InícioInvestimentosÍndice S&P 500: o que é e como investir estando no Brasil?

Índice S&P 500: o que é e como investir estando no Brasil?

Investir nos Estados Unidos e se valer de uma economia sólida e atrelada ao dólar já é razão suficiente para os olhos de qualquer investidor brilharem. Agora, imagine um índice que, sozinho, represente algo entre 80% e 85% do market cap das bolsas de valores do país. Promissor, não?

O S&P 500 é utilizado como uma referência de rentabilidade em renda variável, servindo de termômetro para avaliar o desempenho do mercado internacional de ações. Por conta disso, contar com um ativo atrelado a ele no portfólio — o acompanhando ou superando — é uma excelente estratégia para quem busca solidez e estabilidade mesmo fora da renda fixa.

E não se engane: mesmo se tratando dos EUA, investir Fundos deste índice é tão fácil quanto comprar ações individuais, sem sequer necessitar grandes quantias de dinheiro. Topa saber mais? Siga na leitura para aprender:

  • O que é o S&P 500;
  • Empresas fazem parte do S&P 500;
  • Critérios para participar da S&P 500;
  • Desempenho da S&P 500 em 2024;
  • Como investir na S&P estando no Brasil;
  • O que saber antes de investir no índice.

Vem com a Finclass e continue até o fim: antes de ir embora, você vai receber uma dica extra sobre como extrair o melhor das suas aplicações no exterior.

O que é o S&P 500?

Mais conhecido pela sigla “S&P 500”, o Standard & Poor’s 500 é o principal índice de mercado dos Estados Unidos

Trata-se de uma carteira teórica composta por ações das 500 maiores empresas norte-americanas listadas na New York Stock Exchange (NYSE) e na National Association of Securities Dealers Automated Quotations (Nasdaq), as duas maiores bolsas de valores do país (e do mundo).

É atualmente administrado pela S&P Dow Jones Indices. Em resumo, o S&P 500 foi lançado há 67 anos, em março de 1957, pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. O indicador veio para substituir e ampliar uma versão anterior criada em 1928, então com 90 ações, entregando uma visão mais abrangente da performance do mercado de capitais dos EUA

Considerado o peso das companhias que engloba, o Standard & Poor’s 500 representa sozinho algo entre 80 e 85% de todo o market cap das bolsas de valores do país. Dada sua magnitude, desde uma perspectiva mais ampla, pode servir como um termômetro para a saúde da economia norte-americana como um todo.

Considerado um dos indicadores de mercado mais influentes do mundo, o impacto do S&P 500, contudo, ultrapassa as fronteiras dos Estados Unidos. Por exemplo, esse indicador é comumente utilizado como um benchmark, ou seja, como um parâmetro de comparação para a rentabilidade de títulos de renda variável. 

Além disso, também serve de base para fundos de investimento, ETFs, contratos futuros e outros produtos financeiros que se espelham nesse índice, oferecendo aos investidores de diferentes países formas de investir em algumas das mais sólidas e valiosas empresas do mundo.

Quais são as principais características do índice?

Enquanto retrato do maior mercado financeiro do mundo, o S&P 500 é visto como um, senão o mais, relevante indicador de mercado a nível global. Além de seu volume e capitalização, existem muitas características que contribuem para que esse índice seja tão conhecido e relevante. Entre os mais notáveis, vale destacar:

Blue chips

Esse indicador é composto pelas 500 maiores e mais bem-estabelecidas empresas dos Estados Unidos, chamadas no jargão financeiro como “blue chips”. São empresas com grande capitalização e destaque em suas áreas de atuação como a Apple, Amazon, Coca-Cola e Google (Alphabet).

Diversificação

A carteira teórica do S&P 500 se destaca entre a de outros índices importantes do mercado norte-americano, como o Dow Jones e o Nasdaq Composite, por englobar companhias líderes em diferentes setores, tais como tecnologia, saúde, finanças, consumo e energia.

