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CRA: o que é, como funciona, vantagens, riscos e como investir

Esse artigo será uma mão na roda para os investidores mais conservadores que buscam aplicações mais rentáveis no mercado, sem abrir mão da segurança da renda fixa. Já ouviu falar sobre os Certificados de Recebíveis do Agronegócio? Eles normalmente aparecem por aí designados como CRAs e são popularmente conhecidos pela sua isenção do Imposto de Renda

Para quem deseja começar a fazer investimentos melhores, ou está cansado do Tesouro Direto, por exemplo, esse pode ser um próximo bem interessante na hora de expandir os horizontes no mercado de capitais.

Se interessou? Então, siga conosco nesse artigo, pois vamos te mostrar:

  • O que são os CRAs;
  • Como eles funcionam;
  • Como investir em CRA;
  • Como eles se destacam em relação a outros ativos de renda fixa.

Vem com a gente!

O que é CRA?

Um CRA é um Certificado de Recebível do Agronegócio. São, então, ativos emitidos por securitizadoras, lastreados em operações de crédito do setor do agronegócio, como o seu nome indica. Esses papéis são de renda fixa e estão isentos de IR

Para explicar o que os CRAs são, vale definir, antes, o que significa o termo “securitizar”, citado aqui. Em resumo, é quando uma empresa transforma créditos a receber (parcelas de uma venda, ou de um financiamento, por exemplo) em ativos disponibilizados no mercado de capitais — nesses casos, os CRAs. Estes, por sua vez, podem ser comprados por investidores.

Como funciona o CRA (Certificado de Recebimento do Agronegócio)?

Para você entender melhor o funcionamento dos CRAs, vamos te explicar quatro pontos principais sobre o título, e que você deve levar em consideração na hora de colocar o seu dinheiro nesse ativo. Estamos falando da rentabilidade, dos prazos, das taxas e impostos e das garantias. Juntos, esses aspectos interferem na quantia exata que você receberá ao final da aplicação e na segurança do investimento durante esse período.

Rentabilidade 

Como os CRAs são ativos de renda fixa, sua rentabilidade se assemelha àquelas de outros títulos da categoria, sendo, portanto, razoavelmente previsível. Mesmo assim, vale salientar que um CRA pode ser encontrado para aquisição no mercado com três opções distintas de ganhos. Veja só:

  • Rentabilidade prefixada: no momento da compra do papel, o investidor é informado sobre o valor da taxa de juros que vai receber ao longo da aplicação. Seus ganhos finais, nesse caso, são exatos e conhecidos desde o princípio. 
  • Remuneração pós-fixada: aqui, o investidor saberá desde o início qual indicador será utilizado como referência para a remuneração do investimento. Geralmente, se trata do CDI ou da taxa Selic. Por conta dessa mecânica, os ganhos finais exatos são desconhecidos, já que o valor seguirá as oscilações do indicador.
  • Rentabilidade híbrida: como o próprio nome sugere, são títulos cuja rentabilidade mistura uma parcela prefixada e outra pós-fixada. Enquanto a primeira vai garantir ao investidor um rendimento fixo, a partir de uma taxa de juros mínima, a segunda vai acompanhar a inflação, já que normalmente está atrelada ao Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).

Em relação ao pagamento desses juros, a dinâmica também pode mudar. Alguns CRAs, por exemplo, pagam juros semestral ou anualmente, mantendo o valor principal reservado para o vencimento do ativo. E por falar em prazos, vamos ao tópico seguinte.

Prazos

Os CRAs costumam ter prazos de vencimento mais longos, chegando até os 15 anos de aplicação, por exemplo. O resgate dos recursos aplicados não pode ser feito antes do prazo escolhido, ou seja, este não é um ativo com liquidez

Caso o investidor queira se desfazer dos CRAs antes do vencimento, precisará negociá-lo no mercado secundário — em outras palavras, deverá revendê-los a outros investidores. Essa operação pode trazer prejuízos, já que o valor do papel estará sujeito às oscilações e ao momento da economia — a isso, damos o nome de marcação a mercado. Caso este dito valor esteja menor do que aquele pago inicialmente pelo investidor que está vendendo o CRA, então essa pessoa sairá perdendo. 

É por essa razão, inclusive, que recomendamos fortemente que você analise muito bem por quanto tempo poderá deixar o dinheiro aplicado, ou se não precisará dos recursos em breve — se tiver uma emergência, por exemplo. Afinal, por mais que um CRA renda mais do que outros títulos de renda fixa, não obedecer ao prazo estipulado de aplicação pode acabar com essa vantagem.

Taxas e Imposto de Renda

Temos aqui uma grande vantagem dos CRAs: eles não sofrem incidência nem do Imposto de Renda (IR), nem do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na prática, isso significa que o rendimento final do investidor pessoa física não sofrerá nenhum desconto posterior — nem sequer de taxas de administração ou custódia, já que a maioria das corretoras não cobram esse valor.

Sobre a tributação, o único detalhe que precisamos explicar aqui é que o CRA deve ser declarado junto com o IR. Fazer isso, porém, é fácil. Olha só:

  • Declarar saldo: essa declaração deve ser feita na aba “Bens e Direitos”, no grupo “04 – Aplicações e Investimentos”. Por fim, basta selecionar o código “03 – Títulos isentos de tributação” e preencher as informações solicitadas, como CNPJ da instituição financeira e saldo do ano em questão.
  • Declarar rendimentos: dessa vez, a aba a ser acessada é a de “Rendimentos isentos e não tributáveis”. O código, por sua vez, é o 12. Por fim, é só informar se esses rendimentos são da sua própria conta, ou de um dependente seu, assim como o CNPJ da instituição utilizada como intermediária e demais dados requisitados.

