“Para quem não sabe aonde ir, qualquer caminho serve”. Essa é uma fala do Gato de Cheshire, também conhecido como Gato Risonho, na obra literária “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll.
A citação se aplica em diversos contextos e, claramente, no financeiro não seria diferente. Sempre me perguntam: “Quanto poupar e investir por mês? Por quanto tempo investir? Onde devo aplicar o meu dinheiro?”
Respondo com outra pergunta: “Aonde você quer chegar?”
Você poderia entender como: “Quais seus objetivos financeiros no futuro e em quanto tempo os quer atingir?”
A frase do livro, carregada de sabedoria, traduz a importância de ter um plano claro, especialmente quando se trata de algo tão essencial quanto a nossa vida financeira. Afinal, sem uma direção definida, é fácil perder-se em meio às inúmeras opções e incertezas do futuro, deixando a construção de uma vida tranquila para depois – o que pode custar muito, mas muito caro adiante.
Construir um plano financeiro para o futuro é mais do que simplesmente poupar; é estabelecer uma rota detalhada para chegar a um destino específico: a tranquilidade financeira.
Sem essa rota, os riscos aumentam de maneira drástica. Em vez de escolher com propósito e critério, você pode investir de maneira esporádica, sem uma estratégia clara, e correr o risco de não ter o suficiente para cobrir suas necessidades; afinal, para quem não sabe aonde ir, qualquer caminho serve, certo?
Não na questão financeira.
O fato de não definir um objetivo claro e traçar uma rota para chegar lá com certeza te frustrará no futuro.
A aposentadoria, em sua essência, é o tempo de colher o que foi semeado ao longo de anos — e um bom planejamento ajuda a assegurar que a colheita seja abundante e duradoura.
Assim como em uma viagem, no planejamento para a aposentadoria, é importante definir o que se quer alcançar – em termos de estilo de vida, despesas e expectativas. A partir daí, o plano ajuda a traçar uma rota sólida, orientando as escolhas de aportes e investimentos. Quanto mais cedo começar, maior é o poder dos juros compostos, que impulsionam o crescimento do patrimônio, além da possibilidade de ajustar o plano ao longo do tempo, conforme as metas ou as circunstâncias mudarem – o que é completamente normal e, na verdade, provável.
Qual é a importância de fazer um plano financeiro?
Sem um plano financeiro, você pode depender unicamente de benefícios governamentais ou de outras fontes de renda, que, talvez, não sejam suficientes para garantir um padrão de vida confortável, ou o que você almeja no futuro.
Em contrapartida, com um plano bem estruturado, você tem autonomia para decidir sobre quando e como parar de trabalhar, com a confiança de que estará preparado para enfrentar os imprevistos e as despesas que possam surgir.
Portanto, construir um bom plano financeiro é garantir que você esteja no controle de seu futuro, caminhando em direção a um destino bem definido. Com ele, cada passo dado hoje o leva mais próximo de uma aposentadoria segura, ao invés de confiar que um caminho qualquer o levará até lá.
Imagino que talvez tudo isso já esteja claro em sua mente, mas colocar em prática ainda seja um pouco complicado — afinal, exige alguns passos que envolvem contas e, por mais que você mande bem em matemática, talvez ainda se sinta um pouco perdido sobre por onde começar.
Antes, preciso te dizer que preparei uma planilha nova e simples, para que você consiga cumprir todas as etapas que eu vou listar abaixo em poucos minutos.
Vamos juntos descobrir como elaborar um bom planejamento para sua independência financeira?
Passo a passo para atingir a independência financeira
Para finalmente alcançar a independência e a tranquilidade financeira, as etapas a serem seguidas são:
- Definir o padrão de vida desejado para a aposentadoria e calcular seu custo atual;
- Estabelecer o prazo para alcançar a liberdade financeira com o padrão de vida desejado;
- Ajustar o valor do padrão de vida desejado pela taxa de inflação;
- Calcular o patrimônio necessário para a aposentadoria, multiplicando o valor mensal estimado por 150;
- Calcular o valor necessário de poupança e investimento mensal para alcançar o patrimônio desejado.
Vem comigo entender em detalhes e de forma simples o que fazer em cada um deles.
1 – Definir o padrão de vida desejado para a aposentadoria e calcular seu custo atual
Para colocar esse passo em prática, comece refletindo sobre o tipo de vida que gostaria de levar. Imagine, por exemplo, que você deseja viajar anualmente, manter um imóvel próprio, ter um plano de saúde mais robusto ou até reservar uma quantia para hobbies específicos. Com base nesses desejos, faça uma estimativa de quanto cada item custa hoje.