Funcionamento 

O S&P 500 é ponderado por capitalização. Isso significa que o desempenho das empresas maiores têm mais influência do que a de companhias menores na flutuação geral do índice.

Benchmark

Por sua representatividade e fama, o S&P 500 também é livremente utilizado por investidores e gestores de Fundos como base para avaliar a performance de carteiras de investimento. Muitos Fundos de Investimento de Renda Variável e ETFs também buscam superar ou espelhar esse indicador.

Indicador econômico

A amplitude de setores que mensuram e o tamanho das empresas que engloba fazem do S&P 500 um indicador-chave da saúde financeira dos EUA. Movimentos positivos no índice podem ser interpretados como sinal de confiança dos investidores na economia do país.

Por que investir no S&P 500?

O S&P 500 não serve apenas para mensurar o desempenho médio das grandes companhias dos Estados Unidos, mas também para facilitar que os investidores tenham acesso a participações indiretas nessas companhias. 

Por meio de diferentes tipos de produtos que espelham esse indicador, pode-se aplicar em, nada mais nada menos, que 500 das maiores companhias norte-americanas, incluindo marcas como Apple, Disney, McDonald’s, Microsoft, Nike e tantas outras. Tudo isso com uma só aplicação e de maneira bem menos burocrática e custosa do que seria incluir todas essas ações individualmente em sua carteira.

Como se isso já não fosse razão suficiente para investir no S&P 500, ainda existem muitos outros bons motivos para considerar aplicar neste indicador, como:

Solidez e estabilidade

O S&P 500 é constituído por empresas de grande porte, estabelecidas, financeiramente sólidas e historicamente confiáveis. São companhias com longa história de desempenho estável e vistas como menos arriscadas do que empresas de menor capitalização.

Histórico de retorno

Por mais que, no mercado financeiro, os retornos passados não possam ser entendidos como indício de sucesso futuro, a resiliência do S&P 500 mesmo diante de recessões e crises financeiras é inegável. Em 41 de seus 67 anos, o indicador bateu recordes históricos, comprovando sua evolução.

Liquidez

O renome das blue chips converte suas ações nos ativos de maior liquidação do mercado acionário. Na prática, isso significa que o investidor dificilmente terá problemas para comprar ou vender seus títulos quando assim o desejar.

Crescimento no longo prazo

Embora não esteja livre de volatilidades no curto prazo, o S&P 500 tem um histórico sólido de retornos em horizontes mais longos. Ao refletir a valorização das empresas ao longo dos anos, esse indicador acaba superando muitos outros investimentos de renda fixa e variável.

Diversificação

O S&P 500 proporciona diversificação automática a qualquer carteira. Esse indicador, como já falamos, abrange empresas líderes em diferentes setores econômicos dos EUA, o que reduz os riscos associados a investimentos concentrados em segmentos específicos.

Praticidade

Investir em centenas de grandes companhias de uma única vez é consideravelmente mais simples do que seria analisar e escolher cada ação por conta. De igual modo, acompanhar o desempenho de um único índice é menos trabalhoso do que fazer isso com cada ativo individualmente.

Transparência e reputação

O S&P 500 é um indicador de excelente reputação. Sua metodologia de seleção de empresas é bastante rígida e transparente, o que o torna um índice representativo de confiança. Isso também traz, consequentemente, maior confiança para quem pretende investir no indicador.

Além dessas vantagens mais gerais, investir no Standard & Poor’s 500 também conta com atrativos singulares para investidores brasileiros. Essa é, ao fim, uma forma bastante prática para dolarizar e diversificar geograficamente a carteira. 

Mais que a possibilidade de potencializar os retornos com eventuais altas do dólar frente ao real, se expor a investimentos em um mercado financeiro consolidado como o norte-americano também serve para proteger o patrimônio das instabilidades econômicas e políticas do Brasil.

