Ao passo que aprofunda seu domínio sobre o mercado e ganha mais confiança para investir, é comum que o investidor modifique seu perfil e comece a tolerar riscos que não estava disposto a tomar, lá atrás, quando fez sua primeira aplicação.
Muitas pessoas, por exemplo, encontram-se em um “limbo”, onde ainda não se sentem preparadas o suficiente para arriscar um ingresso na renda variável, ao passo que anseiam por alternativas que ofereçam retornos superiores aos produtos tradicionais de renda fixa que acompanham índices de mercado ou a Selic.
Se essa for sua situação, uma possível saída são as debêntures, os títulos de dívida emitidos por empresas não financeiras. Já ouviu falar sobre elas?
Ponto de virada entre o perfil conservador e o moderado, tratam-se de alguns dos papéis mais arriscados e com maior potencial de rendimento dentro da renda fixa.
Caso essa possibilidade tenha despertado seu interesse, te convidamos a seguir a leitura. Ao longo deste artigo te apresentaremos todo o necessário para que você possa colocar riscos e expectativa na balança e sair daqui sabendo se as debêntures são ou não um investimento interessante para o seu perfil.
O que são debêntures?
Debêntures são títulos de dívida de médio ou longo prazo emitidos por empresas, enquadradas como sociedades anônimas (S/As), de capital aberto ou fechado.
Na prática, quem aplica nestes papéis, está emprestando dinheiro para que essas sociedades possam quitar suas dívidas ou financiar algum projeto determinado.
Em troca, além de ter o valor reembolsado, o investidor é remunerado por meio de juros prefixados, pós-fixados ou híbridos — segundo a classe do papel escolhido. A depender da situação, pode ser recompensado ainda com direitos que vão além do pagamento do crédito (mas sem pressa, falaremos deles mais adiante).
As debêntures também são conhecidas por oferecer rentabilidades superiores às dos títulos emitidos pelo governo ou por instituições financeiras, como os títulos do Tesouro Direto ou os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Por outro lado, também são considerados os ativos mais arriscados da renda fixa.
Investir nesses papéis exige atenção quanto à solidez e a saúde financeira do emissor, uma vez que não são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Por que empresas emitem debêntures?
Empresas podem emitir debêntures por diferentes razões, tais como: financiar novos projetos, expandir negócios ou mercado, ou mesmo alongar suas dívidas.
Essa é uma alternativa aos empréstimos bancários que possuem custos mais elevados do que os retornos pagos aos debenturistas — ou seja, o titular de uma debênture.
Quem pode emitir debêntures?
As debêntures podem ser emitidas por sociedades anônimas de capital aberto e fechado que precisem levantar capital externo, desde que não sejam instituições financeiras ou de crédito mobiliário. Ofertas públicas de debêntures, contudo, só podem ser lançadas por companhias abertas e registradas junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A decisão de emitir debêntures — e quais serão as condições e cláusulas agregadas a esses papéis — precisa ser tomada por meio de assembleia geral de acionistas ou por reunião do Conselho de Administração.
Antes de convocar a reunião ou a assembleia, a empresa precisa estar munida de uma análise minuciosa acerca das necessidades de caixa. Esse estudo deve ser capaz de demonstrar, entre outras coisas, que a companhia terá como honrar com suas obrigações junto aos debenturistas no momento do resgate.
Quais são os tipos de debêntures?
As debêntures são categorizadas segundo as cláusulas de resgate e remuneração especificadas na sua emissão. Algumas delas pagam seus credores por meio de uma taxa de juros sobre o valor aplicado, enquanto outras vão além e acrescentam alguma outra forma de direito complementar.
Saber esses pormenores é essencial para que o investidor tome a melhor decisão sobre onde aplicar o seu dinheiro. Mas não há motivo para preocupação, abaixo listamos cada uma dessas categorias e o que as diferenciam uma das outras.
Debêntures conversíveis
As debêntures conversíveis são chamadas desta forma porque permitem que o titular, na data de vencimento, troque o valor integral de seu papel ou os juros que tem por receber por ações da empresa emissora.
Dito de outro modo, quem investe nesta categoria, pode optar por se tornar um acionista da companhia. Esses títulos são limitados a investidores qualificados — aqueles que possuem mais de R$1 milhão investidos.
