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Fundos de Fundos: entenda o que é e como funcionam os FoFs

Compor, acompanhar, administrar e rebalancear uma carteira de investimentos é tarefa que exige prática, conhecimento e disponibilidade. Imagina então o trabalho e o empenho necessário para cuidar não de um portfólio, mas de uma, duas ou três dezenas deles… Parece coisa demais, não é? 

E se dissermos que é possível investir em múltiplas carteiras com uma só aplicação e ainda repassar toda a responsabilidade de cuidar desse leque de ativos para um um profissional do mercado? Pode até parecer bom demais para ser verdade, mas não é preciso manter o pé atrás. 

É justamente isso que os chamados Fundos de Fundos proporcionam. Adquirir cotas desse tipo de condomínio é uma forma bastante prática para diversificar investimentos para quem ainda não tem muita experiência ou tempo para acompanhar o mercado de perto. Se esse for o seu caso, te convidamos a seguir a leitura.

Ao longo deste artigo, te explicaremos de forma clara e minuciosa como funcionam os Fundos de Fundos, quais os tipos existentes, suas vantagens e desvantagens, e claro: como começar a investir ainda hoje. 

O que são Fundos de Fundos?

Também conhecidos como FOFs — sigla para o original em inglês “funds of funds” — ou “Fundos de Investimentos em Cotas(FIC), os Fundos de Fundos nada mais são do que carteiras que, em vez de investir diretamente em ativos finais, aplicam seus recursos em cotas de outros fundos de investimento. 

Esses portfólios são vistos como uma alternativa interessante, sobretudo, para investidores iniciantes e com pouco capital, dado que oportunizam acesso a uma grande gama de ativos e diferentes estratégias de maneira prática e por meio de uma única aplicação.

Vale citar que para ser caracterizado como um FOF, essas carteiras devem ter ao menos 95% de seu patrimônio investido em cotas de outros fundos de investimento. 

Como funciona o Fundo de Fundos?

De modo geral, os Fundos de Fundos funcionam assim como qualquer fundo de investimento tradicional. Isto é, são aplicações coletivas, onde os valores aportados por diferentes investidores são reunidos em um só montante e aplicados, conjuntamente, pelo gestor da carteira ou por uma instituição financeira autorizada. 

A particularidade dos FICs está justamente no fato de que seu patrimônio não é investido em ativos finais — como ações e títulos públicos, por exemplo — mas sim em participações de outros fundos. Ao adquirir cotas de um Fundo de Investimento em cotas, é como se o investidor estivesse, portanto, aplicando em múltiplas carteiras ao mesmo tempo. 

Em decorrência da composição singular de sua carteira, a administração dos FOFs também é ligeiramente distinta das de um fundo de investimento convencional. 

Neste tipo de condomínio, o gestor não escolhe os ativos finais para investir. Assim, em vez de analisar a performance individual de diferentes papéis, esse profissional se concentra em observar o desempenho de outros fundos. Sua tarefa engloba avaliar os retornos e riscos das estratégias adotadas por gestores de fundos, cujas cotas estejam interessadas em adquirir.

A depender da estratégia adotada pelo administrador, esses fundos podem investir em cotas de diferentes carteiras de um mesmo gestor ou em cotas de fundos administrados por diferentes gestores — neste caso, os FOFs podem ser também chamados de fundos multigestores.

Ao fim, os lucros obtidos com as aplicações são partilhados entre os cotistas, de maneira proporcional aos aportes feitos por cada um. De igual modo, as despesas de corretagem e custódia também são divididas entre os participantes. 

E é aqui que vale o alerta: por aplicar indiretamente em diferentes fundos, é possível que as despesas também sejam maiores. Mas não nos adiantemos. 

Falaremos com mais detalhes sobre essa e outras desvantagens mais adiante.

Quais são os Fundos de Fundos?

Os Fundos de Fundos são classificados segundo a mesma lógica que rege os demais fundos de investimento, logo só podem investir em cotas de produtos de uma mesma categoria

A exceção fica por conta dos FICs Multimercados, que por sua própria natureza, podem aplicar em fundos de qualquer tipo e não apenas em outros multimercados. 

Para que não restem dúvidas, na sequência explicaremos cada um dos Fundos de Fundos mais comuns, de maneira individual e detalhada:

Fundos de Fundos Imobiliários

FOFs Imobiliários são aqueles que aportam seu patrimônio em cotas de outros fundos imobiliários negociados na Bolsa de Valores.

Os recursos dos cotistas são, ao fim, destinados a aplicação em imóveis físicos (compra, construção ou aluguel de prédios, galpões, shoppings, universidades, entre outros) ou em títulos de operações financeiras lastreados no mercado imobiliário (como as Letras de Crédito Imobiliário e os Certificados de Recebíveis Imobiliários). 

Fundos de Fundos de Ações

FOFs de ações são compostos por cotas de diferentes fundos de ações, que são aqueles com ao menos 67% do patrimônio investido neste tipo de produto.