Como cereja do bolo, considerados os desempenhos recentes, de 2023 e o primeiro trimestre de 2024, tudo indica que este é particularmente positivo para investir em S&P 500. Mas sem pressa, voltaremos a esse assunto adiante, ainda neste artigo.

Quais empresas fazem parte do S&P 500?

O índice S&P 500 é composto atualmente (maio de 2024) por 503 blue chips norte-americanas. Muitas dessas empresas são marcas conhecidas do público brasileiro, uma vez que são empresas globais líderes em seus segmentos.

Para ter uma ideia da magnitude do Standard & Poor’s 500 e do tipo de empresas que a constituem, vale citar as 10 companhias que ocupam o topo do indicador atualmente:

EmpresaTickerSetor
Microsoft CorpMSFTTecnologia da informação
Apple Inc.AAPLTecnologia da informação
Nvidia CorpNVDATecnologia da informação
Amazon.com IncAMZNConsumo cíclico 
Alphabet Inc A (Google)GOOGLTecnologia da informação 
Meta Platforms, Inc. Class AMETATecnologia da informação
Alphabet Inc C (Google)GOOGTecnologia da informação
Berkshire Hathaway BBRK.BFinanceiro
Eli Lilly & CoLLYSaúde
Broadcom IncAVGOTecnologia da informação

Por mais que boa parte dessas empresas dispensam apresentações, vale introduzi-las, já que algumas são mais conhecidas do público norte-americano do que no Brasil:

Microsoft

Criada em 1975 por Bill Gates e Paul Allen, a Microsoft é atualmente a maior empresa em capitalização do S&P 500. 

A gigante da tecnologia é conhecida principalmente por softwares como o sistema operacional Microsoft Windows e o conjunto de aplicações Microsoft 365 (antigo Microsoft Office) e por hardwares como o videogame Xbox.

Apple

Seguindo a Microsoft de perto, a Apple é outra marca de tecnologia reconhecida internacionalmente. Fundada em 1976, por Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne, é famosa principalmente por produtos icônicos como o iPhone, iPad, Mac e Apple Watch.

Nvidia

Criada em 1993, a Nvidia se tornou famosa, sobretudo, por suas GPUs (unidades de processamento gráfico) que revolucionaram os gráficos de computadores e o processamento paralelo. Suas principais contribuições estão no campo dos videogames, computação de alto desempenho e inteligência artificial.

Amazon

Fundada por Jeff Bezos em 1994, a Amazon é a maior empresa de comércio eletrônico do mundo. Além de sua plataforma de vendas online, também é famosa pelo serviço de streaming Amazon Prime e por seus dispositivos como o Kindle e o Echo.

Alphabet

Conglomerado multinacional por trás do Google, as marcas pertencentes a Alphabet também incluem o sistema operacional Android, o navegador Chrome e a plataforma Youtube.

As ações da empresa aparecem duas vezes no Top 10 da S&P 500 e se diferenciam de acordo com o tipo de participação que oferecem aos titulares:

  • Alphabet Inc A: são ações ordinárias da Google, ou seja, conferem direito de voto a seus acionistas;
  • Alphabet Inc C: ligeiramente mais barata, essas ações são similares a GOOGL, com a diferença de não concederem poder de voto aos titulares.

Meta Platforms

Criada em 2004 por Mark Zuckerberg, a Meta Platforms é a empresa por trás de algumas das redes sociais mais utilizadas em todo o mundo: o Facebook, o WhatsApp e o Instagram.

Berkshire Hathaway

Não tão conhecida do público brasileiro, a Berkshire Hathaway é a holding de investimentos de Warren Buffet, um dos investidores mais influentes de todo o mundo. 

Única empresa do setor financeiro entre as 10 maiores do S&P 500, a companhia aparece com frequência como a mais valiosa da NYSE. 

Eli Lilly

Empresa centenária, a Eli Lilly é uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo. Fundada em 1876, a companhia é conhecida por produtos como o Prozac, Humalog (insulina) e o Trulicity (para diabetes).

