Imagine um bem ou ativo financeiro cujo valor mantém seu poder de compra ao longo do tempo, protegendo contra a inflação e a desvalorização da moeda. Esse conceito tem um nome: reserva de valor.
Enquanto investidor ou entusiasta, temos certeza de que você já ouviu falar muito sobre diversificação — e sobre como ela serve para diluir riscos e tornar a sua carteira de investimentos mais rentável e com uma volatilidade mais controlada. É aqui que entra essa reserva, cujo papel é preservar o seu poder de compra contra os efeitos do tempo, servindo como uma espécie de “contrapeso” para equilibrar a volatilidade inerente a outros ativos do seu portfólio.
Ainda não está familiarizado com o termo? Entender o conceito pode fazer diferença na sua estratégia, por isso, vem com a gente para aprender:
- O que é reserva de valor;
- Para que serve a reserva de valor;
- Quais são os ativos que compõem a reserva de valor;
- Quando usar a reserva de valor;
- Qual a relação entre reserva de valor e ativos de qualidade;
- Qual é a melhor reserva de valor.
Fique conosco até o final: reservamos para você uma dica de onde continuar estudando e explorando conceitos econômicos que vão te transformar em um investidor mais inteligente. Vamos lá?
O que é reserva de valor?
A reserva de valor é um conceito econômico que se refere a qualquer bem ou ativo que mantém seu valor e poder de compra ao longo do tempo, se provando no forte mesmo que passe por diversos ciclos econômicos.
Ouro, prata, dólar e até o Bitcoin são alguns exemplos de reserva de valor. Quando estrategicamente inseridos em um portfólio, servem como uma fonte de proteção contra as variações do mercado.
Para ser considerada uma reserva de valor, esse ativo deve apresentar algumas características:
- Escassez: quanto mais escasso um ativo é, mais seu preço tende a se valorizar continuamente — algo que não acontece com bens mais abundantes, que podem ter o seu valor reduzido dada a grande quantidade disponível no mercado;
- Não-deterioração: se um bem não tem prazo de validade, tende a manter o seu valor com o passar do tempo. O café, por exemplo, por ser uma commodity é um bem que eventualmente pode ser perdido. Já metais preciosos, como o ouro ou a prata não;
- Negociação no mercado global: idealmente, ativos de reserva de valor devem ser negociados pelo mundo todo;
- Longo histórico de aceitação: quanto mais tempo um bem ou ativo for aceito como reserva de valor, maior será sua credibilidade e confiabilidade no mercado;
- Valor intrínseco: uma reserva de valor deve possuir utilidade além da mera especulação, como o ouro, amplamente utilizado na indústria, ou o Bitcoin, que pode atuar como meio de pagamento em transações financeiras.
Para que serve a reserva de valor?
O objetivo da reserva de valor é ser uma forma de proteção contra as variações de preço do mercado ao longo do tempo. Com ela, um investidor tenta impedir que o seu patrimônio desvalorize no longo prazo.
Na prática, acontece o seguinte: a desvalorização do patrimônio é causada principalmente pela inflação, que corrói o poder de compra do dinheiro ao longo do tempo, e também por crises econômicas que podem impactar o valor dos ativos financeiros.
Quando uma moeda perde valor rapidamente, por exemplo, o dinheiro parado basicamente perde sua capacidade de adquirir bens e serviços na mesma proporção de antes.
Então, temos aqui a reserva de valor como uma proteção, já que ela está atrelada a ativos que tendem a manter ou até aumentar seu valor em momentos de incerteza, como ouro, moedas fortes ou criptoativos, como o Bitcoin. Consequentemente, acaba reduzindo as perdas que poderiam ocorrer caso todo o patrimônio estivesse exposto a oscilações bruscas do mercado.
Quais são os ativos que compõem a reserva de valor?
Considerando que, para um ativo ser tido como reserva de valor, ele deve ser apresentar um valor basicamente intrínseco e historicamente confiável, alguns exemplos possíveis são:
- Ouro;
- Moedas;
- Imóveis;
- Criptomoedas;
- Obras de arte e colecionáveis raros.
