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Bolsa de Nova York: saiba como funciona e como investir na NYSE

Boa parte das imagens que povoam a mente de quem tem curiosidade pelo mercado financeiro passa por uma personagem presente nas grandes obras literárias e filmes que contam as histórias de Wall Street e da economia norte-americana: a Bolsa de Valores de Nova Iorque, ou no original “The New York Stock Exchange” (NYSE).

Se você tem curiosidade pelo assunto, certamente já ouviu alguma coisa sobre ela. Talvez saiba que se trata da maior bolsa de valores do mundo e que é onde são negociadas as ações de grandes companhias símbolos da cultura pop como a Coca-Cola e a Disney. Ou ainda, que foi palco central de grandes eventos históricos como a Grande Depressão. 

O que talvez você ainda não tenha ciência é de que investir nessa bolsa tão simbólica é mais fácil do que parece. Adiantamos que, para isso, não é necessário ter muito dinheiro ou morar nos Estados Unidos. 

Quer saber como isso funciona? Então, siga conosco. Ao longo deste artigo, te explicaremos tin tin por tin tin como funciona a Bolsa de Nova Iorque, as diferentes formas de investir neste mercado, seus riscos, vantagens, e muito mais. Enfim, tudo o que você precisa saber para aplicar na mais famosa bolsa de valores do mundo! 

O que é a Bolsa de Nova Iorque?

A Bolsa de Nova Iorque, ou “New York Stock Exchange” no original em inglês, é simplesmente a maior bolsa de valores em capitalização do mundo e uma das mais antigas em funcionamento.

Reconhecida por negociar ações de gigantes do mercado como a Alibaba, Coca-Cola, Disney, Ford, Johnson & Johnson, Walmart, entre tantas outras, seu valor de mercado combinado alcança aproximadamente 22 trilhões de dólares. Para efeito de comparação, esse montante é cerca de 14 vezes maior que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil — que equivale ao montante de todas as riquezas, produtos e serviços produzidos ao longo de um ano em todo o país.

Oficializada como um mercado organizado em 1817, as raízes da Bolsa de Valores de Nova Iorque são ainda mais antigas. O prelúdio dessa história começa  em 1792, com o chamado “Acordo de Buttonwood“, pacto realizado entre 24 corretores de Wall Street, com o objetivo de driblar uma crise financeira e lançar no mercado companhias para negociar valores mobiliários. 

De lá para cá muita água já rolou. Para além da magnitude alcançada, a NYSE se firmou no imaginário mundial como uma verdadeira lenda do mercado financeiro, e não é para menos. Ao longo de sua vasta história, ela foi cenário principal de eventos determinantes para a economia global, como a crise de 1929, a bolha da internet dos anos 2000,  e, mais recentemente, a crise de 2008 e o Flash Crash de 2010.

Dada sua relevância histórica e o valor de mercado das companhias que negocia, a New York Stock Exchange é tida como um termômetro da economia global. Responsável por índices cruciais no mercado financeiro mundial, como o Dow Jones e o S&P 500 — que avaliam o desempenho das 500 empresas mais valiosas do mundo — seus movimentos têm impactos que ultrapassam os limites do mercado econômico norte-americano. Prova disso é a já citada crise de 2008, que respingou até mesmo por aqui, no Brasil.

O que significa NYSE?

NYSE é a sigla para “New York Stock Exchange“, que pode ser traduzida literalmente como “Bolsa de Valores de Nova Iorque”. Como você já sabe, trata-se da bolsa de valores mais relevante do mundo.

Essa nomenclatura, utilizada até os dias atuais, foi criada em 1863 como uma forma abreviada para “New York Stock and Exchange Board (NYSEB)”, nome original dado a esse mercado por seus fundadores, em 1817.

A NYSE também é carinhosamente chamada como “Big Board” (Grande Quadro, em português). Além de constar em seu nome original, o “board” faz referência aos  primórdios da Bolsa de Nova Iorque onde as cotações das ações a as operações eram atualizadas manualmente em um grande quadro para facilitar a visualização das atividades pelos investidores e corretores desde seus locais de negociação.

Como funciona a Bolsa de Valores de Nova Iorque?