Broadcom

Fundada em 1961, a Broadcom é uma das líderes globais em semicondutores e infraestrutura de software. Entre seus produtos mais conhecidos estão chips para comunicação, dispositivos de rede e soluções para armazenamento de dados.

Como você deve ter percebido, o TOP 10 do S&P 500 é dominado por empresas da área de tecnologia da informação. Reflexo da hegemonia e de seu potencial, esse é o setor com maior representatividade dentro do indicador, com uma participação de 29,2% da sua composição.

Apesar disso, vale lembrar que o Standard & Poor’s 500 é tido como um dos índices mais diversos que existem

Para evitar relacioná-lo apenas com os grandes nomes da tecnologia, vale dar uma passada rápida de olhos sobre algumas companhias famosas e representativas de outros setores abrangidos pelo indicador:

EmpresaTickerSetor
Bank of American CorporationBACServiços Financeiros
BoeingBAIndústria 
Colgate-Palmolive CompanyCLBens de Consumo Básicos
ExxonXOMEnergia
Ford Motor CompanyFBens de consumo cíclico / Automotivo
General Motors CompanyGMBens de consumo cíclico / Automotivo
Johnson & JohnsonJNJSaúde 
JPMorgan Chase & CoJPMServiços Financeiros
MastercardMAServiços Financeiros
McDonald’s CorporationMCDBens de consumo básicos / Alimentação
NikeNKEBens de consumo cíclico / Moda
PepsiCo IncPEPBens de consumo básicos / Alimentação
PfizerPFESaúde e Farmacêutica
TeslaTSLABens de consumo cíclico / Automotivo
The Coca-Cola CompanyKOBens de consumo básicos / Alimentação
The Walt Disney CompanyDISBens de consumo cíclico / Entretenimento
WalmartWMTBens de consumo cíclico / Varejo

Essa, contudo, é apenas uma pequena amostra das empresas que compõem o S&P 500.

Já para ter uma ideia mais clara dos setores abrangidos e de sua proporção representativa, é só observar a tabela abaixo:

SetorPorcentagem
Tecnologia da Informação29,2%
Serviços Financeiros13,1%
Saúde12,3%
Bens de consumo cíclico / produtos e serviços não essenciais10,5%
Indústrias8,8%
Serviços de comunicação8,2%
Bens de consumo cíclicos / bens básicos6,2%
Energia4,1%
Matéria-prima / commodities2,9%
Utilidade Pública2,3%
Imóveis2,2%

Quais são os critérios para participar da S&P 500?

O S&P 500 é conhecido por reunir as empresas mais valiosas negociadas nas principais bolsas norte-americanas. O primeiro critério que precisa ser atendido para que uma companhia possa ingressar no índice é alcançar uma capitalização de ao menos US$14.5 bilhões. 

Esse valor, que é encontrado ao multiplicar o preço atual de uma ação pelo número 

de ações em circulação, não é, contudo, o único critério analisado pelo comitê da S&P 500 Dow Jones, responsável por rebalancear os componentes dessa carteira teórica. Além do market cap, também são observados os seguintes requisitos:

Liquidez

Além de ser considerada uma empresa de grande capitalização, para ser incluída no S&P 500, a companhia precisa ter um bom volume de negociação e ações vendidas a um preço considerado justo.

Dito assim até pode parecer um pouco subjetivo, mas não é. Isso é avaliado calculando a razão entre o valor anual negociado e a variação da capitalização de mercado, que deve ser maior ou igual a 1,0.

Ações em poder público

Pelo menos 50% das ações já emitidas pela companhia precisam estar no modo de free-float. Em outras palavras, disponibilizadas para o público geral para que os investidores as negociem entre si.

Domicílio

Para garantir a conformidade das companhias com as regulamentações locais, o S&P 500 inclui apenas empresas sediadas ou domiciliadas nos Estados Unidos. Não é suficiente ter títulos listados na NYSE ou na Nasdaq. 

