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Fundos Imobiliários de Tijolo recompõem a inflação?

Quando falamos de Fundos Imobiliários de Tijolo, muitas pessoas acreditam que esses ativos tendem a acompanhar, ou até superar, a inflação ao longo do tempo. A lógica é que, como os imóveis se valorizam, o patrimônio do fundo deve crescer de forma semelhante ao aumento dos preços. 

No entanto, uma análise simplista da cota patrimonial pode levar a conclusões equivocadas. Neste artigo, vamos explorar como avaliar se um Fundo Imobiliário de Tijolo realmente recompõe a inflação, ajudando tanto iniciantes quanto investidores mais experientes a entender melhor esse tipo de investimento.

O que é a cota patrimonial?

A cota patrimonial de um Fundo Imobiliário é o valor que cada cota representa em relação ao patrimônio líquido total do fundo

Esse patrimônio é composto pelo valor dos imóveis, caixa, contas a pagar e a receber. Por exemplo, se um fundo tem R$100 milhões em imóveis, R$11 milhões em caixa e R$1 milhão em contas a pagar, seu patrimônio líquido será de R$110 milhões. Se esse fundo tiver 1 milhão de cotas emitidas, o valor patrimonial por cota será de R$110.

Agora, imagine que, ao longo de dois anos, a cota patrimonial passou de R$110 para R$111. Isso representa uma valorização de apenas 0,91%, enquanto a inflação no mesmo período foi de 14,5%. Essa análise superficial pode sugerir que o fundo não recompôs a inflação, mas será que essa conclusão está correta?

Cota patrimonial vs. dividendos extraordinários

Analisar apenas a cota patrimonial não revela o quadro completo. Isso ocorre porque muitos Fundos Imobiliários de Tijolo distribuem dividendos que não provêm apenas dos aluguéis, mas também da valorização imobiliária. Esses dividendos extraordinários são o resultado do lucro obtido com a venda de imóveis.

Por exemplo, imagine que um fundo compre um imóvel por R$100 milhões e, após uma reavaliação, esse imóvel seja valorizado para R$120 milhões. Se o fundo vender o imóvel, o lucro de R$20 milhões deve ser distribuído aos cotistas, conforme a legislação que obriga a distribuição de 95% dos lucros. Esse valor distribuído não fica refletido na cota patrimonial, mas é um componente fundamental do retorno total do investidor.

Portanto, ao observar que a cota patrimonial foi de R$110 para R$111, você pode pensar que o fundo teve uma valorização baixa. No entanto, se levarmos em conta os R$19 por cota distribuídos como dividendos extraordinários, o valor total recebido pelo investidor seria de R$130 — uma valorização real de 18,18%, superior à inflação de 14,5% no período.

Como avaliar a valorização dos Fundos de Tijolo?

Para avaliar corretamente a valorização dos Fundos Imobiliários de Tijolo, é essencial considerar tanto a evolução da cota patrimonial, quanto os dividendos extraordinários provenientes da venda de imóveis. 

Abaixo estão alguns passos básicos para uma análise mais precisa:

  1. Acompanhe a cota patrimonial

Monitore a cota patrimonial ao longo do tempo, mas não baseie suas decisões apenas nessa métrica.

  1. Considere os dividendos extraordinários

Analise os relatórios gerenciais dos fundos e identifique os dividendos distribuídos como resultado da valorização imobiliária. Esses valores devem ser somados à valorização da cota para obter uma visão completa do desempenho do fundo.

  1. Exclua dividendos de aluguéis

Para avaliar a valorização do imóvel, exclua os dividendos recorrentes dos aluguéis. Em vez disso, foque nos valores distribuídos em decorrência de lucros imobiliários.

  1. Considere a gestão ativa

Alguns fundos têm uma gestão ativa, comprando e vendendo imóveis ao longo do tempo. A valorização patrimonial pode não ser imediatamente refletida na cota, mas nos dividendos extraordinários após as vendas.

