Neste artigo, vamos ver um resumo das principais classes e subclasses do mercado cripto e quais são os principais ativos de cada uma delas: Narrativas do BTC, Finanças Descentralizadas (DeFi), Staking, Oráculos, DEX, RWA, NFTs, Metaverso, DePin, inteligência artificial, entre outros.
No mercado de ações, por exemplo, é possível separarmos os ativos por setores, como saúde, varejo, construção, serviços financeiros, entre outros. Em Fundos Imobiliários, por segmentos, como offices, logística, shoppings, papel e assim por diante.
No mercado de criptoativos, por outro lado, preferimos chamar essa diferenciação por “classes”, onde separamos a área mais ampla de atuação. Depois, dividimos por subclasses, para uma aplicação mais específica.
A ideia é que todos os ativos dentro de uma mesma classe tendem a se desempenhar de forma semelhante, assim como um mesmo setor do mercado de ações. Aqui, o diferencial de desempenho pode ocorrer devido ao nível de eficiência da sua aplicação.
Siga na leitura para aprender o que fazem os ativos dentro de cada uma das classes, além das vantagens e desvantagens de diversificar entre elas, e os riscos da estratégia.
O que são as classes do mercado cripto?
Imagine uma pessoa que se forma em engenharia. Além do popular “engenheiro civil de obra”, existem diversas outras atuações para a profissão, como especialista em fundações, engenheiro de cálculo estrutural, orçamentista, entre outros. Do mesmo modo que existem médicos especialistas, como clínico geral, ortopedista, pediatra, geriatra, entre outros.
Nesses exemplos, a profissão em si pode ser considerada uma classe e a especialização, uma subclasse. Essa é a ideia que apliquei para fazer a diferenciação das classes dos criptoativos.
Então, para facilitar o entendimento do conteúdo de hoje, vamos seguir um raciocínio evolutivo na complexidade dessas classes.
Quais são as classes dos criptoativos?
Vamos juntos conhecer algumas das classes e camadas dos criptoativos.
BTC
O BTC utiliza uma tecnologia chamada Blockchain, que nada mais é do que um banco de dados de transações. Nele, basicamente ficam registradas as carteiras e o número de moedas envolvidas em cada transação.
Para começar com a ideia base, conheça algumas narrativas pelas quais o BTC já passou:
Meios de pagamento
O primeiro bloco do blockchain do BTC foi criado em janeiro de 2009. Ele surgiu com o objetivo de ser utilizado para transações financeiras, mas a grande diferença em relação ao sistema tradicional é que o BTC não depende de um banco para realizar essa operação.
Por isso, de fato, o BTC surgiu com o objetivo de ser um dinheiro digital, mas um dinheiro do povo, que não sofre intervenção de um Banco Central e que não tenha a necessidade de um intermediário — como uma empresa ou um país específico.
Seguindo essa ideia, em 2010, o BTC já começou a ser considerado um meio de transferência de valor barato, para qualquer lugar do mundo, pois, independentemente do valor transferido, se pagava somente uma pequena taxa da rede, enquanto nos meios tradicionais se paga um percentual da operação, o que aumenta o custo para valores elevados.
Essa narrativa perdeu força em 2016, quando a rede do BTC começou a ganhar usuários e a congestionou, acarretando no aumento das taxas para níveis inesperados e inviabilizando transações financeiras de baixo valor.
Privacidade
Nesse meio tempo, a partir de 2011, o BTC também passou por sua fase mais obscura, lembrada por muitos até hoje. Ele começou a ser utilizado na dark web, a famosa internet para fins ilícitos.
Como a tecnologia ainda não era amplamente conhecida, acreditava-se que o BTC era anônimo e, por isso, os criminosos o utilizavam como forma de pagamento. Mas hoje em dia, a gente já sabe que o blockchain do BTC registra todas as operações para sempre e que é possível verificar essas operações para tentar rastrear seus proprietários. Por isso, essa narrativa caiu rapidamente a partir de 2014.
Por esse motivo, muitos políticos e famosos ainda teimam em falar que o BTC só é utilizado por criminosos, mas na verdade, eles não sabem do que estão falando. Atualmente, a principal moeda focada em privacidade é a Monero (XMR), porém, devido a essas características, muitas exchanges pararam de negociá-la.