Importante citar que existem diferentes segmentações dentro dos fundos de ações, de acordo com as estratégias adotadas: como investimentos setoriais, aplicações em small caps (empresas pequenas, mas com grande potencial de crescimento), ou blue chips (as maiores e mais reconhecidas empresas da bolsa), entre outros.

Desse modo, a depender das cotas adquiridas pelo gestor, o Fundo de Fundos de Ação pode ser mais ou menos ousado. Também é possível que seja buscado um balanço ao equilibrar cotas de carteiras com diferentes tipos de estratégias.

Fundos de Fundos Multimercado

Fundos de Fundos Multimercados, como adiantamos, possuem a particularidade de poderem aplicar seu patrimônio em outras carteiras multimercados, bem como em outros tipos de fundo também.

Esses são, sem dúvida, os tipos de aplicação que dão ao investidor acesso aos maiores leques de produtos do mercado. 

Os FICs Multimercados permitem estratégias ainda mais amplas e complexas do que as dos Fundos de Fundos de Ações, existindo opções para todos os perfis de investidores, desde os mais conservadores até os mais arrojados.

Quais são as vantagens e desvantagens dos FOFs?

Que os FOFs podem ser uma oportunidade prática de diversificação para investidores iniciantes e com pouco capital é algo difícil de negar. Contudo, vale sempre o reforço de que todo tipo de investimento tem seus prós e contras, e com os Fundos de Fundos não seria diferente.

Para deixar tudo às claras, citamos na sequência as principais vantagens e desvantagens que devem ser observadas antes de aplicar nesta modalidade de produto financeiro:

Vantagens dos FOFs

Entre os principais benefícios de investir em Fundos de Fundos, é possível citar:

  • Diversificação: não tem jeito, a primeira vantagem que vem a mente ao falar de FOFs é o acesso a uma grande gama de produtos por meio de uma só aplicação. 

Afinal, se investir em um fundo convencional já permite ao cotista ter participação em uma carteira ampla, ao adquirir cotas de um Fundo de Fundos essa diversificação é multiplicada exponencialmente. Esse é um benefício muito importante, sobretudo, para investidores iniciantes com capital reduzido, os quais jamais teriam como aplicar em uma gama tão variada de ativos por conta própria.

  • Segurança: muito além de potencializar retornos, uma carteira equilibrada traz mais segurança para o investidor. A diversificação ajuda a proteger o patrimônio contra prejuízos causados pelo mau desempenho de papéis específicos, uma vez que as perdas em um ativo podem ser compensadas pelos ganhos em outros ativos na carteira. Assim, pode-se afirmar que quem investe em Fundos de Investimento em Cotas está praticamente blindado contra qualquer risco não sistemático do mercado.
  • Praticidade: após adquirir cotas de um FOF, a única tarefa do investidor será acompanhar os relatórios apresentados para ver se o desempenho está de acordo com suas expectativas iniciais. Toda a parte burocrática de montar, acompanhar, gerir e balancear o portfólio é delegada ao gestor do fundo.
  • Gestão profissional: falando no gestor, vale lembrar que este é sempre um profissional do mercado financeiro, ou seja, alguém com amplo domínio sobre todos os produtos disponíveis e capaz de analisar fundos e fazer projeções baseadas em fatores macroeconômicos. Isso é particularmente útil para investidores iniciantes que podem se sentir sobrecarregados com a quantidade de informações e análises necessárias.

Desvantagens dos FOFs

Pontuados os benefícios de aplicar em Fundos de Investimento em Cotas, é momento de mostrar o outro lado da moeda e elencar também as suas desvantagens. São elas:

  • Custos: esse é, sem dúvida, o grande alerta vermelho desse tipo de investimento. Para começar, a gestão profissional de um fundo não é gratuita. Uma porcentagem do patrimônio (comumente anual) é destinada ao administrador da carteira. Em alguns casos, pode ser cobrado ainda uma taxa de performance, quando o retorno do fundo supera os benchmarks aos quais ele está atrelado.

Nos Fundos de Fundos, esses custos podem ser ampliados. Isto porque, além das taxas administrativas do próprio FOF, os investidores também estão sujeitos às taxas cobradas pelos fundos nos quais este investe. Importante ressaltar que essas cobranças ocorrem independentemente do sucesso de cada um desses fundos.

É preciso, portanto, ter a cautela de considerar todas essas taxas, uma vez que elas podem comprometer — e muito — os rendimentos aguardados pelo cotista.

  • Falta de liberdade: para alguns, ter um gestor tomando conta de todas as decisões pode ser visto como algo prático. Por outro lado, para outros, essa falta de controle pode ser entendida como uma limitação, pois o investidor não tem a capacidade de escolher ativos específicos que deseja incluir ou excluir da carteira.