Além disso, é preciso que a empresa mantenha uma presença substancial nos EUA. Ao menos metade de seus ativos fixos e de sua receita devem ser mantidos dentro das fronteiras do país.

Viabilidade

A empresa deve comprovar sua solidez, apresentando resultados positivos em suas demonstrações financeiras e um histórico de lucros de pelo menos quatro trimestres consecutivos.

Classificação setorial

Visando manter um equilíbrio ponderado entre diferentes atividades econômicas, o S&P 500 também considera o tipo de atividade fim da companhia e sua representação dentro deste segmento em específico.

Nesse sentido, a empresa precisa ser classificada em um setor reconhecido pelo indicador e ter um peso relevante dentro desse segmento.

IPO

Por fim, são aceitas apenas empresas que abriram o capital há mais de seis meses e que negociaram mais de US$250 mil ao mês desde então.

Vale pontuar que o Standard & Poor’s 500 é considerado um índice ponderado de capitalização. Isso significa que as empresas com maior valor de mercado têm maior peso no desempenho geral do indicador. 

Assim, variações no preço das ações de gigantes da tecnologia como a Microsoft e a Apple, que ocupam os primeiros postos do índice, causam maiores impactos em comparação às variações apresentadas. Por exemplo, as empresas de entretenimento e mídia Paramount e Fox aparecem próximas à extremidade oposta da tabela.

Por fim, é importante citar que não há garantias de que uma empresa que consiga ingressar no S&P 500 conseguirá permanecer no indicador. Afinal, a carteira costuma ser atualizada com periodicidade, buscando manter um retrato fiável do mercado acionário dos EUA. 

Na última atualização, promovida em 8 de maio de 2024, por exemplo, foi anunciada a eliminação da Pioneer Natural Resources (PXD) e a inclusão da Vistra (VST).

Isso, porém, não significa que o descumprimento de algum dos requisitos resulte em remoção automática da companhia. Do mesmo modo, o cumprimento de todos os critérios também não são garantia de que uma empresa seja incluída na carteira. A S&P 500 Dow Jones tem por política evitar o giro na composição do indicador.

Qual é o desempenho da S&P 500 em 2024?

Após uma valorização surpreendente de 24,6% em 2023 — em meio a circunstâncias adversas como a inflação crescente dos EUA e a alta da taxa básica de juros —, 2024 começou dando indícios de que também pode ser um grande ano para o S&P 500. 

Em 19 de janeiro, o indicador registrou sua primeira máxima histórica em dois anos, encerrando o sétimo maior intervalo de todos os tempos entre um recorde e outro (513 dias).

Quatro meses depois, em 15 de maio de 2024, o S&P 500 rompeu pela primeira vez a barreira dos 5.300 pontos — alcançando uma pontuação de 5.308,15, para sermos mais exatos. Mais que representar um aumento de 11,29% no acumulado do ano, essa pontuação já ultrapassou até mesmo as projeções feitas pelos analistas mais otimistas no início do ano. 

Bastante comedidas, as previsões iniciais de algumas das principais instituições financeiras do mundo para o S&P 500 em 2024 convergiam para um crescimento na casa dos 5%. Para ter uma ideia, o JP Morgan Chase, maior banco dos EUA, chegou a projetar um recuo de 13%.

Diante dos resultados apresentados até o momento e das expectativas de anúncios de cortes nas taxas de juros, as prospecções começam a ser atualizadas (para melhor).

A Oppenheimer, importante holding norte-americana, por exemplo, subiu suas previsões de 5.200 pontos (já ultrapassados) para 5.500, o que representaria um aumento de pouco mais de 15% no ano.

Como investir na S&P 500 estando no Brasil?

Ao contrário do que muita gente imagina, não faz falta morar nos Estados Unidos, ou ter isso como meta, para investir em grandes marcas do mercado norte-americano. É possível fazer isso desde o Brasil, e o melhor: de diferentes formas.