Nessa etapa, considere o seguinte:
- Viagens: se deseja fazer uma viagem internacional por ano, calcule os gastos médios, incluindo passagens, hospedagem e alimentação;
- Moradia: se planeja ter uma casa própria, projete os custos de manutenção e condomínio;
- Saúde: avalie planos de saúde e uma reserva para imprevistos;
- Alimentação: entenda o quanto pretende gastar com alimentação dentro de casa ao longo do tempo;
- Lazer: defina o quanto destinaria para restaurantes, cinemas, teatros, parques e outras opções de entretenimento do dia a dia.
Totalize esses valores para ter uma noção clara de quanto esse padrão de vida custaria hoje. Isso serve como base para calcular o montante necessário e ajustar o plano ao longo do tempo. Vamos criar um exemplo básico com números para te ajudar a visualizar!
Exemplo de cálculo de padrão de vida
Imagine que, ao se aposentar, você deseja fazer uma viagem internacional por ano, morar em um imóvel próprio, ter um plano de saúde robusto, manter um bom padrão de alimentação e reservar um valor para atividades de lazer. Com isso em mente, vamos estimar os custos anuais desses itens aos valores de hoje:
- Viagens anuais: R$15.000 (cobrindo passagens, hospedagem e alimentação para uma viagem por ano);
- Despesas de moradia: R$6.000 por mês, totalizando R$72.000 por ano (incluindo manutenção, condomínio e contas básicas de um imóvel);
- Plano de saúde: R$1.500 por mês, totalizando R$18.000 por ano;
- Alimentação: R$3.000 por mês, totalizando R$36.000 por ano;
- Lazer e outros: R$9.000 por ano (para atividades recreativas e hobbies).
Portanto, o custo anual estimado para manter o padrão de vida desejado na aposentadoria é de R$150.000 aos valores de hoje — o que significa um custo de R$12.000 por mês.
Esse montante fornece uma base para projetar o quanto você precisará acumular para sustentar esse estilo de vida, considerando o tempo previsto para a aposentadoria e a expectativa de quantos anos pretende viver após parar de trabalhar.
“Gui, mas eu não sei qual padrão de vida eu gostaria de ter”.
Lembre-se da frase do Gato de Alice: “Para quem não sabe o que quer, qualquer caminho serve”. O pior é que, no caso das finanças, seguir sem uma rota te levará para um destino nada agradável.
Pense um pouco sobre isso e faça as contas de quanto o padrão de vida desejado iria custar atualmente, sabendo que isso pode se alterar ao longo do tempo — o que é normal, afinal mais filhos podem surgir, novos hábitos podem ser criados e os planos podem mudar, o que significa que o valor almejado pode aumentar ou diminuir. Apesar disso, é importante traçar uma rota inicial.
Essa etapa está totalmente sob o seu controle e eu não consigo te ajudar com isso, mas o bom é que ela é uma etapa relativamente simples. Vamos para a próxima!
2 – Estabelecer o prazo para alcançar a liberdade financeira com o padrão de vida desejado
Definir em quanto tempo você quer atingir essa liberdade é essencial, pois influencia diretamente o plano de aportes e a estratégia de investimentos.
Esse prazo depende da idade em que deseja se aposentar, ou simplesmente alcançar a liberdade financeira. Por exemplo, se você pretende alcançar esse objetivo em 20 anos, o plano será bem diferente de alguém que tem 10 ou 30 anos para construir o mesmo patrimônio.
Vale ressaltar que, quanto menor o tempo para chegar lá, maior deverá ser o esforço em termos de aportes, ou seja, maior deverá ser a quantia que você poupa e investe recorrentemente.
É importante eu ressaltar que esses são os únicos dois passos do planejamento que você deverá fazer sozinho; as próximas etapas poderão ser realizadas através da planilha que compartilharei com você. De qualquer forma, é importante que você entenda o raciocínio de como ela funciona, se atentando a cada um dos passos.
3 – Ajustar o valor do padrão de vida desejado pela taxa de inflação
Para que o planejamento financeiro seja realista e mantenha o poder de compra no futuro, é essencial considerar a inflação. No Brasil, uma taxa de 5% ao ano pode ser uma referência para essa correção, mas é importante revisá-la periodicamente, pois ela pode variar conforme o cenário econômico.