Na prática, a Bolsa de Valores de Nova Iorque funciona de modo semelhante à bolsa brasileira (B3). Isto é, trata-se de uma plataforma de negociação que oferece serviços de intermediação de operações no mercado de capitais

Além de negociar as ações de mais de 2,5 mil companhias, a exemplo da B3, a NYSE também é negociada na própria Bolsa de Valores de Nova Iorque, pelo ticker ICE.

Como consequência natural de ser uma das bolsas mais antigas do mundo, seu pregão é caracterizado por concentrar a negociação de ações de companhias centenárias do mercado norte-americano. Estão entre elas, por exemplo, marcas tradicionais como a Coca-Cola, a Disney e a Ford.

Outra curiosidade é que o pregão da NYSE funciona de modo híbrido. Isso significa que além das negociações de compra e venda por meio de home broker, a Bolsa de Nova Iorque também permite operações aos moldes antigos, ou seja, de maneira presencial.

Como estamos falando do seu funcionamento, é importante ressaltar também os horários de negociação da NSYE. O pregão acontece somente nos dias úteis — excluindo feriados dos Estados Unidos —, das 09h30 às 16h00.  

Existem ainda operações de pré-market, das 08h30 às 09h00, e after hours, das 16h às 18h30. Atenção: todos os horários citados consideram o fuso “ET” — que corresponde a uma hora a menos em relação ao horário oficial de Brasília.

Quais são as principais empresas listadas na NYSE?

Com mais de dois séculos de atividade, a NYSE é conhecida por listar algumas das empresas mais antigas e valiosas do mercado. Além de concentrar marcas bastante tradicionais, também se destaca pela pluralidade de setores econômicos que abrange.

Entre ícones do mercado norte-americano e grandes multinacionais de diferentes continentes e segmentos, são mais de 2,5 mil companhias em seu pregão.

Entre as maiores e mais famosas empresas negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque podemos citar:

1. Berkshire Hathaway (BRK.A)

Embora não seja a companhia com a marca mais conhecida, a Berkshire Hathaway merece destaque por ser, na maior parte do tempo, a empresa mais valiosa listada na NYSE. Avaliada em US$500 bilhões, trata-se da holding de investimentos Warren Buffet, um dos investidores mais influentes do mundo.

2. Alibaba Group (BABA)

Assim como a Berkshire Hathaway, o e-commerce chinês Alibaba também é avaliado em cerca de US$500 bilhões em valor de mercado. Listada em 2014, é uma das gigantes mais recentes no famoso pregão.

3. JP Morgan Chase & Co (JPM)

Criado em 1799, o JP Morgan Chase é uma das maiores e mais antigas instituições financeiras do mundo. Trata-se ainda do maior banco dos Estados Unidos e suas ações são listadas na NYSE há décadas.

4. The Bank of New York Mellon Corporation (BK)

Falando em banco, outra instituição que merece destaque é o The Bank of New York Mellon Corporation, ou simplesmente BNY Mellon, fundado em 1784. Maior instituição financeira de custódia global do mundo, é também a empresa mais antiga listada na NYSE.

5. General Electric (GE)

Quando focamos em história, poucas empresas podem bater de frente com a General Electric. Com atuações em áreas como energia, aviação, cuidados com a saúde, transporte, entre outros, é simplesmente a empresa que está a mais tempo no pregão da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Suas ações são negociadas na maior bolsa do mundo, desde 1892.

6. The Walt Disney Company (DIS)

Quando falamos em ícones dos Estados Unidos, obviamente a The Walt Disney Company, ou apenas Disney, não poderia ficar de fora. Maior conglomerado de meios de comunicação e entretenimento norte-americana, a empresa conta com estúdios de cinema, parques temáticos e redes de mídia, entre outros.

7. Walmart Inc (WMT)

Outra companhia bastante famosa listada na NYSE é a Walmart, gigante do ramo do varejo. A rede de lojas de departamento é conhecida no mercado financeiro pelo histórico de valorização de suas ações. Lançada na bolsa de valores em 1972, seus papéis saíram de US$0,13 dólares, para cotar mais de US$250,00 em 2023, uma multiplicação de mais de 1000 vezes.

8. Exxon Mobil Corporation (XOM)

Falando em grande valor de mercado, seria impossível sair dessa lista sem citar a exploração do “ouro negro”. Maior empresa de exploração de petróleo e gás dos Estados Unidos, a Exxon possui um valor de mercado que supera os US$440 bilhões.

