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Como montar carteira de ações no exterior perfeita em 2024?

Sabia que o mercado doméstico de ações corresponde a apenas 1% de todo o mercado acionário global? Para o investidor, essa estatística é quase uma promessa de grandes oportunidades. Afinal, ao se aventurar em bolsas de países distintos, pode-se explorar uma gama enorme de ações de empresas de renome mundial, startups em grandes potencial e mercados emergentes.

De olho nos investimentos além-mar? Esse conteúdo é para você! Siga conosco para aprender:

  • O que é uma carteira de ações no exterior?
  • Por que investir em ações no exterior?
  • Como montar carteira de ações no exterior perfeita?
  • Quais são os benefícios de investir em ações no exterior?
  • Quais as desvantagens de investir no exterior?
  • Quais as melhores ações para investir no exterior?
  • Qual a melhor empresa para investir no exterior?

No fim, ainda reservamos especialmente para você uma dica imperdível sobre onde é possível continuar a sua jornada de aprendizado para montar uma carteira de ações no exterior.

Vem com a gente!

O que é uma carteira de ações no exterior?

Uma carteira de ações nada mais é do que a seleção de ativos de diferentes empresas que uma pessoa escolhe para aplicar seu capital. Nesse caso, corresponde ao conjunto de ações — ou títulos representativos — de companhias listadas em bolsas de valores de outros países, adquiridas por um investidor brasileiro. 

Além da possibilidade de investir em companhias globais de renome, como Google, Amazon, Coca-Cola e Adidas, ao montar uma carteira de ações internacionais, o investidor também passa a ter acesso a empresas de mercados emergentes como a Ásia e a África, e setores sem equivalentes ou pouco desenvolvidos no Brasil. 

Em resumo, expande suas oportunidades para horizontes que vão muito além daqueles acessíveis para o investidor doméstico, por meio da bolsa de valores brasileira, a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão).

Isso não é tudo. Ao aplicar em outros países — ou seja, ao diversificar sua carteira geograficamente — o investidor também protege seu patrimônio, já que reduz a exposição às instabilidades do mercado e da economia brasileira. De quebra, claro, ainda tem a possibilidade de obter retornos em moedas mais fortes e sólidas que o real, como o dólar e o euro.

Apesar de tantas vantagens, o investidor deve considerar que ações estão entre os investimentos de renda variável mais arriscados do mercado. Seu desempenho pode flutuar a depender de uma série de fatores sistêmicos — situações internas, como problemas de gestão — ou não-sistêmicos — aqueles que atingem todo um setor ou a economia de um país. 

Como estamos falando em investimentos para além das fronteiras do Brasil, é preciso acrescentar um risco extra: o câmbio, um dos fatores financeiros mais imprevisíveis que existe.

Por sorte, em um mercado tão vasto, é possível achar opções adequadas para os mais diferentes tipos de investidores. Mais que isso, existem ainda formas mais e menos práticas para investir em empresas estrangeiras, o que faz com que praticamente qualquer pessoa possa montar uma carteira de ações estrangeiras. O melhor, como você verá, é que não faz falta ter muito dinheiro ou morar no exterior para isso.

Como montar uma carteira de ações no exterior perfeita?

Começar pelos Estados Unidos, Europa ou, quem sabe, na Ásia? Investir na Google, na Tesla, na Sony? Na Bolsa de Nova Iorque ou na Euronext? Blue chips ou small caps? Em qual setor: tecnologia, alimentação, saúde ou quem sabe no mercado imobiliário? É normal que, ao migrar da bolsa de valores brasileira — a qual não representa 1% do mercado acionário global —, você também se sinta um pouco perdido e mesmo paralisado por dúvidas como essas. Mas respire fundo. 

Felizmente, existem um par de dicas práticas que podem te servir como guia para, em meio de tantas oportunidades, encontrar as melhores ações para montar uma carteira no exterior perfeita. Quer ver só?

Defina seus objetivos e perfil de investidor

O primeiro passo para montar sua carteira de ações no exterior passa por definir suas metas e descobrir seu perfil de investidor. Além de ser a base para qualquer aplicação financeira, o cruzamento dessas duas informações também serve de filtro, facilitando a tarefa de identificar quais ações são ou não adequadas para a sua realidade.