Devido a essa cláusula de conversibilidade, essa modalidade é considerada uma das mais seguras e com maior potencial de rendimento.
Isso porque a possibilidade de adquirir ações faz com que o investidor tenha mais uma opção de resgate, em caso de que a empresa não consiga honrar com suas obrigações. Do mesmo modo, oportuniza ainda que o debenturista escolha a remuneração que lhe parecer mais vantajosa na data de maturidade.
Debêntures incentivadas
As debêntures incentivadas, também conhecidas popularmente como “debêntures de infraestrutura”, são regidas pela lei 12.431/2011, a qual zerou o Imposto de Renda sobre rendimentos de títulos de dívida emitidos para financiar projetos que sejam considerados benéficos ao desenvolvimento do país. São, vale frisar, a única categoria que conta com esse tipo de isenção para os debenturistas.
Essas debêntures só podem ser emitidas por empresas de setores considerados estratégicos pelo governo. Esse grupo foi ampliado em 2023, como uma forma de incentivar o avanço de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Atualmente, entre os principais segmentos de mercado que podem levantar fundos dessa forma é possível citar:
- Educação;
- Energia;
- Habitação;
- Irrigação;
- Logística;
- Mineração;
- Saneamento básico;
- Saúde;
- Segurança pública;
- Telecomunicação;
- Transporte.
Debêntures simples
A mais comum e popular entre todas as categorias, a debênture simples — também chamada de “comum” ou “ordinária” — funciona como um título normal de renda fixa. Isto é, não conta com nenhum direito extra ou especificidade tributária em meio a suas cláusulas.
O retorno dessas aplicações ocorre segundo a data de resgate e corresponde sempre ao valor aportado acrescido de uma taxa de juros. Seus retornos, por sua vez, são tributados segundo as regras da Tabela Regressiva do Imposto de Renda.
Debêntures permutáveis
Bastante singulares, as debêntures permutáveis permitem que o investidor, no momento do resgate, converta seus títulos em ações de uma empresa distinta da emissora.
Por mais que possa parecer confuso, o funcionamento desses contratos é, na realidade, bem simples. Ao emitir esses papéis, a companhia acrescenta uma cláusula onde oferece ações de outras empresas que tenham em caixa como uma alternativa de pagamento.
Na prática, essa opção extra de retorno acrescenta camadas de segurança tanto para o emissor quanto para o debenturista. Isso porque, em casos onde tenha dificuldade de honrar suas obrigações, a companhia poderá quitar suas dívidas sem recorrer a dinheiro.
Outro detalhe que vale ser destacado é a liberdade dada ao investidor de receber seu resgate de maneira integral ou mista: ou seja, uma parte em dinheiro e outra em ações. Existe a opção, por exemplo, de resgatar os juros em dinheiro, e a aplicação inicial em ações, ou vice-versa.
Debêntures perpétuas
Bem incomuns, as debêntures perpétuas são títulos de dívida sem prazo específico de vencimento.
Dado que não possuem data para resgate, esse tipo de papel não devolve o valor inicial aplicado. Como contrapeso, os juros ou participações — segundo o acordado na escritura de emissão — são pagos continuamente.
Um exemplo bem famoso no mercado são os papéis emitidos pela Vale, em 1997, que concederam aos investidores da época o direito de participar dos lucros das jazidas da mineradora.
Uma vez que esses depósitos minerais ainda não foram extintos, os titulares seguem recebendo suas participações até hoje. Esse pagamento só será interrompido com o fim das jazidas, o que está previsto para ocorrer entre 2054 e 2096, a depender da região explorada.
Debêntures participativas
A singularidade das debêntures participativas está na forma com que as empresas emissoras remuneram seus debenturistas: por meio de participação de lucros. Isso é bastante curioso, pois esse tipo de pagamento as posiciona em um limiar entre a renda fixa e a variável.
Por um lado, assim como qualquer outro produto de renda fixa, esses títulos possuem regras específicas de pagamento (que são semestrais). Por outro, contudo, mais se assemelham aos produtos de renda variável, dado que seu retorno é imprevisível: varia de acordo com a soma de diferentes fatores, tais como a flutuação de preço dos produtos, taxas de câmbio, desempenho produtivo, demanda, entre outros.