Vem com a gente entender melhor a razão pela qual cada um desses ativos figura nessa lista.
Ouro
O ouro é uma das reservas de valor mais tradicionais e confiáveis, o que não é exatamente uma novidade, já que vem sendo utilizado há milênios como meio de troca e proteção patrimonial.
Quanto às demais características que enquadram o metal nesse conceito, temos:
- É um bem escasso e que não pode ser artificialmente aumentado;
- Não se deteriora com o tempo;
- Tem demanda estável em setores diversos, como tecnologia e joalherias;
- Tende a se valorizar em momentos de incerteza econômica;
- É descentralizado, por isso não necessita de uma plataforma ou governo específico para ser negociado.
Embora não gere renda passiva, muitos investidores recorrem ao ouro como forma de se protegerem contra recessões e instabilidades políticas.
Moedas
Moedas fortes, como o dólar americano (tido até o momento como uma moeda global), o euro e o franco suíço são bastante utilizadas como reserva de valor por conta da estabilidade econômica que oferecem e da credibilidade dos países que as emitem.
Novamente citando o dólar, temos aqui a moeda que é referência para o comércio internacional, além de ser considerada a principal reserva de valor do sistema financeiro global. Durante crises ou períodos de desvalorização das moedas locais, manter uma parte do patrimônio exposto a essas moedas mais sólidas pode te ajudar preservar o poder de compra e reduzir a exposição a riscos cambiais.
Curiosidade: moedas fortes tendem a ser altamente líquidas e, por isso, são facilmente convertidas em bens e serviços, ou outros investimentos. Governos, empresas e investidores individuais, por exemplo, mantêm reservas em moedas estrangeiras justamente para proteger seus ativos contra volatilidades e instabilidades econômicas.
No entanto, cabe um adendo: moedas fiduciárias ainda podem perder valor devido à inflação, especialmente se um país imprimir dinheiro em excesso. Por isso, muitas vezes elas são usadas em conjunto com outros ativos, como ouro e títulos públicos, para uma proteção mais eficiente.
Imóveis
Imóveis são ativos físicos e duráveis, então oferecem uma reserva de valor relativamente segura, já que não podem ser facilmente depreciados como o dinheiro ou ações. Quando bem localizados e mantidos, tendem a se valorizar no longo prazo, especialmente em regiões com alta demanda. Além disso, podem gerar renda passiva através de aluguéis.
Quanto a esse tipo de bem, temos algumas ressalvas. Para começar, obviamente investir em imóveis exige alto capital inicial e envolve custos adicionais, como manutenção, impostos e taxas. A liquidez, por sua vez, é menor do que em ativos financeiros, já que a venda de um imóvel pode levar tempo.
Os preços de imóveis também oscilam com ciclos econômicos e crises no setor imobiliário. Ainda assim, para investidores com visão de longo prazo, continuam sendo uma das principais formas de reserva de valor e diversificação de portfólio.
Aqui, ainda cabe uma comparação: ao contrário do ouro, que tende a manter o mesmo valor de forma global, imóveis (e também terrenos) não apresentam essa característica de ampla negociação. Imagine só: o ouro é um metal precioso aqui no Brasil e em qualquer outro país. Uma casa, porém, não necessariamente vai ser relevante fora de seu contexto. Por isso, nem todo investidor verá os imóveis como reserva de valor.
Criptomoedas
As criptomoedas, especialmente o Bitcoin, surgiram como uma alternativa mais recente de reserva de valor. O Bitcoin, por exemplo, tem uma oferta limitada a 21 milhões de unidades, o que o torna escasso e resistente à inflação. Além disso, por ser descentralizado e independente de governos ou bancos centrais, ele atrai investidores que buscam proteção contra políticas monetárias expansionistas e desvalorização de moedas fiduciárias.
Mesmo com essas vantagens, vale lembrar que o mercado de criptomoedas ainda é altamente volátil, o que pode representar tanto oportunidades quanto riscos para os investidores.