Reserva de valor
A partir de 2014, iniciou a ideia do BTC ser o ouro digital, pois sua característica de número máximo de ativos começou a se popularizar, gerando alguma sensação de escassez.
Com isso, em 2015, o ativo chegou a ser considerado descorrelacionado ao mercado financeiro tradicional. A partir de 2016, a ideia de reserva de valor, iniciada pelo ouro digital, começou a ganhar força e se estende até o momento. Mas, com certeza, o BTC ainda está muito longe de ser parecido com o ouro, principalmente devido à sua volatilidade.
A partir de 2020, com a entrada do investidor institucional, o BTC passou a ser bastante correlacionado ao mercado financeiro tradicional, já podendo ser considerado uma nova classe de ativos, o mais arriscado de todos.
Graças ao blockchain, o Bitcoin se descentralizou pelo mundo todo e a partir dessa aplicação bem-sucedida dessa tecnologia, surgiram outros ativos com a mesma base.
Camadas (Layers)
Podemos considerar essa classe de criptoativo como a infraestrutura do mercado cripto. Semelhante às ruas, saneamento e rede elétrica de uma cidade, por exemplo. Isso porque elas não possuem uma funcionalidade específica e sim bem ampla. É a partir delas que surgem as diversas aplicações do mercado cripto.
Entenda:
Primeira camada/Layer 1
A primeira camada é a blockchain inicial, como a Ethereum (ETH), Binance Smart Chain (BNB), Solana (SOL), Cardano (ADA), Tron (TRX), entre outras.
A Ethereum foi a pioneira na inovação e nas novas aplicações para a blockchain. No entanto, poucos anos depois, o mercado percebeu que a rede da Ethereum não era tão escalável quanto o BTC. Alguns anos depois, também passou a não dar conta da demanda de transações, ficando congestionada.
Como quem dá o lance mais alto de taxa tem prioridade na transação, as taxas aumentam bastante em determinados momentos, chegando a ultrapassar os US$50, o que inviabiliza diversas aplicações.
Foi aí que surgiram concorrentes, como a BNB, a SOL e a ADA, que conseguiram reduzir bastante as taxas e sofrer menor oscilação no custo de transações mesmo com uma alta atividade em suas redes.
Então elas são melhores do que a Ethereum? Calma. Neste artigo, não estamos entrando nessa discussão. No momento, só queremos que você entenda o que são as primeiras camadas.
Mas para combater essa dificuldade da rede da Ethereum, surgiram outros projetos dispostos a ajudá-la na escalabilidade e, consequentemente, a combater esses seus concorrentes, que são as segundas camadas (Layer 2) da rede da Ethereum.
Segunda camada/Layer 2
Pensando em amenizar essa limitação, surgiram as blockchains “paralelas” à blockchain principal da ETH. Podemos considerar que elas conseguem amenizar as taxas da rede, pois sincronizam suas transações na blockchain principal apenas de tempos em tempos, após acumular um grande lote de transações. Isso dilui a taxa da rede principal entre diversos investidores.
Deste modo, esses projetos se beneficiam da segurança da rede principal e ainda conseguem processar essas transações fora da rede da Ethereum.
Assim surgiu a Polygon. Anos antes da Ethereum enfrentar efetivamente essa dificuldade, eles previram que isso ia acontecer no futuro e foram os primeiros a desenvolverem a segunda camada na rede focados em escalabilidade.
Entretanto, atualmente já temos diversos outros concorrentes de peso da Polygon — como Arbitrum, OP, Base, Starknet, Manta, Linea, entre outros. Com todos esses projetos auxiliando na escalabilidade da Ethereum, certamente ela ganha força para encarar seus principais concorrentes de Layer 1, principalmente com a Solana.
Camada zero/Layer Zero
Um modelo mais recente, que iniciou com o Polkadot (DOT), é a Layer Zero. O nome já nos traz a ideia de ser algo antes do blockchain (Layer 1).
Mas como assim? O que temos antes da criação da blockchain? Pois bem, foi exatamente essa a novidade. A DOT surgiu como um ponto de origem de diversas blockchains, já que é extremamente difícil criar uma blockchain descentralizada o suficiente para alcançar uma segurança elevada desde o início.
Quando algum projeto tenta criar sua própria blockchain, geralmente ela precisa iniciar com um nível de centralização bastante concentrado em poucos parceiros de extrema confiança e ir aumentando a descentralização aos poucos. Acontece que o mercado cripto gosta da ideia de descentralização e apenas uma promessa de que o projeto será descentralizado no futuro pode não ser suficiente para o sucesso.