9. The Coca-Cola Company (KO)

Quando se trata de reconhecimento de marca,  a Coca-Cola deixa todo mundo comendo poeira. Seu refrigerante homônimo é simplesmente o produto mais consumido no mundo nos últimos dez anos. Presente em mais de 200 países, a empresa conta ainda com mais de 500 marcas, sendo avaliada em aproximadamente US$200 bilhões.

10. McDonalds (MDC)

Outro exemplo clássico de empresa símbolo dos Estados Unidos negociada na Bolsa de Valores de Nova Iorque é a McDonalds. Sua fama não é em vão. Com mais de 36 mil estabelecimentos espalhados em 118 países, é a rede de fast food mais valiosa do planeta, sendo avaliada em US$130,4 bilhões.

Outras empresas internacionais listadas na NYSE

Não tem jeito. Quando se fala em empresas listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque, os primeiros nomes que vêm à cabeça são os de marcas populares dos Estados Unidos como a dupla Coca-Cola e o McDonald. Isso acontece porque, assim como essas marcas, a própria NYSE em si se tornou um símbolo da economia norte-americana.

Entretanto, nada disso quer dizer que as companhias listadas no maior mercado de valores mobiliários do globo se resumem aos limites territoriais dos Estados Unidos. Aliás, se você prestou atenção na lista que fizemos acima, certeza que percebeu a presença de uma “intrusa” chinesa. Essa é apenas uma entre as muitas companhias de outros países que negociam ações na NYSE. 

O processo para que companhias internacionais lancem ofertas na Bolsa de Nova Iorque é um pouco distinto das empresas nacionais. Caso uma empresa não americana decida captar recursos desta forma, ela precisa emitir “Americans Depositary Receipts” (ADRs), que são títulos com lastro nas ações que representam. A lógica é igual a das Brazilian Depositary Receipts (BDRs), negociadas na B3.

Falando no Brasil, obviamente, existe uma forte presença de companhias de nosso país sendo negociadas na NYSE. Entre as mais conhecidas estão:

EmpresaTicker (NYSE)
AmbevABEV
Azul AZUL
BradescoBBD e BBDO
GerdauGGB
ItaúITUB
Lojas RennerLRENY
NaturaNTCO
PagSeguroPAGS
PetrobrasPBR

Indo para além das fronteiras brasileiras, segue uma pequena amostra de companhias famosas de outras nações que você pode encontrar na Bolsa de Nova Iorque: 

EmpresaTicker (NYSE)País
ArcelorMittal MTLuxemburgo
EricssonERICSuécia
HSBC Holdings plcHSBCReino Unido
MercadoLibre, Inc.MELIArgentina
Mitsubishi UFJ Financial Group MUFGJapão
Nestlé SANSRGYSuíça
LATAM Airlines Group S.A.LTMChile
L’Oréal LRLCYFrança
Royal Dutch Shell plc RDS.A e RDS.BReino Unido/Holanda
Siemens AG SIEGYAlemanha
Sony CorporationSONYJapão
Toyota Motor Corporation TMJapão
Unilever PLC ULReino Unido

Quais são os índices da NYSE?

Principal centro financeiro do mundo, a magnitude da NYSE é tão abismal que seu desempenho pode ser analisado como um indicador para a economia global. Muito além de concentrar uma parte considerável das maiores empresas do planeta, a Bolsa de Valores Nova Iorque também é conhecida como a responsável por dois dos índices mais importantes de todo o mercado financeiro: o Dow Jones (DIJA) e o S&P 500 (SPX)

Quer entender por que afinal eles são tão relevantes? Então, permita-nos aprofundar um pouco mais para explicar as particularidades de cada um deles. Olha só:

S&P 500

Abreviatura de Standard & Poor’s 500, o S&P 500 representa o desempenho médio das 500 maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos. Entre as empresas com maior peso no índice estão: 

  • Apple;
  • Berkshite Hathaway;
  • Google; 
  • Microsoft.

Considerado o principal índice da NYSE, o S&P 500 é uma das ferramentas mais utilizadas para acompanhar o mercado de capitais dos Estados Unidos.