Se essa falta de autonomia é uma característica intrínseca dos fundos convencionais, o que dizer então de um Fundo de Fundo, onde nem mesmo o gestor tem o poder de escolha sobre os investimentos individuais?

Vale a pena investir em FOFs?

Sabemos que neste momento você deve estar ponderando se vale ou não a pena investir em FOFs. Mesmo sabendo que pode soar evasivo, já adiantamos que não temos essa resposta. Ou melhor: não nos cabe afirmar nem que sim, e nem que não.

Conforme pontuamos acima, antes de investir em um FOF — ou  em qualquer outro tipo de produto financeiro — é preciso ter o cuidado de pesar as vantagens e desvantagens, para verificar se esses ativos realmente se encaixam ao seu perfil e às suas expectativas.

Os Fundos de Investimento em Cotas são, de modo geral, aplicações recomendadas para investidores inexperientes que pretendem diversificar suas carteiras, embora ainda não possuam o domínio ou os recursos necessários para compor um portfólio equilibrado por conta própria.

Se esse for o seu caso, antes de investir, não esqueça de observar as taxas administrativas cobradas por esses fundos. Lembre que, via de regra, elas são significativamente altas e podem corroer seus retornos.

Além disso, por mais que possam ser alternativas interessantes para quem está apenas começando a investir, isto não quer dizer que todo fundo é adequado para o seu perfil. 

Como falamos anteriormente, a depender da estratégia adotada pelo gestor, as cotas adquiridas podem ser mais ou menos arriscadas. Verifique sempre se a carteira em questão é realmente indicada para o seu perfil de investidor e se atende às suas expectativas.

Como investir em Fundos de Fundos?

Se após chegar até aqui, você está certo de que os Fundos de Fundos vão ao encontro aos seus planejamentos, mas ainda não sabe como fazer sua primeira aplicação, não se preocupe. 

Afinal, se você conseguiu entender bem como esses investimentos funcionam, investir será moleza. Quer ver só?

Então se liga nesse passo a passo que preparamos para te ajudar a investir em FOFs:

1. Abra conta em uma corretora

Para ter acesso aos Fundos de Fundos é preciso abrir sua conta em uma corretora que trabalha com a distribuição dessa modalidade de investimento.

2. Descubra seu perfil de investidor

Conforme vimos, existem FOFs adequados para os mais diferentes tipos de pessoas. Assim, para ter certeza de qual tipo de fundo é o mais adequado para você, faz-se necessário descobrir qual o seu perfil de investidor — se conservador, moderado, ou arrojado. Isto é feito por meio de um teste de suitability, o qual, em suma, mede qual o seu nível de tolerância à riscos na hora de investir. Esse teste é normalmente oferecido pela própria corretora.

3. Avalie os FOFs disponíveis

Ao abrir sua conta, a corretora te disponibilizará acesso ao home broker, que nada mais é que uma plataforma de negociação, onde você poderá visualizar todos os fundos — e demais produtos financeiros —  disponibilizados e poderá emitir suas ordens de compra. Uma vez que seu perfil de investidor já foi definido, será mais fácil filtrar as ofertas e encontrar a mais adequada. Antes de se decidir, contudo, lembre de completar o breve checklist abaixo:

  • Estude quais são os fundos em que o FOF aplica, incluindo o histórico de cada um, seus desempenhos, e informações sobre os gestores. Caso o número seja muito grande, peça auxílio para a corretora para esclarecer suas dúvidas e para entender de que forma  as carteiras se correlacionam entre si;
  • Observe se as suas metas e perfil são mesmo compatíveis com as políticas e estratégias divulgadas pelo FOF;
  • Assim como fez com os fundos que compõem o FOF, não deixe de analisar o histórico do mesmo e do próprio gestor responsável;
  • Por último, não esqueça de verificar todos os custos que irão incidir sobre seus retornos.

4. Aplique

Você já abriu sua conta, descobriu seu perfil e encontrou o Fundo de Fundo ideal? Então não perca mais tempo: agora é só transferir os recursos necessários para a corretora, e preencher os dados de compra solicitados diretamente pelo home broker

Moleza demais, não é mesmo?

Siga aprendendo com a Finclass

Investir em Fundos de Fundos é certamente a maneira mais prática para diversificar investimentos, mesmo para quem não tem muito dinheiro para começar a aplicar. Essas cotas, contudo, estão longe de ser os únicos ativos indicados para investidores iniciantes, que sonham em alcançar a estabilidade financeira.

Se esse for o seu caso, te convidamos a seguir aprendendo com a Finclass. Afinal, para encontrar as melhores oportunidades é preciso dedicação para compreender o mercado. Se você está preparado, dê logo o play e tenha acesso a aulas exclusivas com alguns dos maiores especialistas do mercado financeiro nacional e internacional. Aqui conhecimento, é dinheiro!

Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalveshttps://finclass.com/
Hugo é economista e copywriter no Grupo PRIMO. Trabalha com finanças há mais de 7 anos.
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