A solução proposta pela DOT foi ser uma base de ferramentas que facilitam a criação de blockchains a partir dela. Por isso, além desses projetos se beneficiarem da segurança da Polkadot, também conseguem acelerar seu desenvolvimento. Por isso, quando se tem uma Layer Zero, essa etapa de descentralização e segurança da rede já está consolidada e não é mais uma preocupação. Esse é um modelo extremamente interessante para testar projetos de forma segura desde o início.
Inclusive, com essa estratégia, é possível criar blockchains com propósitos específicos e potencialmente mais eficientes, ao contrário do que temos na Ethereum e na Solana, por exemplo, que são blockchains com um uso mais generalista.
Depois do sucesso inicial da Polkadot (DOT), surgiram outros ativos com propostas semelhantes, como a Avalanche (AVAX) e a Cosmos (ATOM).
O que são Contratos Inteligentes?
De longe, a principal ferramenta utilizada pelas blockchains são os Smart Contracts (Contratos Inteligentes). Como o próprio nome já diz, são contratos digitais. A grande vantagem deles é que são códigos executados automaticamente após a entrada de algum dado.
Se você interage com algum projeto cripto, isso significa que você está de acordo com as “cláusulas” do contrato. Por isso, se você interagir com um contrato malicioso, é possível você aprovar o saque de todos ativos da sua carteira. Nesse caso, a culpa é sua de não ter lido o código daquele contrato.
Mas eu não sei programação, o que eu faço?
Simplesmente evite projetos novos ou muito pequenos. Ou seja, foque em utilizar os principais projetos do mercado, pois esses certamente já foram verificados por muitas pessoas.
Uma das principais aplicações dos contratos inteligentes é no mercado de Finanças Descentralizadas (DeFi), conforme vamos ver a seguir.
O que são Finanças Descentralizadas (DeFi)?
O BTC surgiu em 2009 com o objetivo de ser um meio de transferência de valor de pessoa para pessoa sem depender de um intermediário. Hoje, porém, sabemos que, devido ao aumento das taxas em momentos de alta demanda da rede, essa funcionalidade não é tão viável.
Por isso, atualmente temos uma segunda camada (Layer 2) na rede do BTC específica para esse propósito: a Lightning Network. Para utilizá-la, você precisa de uma “carteira quente” (hot wallet), compatível com a rede. Em seguida, você deposita uma quantia que pretende utilizar como meio de pagamento no dia a dia e, assim, você conseguirá utilizar o BTC como forma de pagamento rápida e barata.
É importante ressaltar que nesse tipo de carteira não se guardam os ativos para hold, pois a rede ainda pode ser considerada relativamente nova e tem um risco maior. Hoje em dia, contudo, as Finanças Descentralizadas são muito mais do que meios de pagamento, conforme veremos agora.
Staking
Uma das subclasses do DeFi é o chamado de “Staking”, que não tem uma tradução muito clara para o português, mas é possível considerarmos como “Participação”.
Nesse caso, podemos fazer uma analogia com a poupança ou renda fixa do mercado tradicional. Isso porque quando se coloca o ativo em Staking, o investidor ganha um pequeno rendimento. Atualmente, para a rede da Ethereum, esse rendimento está na casa dos 3,1% ao ano, enquanto o Staking de MATIC está na casa dos 4,2% ao ano.
Devido à volatilidade do mercado e às altas taxas de juros no Brasil, para nós certamente não é uma grande vantagem — enquanto para o japonês, que teve taxa de juros negativa, até pode ser interessante.
Se mesmo assim você se interessar, pode realizar o processo de Staking tanto de ETH quanto de MATIC facilmente pelo site lido.fi. Fazendo isso, você se junta a um grupo de validadores e colabora para o aumento da segurança da rede.
Perceba que, diferente do BTC, aqui eu não falei em “Mineração” (Proof of Work – PoW) e sim em “Validação” (Proof of Stake – PoS). A diferença é que, no PoS, quem valida a transação é escolhido por meio de sorteio e, por isso, quem tem mais ativos em Staking, tem maiores chances de ser sorteado e recompensado pela validação das transações.
A Lido é, de longe, o maior projeto que facilita o acesso a essa estratégia, mas temos diversos outros projetos nessa classe, conforme a imagem abaixo.