Dow Jones

O Dow Jones Industrial Average, conhecido também como Dow 30 ou simplesmente Dow Jones, é um índice que mensura o desempenho médio de 30 blue chips norte-americanas mais negociadas — ou seja, as maiores e mais consolidadas companhias dos Estados Unidos. Este indicador engloba nomes como:

  • 3M;
  • Apple;
  • Coca-Cola;
  • Intel;
  • Nike;
  • Visa; 
  • Walmart.

Lançado em 1896, o Dow Jones também é famoso por ser o indicador mais antigo do mercado acionário. Apesar de seu peso e tradição, não trata-se de uma unanimidade entre os analistas, uma vez que há críticas sobre a sua efetividade ao medir a economia dos Estados Unidos. Isso ocorre porque ele considera um número bastante reduzido de companhias e ignora empresas de menor porte, o que pode causar distorções ao tentar ler o mercado acionário.

O Dow Jones também é constantemente lembrado por ter sido personagem central em um dos eventos históricos mais recentes e conhecidos do mercado financeiro, o chamado “Flash Crash de 2010”. Em maio daquele ano, um erro de codificação de um software gerou uma avalanche de operações de contratos futuros, causando uma queda de 9% do Índice, seguido, minutos depois, por sua estabilização.

Outros índices importantes da NYSE

Seja pelo peso, tradição ou tamanho, o S&P 500 e o Dow Jones são, comumente, os dos índices preferidos pelos profissionais do mercado financeiro internacional para analisar a performance do mercado acionário dos Estados Unidos. 

Contudo, é importante citar que, apesar de suas carteiras teóricas serem formadas principalmente por ações listadas na NYSE, ambos também rastreiam companhias negociadas em outras bolsas estadunidenses como a “National Association of Securities Dealers Automated Quotations” (NASDAQ).

Por isso, quem pretende estudar o mercado de capitais norte-americano ou mesmo o desempenho da Bolsa de Valores de Nova Iorque deve ao menos considerar observar outros indicadores importantes, porém, não tão conhecidos. Entre os demais índices relevantes da NYSE podemos citar:

NYSE Composite Index (^NYA)

Criado em 1966 com o objetivo de representar o valor de mercado de todas as ações negociadas no maior mercado de valores mobiliários dos Estados Unidos, o NYSE Composite Index é certamente o indicador mais relevante para quem pretende analisar especificamente a Bolsa de Valores de Nova Iorque. Em suma, esse índice mensura a performance média da bolsa como um todo, sendo fundamental, ainda, para acompanhar o histórico de evolução e rentabilidade da mesma ao longo dos anos.

NYSE U.S. 100 Index (NYB)

Também muito relevante, esse indicador mensura o desempenho médio das 100 empresas mais valiosas negociadas na Bolsa de Nova Iorque.

NYSE International 100 Index (NYI)

Lembra das companhias internacionais que listamos anteriormente? Boa parte delas compõem esse indicador em específico, o qual tem o objetivo de refletir o desempenho das 100 maiores empresas de fora dos Estados Unidos, negociadas na Bolsa de Nova Iorque.

NYSE World Leaders Index (NYW)

Além de ser composto por todas as 100 empresas internacionais presentes no indicador anterior, essa carteira teórica também é acrescida com as 100 maiores companhias norte-americanas listadas na NYSE.

NYSE Energy Index (NYE)

Mais nichado, o NYSE Energy Index, como sugere o nome, é um indicador que representa a performance média de todas as ações de empresas de energia negociados nessa bolsa;

NYSE Financial Index (NYK)

Outro indicador de segmento, esse índice mensura exclusivamente a performance das companhias do setor financeiro listadas na NYSE.

NYSE Health Care Index (NYH)

Semelhante aos dois indicadores anteriores, esse índice foi criado com a meta de medir o desempenho das empresas de saúde com ações no pregão da NYSE.

Além desses indicadores específicos da Bolsa Nacional de Nova Iorque e dos populares S&P 500 e do Dow Jones, outros índices interessantes para estudar o andamento da economia norte-americana são aqueles que mesclam as ações de suas duas maiores bolsas, ou seja a NYSE e a Nasdaq. São eles:

Russel 3000 (RUA)

Mensura o desempenho médio das três mil maiores empresas do mercado norte-americano.

Russel 2000 (RUT)

Foca nas duas mil menores empresas que formam o Russel 3000.

Russel 1000 (RUI)

Reflete a performance das mil maiores empresas que formam o Russel 3000.