A primeira parte é bastante simples. Se resume a responder “por que você quer montar uma carteira de ações no exterior?” É para proteger seu patrimônio da inflação? Para juntar dinheiro para uma viagem? Para acumular capital? Observe que cada um desses objetivos conta com um prazo distinto para ser alcançado. Por isso, é necessário que seu planejamento seja o mais objetivo e realista possível.

A segunda etapa consiste em descobrir qual o seu perfil de investidor. Isto é, saber o quanto de risco você suporta ao investir. Isso é feito por meio do chamado “teste de suitability”, questionário aplicado pelas corretoras de valores no momento da abertura da conta. A depender do resultado, você pode ser classificado como conservador, moderado ou arrojado.

Para que seja mais claro observar como o cruzamento desses fatores pode ajudar na seleção de ações para sua carteira, vamos a alguns exemplos práticos, começando pelo estabelecimento de metas:

  • Metas de curto prazo (1 a 3 anos): metas curtas exigem investimentos em ações líquidas e mais “sólidas”, já que o dinheiro pode ser resgatado a qualquer momento. Uma boa escolha são ações de empresas sólidas e tradicionais como as que compõem o índice Dow Jones;
  • Metas de médio prazo (3 a 10 anos): são metas que já permitem tomar algum risco, já que as oscilações de curto prazo acabam não causando tanto impacto. Um exemplo aqui são os ETFs;
  • Metas de longo prazo (mais de 10 anos): a volatilidade do curto prazo não importa, já que esses ativos serão mantidos por muito tempo. A ideia é lucrar com o potencial de valorização de uma empresa. Por isso, esse tipo de meta favorece o investimento, por exemplo, em startups de tecnologia.

Já quando considerado o risco:

  • Investimentos conservadores: ações de blue chips — empresas sólidas, líderes em seus ramos de atuação —, como a Amazon e a Google, ou de setores essenciais como alimentação e farmacêutico;
  • Investimentos moderados: pode incluir ações de crescimento (de empresas em expansão) ou ações de valores (empresas momentaneamente subvalorizadas);
  • Investimentos arrojados: foco em ações de startups ou pequenas empresas com alto potencial de crescimento, mas sujeitas à volatilidades e riscos.

Atenção: o investimento em ações, sobretudo de empresas no exterior, não é para todos. Estamos falando de produtos de renda variável e impactados pelo câmbio. Por isso, antes de pensar em formar um portfólio estrangeiro, é indicado que o investidor já tenha alguma experiência com produtos semelhantes no mercado doméstico e que possua uma reserva de emergência já consolidada. 

Caso ainda não se sinta confortável em aplicar em investimentos voláteis como as ações, mas esteja buscando dolarizar seu portfólio, é possível começar pelos bonds — como são genericamente chamados os títulos de renda fixa no exterior.

Pesquisa e análise de mercados estrangeiros

Agora que você já se conhece enquanto investidor, é hora de ir além e conhecer os mercados estrangeiros. Isto é, ponderar quais os possíveis países por onde começar seus investimentos no exterior.

Para facilitar sua busca, existem alguns fatores chave que podem ser utilizados para orientar sua análise e facilitar a comparação:

Estabilidade política e econômica

Países com economias já consolidadas, com estabilidade política e longo histórico democrático são sempre as opções mais seguras, sendo vistos como mais confiáveis e favoráveis para os investidores estrangeiros. É por isso que sempre que há alguma instabilidade global, os investidores correm para mercados como os EUA.

Mercados emergentes

Investidores mais arrojados também devem ficar de olho nos mercados emergentes. Embora mais instáveis, economias ainda em desenvolvimento apresentam maior espaço de crescimento, o que pode resultar em maiores retornos. Aqui estão países como China, Turquia, Rússia e México.

Inovação e unicórnios

Mais uma dica para investidores que podem assumir riscos é mapear países líderes em empresas de tecnologia ou startups. Alguns exemplos incluem a China, segundo país com maior número de unicórnios do mundostartups avaliadas em mais de US$1 bilhão —, e a Estônia, reconhecida como a nação mais digital do mundo, e apelidada como a “Silicon Valley da Europa”.

Crescimento econômico

Uma economia aquecida pode ser medida, em linhas gerais, pelo aumento da produção de bens e serviços de um país. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), as 10 maiores economias globais em 2024 são: Estados Unidos, China, Alemanha, Japão, Índia, Reino Unido, França, Brasil, Itália e Canadá.