Na bolsa de valores brasileira, a B3 (Brasil, Bolsa e Balcão), o investidor brasileiro tem acesso a diferentes produtos que refletem ou acompanham o S&P 500:

  • Contratos futuros;
  • Minicontratos futuros;
  • Exchange Traded Funds (ETFs).

Todos esses investimentos são facilmente negociados desde o home broker (plataforma de investimento) de corretoras nacionais e em moeda corrente, isto é, em reais. Pelo ativo subjacente, nesse caso a carteira teórica do S&P 500, ser cotizado originalmente em dólar, o retorno para quem investe desde o Brasil pode ainda ser impulsionado pelo câmbio.

Ficou interessado? Não se preocupe. Abaixo explicamos o funcionamento dos diferentes produtos relacionados ao Standard & Poor’s 500 listados na B3:

Contratos futuros

Muito utilizados para especulação com diferentes ativos (commodities, moedas, índices, entre outros), os contratos futuro pertencem a classe de derivativos. Funcionam como um acordo de compra e venda de um ativo em um momento determinado mais adiante, por um valor previamente acertado.

 Nesse caso, o investidor que acredite na alta da pontuação do  Standard & Poor’s 500 pode adquirir contratos futuros desse indicador segundo sua pontuação atual, lucrando com a valorização acumulada até o momento do vencimento — caso isso realmente se concretize.

Modalidade particular de produto, os contratos futuros são regulados diretamente pela B3 e negociados apenas na bolsa de valores. Para que sejam listados, esses certificados são primeiramente padronizados. Ou seja, são moldados para que sejam iguais em valor, tamanho do lote e data de vencimento. 

No caso do contrato futuro do índice S&P 500, as características são as seguintes:

  • Código de negociação (ticker): ISP;
  • Cotação: US$50 por ponto;
  • Lote padrão: 1 contrato;
  • Liquidação: financeira;
  • Meses de vencimento: março, junho, setembro e dezembro;
  • Data do vencimento: terceira sexta-feira do mês;
  • Margem de garantia normal: 15% do contrato.

Dado seu funcionamento bastante singular, os contratos futuros também são um dos ativos mais utilizados para alavancagem — o que significa operar acima do valor que se tem disponível. 

Isso porque esses produtos não exigem desembolso imediato, já que o retorno ou prejuízo vão depender das variações do indicador até a data de vencimento. Chegada a maturidade, o investidor apenas paga ou recebe a diferença entre o preço de entrada e o preço de saída do contrato, não o valor total do contrato.

Apesar disso, esse tipo de ativo costuma ser restrito a uma margem pequena de investidores, devido ao tamanho do lote e a margem de garantia. Para facilitar o entendimento, vamos considerar os valores do momento enquanto escrevemos esse artigo (16 de maio de 2024).

Nesse caso, teríamos que multiplicar US$50, considerando a cotação atual do dólar (R$5,14), pela pontuação do Standard & Poor’s 500 no dia (5.308,15). Com a conversão, o valor presente desse contrato seria igual a R$1.365.646,05. 

Com uma margem de segurança de 15%, isso significa que um investidor interessado precisaria ter ao menos R$204.846,91 de garantia para poder negociar um desses títulos.

Parece muito? Não se preocupe, foi justamente pensando em tornar esse tipo de mercado mais acessível ao pequeno investidor que foram criados os chamados “minicontratos futuro”.

Minicontratos futuro

Se você entendeu como funcionam os contratos futuros do S&P 500, não será complicado entender a lógica por trás dos minicontratos. Afinal, esses títulos correspondem simplesmente a uma fração do contrato futuro tradicional — ou “contrato cheio”, como é mais conhecido.

Essa modalidade de produto foi criada em 2001 pela então BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) —  a atual B3 — como uma forma de facilitar a entrada de investidores pessoas físicas no mercado futuro.