Quais são as vantagens de investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque?

Seja por sua tradição, imagem ou peso, certamente, aqueles interessados no mercado financeiro já consideraram investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Afinal, estamos falando de uma das bolsas mais antigas em operação, o epicentro do maior mercado de capitais do mundo e onde são listadas algumas das empresas mais valiosas e famosas globalmente. 

Se esses, contudo, não são motivos consistentes o suficiente para te fazer pensar em aplicar parte de seu capital em um mercado “tão distante”, que tal deixar a “mística de Wall Street” de lado, e ficar em vantagens mais objetivas, que podem te ajudar a decidir se vale ou não a pena aplicar na NYSE? Interessado? 

Então dá só uma olhada em alguns dos principais benefícios de se investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque:

Tamanho de mercado

A Bolsa de Valores de Nova Iorque é de longe a maior do mundo. São cerca de US$22 trilhões de capitalização aplicada, o que corresponde a mais de 20 vezes o tamanho da B3, por exemplo.

Além do valor de mercado, a diferença também é gritante no número de companhias listadas. Enquanto a bolsa brasileira conta com aproximadamente 400 empresas em pregão, na NYSE esse número supera 2,5 mil. 

Vale sempre lembrar que a bolsa norte-americana ainda concentra as maiores e mais tradicionais companhias de todo o planeta. Além da segurança de aplicar em empresas desse porte e história, o investidor ainda tem a possibilidade de participar de suas expansões, obtendo valorizações significativas ao longo do tempo. 

Exemplos disso não faltam. Além da já citada Walmart, podemos também lembrar da ainda não mencionada Johnson & Johnson, maior empresa farmacêutica do mundo, que viu sua cotação saltar de apenas US$1 em 1980, para mais de US$150 em 2020.

Alta liquidez

Reflexo natural de ser o maior mercado de capitais do mundo, a NYSE também é conhecida pelo seu alto número de negociações diárias. Na prática, isso oferece maior liquidez ao investidor, facilitando a compra e venda de ações, sobretudo, de grandes blue chips, mesmo que os valores sejam significativos. Em outras palavras, você tem mais facilidade tanto para se desfazer das participações que possui, quanto para adquirir outras novas.

Diversidade

Conhecida por concentrar as marcas mais tradicionais do mercado, a Bolsa de Nova Iorque também é famosa pela diversidade de empresas que lista em seu pregão. Existem opções de todos os tamanhos, setores e de diferentes países, o que resulta em um leque realmente gigante de oportunidades de investimentos para quem busca diversificar a carteira.

Além disso, vale ressaltar que dividir investimentos na B3 e em uma bolsa estrangeira consolidada como a NYSE também pode ser uma boa estratégia para contrabalançar os riscos específicos da economia brasileira. Ao investir em diferentes mercados, você dilui seus riscos e aumenta o potencial de retorno. 

Estabilidade e preservação do capital

Com mais de dois séculos de tradição, a NYSE é conhecida por sua estabilidade e solidez. Isso reduz os riscos de distorção e volatilidade extrema, oferecendo um ambiente mais seguro para os investidores. Além disso, ao investir em uma moeda forte como o dólar, há maior preservação do poder aquisitivo, protegendo os rendimentos da desvalorização da moeda nacional e dos riscos da inflação brasileira.

Exposição cambial

Por fim, mas não menos interessante, ao aplicar na Bolsa de Nova Iorque, o investidor doloriza parte de sua carteira. Assim, sempre que o dólar subir, seus rendimentos também serão multiplicados.

Quais são os riscos de investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque?

Até poucos anos atrás, investir em ações de empresas estrangeiras era privilégio reservado para poucos, mais especificamente para investidores com mais de  R$1 milhão. Gradualmente, porém, restrições como essa foram caindo e os caminhos até Wall Street foram se tornando mais acessíveis para todo mundo. 

Um exemplo ainda fresco dessas mudanças que visam facilitar o acesso do brasileiro ao mercado acionário internacional é a Resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que, desde outubro de 2023, permitiu o acesso de investidores pessoas físicas a fundos que alocam 100% de seu patrimônio no estrangeiro.