Aspectos fiscais e legais

Cada mercado conta com regulamentação própria que pode torná-lo mais ou menos interessantes para o investidor brasileiro. Observe, por exemplo, a existência de acordos de reciprocidade com o Brasil para evitar bitributação. Além disso, tenha ciência que a tributação sobre os investimentos também pode variar entre um país e outro.

Seleção de ações

Após filtrar as oportunidades, segundo seu perfil, metas e países para investir, seu funil de opções chega à etapa final: a seleção de empresas para investir.

Normalmente, a comparação entre empresas parte de uma análise fundamentalista ou técnica — ou das duas —, conforme explicado abaixo:

  • Análise fundamentalista: foca nos fundamentos da companhia emissora, o que inclui suas receitas, lucros, crescimento, ativos e passivos, posição no mercado, entre outros. A ideia é atestar a saúde financeira da empresa e suas perspectivas futuras e mensurar qual o valor real de suas ações no longo prazo;
  • Análise técnica: em vez de estudar os demonstrativos financeiros de uma companhia, esse tipo de abordagem analisa gráficos de desempenho, buscando encontrar padrões de comportamento e antecipar tendências. É mais indicada para a identificação de oportunidades de curto ou médio prazo.

Também é possível orientar suas escolhas com base em alguma estratégia de investimento conhecida, tais como:

  • Investimento passivo: bom método para investidores iniciantes ou com pouco tempo para acompanhar o desempenho de seus ativos, essa estratégia consiste na compra e manutenção de ações por um longo tempo. Para facilitar, o investidor pode ainda aplicar em ETFs, que são fundos dedicados a acompanhar passivamente um índice conhecido de mercado;
  • Investimento ativo: mais indicado para investidores experientes, consiste na compra e venda constante de ações, com o objetivo de fazer com que a carteira bata a média entregue pelo mercado. Esse tipo de investidor prefere escolher suas ações uma a uma, em vez de espelhar um índice;
  • Investimento temático: mais voltado para investidores arrojados, esse método tem por princípio focar em temas ou nichos de mercado ainda não consolidados, mas que tem o potencial de promover mudanças estruturais e sociais. Estão aqui, ações de empresas de energia renovável, transporte elétrico, games e mesmo cannabis;
  • Investimento em fatores: metodologia avançada de aplicação, esse tipo de estratégia baseia a formação da carteira de acordo com a identificação de “elementos” capazes de impactar a performance de diferentes papéis. Dito de outro modo, orienta as aplicações segundo a observação de características, sem considerar as empresas ou setores especificamente.

Por fim, é preciso destacar que existem diferentes formas de investir no mercado acionário estrangeiro. As três mais comuns são:

  • Ações Individuais: investimento mais conhecido, são os papéis de empresas específicas. Exemplo: ações da Apple, Google, Adidas e Nestlé;
  • ETFs (Exchange-Traded Funds): fundos passivos desenvolvidos para espelhar índices de ações. É caracterizado como uma forma de obter diversificação automática, já que permite que o investidor tenha acesso a um cesto de ativos, com uma só aplicação. Exemplo: ETFs que replicam o S&P 500 ou o Dow Jones
  • GDR (Global Depositary Receipts): certificados representativos de ações estrangeiras negociados em bolsas locais. Foram criados para facilitar o acesso do investidor a empresas globais, sem ter que abrir contas em corretoras de diferentes países. Exemplos de GDRs incluem:
  • BDRs (Brazilian Depositary Receipts): títulos representativos de empresas estrangeiras negociados na bolsa de valores brasileira, a B3. Por meio deles, o investidor braisileiro pode aplicar indiretamente em companhias como Meta (antiga Facebook), Coca-Cola e Netflix;
  • ADRs (American Depositary Receipts): são certificados de ações de empresas de fora dos EUA, listados nas bolsas de valores dos Estados Unidos. Esse tipo de investimento permite que se acessem empresas de todos os continentes, desde mercados como a NYSE, incluindo ações de companhias brasileiras, como Petrobras e a Gol.

Escolha de uma corretora internacional

Da mesma forma que o investidor doméstico precisa do intermédio de uma corretora brasileira para adquirir ativos na B3, quem  pretende investir em ações para além das fronteiras do Brasil, necessita abrir uma conta internacional com uma corretora estrangeira que intermedie operações nos mercados desejados.