Maiores projetos de Staking:
Fonte: CoinMarketCap
Restaking
Colocando seu ETH em Staking na Lido, você receberá um token em troca, equivalente a um “comprovante do seu Staking”, chamado de stETH (Staked Ether). Então, se você colocar 0,1 ETH em Staking, você receberá de volta 0,1 stETH, que deve ser utilizado para sacar de volta seu ETH que foi investido.
Acontece que, por ser um ativo “lastreado” no ETH, ele também possui valor, e por isso, esse stETH pode ser alocado em outro projeto, como na EigenLayer — e assim obter mais um rendimento de 3% ao ano.
Note que, no final das contas, com apenas 0,1 ETH, você consegue realizar o Staking de 0,1 ETH — mais o Restaking de 0,1 stETH, seria como se você tivesse feito o Staking de 0,2 ETH.
Essa estratégia é chamada de re-staking, justamente porque você consegue fazer o Staking duas vezes e obter um rendimento total extra de mais de 6% ao ano.
Mas não se anime muito. Afinal, isso é quase como uma alavancagem. Claro que o re-staking possui um risco muito maior do que simplesmente realizar o staking, pois você acaba investindo seu stETH em projetos menores e, se você perder o stETH, não conseguirá mais resgatar seu ETH do Staking.
Para você ter uma noção, o maior projeto dessa subclasse é a Pendle, o 95º maior criptoativo. Depois só a Altlayer, em 189º. Projetos pequenos e com risco significativo, por isso, um rendimento extra de 3% pode não ser um benefício suficiente.
Confira quais são os maiores projetos de re-staking:
Fonte: CoinMarketCap
O que são oráculos?
Essa é uma peça fundamental para o mercado de Finanças Descentralizadas. A primeira informação que devemos entender é que a cotação do ativo não está registrada no blockchain: lá só ficam registradas as carteiras que interagiram e o número de ativos de cada transação. A negociação dos ativos é feita no mundo real, fora do digital.
É aqui que entram os oráculos. Eles coletam esses dados do “mundo real” e os levam ao blockchain. Para isso, eles possuem diversos parceiros que fornecem esses dados e tiram uma média. Descentralizando a fonte de origem do dado, eles conseguem evitar a manipulação desses dados caso alguém tente se beneficiar de uma informação falsa.
Confira os maiores projetos de oráculos:
Fonte: Defillama
O maior projeto atualmente dessa classe é a Chainlink (LINK), que, além de ser a pioneira, é líder isolada na qualidade de dados, na variedade de informações e de protocolos parceiros do mundo cripto. Outro projeto que vem crescendo bastante nos últimos anos e, com certeza, vale a pena acompanharmos, é a Pyth Network, que inclusive já é compatível com mais blockchains do que a Chainlink.
Além da cotação dos ativos em diversas exchanges, também podem trazer os mais diversos dados do mundo real para o blockchain, como previsão do tempo, resultado das eleições, entre outros. Também é possível fazer o inverso: levar os dados do blockchain para empresas do mercado financeiro tradicional.
Empréstimos no mercado cripto
Depois de coletar as cotações dos ativos pelos oráculos, começamos as aplicações no mercado cripto efetivamente. Uma das ferramentas financeiras básicas é o empréstimo com garantia.
Trazendo essa ideia do mundo real, imagine que você tem um imóvel e não quer se desfazer dele. Para isso, você pode pegar um dinheiro emprestado com o banco e deixar seu imóvel como garantia, pois desse modo, as taxas de empréstimos são muito mais atrativas.
O mesmo se aplica ao BTC. Sabendo que ele pode se valorizar até o ano que vem, você não quer se desfazer dele. Por isso, você pode colocá-lo como garantia e pegar uma stablecoin de dólar para investir em outros projetos de DeFi e, assim como no Staking, conseguir um rendimento extra.
Os dois maiores projetos de empréstimos são, atualmente, a Maker (MKR) e a Aave (AAVE). Aqui, vale o mesmo raciocínio, quanto menor o projeto, maior o risco de você operar por eles.
Veja quais são os maiores projetos de empréstimos:
Fonte: CoinMarketCap
Essa estratégia pode ser interessante, pois você pode tanto disponibilizar seu ativo para ser emprestado e receber taxas, quanto pegar emprestado, já que as taxas são relativamente baixas, ficando grande parte abaixo dos 3% ao ano.