Antes, contudo, de sair correndo para investir na Coca-Cola ou na Nike, respira um pouco. Para investir seja em o que for, ou seja lá onde for, é preciso antes colocar na balança os prós e contras envolvidos em cada operação. A primeira parte já fizemos no tópico anterior, agora é hora de girar a chave e apresentar os riscos de investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Os mais notáveis são:

Risco Cambial

Ok, quando se investe em um mercado estrangeiro, você tem a chance de impulsionar os seus lucros, sempre que o real desvalorizar. Por outro lado, o cenário oposto também é possível. Apenas como ilustração, há exatos doze meses, o dólar estava cotado a R$5,20. Hoje, enquanto escrevo esse artigo (dia 07 de dezembro de 2023, para ser mais preciso), a cotação está em R$4,89. Trata-se de uma queda de quase 6%.

Ou seja, mesmo que a cotação da empresa suba no período, existe a chance de que essa valorização não supere o que foi perdido com a variação do câmbio.

Regulação e Tributação

Para evitar surpresas negativas, seja ao investir na Bolsa de Nova Iorque, você precisará primeiro compreender e, obviamente, cumprir as leis, regulamentações e exigências fiscais dos Estados Unidos. O investidor que pretende aplicar no estrangeiro, independentemente do país, deve estar ciente de que a legislação de cada um deles pode acabar afetando o retorno esperado. Um exemplo da legislação norte-americana está, por exemplo, na retenção de 30% dos dividendos na fonte.

Custos e taxas

Investir na Bolsa de Nova Iorque também pode envolver custos de remessa a serem pagos à corretora americana, que podem incluir IOF e quaisquer outras taxas cobradas pela instituição financeira para o serviço de câmbio e transferência. Outro valor a cuidar, caso o investimento seja feito de forma direta nos Estados Unidos, é a taxa de corretagem que será cobrada em dólar. Não esqueça de colocar todas essas contas na ponta do lápis, para avaliar se vale ou não o esforço.

Conhecimento de mercado

Aplicar em renda variável é sempre um risco, afinal o desempenho das companhias pode ser afetado por diferentes questões de ordem interna e externa, incluindo riscos do setor, concorrência, regulamentações governamentais e assim por diante. Por isso, para investir na Bolsa de Nova Iorque, é fundamental estar familiarizado com o mercado estadunidense para tomar decisões informadas e mitigar riscos.

Burocracia

Por fim, investir diretamente no exterior pode ser uma tarefa um tanto burocrática. Há corretoras norte-americanas que só aceitam estrangeiros residentes nos Estados Unidos, outras, por sua vez, podem te exigir o preenchimento de um formulário que ateste sua não residência.

Fora isso, a lista de papelada exigida para abrir sua conta pode ser bem extensa, incluindo: CPF, Declaração de IR, informação sobre o empregador, comprovante de residência, cópia do passaporte, e assim por diante.

Isso, claro, não quer dizer que você não vá encontrar corretoras menos restritivas. Apenas, o número será reduzido e sua pesquisa mais abrangente.

Como comprar ações e investir na NYSE?

Investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque e ter acesso às empresas mais conhecidas do mundo pode ser muito mais prático do que você imagina. Inclusive, existe mais de um forma para se fazer isso:

Adquirir ações internacionais diretamente

Na prática, é possível acessar as ações listadas na NYSE de maneira direta e indireta. No primeiro caso, as negociações são realizadas diretamente na Bolsa de Nova Iorque. 

Quem escolhe investir desta forma, entretanto, precisa abrir conta com alguma corretora de valores nos Estados Unidos, realizar operações de câmbio e obedecer aos regulamentos do mercado norte-americano.

Ao fazer isso, é possível tanto adquirir ações de empresas listadas na NYSE, ADRs e Exchange Traded Fund (ETFs) que acompanham os mais relevantes índices de mercado da Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Conforme já adiantamos, os problemas de aplicar desta forma estão na burocracia de abrir uma conta em uma corretora estrangeira e, sobretudo, nos custos e taxas de operações internacionais. 

Isso pode tornar o processo todo menos ágil e reduzir a capacidade de investimento, uma vez que a conversão de moeda implica em taxas que reduzem o montante disponível para aplicação.