Como colocar esse passo em prática? Eu explico.
Para começar, estime o padrão de vida anual atual: suponha que você já tenha calculado o custo do padrão de vida desejado, como fizemos no exemplo anterior (R$150.000 anuais).
Depois, ajuste pela taxa de inflação. Aqui, deve aplicar a taxa de inflação de 5% anualmente para projetar quanto custará esse padrão de vida no futuro. Se pretende se aposentar em 20 anos, por exemplo, pode utilizar uma fórmula de crescimento composto para simular o impacto:
Após 20 anos, esse valor de R$150.000 anuais, corrigidos por uma taxa de inflação de 5% ao ano, será aproximadamente R$398.000. Esse ajuste representa o valor necessário para manter o mesmo padrão de vida no futuro, mais especificamente daqui a 20 anos.
O padrão mensal, que antes era de R$12.500 em 20 anos, será de aproximadamente R$33 mil.
Isso significa que fazer um planejamento financeiro é mirar um alvo móvel, por conta da inflação. “É muito difícil fazer essa conta, certo?” Por conta própria, sim, mas não com a ajuda da planilha que eu vou compartilhar com você.
4 – Calcular o patrimônio necessário para a aposentadoria, multiplicando o valor mensal estimado por 150
Esse método de multiplicação por 150 simplifica o cálculo para chegar ao patrimônio-alvo em 20 anos. A lógica por trás disso é que, ao dividir o valor mensal desejado por uma taxa de dividendo sustentável – 0,65% ao mês, obtém-se o montante necessário para que os rendimentos possam cobrir o custo de vida desejado, sem a necessidade de consumir o patrimônio principal.
Essa taxa de 0,65% é considerada viável para o médio e longo prazo, com uma carteira de renda bem diversificada e estruturada.
Dividir por 0,65% é o mesmo que multiplicar um número por aproximadamente 150, por isso, estamos fazendo dessa maneira.
Cálculo do patrimônio para a aposentadoria
Primeiro, calcule o valor mensal ajustado pela inflação: partindo do exemplo anterior, onde o custo anual de vida projetado era R$398.000, dividimos por 12 para obter o valor mensal:
Depois, multiplique por 150. Multiplicando esse valor mensal por 150, chegamos ao patrimônio necessário para manter o padrão de vida desejado:
Esse é o montante necessário para que você possa, de forma sustentável, retirar 0,65% ao mês e cobrir seu custo de vida projetado pelo restante da sua vida.
O que isso significa?
Que para você ter uma renda capaz de te garantir um padrão de vida equivalente a R$12.500 hoje, daqui a 20 anos, precisará acumular praticamente R$5 milhões.
Sempre que as pessoas fazem essa conta, elas acreditam que alcançar esse patrimônio em 20 anos será impossível, o que não é verdade; esse número é muito mais factível do que você imagina.
Antes de chegar lá, vamos terminar esse passo.
Com esse valor acumulado, o rendimento mensal seria suficiente para sustentar o padrão de vida desejado, sem que o principal seja consumido rapidamente. Esse cálculo proporciona um objetivo claro e viável, assegurando uma renda mensal regular na aposentadoria, com segurança financeira, ao longo do tempo.
Agora, só falta o último passo, que, em termos matemáticos, é o mais complicado; porém, para você, será simples. Afinal, para quem é assinante da Finclass, preparei uma ferramenta para fazer todos os cálculos necessários em poucos segundos.
5 – Calcular o valor necessário de poupança e investimento mensal para alcançar o patrimônio desejado.
Agora que você definiu o valor-alvo para sua aposentadoria, o próximo passo é planejar o quanto deve poupar e investir a cada mês para atingir esse objetivo dentro do prazo estipulado.
Esse cálculo depende de fatores como o tempo até a aposentadoria, o retorno esperado dos investimentos e a consistência dos aportes ao longo dos anos.
Então, vamos voltar para o nosso cálculo.
Queremos atingir um patrimônio de R$4.975.050 em 20 anos; o quanto precisamos investir por mês para chegar nesse valor?
Antes de mais nada, é importante saber que vamos precisar definir uma taxa de juros, que será uma expectativa de retorno para os seus investimentos.
Enquanto escrevo esse relatório, em novembro de 2024, a taxa de juros de um título público prefixado que vence em 10 anos está em 13% ao ano. Portanto, vamos ser conservadores nessa expectativa de retorno e considerar um retorno médio anual de 13%.