O que são Exchanges Descentralizadas (DEX)?
Outra aplicação que utiliza a cotação dos criptoativos são as exchanges descentralizadas (DEX). Por meio delas, você realiza a operação de compra e de venda sem depender de uma exchange centralizada (CEX), pois a negociação é feita diretamente por meio de um contrato inteligente.
Você consegue, por exemplo, vender seu ETH pela stablecoin de dólar USDT diretamente pela Metamask. Muitas vezes essa conversão direta na carteira pode ser mais interessante do que enviar de volta para a exchange, pois a taxa de saque das exchanges pode ser bastante elevada e ainda precisa-se acrescentar a taxa de corretagem ao custo operacional.
Por serem operações relativamente fáceis e repetitivas, podem ser executadas com eficiência por um contrato inteligente de forma totalmente autônoma, sem depender de uma empresa para intermediar a transação.
Observe o volume de transações nas DEX:
Fonte: TheBlock
A maior DEX sempre foi, de longe, a Uniswap (UNI), e ainda acreditamos que continuará sendo por bastante tempo. Em nossa opinião, esse será o modelo de negócio do futuro para o mercado cripto e somente os investidores institucionais devem permanecer nas Exchanges Centralizadas (CEX) no futuro distante, por questões de segurança jurídica e regulatória.
Real World Assets (RWA)
Uma classe que vem ganhando bastante popularidade ultimamente é a dos Ativos do Mundo Real (RWA), que, como o próprio nome já sugere, são ativos reais que servem como lastro para a criação de ativos digitais, chamados de tokens.
Podemos começar com os exemplos da maior exchange brasileira, o Mercado Bitcoin, que possui diversos tokens de renda fixa digital, como os de energia, consórcios, precatórios e recebíveis. Aqui, o risco não está no mercado cripto, mas sim no risco de crédito, sendo necessária uma análise semelhante à da renda fixa.
Além disso, com a digitalização desses ativos, o MB consegue aumentar a liquidez em determinados mercados, como o de precatórios, um modelo no qual praticamente só é negociado por meio de escritórios de advocacia. A tokenização desses ativos evita boa parte dessa burocracia e, consequentemente, facilita a sua negociação no mercado secundário.
Sem contar que por ser um ativo digital, o investimento segue tendo isenção de imposto para alienações de até R$35 mil por mês.
Mundo afora, já temos outras aplicações como tokens do Tesouro Americano, fundos tokenizados equivalentes a uma carteira de criptoativos e até mesmo é possível considerar uma Stablecoin, como USDT e USDC, um RWA de um mix de ativos reais.
Veja os maiores projetos de RWA:
Fonte: CoinMarketCap
A Avalanche está bem focada nas parcerias com os grandes bancos tradicionais para se tornar a Layer Zero para criação de blockchains específicas para a digitalização dos ativos financeiros tradicionais.
Já a Chainlink, não tem tanto esse foco, ela possui um uso mais amplo, mas recentemente finalizou um projeto-piloto com a Depository Trust and Clearing Corporation (DTCC) para fornecer dados do mercado para a tokenização de fundos, juntamente com o JP Morgan e BNY Mellon.
O que são os Non Fungible Tokens (NFTs)?
Os “tokens não fungíveis” são ativos únicos que se popularizaram com os macacos da coleção dos Bored Apes, comprados por famosos ao redor do mundo, como Neymar.
Esse formato trouxe a ideia básica para o mercado, que é a de comunidade, ou seja, pertencer a um grupo exclusivo de pessoas e, quem sabe, ter acesso a elas em eventos presenciais. De fato, eles se desvalorizaram bastante, mas essa ideia se mostrou simples demais para se sustentar.
A verdade é que hoje os NFTs são muito mais do que simples imagens.
Marketplaces de NFTs
Assim como uma loja virtual de varejo, também temos as lojas de NFTs, que atuam no mercado secundário e são ambientes onde você pode vender facilmente seu ativo digital diretamente para outra pessoa, pagando taxas mínimas para a plataforma.
Alguns dos principais exemplos de marketplaces de NFT hoje são: Opensea, Blur (BLUR) e Immutable X (IMX). Comprando o criptoativo dessas plataformas, você passa a se beneficiar do crescimento delas, semelhante ao que temos no mercado de ações.
