo esgotamento das possibilidades atuais ou pela percepção de uma oportunidade mais promissora.

7º Grande Axioma: intuição

Quanto mais conhece e adquire experiência no mercado financeiro, mais ágil a mente fica para identificar “sinais subliminares” e maior é a possibilidade do investidor se deparar com percepções internas de que algo vai se desenrolar dessa ou de outra forma. Muitas vezes, esses “palpites” não podem ser explicados. Para que seja válido, contudo, eles precisam ser racionalizados.

Segundo, Gunther, existem investidores que descartam todos seus palpites por os julgarem irracionais; outros, na contramão, se deixam guiar completamente por esses sentimentos. O caminho suíço é o do meio.

Ao descartar os palpites sem investigar de onde surgiram, pode ser que o investidor esteja jogando uma oportunidade fora. Quem aposta todas as fichas em qualquer “iluminação” que lhe venha à mente, por outro lado, pode perder muito dinheiro. Nosso cérebro absorve e armazena muita informação — falsa e verdadeira — que não sabemos precisar de onde veio. Não custa checá-las, correto?

11º Axioma Menor: jamais confunda palpite com esperança.

Saber algo sem sabermos como o sabemos é algo corriqueiro e próprio da cabeça humana. É ao investigar a raiz do conhecimento que descobrimos se a fonte dessa informação — que chegou até nós sabe-se lá de onde — é real ou não. Assim sendo, a intuição pode estar certa e pode estar errada. E aqui entra o cuidado com a esperança. 

Se temos um palpite e desejamos muito que ele esteja certo, podemos esquecer de investigá-lo, com o medo de acabar com nossa esperança.

8º Grande Axioma: religião e ocultismo

Misto do axioma das previsões e o da esperança, o conselho aqui é bastante direto: se você quiser ter sucesso em suas especulações, mantenha qualquer crença longe delas.

Gunther diz em todas as letras que apoiar-se no sobrenatural é um erro igual ao de se deixar guiar por previsões ou ilusões de ordem. “É improvável que, entre os desígnios de Deus para o Universo, se inclua o de fazer você ficar rico”, mais claro que isso, não haveria como ser.

12º Axioma Menor: se a astrologia funcionasse, todos os astrólogos seriam ricos.

Se rezar não te fará ficar mais rico, misturar qualquer outra teoria com o mercado de capitais terá exatamente o mesmo resultado. 

Gunther afirma que, por mais que embasem suas previsões em gráficos ou tendências de mercado, nem mesmo economistas podem dar certeza sobre como determinado ativo se comportará. Assim, seria até irracional acreditar que as estrelas têm alguma dica a dar sobre o assunto.

O autor admite que escolheu “cutucar” a astrologia por essa ser a crença com mais adeptos nos Estados Unidos, mas que o mesmo vale para o tarot, ou qualquer outra forma de adivinhação.

13º Axioma Menor: não é necessário exorcizar uma superstição. Podemos desfrutá-la, desde que ela conheça o seu lugar.

Para finalizar os axiomas sobre ocultismo e religião, o escritor assinala que não tem nada contra superstições, que está “tudo bem acreditar no que quiser”.

Ele não nega nem mesmo a utilização de superstições para ganhar dinheiro, desde que se seja restrita a apostas como as de cassino ou rifa onde somente a sorte importa, mas nunca para investimentos.

9º Grande Axioma: otimismo e pessimismo

Sem otimismo, a especulação deixa de ser possível. Afinal, especular é assumir riscos — e, evidentemente, só aceitamos arriscar em algo que pensamos que pode acabar bem. Dito isso, Gunther alerta para o perigo do otimismo em excesso no mercado financeiro.

Neste axioma, o escritor traça um paralelo com os jogadores profissionais de pôquer que sabem que o jogo é muito mais do que sorte. Um bom jogador se guia pelas probabilidades e quando essas não são boas, ele não aposta. Seja no jogo de cartas ou na bolsa de valores, se as probabilidades indicam que algo está indo mal, na maioria das vezes, está mesmo.

Em vez de otimismo, os suíços ensinam a buscar confiança. Essa não está enraizada no pensamento de que tudo será perfeito; ela surge da capacidade de saber como se preparar para o pior. Pessoas confiantes sabem como se valer tanto do otimismo quanto o pessimismo com sabedoria.

10º Grande Axioma: Consenso

Seguir a unanimidade é abster-se de pensar. Neste axioma, o autor convida o investidor a raciocinar por si só e nunca se deixar guiar pela opinião da maioria, sem antes questioná-la e analisá-la. Se o que você encontrar for contrário a opinião da maioria, não tenha medo de acreditar em suas próprias análises.

Gunther é categórico: “Fuja da opinião da maioria. Provavelmente está errada”.

14º Axioma Menor: jamais embarque nas especulações da moda. Com frequência, a melhor hora de comprar alguma coisa é quando ninguém a quer.

Resistir à pressão de seguir o que todo mundo está dizendo pode ser psicologicamente complicado, mas quando falamos do mercado de ações essa é a única alternativa racional. 

O bê-a-bá do investimento consiste em comprar ações quando elas estão em baixa e vendê-las quando estão em alta. E quando é que elas estão desvalorizadas? Quando a maioria não as quer. E vice-versa. 