  1. Analise o histórico de distribuição de dividendos

Verifique se o fundo possui um histórico consistente de dividendos extraordinários. Um fundo que regularmente distribui lucros provenientes da venda de imóveis demonstra que está conseguindo gerar valor para os investidores de forma sustentável, mesmo em momentos de menor valorização da cota patrimonial.

Quais são as metodologias de avaliação de imóveis?

Os Fundos Imobiliários de Tijolo precisam realizar uma reavaliação dos imóveis pelo menos uma vez ao ano. Esse processo é feito por empresas especializadas e independentes, e pode utilizar diferentes metodologias: método comparativo, custo de reposição e fluxo de caixa descontado.

Entenda cada uma delas a seguir.

Método comparativo

Compara o valor do imóvel com outros semelhantes na mesma região. Essa metodologia é útil para avaliar imóveis em áreas onde existem transações constantes, permitindo uma análise mais realista do valor de mercado.

Custo de reposição

Calcula quanto custaria construir novamente o imóvel, incluindo o custo do terreno. Esse método é muito utilizado para edifícios comerciais e industriais, em que o valor de reposição representa uma boa estimativa do valor de mercado.

Fluxo de caixa descontado

Projeta o fluxo de caixa futuro gerado pelo imóvel e traz o valor a preço presente, considerando uma taxa de desconto. Esse método é indicado para avaliar imóveis que geram renda constante, como shoppings e prédios de escritórios.

Além dessas metodologias, é importante que o investidor acompanhe o contexto econômico e o comportamento do setor imobiliário. A valorização dos imóveis está ligada não só à gestão dos fundos, mas também ao ambiente macroeconômico, como a taxa de juros, inflação e crescimento econômico. 

Entender essas variáveis pode ajudar o investidor a prever como o valor dos imóveis e, consequentemente, das cotas do fundo, pode se comportar ao longo do tempo.

Por que a análise tradicional de um imóvel pode ser equivocada?

Quando um gestor vende um imóvel com lucro, boa parte desse valor é distribuída aos cotistas. Como resultado, a cota patrimonial do fundo pode não aumentar de forma significativa, mesmo que o fundo tenha gerado lucros expressivos com a valorização dos imóveis. Ignorar os dividendos extraordinários pode levar à falsa conclusão de que o fundo não recompõe a inflação.

Outro ponto a ser considerado é que a cota patrimonial reflete o valor contábil dos imóveis, que pode não acompanhar o valor de mercado em determinadas situações. 

Por exemplo, em períodos de alta volatilidade ou de crescimento acelerado da economia, os imóveis podem se valorizar de forma mais rápida do que o registrado na cota patrimonial. Por isso, é fundamental considerar os dividendos e a gestão do portfólio como parte da análise do desempenho do fundo.

Além disso, a gestão ativa e a capacidade de identificar oportunidades de compra e venda no mercado imobiliário são fatores que podem trazer retornos adicionais aos investidores, que não ficam necessariamente evidentes na cota patrimonial. Uma boa gestão pode identificar imóveis subvalorizados ou oportunidades de venda com ganho significativo, o que contribui para um retorno total maior, ainda que a cota patrimonial não reflita diretamente essa valorização.

Por que é importante analisar dividendos não recorrentes?

A chave para entender se um Fundo de Tijolo está recompensando a inflação é identificar e separar os dividendos não recorrentes dos dividendos de aluguéis. Isso exige uma análise detalhada dos relatórios financeiros, revisando os dividendos distribuídos ao longo do tempo e classificando corretamente suas origens. Quando um fundo vende um imóvel com lucro e distribui esse valor como dividendo, ele deve ser considerado na avaliação da valorização do portfólio.

Além disso, é importante observar como o fundo gerencia seus ativos ao longo do tempo. Fundos que têm uma boa estratégia de compra e venda de imóveis podem aumentar significativamente o valor distribuído aos cotistas, o que compensa a falta de valorização na cota patrimonial. 