Por meio da Blur, por exemplo, também é possível colocar seu NFT como garantia de empréstimo. Essa estratégia é interessante para quem não quer desfazer do seu ativo e ainda consegue obter 75% do valor de mercado do ativo em stablecoins, que podem ser colocadas em plataformas de DeFi para obter um rendimento extra, como comentamos anteriormente.
Jogos de NFTs
Uma das principais aplicações dos NFTs hoje em dia são os jogos. Aqui, a principal vantagem da aplicação é a propriedade digital, que permite vender seu bem depois de decidir parar de jogar, recuperando seu dinheiro ou até mesmo lucrando ao vender um item raro.
Esse é um mercado que tende a crescer rapidamente, pois possui um potencial de viralizar pelo mundo todo, assim como aconteceu com o Axie Infinity (AXS) em 2021. Por isso, é interessante ter exposição a esse mercado e estar preparado caso aconteça.
Aqui, você pode investir tanto no projeto final, como o AXS, quanto em plataformas que auxiliam a produção de jogos e fornecem a infraestrutura para eles, como a Enjin (ENJ).
Investindo na Enjin, você não depende de um jogo específico, já que ela é uma plataforma de criação, o que significa que, um ou outro jogo do seu ecossistema venha a falhar, é possível criar outros projetos no futuro, tornando-a mais resiliente e com um risco menor do que investir em um único jogo especificamente.
Metaverso
Pode parecer bizarro ver pessoas com óculos de realidade aumentada andando por aí atualmente. Confesso que até mesmo para o trabalho, com diversas telas flutuantes, ainda não faz muito sentido para mim. Já temos também alguns óculos mais semelhantes aos tradicionais, que fornecem uma tradução simultânea de outra língua diretamente na lente dos óculos.
A realidade aumentada é uma mistura do mundo real com o mundo virtual. Já o Metaverso é, de fato, um espaço 100% virtual. Diferente do que tínhamos nos jogos de antigamente, aqui também entra a ideia de bens digitais (NFTs), como um terreno, casa ou carro. Quanto mais raro o bem, mais valioso ele é.
Existem diversos filmes futuristas indicando que, no futuro, nossos bens virtuais serão mais importantes do que os reais, mas certamente ainda estamos muito longe disso acontecer.
Como alguns projetos de NFTs não possuem um token próprio, neste tema, fiz um compilado geral dos maiores projetos de NTFs independentemente de suas subclasses.
Fonte: CryptoSlate
A ideia mais ampla da aplicação dos NTFs é que tudo que seja de uso único possa se tornar um NFT.
Por isso, além de meras imagens e de propriedade digital, temos muitas outras possibilidades de aplicações, como ticket de estádios e shows, carteirinha de vacinação, títulos de clubes e, quem sabe no futuro, até mesmo um documento de identidade mundial ou um passaporte.
Por ainda ser um modelo sem uma aplicação de grande sucesso, certamente é um mercado de extremo risco. Além disso, quanto menor o projeto, certamente maior o risco de falha. Portanto, não invista no ativo final, invista em opções mais flexíveis, como nos marketplaces, pois não dependem de um projeto específico.
O que são Decentralized Physical Infrastructure (DePin)?
Nesta classificação, entram os projetos que misturam estrutura física e digital. Embasados em blockchain, formam uma rede com o propósito de descentralizar diversos serviços que conhecemos atualmente e que são dominados pelas grandes empresas de tecnologia.
Conheça alguns projetos de DePin:
Fonte: https://iotex.io/blog/depin-landscape-map/
Os projetos destacados pela zona verde dependem de aparelhos específicos, enquanto a zona rosa destaca os de uso misto; e a zona azul diz respeito aos que são predominantemente digitais.
Cada uma delas pode ser dividida em diversas subclasses. Na zona verde temos subclasses como energia, geolocalização, casas inteligentes, mobilidade, wireless, bluetooth, 5g, entre outros. Já no digital, temos força computacional, armazenamento na nuvem, Inteligência Artificial, dados, pesquisa, VPN, entre outros. Vamos falar um pouco sobre algumas delas.
Máquina virtual e armazenamento na nuvem
Vamos tomar como exemplo as máquinas virtuais dos servidores da Amazon, onde você consegue alugar um computador para ficar funcionando 24h por dia. Hoje, já temos um formato descentralizado do produto.