11º Grande Axioma: teimosia

Se nos axiomas anteriores, Gunther reforçou a necessidade de se pensar com a própria cabeça, neste ele atenta que também não se deve chegar ao extremo de se tornar um cabeça-dura.

Caso uma especulação esteja se comportando de uma maneira distinta daquela prevista pelo investidor — por mais análises e estudos que ele tenha feito anteriormente — , é preciso engolir o orgulho e desistir. 

Se manter em uma posição que está dando prejuízo para além do stop loss só para tentar comprovar estar certo é um caminho sem saída. Ademais, ao redobrar a atenção em um produto que não está rendendo, pode ser que o investidor termine deixando passar oportunidades mais prósperas, simplesmente por não estar olhando para elas.

15º Axioma Menor: jamais tente salvar um mau investimento fazendo “preço médio”.

Seja por esperança, teimosia ou apenas para evitar o sentimento amargo de ter “apostado” errado, utilizar o preço médio como estratégia para mascarar um prejuízo trata-se de uma ilusão consciente que apenas faz com que o investidor siga cavando o próprio poço.

O preço médio funciona da seguinte forma: digamos que você comprou 100 ações por R$100,00 e viu seu preço cair para R$50,00. Diante dessa situação, em vez de pular do barco, você tem a brilhante  ideia de comprar mais 100 delas agora por R$50,00, fazendo com que o preço médio pago pelas 200 ações totais caia para R$75,00. Agora, para sair no lucro, tudo o que precisa ser feito é esperar o preço superar o valor de R$75,00 e não o de R$100,00. 

Parece uma jogada de mestre, certo? Mas não é. Do contrário ninguém sairia perdendo nunca. As ações podem prosseguir caindo, e ao seguir comprando mais e mais ativos para diminuir o preço médio, o que você está fazendo é desequilibrando sua carteira com produtos sem rendimento e gastando muito para isso.

12º Grande Axioma: planejamento

Talvez tão disruptivo quanto o axioma que nega a importância da diversificação, o último grande conselho do livro é evitar planos de longo prazo.

De acordo com o autor, o melhor a se fazer é apostar em ganhos mais modestos e no curto prazo, avançando passo a passo. Planejamentos de longo prazo, diz ele, “geram a perigosa crença de que o futuro está sob controle”. Nada mais longe da verdade, especialmente quando lembramos que o mundo dos negócios é altamente volátil e muda a cada dia.

16º Axioma Menor: fuja de investimentos de longo prazo.

O axioma menor que fecha a obra reforça a concepção de Max Gunther de que criar planos ou investimentos de longo prazo pode não ser uma estratégia tão inteligente quanto o mercado diz ser. 

O escritor afirma que pensar em planejamentos de longo prazo faz com que o investidor crie raízes desnecessárias. O ideal, de acordo com ele, é ir reagindo às circunstâncias conforme elas vão se apresentando. O dinheiro deve ser colocado nas boas oportunidades que se apresentam e retirado sempre que os riscos começam a aparecer.

Por que devo ler “Os Axiomas de Zurique”?

Provocador, controverso e amplamente debatido, “Os Axiomas de Zurique” é o tipo de livro que divide opiniões entre os especialistas. Sua importância, contudo, é inegável, do contrário não teria chegado onde chegou. Publicada pela primeira vez há 28 anos, a obra ainda segue entre as mais indicadas do gênero, sendo a bíblia de muitos especuladores.

Além de sua perspectiva original e de dezenas de exemplos que ilustram cada um dos pontos levantados na obra, o que faz desse bestseller um clássico são as táticas pouco usuais apontadas por Max Gunther. Ele não mede as palavras ao bater de frente com o que considera “clichês do mercado”: como a diversificação da carteira, estratégias de buy and hold e os investimentos de longo prazo. 

Como afirma o próprio autor em um trecho da introdução, “a maioria dos especuladores suíços bem-sucedidos dá pouca atenção aos conselhos convencionais sobre investimentos. O sistema deles é melhor”.

Dito isso, é preciso lembrar que o livro não fala de verdades, mas de dogmas. Conselhos que podem ou não dar certo (mas que deram certo, e muito, para o famoso grupo de banqueiros e empresários suíços de Wall Street, enquanto muitos dos investidores que seguem à risca os métodos convencionais não tiveram a mesma “sorte”).

Ao fim, trata-se de uma leitura imprescindível para quem se interessa por investimentos, afinal, ampliar os horizontes, concordando ou não com eles, é sempre a melhor forma de expandir conhecimentos.

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Lembra que lá na introdução, prometemos um conselho extra para quem chegasse até o fim deste artigo? Pois bem, se você gostou do que leu e ficou instigado a explorar mais a fundo os conceitos apresentados na polêmica obra de Max Gunther, a dica que deixamos é que você dê uma olhada no finbook “Axiomas de Zurique”, disponível em nossa plataforma. 

Nele, Bruno Perini, um dos maiores influenciadores de finanças do Brasil, te explica tudo sobre a obra, mostrando de que forma é possível colocar esses ensinamentos em prática.

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Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalveshttps://finclass.com/
Hugo é economista e copywriter no Grupo PRIMO. Trabalha com finanças há mais de 7 anos.
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