No caso específico dos minicontratos do Standard & Poor’s 500, cada um (encontrado pelo ticker WSP) equivale a 1/20 do contrato futuro cheio. Colocando isso em números, o preço de um lote equivale a US$2,50 por ponto do indicador. 

Nos valendo dos mesmos dados que aplicamos anteriormente, isso significa que esse título estaria valendo R$68.256,88 na data presente. A margem de garantia, por sua vez, seria igual a R$10.238,53. Muito mais fácil, não é mesmo?

Exchange Traded Funds (ETF)

Para quem não está familiarizado com o termo, os Exchange Traded Funds são Fundos passivos planejados para acompanhar as flutuações de indicadores de mercados como o S&P 500 ou setores econômicos específicos. 

Dado sua praticidade e baixos custos, são considerados uma das formas mais práticas para quem busca diversificação.

Na prática, esses fundos espelham a carteira teórica do Índice S&P 500, buscando alcançar um desempenho igual a este. Na B3, existem atualmente 3 ETFs que seguem esse indicador. São eles:

  • BTG Pactual S&P 500 Fundo de Índice (SPXB11);
  • iShares S&P 500 FIC FI IE (IVVB11);
  • It Now S&P500® TRN Fund ETF (SPXI11).

Uma vez explicadas as principais formas para investir no S&P 500 estando no Brasil, vale repassar todos esses produtos para facilitar a busca no home broker:

NomeTipo de produtoCorretoraTicker
BTG Pactual S&P 500 Fundo de ÍndiceETFBTG PactualSPXB11
iShares S&P 500 FIC FI IEETFBlackRockIVVB11
It Now S&P500® TRN Fund ETFItaúSPXI11
Micro S&P 500 IndexMini futuroB3WSP
S&P 500 Index FuturoB3ISP

Fonte: S&P 500

O que você precisa saber antes de investir no índice

Investir no S&P 500 é mais fácil do que você pensava, não é mesmo? Antes de começar a fazer suas primeiras aplicações no índice, contudo, gostaríamos de deixar um par de dicas a mais que podem lhe auxiliar a tomar decisões mais embasadas.

Antes de investir neste índice, você precisa saber:

Como investir no exterior

Apesar da ideia de investir em empresas como Apple, Google e Coca-Cola seja naturalmente mais atrativa que adquirir ações de empresas nacionais, é preciso considerar que investir no exterior só é recomendado para investidores com experiência no mercado doméstico. 

Entender os produtos financeiros daqui pode facilitar a compreensão de ativos internacionais e dos movimentos do mercado, por meio de associações.

Vale lembrar ainda que o S&P 500 é constituído apenas por empresas sediadas nos Estados Unidos. Seu desempenho está, portanto, atrelado diretamente à economia norte-americana, podendo ser afetado por regulamentações, novas políticas monetárias, eventos geopolíticos e assim por diante.

Antes de investir no exterior, é indicado que o investidor estude a economia dos EUA, que fatores podem afetá-la e quais as notícias locais que podem impactar o mercado acionário. Informação é dinheiro. 

Aqui não tem segredo: é preciso seguir estudando. Para começar, separamos cinco outro artigos sobre investimentos no exterior que podem ser do seu interesse:

Taxa de câmbio

A taxa de câmbio é possivelmente o fator mais importante e mais imprevisível a se considerar em qualquer tipo de investimento no exterior. Isso não é diferente com os derivativos e fundos atrelados ao índice S&P 500.

Explicado de forma simples, ao investir em ativos dessa natureza, o investidor pode multiplicar seus lucros sempre que o dólar valorizar frente ao real. Contudo, não se pode ignorar que um cenário oposto também é possível.

Não é preciso voltar muito no tempo para encontrar exemplos de ambas situações. No acumulado de 2023, por exemplo, a moeda norte-americana recuou 8,08% em relação ao real. Em 2024, o cenário se inverteu e, somente nos cinco primeiros meses, o dólar já valorizou 5,98%.