Um bom exemplo de debêntures participativas são os títulos emitidos pela Vale, em 1997. E não, isso não é um déjà vu de sua parte, e tampouco uma mera repetição ou contradição da nossa. É que essas debêntures podem ser consideradas tanto perpétuas (se considerado o prazo de resgate), quanto participativas (se considerada a remuneração).
Debêntures com Warrants
As debêntures com warrants concedem aos debenturistas o direito prioritário de comprar ações da empresa emissora em uma data futura determinada, e por um valor pré-definido, segundo a escritura de emissão.
Além da possibilidade de adquirir ações de companhias com grande potencial de valorização por valores abaixo do que esses papéis podem chegar a atingir, o direito sobre warrants também apresenta outra grande vantagem: eles são destacáveis da debênture. Dito de outra maneira, o investidor pode manter o título e negociar o direito no mercado secundário.
Em contrapartida por todas essas facilidades, as debêntures com warrants costumam pagar taxas de juros inferiores às oferecidas por outras categorias.
Debêntures cupom zero
O cupom é como é chamado o pagamento periódico de juros ao investidor que possua um título de dívidas. Assim, por dedução, as debêntures com cupom zero são aquelas que não oferecem remunerações constantes a seus titulares.
O lucro é conhecido desde o momento da aplicação e é pago integralmente, de uma única vez, na data de vencimento. Como compensação, o valor cobrado para adquirir esse tipo de papel é normalmente bem inferior ao seu valor nominal.
Ao aplicar em debêntures com cupom zero, o investidor deve ter ciência de que não terá nenhum retorno até a data estimada. Além disso, é necessário ter o cuidado de calcular o impacto da inflação no período, dado que o retorno já está acertado desde o princípio.
Como funcionam as debêntures?
O funcionamento das debêntures se dá de forma semelhante aos títulos de renda fixa emitidos pelo governo ou por instituições financeiras. Ou seja, são títulos de dívida emitidos por empresas que precisam levantar fundos para a realização de algum projeto ou mesmo para reorganizar suas dívidas, mas que preferem evitar os financiamentos bancários.
Ao adquirir esses papéis, o investidor está, na prática, emprestando dinheiro para a empresa emissora. Em troca, além de receber o valor do capital aplicado, o titular ainda é remunerado por uma taxa de juros estipulada, ou por meio de outros direitos específicos — a depender da categoria da debênture, conforme vimos anteriormente.
As formas de rendimento, taxas, direitos, prazos e garantias variam segundo a empresa. Todas essas informações devem constar de maneira clara na escritura de emissão — a qual pode ser ainda mais detalhada, apresentando, por exemplo, a destinação do capital arrecadado.
Rendimento
Via de regra, para calcular a rentabilidade de uma debênture, é preciso considerar o tipo da taxa de juros atrelada ao papel: se prefixada, pós-fixada, ou híbrida.
Abaixo, explicamos cada uma delas:
- Debênture prefixada: são títulos que possuem uma taxa de juros anual fixa e pré-definida. O retorno desses papéis pode ser conhecido desde antes da aplicação.
Apesar desse tipo de taxa facilitar o cálculo do rendimento, para se ter uma estimativa mais próxima da rentabilidade real, é preciso que o investidor tome o cuidado de considerar o impacto da inflação no período;
- Debêntures pós-fixadas: os juros pagos por esses papéis acompanham algum índice de mercado definido na emissão, tal qual a taxa Selic ou o CDI. Deste modo, dado que dependerá do desempenho do indexador no período, a rentabilidade desses ativos não pode ser prevista com exatidão. Os valores de resgate só serão conhecidos na data de maturidade prevista.
Embora tenham rendimentos mais imprevisíveis, esses títulos são tão ou mais seguros que os predefinidos. Isso porque a correção do título acompanha um indexador, garantindo a manutenção do valor de compra;
- Debêntures híbridas: são títulos que mesclam remunerações pré e pós-fixadas. O rendimento, neste caso, é atrelado a um índice de mercado, além de ser acrescido com uma taxa fixa de juros, ou seja, um cupom.
Comumente, o indexador escolhido é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a taxa de inflação brasileira. A alíquota fixa, por sua vez, corresponde ao valor determinado na emissão.