Para facilitar, nossa dica é escolher uma corretora que permita acesso aos mercados dos Estados Unidos. Isso porque, além das grandes marcas norte-americanas, como Apple e McDonald’s, muitas empresas globais de diferentes partes do planeta também negociam suas ações em bolsas de valores como a NYSE e a Nasdaq.

Além disso, algumas corretoras internacionais dos EUA também intermediam operações no mercado europeu. Entre as instituições mais conhecidas que atuam dessa forma estão a Avenue, Charles Schwab e a Interactive Broker. 

Cada corretora conta com seus pontos fortes e fracos. Por isso, antes de tomar uma decisão, não esqueça de comparar fatores como:

  • Aporte mínimo: o valor mínimo de aplicação varia de acordo com a instituição. Alguns valores mais altos podem acabar frustrando quem ainda não tem segurança para investir muito dinheiro no estrangeiro;
  • Idioma: caso seu inglês não seja fluente, busque corretoras com plataformas de negociação e suporte em português;
  • Relatório para IR: para evitar equívocos e facilitar sua vida, dê preferência a instituições que emitem relatórios adequados para declaração de Imposto de Renda no Brasil;
  • Taxas: além de comparar os valores da taxa de corretagem, verifique se a instituição escolhida também cobra outros serviços, tais como mensalidade ou a abertura da conta.

É importante dizer que o investidor brasileiro não necessita obrigatoriamente abrir uma conta internacional e enviar dinheiro para o exterior para montar uma carteira de ações estrangeiras. 

Afinal, é possível adquirir títulos com lastro estrangeiro — BDRs e BDRs de ETFs — desde a B3, e em reais. Contudo, a variedade de papéis internacionais disponíveis por aqui é ainda bastante limitada.

Montagem da carteira

O primeiro passo para montar uma carteira de ações no exterior é definir o quanto do seu patrimônio será aplicado em ativos internacionais. Infelizmente, não há um “número mágico” para isso. Isso depende exclusivamente do investidor e de o quanto se sente confortável com o mercado internacional. 

Uma fatia de 20%, por exemplo, já é uma quantia razoável para quem está começando. Esse valor, contudo, tende a ser muito maior para investidores arrojados e com experiência no exterior. 

Definido o valor reservado para suas ações no exterior, também existem algumas estratégias de composição que podem servir de norte ao montar sua carteira: 

  • Diversificação por região: distribuir o portfólio entre empresas dos EUA, Europa, Ásia, América Latina e outras regiões;
  • Diversificação por setor: incluir ações de companhias de diferentes segmentos como tecnologia, farmácia, alimentação, energia, imobiliário, entre outros;
  • Diversificação por tamanho de empresa: distribuir investimentos entre blue chips, de pequena e média capitalização.

A regra é uma só: quanto mais diversa sua carteira, melhor. Se possível, considere abranger todas as ideias de composição acima de alguma forma para poder tirar proveito de todos os cenários de mercado.

Mas atenção: para ter uma carteira internacional equilibrada, é recomendado não concentrar todos seus investimentos em uma única classe de investimentos. 

Além das ações, aplique também em fundos internacionais, ETFs, REITs (os equivalentes dos fundos imobiliários daqui) — e bonds (títulos de renda fixa). Outra vez, o percentual destinado a cada um desses produtos dependerá exclusivamente de considerações pessoais.

Monitoramento e manutenção

Carteira montada, a única tarefa que resta é monitorar periodicamente o desempenho de suas ações. Lembre que estamos falando de ativos de natureza volátil, que podem ser impactados tanto por questões internas (problemas de gestão), quanto por fatores externos diversos (como crises setoriais ou econômicas). 

Além disso, por serem ativos estrangeiros, a variação cambial é outro fator para ficar de olho.

Caso necessário, para melhorar o desempenho da sua carteira, é possível reavaliar suas aplicações e fazer o rebalanceamento. Ou seja, comprar mais ações, ou vender algumas, para aplicar os recursos em outras empresas.

Considere ainda que a periodicidade do monitoramento deve estar de acordo com sua abordagem de investimento. Quem aplica a estratégia ativa ou que aproveita oportunidades de curto e médio prazo, por exemplo, deve observar seus ativos mais de perto.

 Já investidores que optam por estratégias de longo prazo ou investem principalmente em ETFs não precisam estar diariamente atentos ao desempenho de seus ativos. Variações de curto prazo são muito comuns e constantes e podem causar ansiedade desnecessária, levando a tomadas de decisões impulsivas.