Para fazer essa conta em uma calculadora ou no Excel, precisamos da informação do patrimônio desejado, o tempo decorrido até a aposentadoria, além da taxa de retorno. Temos todas essas informações, então conseguimos fazer o cálculo. Vamos imaginar que hoje você não tenha nada investido (na planilha, vamos considerar o que você já tem investido).
Tendo R$0 investido hoje, para se aposentar em 20 anos com uma renda passiva mensal equivalente a um poder de compra de R$12.500, você precisaria aportar todos os meses aproximadamente R$4.900,00.
Eu tenho certeza que você tomou um susto; afinal, R$4.900 é dinheiro para caramba e provavelmente isso está fora da capacidade da grande maioria das pessoas e talvez da sua também. Mas é justamente nesse ponto que entra o olhar de um especialista.
Essa fórmula simplista torna a missão muito mais difícil do que ela efetivamente é, e eu te explicarei o motivo: a fórmula te dará um resultado estático para a aplicação ao longo dos próximos 240 meses, mas tem uma coisa relevante que ela não considera — a inflação.
Certamente, investir R$4.900 hoje é mais difícil do que investir a mesma quantia daqui a um ano — e muito mais difícil do que em 5, 10 ou 15 anos.
Vou deixar ainda mais claro: o salário mínimo no Brasil hoje está perto de R$1.400, logo, podemos dizer que o aporte mensal de R$4.900 equivale a aproximadamente 3,5 salários mínimos no Brasil.
Se o salário mínimo no Brasil for minimamente corrigido de acordo com a inflação, em 10 anos ele será de aproximadamente R$2.300. O que significa que o aporte mensal de R$4.900 não significará mais 3,5 salários mínimos, mas 2,13, o que já é uma redução razoável em termos de esforço de poupança e investimento.
Em 15 anos, o salário mínimo será de aproximadamente R$2.900, ou seja, o aporte de R$4.900 será o equivalente a dois salários mínimos.
Diante dessa complexidade, resolvi criar uma ferramenta que fosse capaz de te dizer qual seu aporte inicial hoje, considerando que você vai corrigi-lo de acordo com a inflação. Sendo assim, o valor inicial será bem menor do que R$4.900, o que faz muito mais sentido para alguém que está desenhando um plano financeiro com base no mundo real.
Veja a diferença. Para atingir o mesmo patrimônio necessário para garantir uma renda que traga o mesmo poder de compra que R$12.500 tem hoje, uma pessoa precisaria começar a poupar R$3.500 mensais e corrigir esses aportes pela inflação ao longo do tempo.
Apesar de ser significativamente menos do que os R$4.900, é um valor alto, eu sei; mas vale lembrar que estamos considerando alguém que está começando agora, que quer se aposentar em 20 anos e obter um padrão de vida relativamente alto – e, ainda por cima, estamos considerando uma taxa de retorno conservadora para o período. Investindo com nossa ajuda, temos convicção de que a médio e longo prazo conseguiremos te ajudar a obter um retorno melhor.
Planilha para fazer um planejamento financeiro
Antes de te apresentar a planilha, vamos imaginar que a pessoa queira se aposentar com o mesmo padrão de vida, ou seja, com um poder de compra equivalente a R$12.500 aos olhos de hoje; mas vamos mudar outros parâmetros:
- A inflação estimada continuará em 5% ao ano;
- O retorno médio estimado será de 15% ao ano;
- O prazo para aposentadoria será de 30 anos;
- A pessoa contará com um aporte inicial de R$25 mil.
Com as mudanças de parâmetros acima, a pessoa deverá aportar “apenas” R$815 por mês e frequentemente ajustar esse aporte de acordo com a inflação. Se assim o fizer, em 30 anos, ela garantirá uma renda passiva equivalente a R$12.500 hoje.
“Gui, esses números estão fora da minha realidade”
Isso pode acontecer por diversos motivos. Um deles pode ser a sua condição financeira. Talvez o nível de aporte das simulações acima esteja fora da sua realidade hoje, ou talvez o seu padrão de vida desejado seja inferior ao que fizemos acima, ou quem sabe o prazo que você queira ser independente financeiramente seja diferente do que o utilizado em nossas simulações acima.
Pensando nisso, eu criei uma ferramenta que vai se adaptar à realidade de quem a utilizar. Vamos conhecê-la? Eu prometo que ela é muito simples de utilizar.