Ao mesclar essas duas modalidades de rendimento, as debêntures híbridas blindam a rentabilidade contra a inflação, além de garantir um valor extra ao debenturista.
Custos e tributação
Com exceção das debêntures incentivadas — que, como já explicamos, são livres de impostos —, todas as demais categorias são tributadas de acordo com a Tabela Regressiva do Imposto de Renda, a mesma que incide sobre a maioria dos ativos de renda fixa.
Essa tabela, tal qual sugere o nome, funciona por meio de alíquotas que decrescem segundo o prazo de resgate das aplicações: quanto maior o tempo de permanência, menor o imposto, e vice-versa.
Essa alíquota varia entre 22,5% e 15% sobre os rendimentos, segundo o observado na tabela abaixo:
Tempo de permanência da aplicação | Alíquota total do Imposto de Renda |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
Mais de 720 dias | 15% |
Vale citar que, comumente, as debêntures possuem data de maturidade superior a cinco anos. Isso quer dizer que a retenção de IR costuma ser de 15%, a menor alíquota da tabela.
Em casos onde há pagamentos periódicos de juros ao titular, contudo, a alíquota é maior, uma vez que o cupom costuma ser descontado semestralmente. Nesta situação, haveria incidência de 22,5% de IR, a alíquota máxima da tabela.
Para além da tributação, outro custo que deve ser considerado pelo investidor ao estimar seus rendimentos são as taxas cobradas pela corretora para a operação dos ativos.
Já quem aplica em debêntures por meio de fundos de investimento deve observar os custos de duas categorias de taxas: a administrativa (que gira em torno de 1% ao ano) e a de performance, que é um bônus pago ao gestor sempre que o índice de referência seguido é superado, e que pode chegar até 20% — essa taxa, entretanto, não é necessariamente cobrada por todos os fundos.
Quais são as vantagens e desvantagens das debêntures?
Por mais que ofereçam, ao mesmo tempo, rendimentos maiores do que os títulos emitidos pelo governo ou por instituições financeiras e mais segurança do que os ativos de renda variável, as debêntures não são perfeitas. Afinal, não é à toa que são tidas como a classe mais arriscada de aplicação em renda fixa.
Antes de incluir as debêntures em sua carteira de investimento, é recomendado o zelo de ponderar suas vantagens e desvantagens para ter a certeza de que se está tomando uma boa decisão. Para te ajudar nesta tarefa, na sequência detalhamos os principais benefícios e riscos deste tipo de produto:
Vantagens das debêntures
A grande vantagem das debêntures é, sem dúvida, seu rendimento superior à média dos demais investimentos de renda fixa.
Quando comparadas aos ativos de renda variável, por sua vez, as debêntures também contam com um benefício notável: a previsibilidade. Na prática, isso quer dizer que o investidor já sabe antes da aplicação quais serão as regras de remuneração — incluindo os valores do cupom e o “per face” — e prazos atrelados ao papel.
Além de preservar o capital, a possibilidade de prever os rendimentos permite que o investidor elabore táticas com antecedência e ajuste suas metas com maior precisão.
Por fim, conforme já vimos, as debêntures são ativos bem diversos, o que significa que é possível combiná-las para cobrir diferentes estratégias e objetivos, potencializando os rendimentos.
Vale lembrar, ainda, que certas categorias oferecem direitos extras que podem ser bem atrativos, tais como a possibilidade de converter o valor previsto do resgate em ações da companhia emissora ou de uma terceira.
Desvantagens das debêntures
Debêntures são investimentos de renda fixa que podem ser indicados para perfis conservadores ou moderados. Isso, por si só, já seria o bastante para deduzir que tratam-se de produtos considerados seguros pelo mercado.