Aqui, ainda temos o fator segurança, já que esta depende do armazenamento adequado, afinal, ataques cibernéticos e perda de chaves privadas podem resultar na perda total dos ativos. As criptomoedas estão se consolidando cada vez mais como uma opção viável de reserva de valor.
Obras de arte e colecionáveis raros
Pinturas renomadas, esculturas, relógios de luxo e vinhos raros são considerados boas reservas de valor já que apresentam exclusividade e demanda seletiva.
Diferente de ativos financeiros tradicionais, essas peças costumam se valorizar significativamente ao longo do tempo, especialmente se estiverem associadas a artistas ou marcas de grande prestígio. Além disso, são ativos que não sofrem diretamente com oscilações do mercado financeiro.
Contudo, investir em arte e colecionáveis exige conhecimento e um mercado especializado, pois a valorização depende da autenticidade, da conservação e de tendências culturais. Nesse caso, a liquidez reduzida é outro ponto de atenção, afinal, a venda de um artigo desse tipo pode levar tempo e depende do interesse de colecionadores específicos.
Quando usar a reserva de valor?
Enquanto escudo contra a imprevisibilidade econômica, a reserva de valor é uma estratégia para ser usada como proteção em momentos de crise, inflação elevada ou instabilidade no mercado. Quando tudo oscila e o dinheiro perde poder de compra, ter ativos que preservam valor é uma forma de ter maior segurança, e de proteger seu patrimônio do tempo e das turbulências financeiras.
Mas ela não serve apenas para proteção — também é uma ferramenta de oportunidade. Quem mantém uma reserva de valor bem estruturada consegue aproveitar as quedas do mercado para adquirir ativos a preços mais baixos, o que acaba sendo uma forma de fortalecer sua posição financeira no longo prazo. É, em termos mais práticos, a diferença entre ser refém das circunstâncias ou ter o controle para agir no momento certo.
Qual a relação entre reserva de valor e ativos de qualidade?
A relação entre reserva de valor e ativos de qualidade está no fato de que, para um ativo ser uma boa reserva de valor, ele precisa ter características e qualidades que o tornem confiável ao longo do tempo.
Isso significa que ele deve manter seu valor mesmo em momentos de crise, para evitar grandes perdas e proteger o patrimônio do investidor. Ativos de qualidade, por sua vez, são aqueles que possuem fundamentos sólidos, como demanda constante, escassez ou um histórico de valorização, o que os torna naturalmente boas reservas de valor.
Por exemplo, o ouro é considerado uma excelente reserva de valor porque é um ativo de qualidade: é escasso, amplamente aceito e mantém seu poder de compra há séculos.
Já uma moeda forte, como o dólar, também serve como reserva de valor porque é emitida por uma economia sólida e confiável. Em contrapartida, ativos de baixa qualidade, como ações de empresas instáveis ou moedas de países subdesenvolvidos, ou com alta inflação, não conseguem cumprir esse papel, pois podem perder valor rapidamente. Ou seja, quanto maior a qualidade do ativo, mais eficiente ele será na proteção contra perdas e na preservação da riqueza ao longo do tempo.
Qual é a melhor reserva de valor?
Não existe uma única “melhor” reserva de valor, afinal, esse tipo de avaliação depende do contexto econômico, do perfil do investidor e dos objetivos financeiros de cada um. No entanto, algumas opções se destacam historicamente, como o ouro, que mantém seu valor há séculos, e o dólar, que é aceito globalmente e considerado um refúgio seguro em crises.
Seguindo a lista de exemplos, temos os imóveis, que oferecem estabilidade no longo prazo, e também as criptomoedas promissoras que, apesar da volatilidade, são vistas como reservas digitais.
Em resumo, a melhor estratégia para a sua carteira de investimentos deve envolver diversificação — ou seja, idealmente, é preciso que você combine diferentes ativos, reserva de valor inclusa, como forma de trabalhar a relação entre segurança e rentabilidade.
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