Essa estratégia é especialmente relevante em períodos de maior volatilidade ou de mudanças nas condições de mercado, que podem impactar o valor contábil dos imóveis.

Investidores devem também considerar a frequência e o montante dos dividendos não recorrentes. Um fundo que distribui dividendos não recorrentes de forma consistente ao longo dos anos está conseguindo agregar valor ao portfólio, mesmo que a cota patrimonial aparente pouca variação. Isso demonstra que o fundo está ativo na gestão de seu portfólio, vendendo ativos no momento certo e aproveitando oportunidades de mercado.

Os Fundos de Tijolo recompõem a inflação?

A resposta é: depende de como você analisa. Se você se basear apenas na cota patrimonial, pode parecer que o Fundo de Tijolo não está recompensando a inflação. No entanto, ao considerar os dividendos extraordinários resultantes da valorização dos imóveis, fica claro que esses fundos podem sim superar a inflação.

Portanto, a análise correta de um Fundo Imobiliário de Tijolo requer uma abordagem mais ampla, que inclua tanto a valorização da cota quanto os dividendos distribuídos ao longo do tempo. Avaliar apenas um dos componentes pode levar a uma visão distorcida do verdadeiro desempenho do fundo.

Investidores que desejam entender se estão protegendo seu patrimônio contra a inflação devem considerar todos os aspectos mencionados, incluindo a gestão ativa do portfólio e a distribuição de dividendos não recorrentes. Assim, é possível ter uma visão mais clara e precisa sobre o desempenho real dos fundos imobiliários de tijolo e seu potencial de valorização no longo prazo.

Continue aprendendo sobre Fundos Imobiliários de Tijolo com a Finclass

Depois dessa leitura, você certamente sairá daqui entendendo melhor como saber se um Fundo de Tijolo realmente recompõe a inflação e de que forma é possível fazer uma análise mais acertada e cuidadosa antes de investir.

No entanto, a gente sabe que, para que você se torne um investidor mais inteligente, vale a pena tirar um tempo para continuar aprendendo sobre o assunto. Topa? Então, dá uma olhada na Finclass Fundos Imobiliários: Setor de Tijolos, com Ricardo Figueiredo. E mais: além deste, a plataforma ainda conta com mais de 70 conteúdos sobre educação financeira, investimentos e finanças.

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Perguntas frequentes sobre Fundos de Tijolo e inflação

Não saia daqui com dúvidas: entenda algumas das perguntas mais frequentes sobre a relação entre Fundos de Tijolo e inflação.

  1. O que é a cota patrimonial de um Fundo Imobiliário?

A cota patrimonial é o valor que cada cota do fundo representa em relação ao patrimônio líquido total do fundo.

  1. Fundos de tijolo sempre recompõem a inflação?

Nem sempre. É preciso considerar não apenas a cota patrimonial, mas também os dividendos extraordinários distribuídos com base na valorização dos imóveis.

  1. Como os imóveis dos fundos são avaliados?

Os imóveis dos fundos são avaliados ao menos uma vez por ano por empresas independentes, que utilizam metodologias como comparação de mercado, custo de reposição e fluxo de caixa descontado.

  1. O que são dividendos extraordinários?

Dividendos extraordinários são valores distribuídos aos cotistas decorrentes da venda de imóveis com lucro e não dos aluguéis regulares.

  1. Como saber se um fundo está valorizando acima da inflação?

Para avaliar se um fundo está valorizando acima da inflação, é necessário somar à cota patrimonial os dividendos extraordinários provenientes da venda de imóveis. Isso permitirá uma análise mais completa da valorização do fundo.

  1. Os dividendos de aluguéis influenciam na valorização do imóvel?

Não diretamente. Para avaliar a valorização do imóvel em si, é preciso separar os dividendos de aluguéis dos dividendos oriundos da venda de imóveis.

Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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