Por que investir em ações no exterior?

Está pensando em investir no exterior, mas ainda não se sente confiante o suficiente para isso? Não se preocupe, o receio de migrar do mercado doméstico para o global é um sentimento bastante comum. 

Para superar essa insegurança, contudo, nada melhor que ressaltar os benefícios que os investimentos em ações no exterior podem oferecer:

Diversificação geográfica

Ao investir em diferentes países é possível aproveitar sempre o melhor em cada cenário. Se a economia não vai bem no Brasil, seus ganhos podem ser compensados com um cenário positivo em outra parte.

Acesso a grandes empresa globais

Principal atrativo de mercados como o dos EUA, Europa e Ásia, é a possibilidade de aplicar em grandes companhias internacionais, líderes em seus setores e com presença em todo o globo e que não podem ser acessadas pela B3.

Proteção contra riscos locais

Aplicar em outros países também minimiza os riscos associados a instabilidade política e as oscilações da economia brasileira.

Exposição a moedas estrangeiras

Ao investir em empresas dos EUA ou da Europa, você também atrela parte do seu patrimônio a moedas mais fortes que o real. Ou seja, em uma moeda com maior capacidade para manter seu poder de compra, mesmo em períodos economicamente complicados. 

Diversificação setorial

Quem investe fora do Brasil também pode ter acesso a setores sem equivalentes por aqui ou ainda pouco desenvolvidos no mercado interno.

Potencial de Crescimento

Além de economias já consolidadas como EUA e Japão, ao investir em ações no exterior, também é possível ter acesso a economias emergentes que podem oferecer maiores oportunidades de retorno.

Quais as desvantagens de investir no exterior?

Apresentada as vantagens, é preciso girar a chave e explicitar também as principais desvantagens de investir em ações no exterior. Ao pesar os prós e contras, ficará mais fácil para você decidir se esse é o momento para se expor ao mercado global.

Isso posto, antes de investir no exterior, é preciso avaliar os segundos pontos:

Risco cambial

Quando se fala em investimento internacional, o primeiro receio que vem à cabeça é o risco cambial. Não é para menos. O câmbio é realmente um dos fatores mais imprevisíveis e seu desempenho impacta em cheio o rendimento dos ativos no estrangeiro.

Em suma, sempre que a moeda estrangeira em questão se valoriza frente ao real, os lucros desses investimentos aumentam. E vice-versa.

Isso posto, é preciso pontuar que esse risco tende a ser maior no curto e médio prazo. Isso porque moedas fortes e consolidadas, como o dólar e o euro, historicamente, perdem valor em uma velocidade muito menor do que moedas de economias emergentes, como o Brasil. 

Isso pode ser observado, por exemplo, nas relações entre o real e o dólar ao longo de 2023, e em períodos maiores de tempo. Observe:

A moeda brasileira valorizou mais de 8% frente a norte-americana no último ano. Se ampliarmos o período analisado, porém, veremos que em 10 anos — entre julho de 2014 e de 2024 — o dólar valorizou mais de 150% frente ao real. Isso, contudo, não é nada, se considerarmos que na segunda metade da década de 1990, a cotação era praticamente de US$1,00 para R$1,00.

Regulação diferente

O investidor já acostumado com a B3 precisa lembrar de estudar minuciosamente toda a questão regulatória e fiscal dos mercados nos quais queira investir. Afinal, as normas que regem as negociações de ativos financeiros variam de país para país. 

Um exemplo: enquanto o Brasil ainda não cobra imposto sobre dividendos, nos Estados Unidos os proventos são tributados diretamente na fonte em 20% para residentes, e 30% para investidores internacionais.

Além disso, existe a chance de que seus investimentos no exterior sofram bitributação, em casos onde o país em questão não mantenha acordos de reciprocidade com o Brasil.

Custos de transação

Por fim, outra grande questão a considerar antes de investir no exterior são os custos de transações, já que essas despesas impactam diretamente nos seus rendimentos.