Contudo, apesar dessas variações constantes no curto prazo, quando expandimos o horizonte temporal e observamos períodos mais longos, é possível verificar que moedas consolidadas e de economias mais sólidas tendem a manter seu valor de compra por mais tempo. 

Isso fica evidente ao observar a variação de câmbio acumulada nos últimos 10 anos. Entre 15 de maio de 2014 e a mesma data de 2024, a cotação do dólar saltou de R$2,22 para R$5,14. Um aumento de 131,53%.

Volatilidade e riscos de mercado

Os produtos vinculados ao índice S&P 500 são investimentos de renda variável. Isso quer dizer que seus retornos são incertos. Afinal, dependem do desempenho médio das 503 empresas que constituem oindicador. 

Este, por sua vez, pode ser impactado por uma série de fatores incluindo recessões e crises econômicas, problemas diplomáticos ou geopolíticos, mudanças monetárias ou situações imprevistos.

Um exemplo óbvio desse tipo de evento foi a pandemia de Covid-19, que chegou a derrubar o indicador em 34% no mês de março de 2020.

Isso posto, é preciso dizer que, por ser constituído apenas por blue chips, o Standard & Poor’s 500 é considerado um dos indicadores de mercado mais estáveis e seguros que existem para se investir.

Taxas de administração de ETFs

A taxa de administração pode ser compreendida como um valor pago ao gestor dos Fundos por seus serviços. 

Os Exchange Traded Funds são conhecidos por possuírem taxas menores quando comparados a outros Fundos de Investimento (FIs), já que o gestor não tem tanto trabalho quanto teria na administração de Fundos ativos, onde os indicadores de mercado servem de benchmark a ser batido.
Esse valor varia de Fundo para Fundo. No entanto, de modo geral, a taxa de administração de ETFs costuma ficar entre 0,10% e 0,80%. No caso, dos três Exchange Traded Funds que seguem o S&P 500, esse desconto está entre 0,18% e 0,23% sobre o capital inicial investido.

Por mais que sejam pequenas, essas taxas podem causar discrepâncias no desempenho do ETF em relação ao indicador referencial, especialmente no longo prazo. Essa diferença pode ser ainda maior se o gestor enfrentar dificuldades com a liquidez dos títulos em carteira ou com mudanças bruscas no indicador. No entanto, isso é bastante raro quando se trata do Standard & Poor’s 500.

Não pare de aprender sobre investimentos internacionais agora

Investidor, ainda há muitos outros conteúdos que vão ajudar você a diversificar o seu portfólio fora do país, assim como este sobre o S&P 500. No nosso canal do YouTube, há uma playlist de vídeos completa sobre investimentos internacionais, ideal para quem quer se valer da solidez de economias fortes. Nos vemos por lá!

Perguntas frequentes

É fácil investir no S&P 500?

Sim. Atualmente, existem diferentes maneiras de investir no S&P 500 desde o Brasil, sem necessidade sequer de abrir uma conta com uma corretora internacional. Por meio da B3, o investidor tem acesso, por exemplo, a ETFs, contratos futuros e minicontratos futuros atrelados a esse indicador.

Qual é a rentabilidade atual da S&P 500?

Até 15 de maio de 2024, quando rompeu 5.300 pontos, o S&P 500 acumulava um aumento de rentabilidade de 11,29%.

Quanto rende um minicontrato no S&P 500?

O rendimento de um minicontrato depende da variação de pontuação no desempenho do indicador entre o momento de compra do título e a data de vencimento acordada.

Quais são as maiores empresas do S&P 500?

Respectivamente, as dez maiores empresas do S&P 500 no momento são: Microsoft, Apple, Nvidia, Amazon, Alphabet (Google), Meta Platfoms, Berkshire Hathaway, Eli Lilly, Broadcom, Exxon.

Precisa ter conta em corretora dos EUA para investir na S&P 500?

Não. Existem diferentes opções de produtos atrelados ao S&P 500 listados na B3, e passíveis de serem acessados pelo home broker de corretoras nacionais.

Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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