Entretanto, isso não quer dizer que estejam livres de riscos. Pelo contrário. Existe mais de um fator negativo a analisar quando falamos desses ativos. Os mais significativos são os seguintes:
- Risco de crédito: sempre há a chance de que a empresa emissora passe por dificuldades financeiras ou mesmo quebre, não tendo, assim, como arcar com suas obrigações. Nesse caso, os recebimentos esperados pelo investidor podem ser parcial ou integralmente comprometidos. Vale lembrar que, ao contrário de grande parte dos títulos de renda fixa, as debêntures não possuem cobertura do FGC;
- Risco de inflação: o retorno de títulos prefixados pode ser altamente comprometido pela taxa da inflação acumulada no período;
- Risco da taxa de juros: debêntures também podem ser desvalorizadas em situações onde a taxa de juros apresentada pelo mercado for superior aoao ao seu cupom;
- Risco de liquidez: uma vez que oferecem retornos menos atrativos que outros produtos negociados no mercado secundário, há grandes chances de que o investidor não encontre nenhum comprador disposto a pagar o preço justo por seu ativo;
- Risco de mercado: o preço da debênture é impactado pelas flutuações do mercado. Dessa forma, em caso de que sejam negociadas no mercado de capitais, é possível que o valor de reembolso do titular seja menor do que o preço que ele pagou originalmente pelo ativo em questão.
Antes de seguirmos, vale uma ressalva: esses papéis são, no geral, bem menos arriscados do que uma lista como a que apresentamos acima pode dar a entender. É importante citar, por exemplo, que apenas grandes empresas podem emitir e negociar títulos de dívida.
Dito isso, aplicar em debêntures é seguro desde que o investidor tenha o cuidado de verificar a solidez da companhia emissora. Isso pode ser feito, por exemplo, verificando seu rating, que é uma nota creditada por agências classificadoras de risco de crédito a empresas e governos. Indo de “AAA” (mais alta) até “D” (mais baixa), essa pontuação mede e atesta a capacidade dos emissores de cumprirem com suas obrigações.
Como escolher a melhor debênture?
Engana-se quem pensa que a debênture com maior potencial de lucro é a mais indicada. O melhor título de dívida é, na verdade, aquele que melhor se encaixa ao perfil e às expectativas do investidor.
Dito isso, para escolher uma boa debênture, tenha a cautela de observar os seguintes fatores:
- Prazo de vencimento: lembre que as debêntures possuem, no geral, prazos longos de vencimentos. Antes de aplicar neste tipo de título, tenha certeza de que a data de maturidade está alinhada aos seus planejamentos. Negociar seus títulos no mercado secundário, embora possível, não costuma trazer bons retornos;
- Solidez do emissor: debêntures não contam com proteção do FGC, assim, para evitar maiores riscos, não deixe nunca de verificar a saúde financeira da empresa emissora. Um bom ponto de partida, como já explicamos, é buscar qual o seu rating;
- Tributação: não esqueça de considerar a tributação e os demais custos no seu cálculo de rendimento. Aqui, vale lembrar que existem opções isentas de IR, o que pode ser um atrativo à parte;
- Direitos complementares: como já vimos, há debêntures que oferecem mais de uma forma de retorno. Essa pode ser uma grande vantagem a se considerar, dado que possibilita ao investidor poder optar pela opção mais rentável, além de blindar suas aplicações contra o risco de crédito;
- Rendimento: sim, falamos anteriormente que esse não é o único fator a se ter em mente, isso não quer dizer, porém, que não se trata do grande determinante. Se após considerar os prazos, tributos, segurança e direitos extras, você ainda estiver em dúvida entre papéis diferentes, é o momento de optar por aquele que apresenta as melhores condições de rendimento. Nesse ponto, vale o reforço de verificar qual o tipo de taxa de rentabilidade atrelada a cada um dos títulos em que você esteja considerando aplicar — se prefixada, pós-fixada ou híbrida.
Como investir em debêntures?
Compreendidos os seus objetivos e o funcionamento geral de cada um dos tipos de debêntures existentes no mercado, chegou a parte mais fácil: a prática.