Download da ferramenta de planejamento financeiro
Essa ferramenta envolve alguns cálculos que, para a grande maioria, são complexos, mas, no final das contas, a sua utilização é muito simples.
A “cara” dela é essa daqui:
Fonte: Finclass
A primeira coisa que eu quero que você entenda é: você só precisa alterar as células em amarelo, ou preencher a coluna “APORTE ADICIONAL”.
É tão simples quanto isso.
Vamos fazer uma simulação juntos.
1 – Você precisa indicar qual expectativa de inflação média anual quer utilizar na simulação
Isso é feito nesta célula destacada abaixo:
Fonte: Finclass
Importante: sugiro deixar em 5% ao ano, mas fique à vontade para “brincar” e testar outras taxas que você acha serem possíveis para o Brasil apresentar no futuro. Lembrando que é uma expectativa média anual para as próximas décadas, o que significa que uma inflação de 6% em um ano não seria capaz de jogar por água abaixo essa projeção.
2 – Coloque sua expectativa média de retorno anual no campo “Retorno anual”
Ou seja, nesse campo:
Fonte: Finclass
Lembre-se: na sua projeção “oficial”, ou seja, aquela que você vai implementar no seu planejamento financeiro, tente adotar uma postura conservadora. Ninguém quer passar 20 anos seguindo um plano que no futuro tenha se mostrado insuficiente por uma expectativa de retorno muito otimista.
3 – Inclua o patrimônio que você tem investido hoje
Essa etapa é feita no campo a seguir, veja só:
Fonte: Finclass
Não tem segredo nesse passo, simplesmente inclua o que você tem de investimento hoje.
4 – Na coluna “Aporte”, na primeira célula destacada em amarelo, inclua qual seria o seu aporte recorrente a partir de hoje.
Observe no exemplo:
Fonte: Finclass
Nesta célula, você incluirá o quanto pretende poupar e investir por mês na média mensal daqui para frente. Novamente, não tem segredo.
5 – Você pode incluir expectativas de aportes esporádicos e adicionais na coluna “APORTE ADICIONAL”.
Fonte: Finclass
Deixei essa coluna porque sei que muitas pessoas recebem e aportam recursos de maneiras esporádicas — como PLR, bônus, comissões, ou a venda de um bem (como carro ou imóvel) e por aí vai.
A ideia é ter um espaço para que você inclua possíveis aportes adicionais ao longo do tempo, afinal, eles podem fazer uma grande diferença no seu futuro financeiro.
É importante mencionar que cada linha representa uma data. Então, se você recebe um bônus anual de R$5 mil e quer incluir na sua planilha de planejamento, faça nos meses em que costuma receber para observar o real impacto que esses aportes adicionais podem trazer no futuro.
Vamos, então, simular os 5 passos. Para isso, é preciso que preencha a tabela com as informações abaixo:
- Inflação média anual: 5%;
- Retorno anual: 15%;
- Patrimônio investido hoje: R$15.000;
- Aporte inicial: R$1.200;
- Aporte adicional: um aporte adicional de R$10.000 em mar/25 e outro de R$5.000 em ago/25.
6 – Analisar a tabela de resultados
Com a simulação, a tabela fica assim:
Fonte: Finclass
Na tabela destacada em vermelho, não precisamos preencher nada, somente analisar os resultados.
7- Interpretando os resultados
Primeiramente, tenha em mente o seguinte:
- Cada uma das linhas representa os resultados obtidos em diferentes períodos — são eles: 10, 20, 30 e 40 anos;
- Conseguimos analisar alguns parâmetros financeiros advindos do nosso plano; são eles: patrimônio acumulado, renda mensal ao fim do período e poder de compra equivalente.
O que cada um desses parâmetros significa? Veja só a seguir.
Patrimônio acumulado
Nos mostra o quanto de patrimônio você efetivamente acumulará ao longo de cada um dos períodos, ou seja, entre 10, 20, 30 e 40 anos. No exemplo acima, podemos ver que, em 10 anos, o patrimônio acumulado será de R$501 mil, enquanto em 40 anos, com os mesmos parâmetros de retorno e aportes, o patrimônio acumulado seria de R$49,223 milhões.
Renda mensal ao fim do período
Se refere ao quanto de renda passiva esse patrimônio te garantirá ao fim do período de aporte, ou seja, depois dos 10, 20, 30 e 40 anos. É simples: pegamos o patrimônio acumulado em cada um dos períodos e multiplicamos pela nossa taxa “saudável” de dividendo de 0,65% ao mês.