Investir por meio da B3

Para aqueles que optam por não investir diretamente no NYSE devido às dificuldades de abrir uma conta no exterior, existe, como mencionado anteriormente, uma abordagem indireta. Esta consiste em buscar produtos nacionais que ofereçam exposição aos ativos da Bolsa de Nova Iorque, sem a necessidade de realizar remessas de dinheiro para o exterior. As possibilidades aqui são diversas:

  1. Comprar BDRs 

Sigla para “Brazilian Depositary Receipts” (Certificado de Depósito de Valores Mobiliários, em tradução direta), as BDRs são títulos negociados na B3 que replicam as ações negociadas na Bolsa de Nova Iorque.

Quem investe em BDRs, portanto, não está aplicando diretamente em uma ação, mas adquirindo um recibo de depósito lastreado em uma companhia norte-americana listada na NYSE.

  1. Investir em Fundos de Índice (ETFs)

Abreviação para a expressão em inglês  “Exchange Traded Funds”, os ETFs são fundos de investimentos que replicam índices de mercado também negociados na B3. Uma vez que existem ETFs baseados em indicadores norte-americanos como o S&P 500 e o Dow Jones, essa é uma alternativa para o investidor que pretende aplicar na NYSE, mas não quer adquirir ações de uma companhia estrangeira em específico. 

O porém aqui, é que ainda não existem Exchanged Traded Funds brasileiros que repliquem a performance de índices exclusivos da Bolsa de valores de Nova Iorque.

  1. Adquirir cotas de fundos de investimento

Por fim, há também a possibilidade de adquirir cotas de fundos de investimentos que contam com ações listadas na NYSE em seus portfólios. A boa novidade aqui, conforme adiantamos, é que desde outubro de 2023, os fundos de investimento que aplicam 100% em ações no exterior estão acessíveis para todo e qualquer investidor.

Antes disso, investidores não qualificados só podiam aplicar em fundos com até 20% de ações estrangeiras.

Quais são as diferenças entre a NYSE e a NASDAQ?

Na ilha de Manhattan, apenas 6km de distância separam dois prédios que, juntos, superam em valor de mercado o PIB de qualquer país do mundo, incluindo o próprio Estados Unidos. Sim, estamos falando da NASDAQ e da NYSE, as duas maiores bolsas de valores do planeta.

Juntos, esses dois mercados de valores possuem uma capitalização de quase US$40 trilhões de dólares, mais do que a soma de todas as demais oito bolsas que compõem o top 10 de maiores do planeta.

Neste ponto, não faz falta apresentar a Bolsa de Valores de Nova Iorque, mas deixe-nos fazer uma breve apresentação sobre a sua “vizinha” NASDAQ.

Sigla para “National Association of Securities Dealers Automated Quotations” — em tradução direta “Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotações Automáticas” —, a NASDAQ foi criada em 1971 e se popularizou por ser o primeiro mercado eletrônico de ativos mobiliários do mundo.

Se a Bolsa de Nova Iorque, muito mais antiga, é comumente associada às marcas centenárias como a Coca-Cola e a Disney, a NASDAQ, por sua vez, com sua vocação para a inovação, é a primeira bolsa que vem à cabeça quando se pensa nas grandes gigantes da tecnologia, como a Apple e a Google.

Essa dualidade entre o moderno e o tradicional, contudo, não é a única diferença entre a NYSE e a NASDAQ. Entre outros pontos importantes podemos citar:

Capitalização

Como você bem já sabe, a NYSE e a NASDAQ são as duas maiores bolsas do mundo, respectivamente, em valor de mercado. Neste quesito, a Bolsa de Valores de Nova Iorque está no topo, seguida, cada vez mais, de perto pela Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotações Automática. 

As empresas listadas na primeira valem, juntas, pouco mais de US$22 trilhões. As companhias negociadas na segunda, por sua vez, são avaliadas em mais de US$17 trilhões.

Total de empresas negociadas

Se em capitalização, a NYSE sai na frente, em número de companhias listadas, as posições se invertem. Maior nos Estados Unidos neste quesito, a NASDAQ negocia em média ações de 3.500 empresas, cerca de 1.200 empresas a mais do que a Bolsa de Nova Iorque.

Custo de listagem

Se você se perguntou como uma bolsa tão mais jovem é capaz de ter tantas empresas a mais listadas do que o mercado de capitais mais famoso de todos, aqui está parte da resposta. 

Em média, o valor necessário para uma empresa fazer sua oferta inicial na NASDAQ fica entre US$50 mil e US$75 mil, já a listagem de uma companhia na NYSE pode chegar a US$500 mil.