Nesse exato momento, provavelmente você não está utilizando toda força computacional do seu processador, por isso, você poderia disponibilizar essa força computacional que não está sendo utilizada para uma rede de computadores mundial. Esse supercomputador poderia ser alugado por alguém para realizar uma pesquisa, por exemplo, que, claro, pagaria pelo tempo de uso.
A diferença é que quem disponibiliza a força computacional recebe parte desse pagamento, por isso não é um produto de uma empresa de tecnologia específica — e sim dos colaboradores da rede espalhados mundialmente.
Essa mesma ideia pode ser aplicada para o armazenamento na nuvem, como o Google Drive, Dropbox, iCloud, entre outros casos. Quem tiver algum espaço ocioso no computador, pode disponibilizá-lo para uma rede de armazenamento global. O pagamento será por esse “aluguel” de espaço.
Inteligência Artificial (IA)
Agora imagine que temos um computador mundial e que ele tem acesso a um banco de dados também armazenado e alimentado mundialmente. Aplique nesse sistema uma Inteligência Artificial. Pronto, temos uma super IA.
Por isso, muitos projetos de dados, como a The Graph (GRT) e a Filecoin (FIL), estão se beneficiando desse hype da Inteligência Artificial, mesmo não sendo esse o foco de origem delas.
A classe de IA foi uma das primeiras a decolar nesse ciclo, mas será que terá fôlego para manter o ritmo até o final da temporada de alta? Eu, pessoalmente, acho difícil; no máximo, deve acompanhar o mercado a partir de agora.
Aqui, aproveito para lançar uma reflexão. Ainda não sabemos exatamente qual será a usabilidade principal do BTC, muito menos de cada uma dessas classes mencionadas neste relatório. Muitas outras usabilidades surgirão no futuro e, por isso, precisamos estar sempre nos atualizando – este é um mercado extremamente dinâmico. Por outro lado, ideias que parecem inovadoras hoje podem fracassar em um futuro próximo com o surgimento de uma ideia ainda melhor .
Internet, Wifi, 5g, Bluetooth e IoT
É possível, inclusive, você fornecer parte da sua internet que você não está utilizando: basta instalar uma extensão no seu navegador de um projeto chamado Grass. Ele fornecerá automaticamente a banda da sua internet disponível para uma rede global. Esse é um modelo bastante interessante para o Brasil, pois aqui não temos a cultura de limite de dados na internet fixa.
Consequentemente, também conseguimos propagar a internet por Wifi e até mesmo propagar o sinal de 5G ou Bluetooth. A descentralização de todas essas redes pode colaborar para o crescimento do setor de Internet das Coisas (IoT).
Confira alguns dos maiores projetos de DePin:
Fonte: CoinMarketCap
Porém, como não entendo profundamente de tecnologia, ainda sou bem cauteloso, principalmente com as diversas redes de dados, pois sei que as informações retransmitidas podem ser consultadas por esses aparelhos ou até mesmo abrir alguma brecha de acesso ao meu computador.
De qualquer forma, certamente a descentralização desses diversos serviços, dominados pelas grandes empresas de tecnologia, possui um potencial enorme de crescimento nos próximos anos.
Entusiasta Cripto
Conforme comentei, a demanda do mercado pela Inteligência Artificial já passou por uma forte valorização, o que aumenta um pouco o risco. Foi a primeira classe a se desempenhar bem justamente por ser um tema do momento.
Um dos principais setores que vejo ganhando bastante mercado atualmente é o de Staking. Primeiro, devido aos Airdrops, que provocaram uma corrida para fazer o staking e o re-staking em diversos projetos.
A narrativa dos RWAs também ganhou bastante força com a entrada do investidor institucional e também por ser relativamente nova.Uma subclasse que considero um pouco mais arriscada seria a de jogos. Primeiramente, porque são pouquíssimos jogos que, de fato, fazem sucesso e, segundo lugar, porque a euforia de alta do mercado de NFTs como um todo passa muito rápido, sendo muito difícil acertar o tempo de saída. No entanto, por ser um mercado viral, a chance de algum projeto ter sucesso é significativa.Lembre-se que, aqui no mercado cripto, a diversificação não diminui o seu risco, visto que o BTC é o ativo mais confiável de todos — e quanto mais você sai dele para investir nos outros ativos, maior é o risco da sua carteira.