A renda mensal gerada pelo patrimônio acumulado em 10 anos seria de R$3.259, enquanto a renda mensal nos mesmos parâmetros, porém em um período de 40 anos, seria de R$319 mil.
Poder de compra equivalente
A ideia dessa coluna é mostrar o quanto essa renda mensal equivaleria aos olhos de hoje, ou seja, responde ao questionamento: quanto valeria esses R$319 mil daqui a 40 anos, considerando uma inflação média anual de 5%, hoje teria um poder de compra equivalente a quanto? Nesse caso, a resposta é R$45.447.
Essas são as células mais importantes, afinal, são elas que te mostram efetivamente se o seu plano financeiro será capaz de te garantir a qualidade de vida que você almeja no futuro.
Não adianta sonhar em ter uma renda passiva mensal que te traga um padrão de vida equivalente a uma renda mensal de R$15 mil hoje, sendo que, na planilha no prazo estipulado, você terá um padrão muito inferior.
Pela sua importância, fiz questão de deixar essas células destacadas em verde.
Como adaptar o planejamento à inflação do futuro?
Nem sempre o que estamos fazendo hoje é suficiente para garantir a vida que queremos no futuro, ou seja, você pode fazer a simulação e se surpreender negativamente.
No caso de o seu plano inicial não satisfazer o seu projeto de aposentadoria atual, ou seja, ele ser de alguma maneira insuficiente para garantir a qualidade de vida no tempo que você esperava se aposentar, você tem algumas opções:
- Aumentar o prazo para se aposentar. Isso fará com que o tempo de aportes aumente e o fator juros compostos, ou bola de neve, trabalhe ainda mais;
- Reduzir sua expectativa de padrão de vida na aposentadoria. Talvez você prefira reduzir o seu padrão de vida ideal na aposentadoria do que se aposentar mais tarde, o que para muitos também é uma opção. Sabe aquela casa na praia? Ela pode estar fora dos seus planos, se isso significar se aposentar cinco anos mais cedo;
- Aumentar os seus aportes. Se você não quer demorar um pouco mais a se aposentar ou reduzir sua expectativa de padrão de vida na aposentadoria, o único caminho é aportar mais.
Caso essas alternativas estejam fora de cogitação, restam outros dois caminhos:
- Reduzir suas despesas. Isso fará com que sobre mais dinheiro ao final do mês, tornando factível o seu plano de aposentadoria;
- Ganhar mais. Sim, eu sei, não é fácil fazer mais dinheiro. Se fosse, provavelmente, você estaria fazendo. No entanto, isso serve como uma provocação: não existe saída fácil.
Se você quer cumprir o seu plano de aposentadoria, não quer postergá-lo, não quer reduzir o padrão de vida esperado e não quer cortar despesas nos dias de hoje, essa é a única maneira.
Alguns defendem uma terceira alternativa: ter uma rentabilidade maior.
E se você tivesse acesso a uma carteira recomendada para te ajudar?
Aqui, na Finclass, nós montamos a carteira recomendada mais eficiente possível para o seu dinheiro, o que tende a te trazer um retorno muito satisfatório. Temos convicção de que você não conseguirá alcançar um retorno maior sem correr mais risco. Quando se corre mais risco, o retorno não é garantido.
Aumentar o risco da sua carteira para tentar cumprir seu plano de aposentadoria pode gerar o resultado inverso, ou seja, acarretar em uma rentabilidade pior e fazer com que seu plano de aposentadoria seja frustrado.
O resultado pode vir de duas maneiras:
- Se aposentar mais tarde do que o esperado. Um problema nos seus investimentos no meio do caminho pode postergar a sua independência financeira, o que significaria mais alguns anos trabalhando e poupando para finalmente chegar lá;
- Se aposentar no tempo almejado, mas com um padrão inferior. Não tem segredo: se o seu patrimônio não estiver no nível esperado e você quiser se aposentar no mesmo período, vai precisar abrir mão de um padrão de vida tão alto como imaginava.
A minha dica final é: utilize premissas conservadoras de retorno. Afinal, você se prepara para um cenário pior e pode ser surpreendido positivamente caso o retorno seja mais alto. Com isso você poderá se aposentar antes do que o esperado ou com um padrão melhor do que o planejado. Melhor ser surpreendido positivamente por um retorno acima da expectativa do que lidar com frustrações se o retorno ficar muito aquém.
Boas simulações!
Abraços
Guilherme Cadonhotto