Setores

Conforme adiantamos, a Bolsa de Nova Iorque é caracterizada pela grande diversidade de setores abrangidos em sua bolsa. Enquanto a NASDAQ tem uma maior concentração de empresas de tecnologia. 

Na primeira, estão companhias tradicionais como petrolíferas, instituições financeiras, indústria farmacêutica e de alimentos, entre outros. Na segunda, estão, por exemplo, desenvolvedoras de softwares e startups.

Volatilidade e risco

Por ser uma bolsa repleta de blue chips e mais restrita, a NYSE é caracterizada como uma bolsa menos instável e mais segura para se investir. Uma vez que reúne empresas mais novas e não tão consolidadas, as ações da NASDAQ demonstram, em média, maiores flutuações de preços ao longo do tempo. 

Importante citar, ainda, que os setores de tecnologia tendem a demandar investimentos mais constantes, o que também eleva o percentual de endividamentos do setor e, consequentemente, o risco da bolsa que negocia esses ativos.

Vale a pena investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque?

Se vale a pena investir na maior bolsa de valores do mundo? Seria até complicado dizer que não. De modo geral, a NYSE oferece ao investidor a oportunidade de acessar as marcas mais valiosas e tradicionais do planeta e participar de um mercado forte e consolidado, possuidor de uma moeda estável e considerada a mais importante de todas.

Entretanto, caso a solidez da economia norte-americana e a tradição da Bolsa de Nova Iorque não sejam motivos suficientes para te fazer alocar parte de seus recursos ao exterior, tente então considerar o número de oportunidades que você pode estar deixando escapar. 

De modo geral, a NYSE abrange setores e empresas de diferentes países que não estão disponíveis para negociação no mercado doméstico. Além de oferecer um campo mais abrangente de possibilidades de retorno, ao diversificar geograficamente sua carteira, o investidor também reduz os riscos associados de aplicar todo o capital em uma economia instável como a brasileira

Fora isso, há também o adendo de dolarizar parte do portfólio, o que pode maximizar seus retornos em caso de desvalorização da moeda nacional. 

Importante citar, ainda, os avanços recentes que têm facilitado os investimentos no mercado estrangeiro e os diferentes meios de investir nas ações listadas na Bolsa de Nova Iorque. Para os mais receosos, há sempre a opção de aplicar de forma indireta, por meio de BDRs, ETFs, ou fundos nacionais que investem parte ou todo seu patrimônio na NYSE.

Dito isso, investir ou não na Bolsa de Nova Iorque é uma decisão que cabe a cada investidor. Antes de se deixar atrair por grandes nomes, siglas ou por qualquer imagem associada ao mercado financeiro norte-americano, busque avaliar suas próprias metas de investimento e estude as condições políticas, regulatórias e econômicas dos Estados Unidos. Lembre que investimentos em outra moeda são facas de dois gumes, há risco de perder e ganhar com as mudanças cambiais. 

Além disso, os custos e taxas de fazer remessas ao exterior também podem corroer seus rendimentos e mesmo o valor que você tem disponível para aplicar fora do país. O ideal para quem está só começando é sempre buscar ajuda profissional e claro: estudar o mercado financeiro com afinco.

Continue aprendendo com a Finclass

Chegou até esse ponto com ainda mais vontade de participar da maior bolsa de valores do mundo? Quem começou a ler este artigo se perguntando se isso era ou não possível, certamente, já percebeu que nunca foi tão prático acessar esse mercado.

Se esse é o seu caso, por que não aproveitar o impulso para aprender ainda mais sobre investimentos no exterior? Como já destacamos aqui, as bolsas estrangeiras estão cheias de oportunidades que não são alcançadas pelo mercado doméstico. Além disso, diversificar sua carteira geograficamente é uma forma inteligente de se blindar de crises internas e cambiais.

Quer saber mais sobre o assunto? Então que tal dar uma olhadinha na Finclass sobre Investimento Internacional? Nesse curso exclusivo para nossos assinantes, o analista da Spiti e especialista em mercado estrangeiro, Felipe Arrais te ensinará a como alocar recursos para montar uma boa carteira de investimentos internacionais. Um spoiler: aplicar no exterior não se resume a adquirir ações de grandes marcas norte-americanas.

Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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