Os descontos e taxas que você deve ficar de olho são:

  • Taxa de corretagem: pagamento pela intermediação das operações em bolsa. A depender da corretora, pode haver ainda a existência de custos extras como mensalidade ou cobrança para abertura de conta. Se for uma instituição internacional, considere que esses valores serão em moeda estrangeira, possivelmente dólar;
  • Taxa de administração: quem investe em ETFs deve considerar ainda o custo de administração do fundo;
  • Taxa de câmbio: existem ainda os custos para remessas internacionais. As instituições normalmente cobram taxas de serviço e aplicam spreads (diferenças) entre a taxa de câmbio comercial e a taxa oferecida ao cliente;
  • Imposto de Renda: por fim, ainda existe a fatia abocanhada pelo leão. A alíquota de IR sobre rendimentos de capital aplicado no exterior é de 15%, sem base de dedução.

Quais as melhores ações para investir no exterior?

Essa é uma pergunta difícil de responder e com espaço para objetividade. Ações são ativos voláteis e sensíveis a uma série de fatores — isso sem falar do fator cambial — o que pode fazer com que qualquer indicação se torne datada. Além disso, o que é uma boa escolha para um, não é necessariamente a melhor opção para outro. Tudo depende do seu perfil, objetivos e estratégias para composição de carteira.

Enquanto investidores com um perfil mais arrojado podem expandir seus horizontes para além das escolhas óbvias, explorando mercados emergentes e empresas menores, os mais inexperientes podem começar com ações mais seguras. 

Estas se tratam de empresas tradicionais e já consolidadas, negociadas em mercados mais estáveis como a Europa e os EUA. Para facilitar a pesquisa, é possível se guiar pelas empresas mais significativas dos principais índices de mercado dessas regiões, como:

  • Dow Jones: indicador formado pelas 30 maiores blue chips dos Estados Unidos. Exemplos: Coca-Cola (KO), Walt Disney (DIS) Mcdonald’s (MCD), Walmart (WMT), Visa (V);
  • S&P 500: carteira composta pelas 500 empresas mais valiosas dos EUA. Exemplos: Alphabet (GOOG), Amazon (AMZN) Apple (AAPL), Berkshite Hathaway (BRK.A), Exxon Mobil (XOM), JP Morgan Chase (JPM), Meta (META), Microsoft (MSFT), Nvidia (NVDA), Tesla (TSLA);
  • Euronext 100 Index: índice que mede o desempenho das 100 maiores empresas em capitalização da Euronext, principal bolsa de valores da Europa. Exemplos: Akzo Nobel (AKZA — Holanda), ArcelorMittal (MTS — Luxemburgo), Carrefour (CARR — França), Ferrari (RACE — Itália), Heineken (HEIA — Holanda), Inbev (ABI — Bélgica), Philips (PHG — Holanda);
  • FTSE 100:  indicador que mensura a performance das 100 principais companhias listadas na Bolsa de Valores de Londres. Exemplos: AstraZeneca (AZN), EasyJet (EZJ), HSBC (HSBA), Shell (SHEL), Tesco (TSCO), Unilever (ULVR), Vodafone (VOD)
  • Dax 30:  principal índice de ações da Alemanha, composto pelas 30 maiores empresas listadas na Bolsa de Valores de Frankfurt.  Exemplos: Siemens (SIE), Allianz (ALV), Mercedes-Benz (MBG), Adidas (ADS), Bayer (BAYN), Volkswagen (VOW3), Porsche (P911).

Falando nisso, vale lembrar que é possível investir nesses e em outros indicadores por meio de ETFs. Esse, inclusive, é um dos investimentos mais recomendados para iniciantes, já que esses fundos permitem que o investidor tenha acesso a um grande cesto de ações, sem o trabalho de selecioná-las individualmente. 

Importante pontuar que todos os tickers (códigos de negociação) listados acima são aqueles pelos quais essas ações podem ser encontradas nas bolsas de valores de seus países. A boa notícia é que a grande maioria dessas empresas também contam com BDRs e ADRs. Ou seja, possuem certificados nas bolsas de valores dos EUA e também na B3.

Quer aprender mais sobre investimentos no exterior?

Ir além da bolsa de valores brasileira para aventurar-se no mercado mundial é algo que pode causar receio em muita gente. Contudo, com dedicação, planejamento e muito estudo, qualquer pessoa pode superar essa barreira e passar a ganhar rendimentos em moedas como dólar e euro.

Caso isso esteja em seus planos e você queira seguir se aprofundando no mercado estrangeiro, fica o convite para dar uma olhada nos outros artigos sobre ativos internacionais publicados em nosso blog

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Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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