Para aplicar em debêntures não há nenhum mistério. Basta seguir este simples passo a passo:
- Abra conta em uma corretora: antes de mais nada, é preciso abrir sua conta em uma corretora de valores, a qual será a responsável por intermediar suas compras. Ao escolher uma instituição, primeiramente, verifique se ela trabalha com a oferta de debêntures. Feito isso, observe outros fatores importantes como: os valores da taxas de corretagem, a intuitividade de seus sistemas de negociação, a qualidade dos relatórios produzidos, a facilidade de atendimento, entre outros;
- Defina seu perfil: em teoria, por se tratarem de ativos de renda fixa, as debêntures são indicadas até mesmo para investidores iniciantes. Contudo, aplicar neste tipo de papel exige uma margem mínima de tolerância a riscoà risco que não é atendida por todo mundo. É por isso que, após abrir a sua conta, é preciso que a corretora elabore o teste de suitability, por meio do qual a instituição estará ciente de quais classes de ativos são as mais indicadas para você. Basicamente, por meio desse teste é possível definir qual seu perfil de investidor, ou seja, o quanto você estaria disposto a abrir mão da segurança em troca de retornos mais expressivos;
- Transfira recursos: definido seu perfil e aberto seu cadastro, é momento de transferir os valores que você pretende investir, da sua conta bancária para a conta da corretora;
- Escolha as debêntures: com seu cadastro finalizado e os recursos repassados, é hora de decidir onde você irá aplicar seu dinheiro. Para isso, basta acessar o homebroker da corretora — ou seja, a plataforma de negociação —, buscar pela opção de renda fixa e, então, pelas debêntures. Ao optar por uma delas, relembre de repassar tudo o que vimos ao longo deste artigo: prazos de resgate, riscos, direitos oferecidos, tipo de juros pagos, solidez do emissor, entre outros;
- Aplique: já sabe qual a debênture que melhor corresponde aos seus planejamentos? Então, é só clicar em comprar e inserir o valor que pretende aplicar neste ativo. Simples assim!
No caso de que você esteja atraído pela rentabilidade e pelas demais vantagens das debêntures, mas ainda não se sinta seguro para tomar suas decisões entre as categorias de ativos existentes, é possível optar ainda por um caminho mais prático: adquirir cotas de fundos de investimento que apliquem em debêntures.
Ao fazer isso, o investidor está terceirizando a administração de seu dinheiro para um gestor profissional, o qual será responsável por escolher as debêntures, aplicar, e acompanhar o desempenho do fundo. Fácil, não é mesmo?
Qual é a diferença entre debêntures e ações?
Debêntures e ações são termos que costumam confundir muita gente. Isso acontece porque ambos são títulos emitidos por sociedades anônimas. Existem, contudo, um par de diferenças entre esses dois tipos de investimento.
A principal está na relação do titular com o emissor: ao adquirir uma ação, o investidor se torna acionista da empresa. Já ao comprar uma debênture, passa a ser um credor da companhia.
Enquanto sócio, o acionista tem direito a compartilhar dos lucros — bem como do desempenho e dos prejuízos da empresa. O debenturista, por sua vez, recebe uma taxa de juros pelo empréstimo realizado.
Importante destacar que os lucros só são distribuídos após o pagamento de todas as dívidas. Isso quer dizer, por conseguinte, que os debenturistas são sempre pagos antes que os acionistas.
Por ter a preferência na remuneração, o titular de uma debênture tem, obviamente, mais segurança quanto ao seu retorno. Por outro lado, caso os empréstimos levantados por meio dos títulos de dívida realmente auxiliem a empresa a crescer, os acionistas é que serão os grandes beneficiados dada a potencial valorização das ações.
Por fim, vale sublinhar que ações são investimentos de renda variável e debêntures são ativos de renda fixa. Isso faz toda a diferença na hora de decidir em qual deles investir, uma vez que papéis muito voláteis são indicados para perfis moderados e, principalmente, arrojados.
Entenda a renda fixa de uma vez por todas com a Finclass
O mercado de capitais é bastante amplo e conta com produtos específicos para cada tipo de investidor. Se você busca retornos maiores do que os da caderneta de poupança, mas ainda não se sente à vontade para arriscar seu patrimônio com investimentos sem retorno previsível, as debêntures realmente podem ser uma opção interessante. Não são, porém, o único ativo capaz de atender esses requisitos.
Caso você queira aprender ainda mais sobre debêntures e todos os demais investimentos indicados para investidores iniciantes e conservadores, te convidamos a conhecer a aula sobre Renda Fixa ministrada pela, Marilia Fontes, aqui na Finclass.
Para além das debêntures, ao longo do curso, você também compreenderá como funcionam os títulos de dívida emitidos pelo governo e por instituições financeiras, de maneira a ampliar suas opções de investimento de maneira segura.
O mais interessante, porém, vem agora. Marília te mostrará algo que poucos investidores sabem: como superar os retornos da renda variável, investindo em produtos de renda fixa. Ficou curioso, não é mesmo? Então dê logo o play e comece a fazer seu dinheiro render!