Todo esse processo, aliás, diz respeito aos investidores pessoas físicas, já que as pessoas jurídicas não se beneficiam desta isenção. Para estes, a incidência vai ocorrer de acordo com esta tabela regressiva, que considera o desconto e o tempo de aplicação do CRA:

Tempo de permanência da aplicaçãoAlíquota total do Imposto de Renda 
Até 180 dias22,5%
De 181 a 360 dias20%
De 361 a 720 dias17,5%
Mais de 720 dias15%

Garantias

Ao contrário de alguns títulos de renda fixa, os CRAs não são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). No entanto, isso não significa que esses ativos não são seguros, pois, afinal, eles contam com outras garantias específicas:

  • Alienação fiduciária de terras agrícolas: esse é um tipo de garantia real em que o emissor do CRA coloca a propriedade da terra como garantia. Isso significa que, em caso de inadimplência, o investidor pode tomar posse da terra para recuperar seu investimento.
  • Cessão fiduciária de direitos creditórios: essa envolve a transferência de direitos de crédito sobre os valores que serão recebidos no futuro. Essa transferência de direitos serve como garantia para o CRA, uma vez que os fluxos de pagamento futuros são garantidos e podem ser usados para pagar os investidores.
  • Penhor agrícola da produção: se trata da oferta de uma parte da produção agrícola como garantia para o CRA. Isso assegura aos investidores que, em caso de inadimplência, eles podem receber uma parte da colheita como forma de pagamento.
  • Fiança: a fiança é uma garantia pessoal em que uma terceira parte assume a responsabilidade de pagar o valor do CRA em caso de inadimplência do emissor. Isso oferece uma segurança adicional aos investidores, pois a outra parte está comprometida em honrar os pagamentos.
  • Aval: o aval, por sua vez, é uma forma de garantia semelhante à fiança, em que outra parte assume a responsabilidade pelo pagamento do CRA se o emissor não cumprir com as suas obrigações. Isso aumenta a confiança dos investidores de que o valor do investimento será protegido.

Antes de aplicar o seu dinheiro em um CRA, no entanto, reforçamos que você deve compreender cuidadosamente o contrato que está sendo negociado. Afinal, como mostramos até aqui, não somente as suas garantias podem diferir, mas também seus prazos e formas de rentabilidade. Essa análise é crucial para que você faça a melhor escolha possível, de acordo com os seus objetivos e expectativas.

Quais são as vantagens e os riscos de investir em CRA?

Uma decisão inteligente, no mercado de capitais, é aquela que tomamos de forma embasada e consciente. Para te ajudar nessa missão, listamos aqui as vantagens e os riscos dos CRAs, para que você possa estudá-los cuidadosamente antes de alocar o seu dinheiro em um desses ativos.

Vantagens de investir em CRA

Para começar, vamos levantar alguns aspectos positivos dos CRAs. Olha só:

  • Rentabilidade atrativa: nas modalidades prefixada e híbrida, uma parte dos rendimentos estará assegurada, o que torna a aplicação mais segura, especialmente aos olhos dos perfis conservadores. No que tange à modalidade pós-fixada, vale lembrar que os ganhos finais acompanharão a inflação do país, logo, o poder aquisitivo do investidor estará protegido caso os preços inflacionem demais.
  • Diversificação: todo investidor já se deparou, por aí, com o clássico ditado de que “jamais se deve deixar todos os ovos em uma cesta só”. Para quem já investe em outros títulos — inclusive os de renda variável, o CRA pode entrar como uma bem-vinda forma de redução aos riscos de mercado, mantendo o portfólio equilibrado e rentável.
  • Segurança: é verdade que os CRAs não são protegidos pelo FCG, porém, como você pode ver, esses títulos contam com garantias próprias, que servem para trazer mais segurança aos seus investidores. Além disso, há de se considerar que o risco de inadimplência das emissoras costuma ser baixo, já que estes papéis normalmente são lastreados em ativos sólidos — como terras.
  • Isenção de tributos: novamente, vale ressaltar que nem o IR, nem o IOF incidem sobre os rendimentos dos CRAs para pessoas físicas. Dessa forma, os ganhos finais não terão nenhum desconto extra, ao contrário de outros ativos da categoria, que podem apresentar deduções.

Riscos de investir em CRA

Sem dúvidas, é possível considerar os CRAs como excelentes opções de investimento em renda fixa, no entanto, como em qualquer outro papel do mercado de capitais, estes também apresentam riscos que não devem ser ignorados. Vejamos:

  • Risco de liquidez: como você já sabe, os prazos de aplicação dos CRAs costumam ser longos. Assim, quem quiser se desfazer dos ativos antes do vencimento, precisará negociá-los no mercado secundário, submetendo-se ao momento atual da economia. Dito de forma mais simples, o investidor que tomar essa decisão poderá sair no prejuízo, vendendo seus títulos por um preço menor do que aquele inicialmente pago;
  • Risco de crédito: já ouviu falar que a corda arrebenta sempre no lado mais fraco? Pois então, o risco de crédito é a possibilidade do investidor ficar sem seus retornos, no caso de que a empresa que recorreu ao financiamento para adiantar seus recebíveis não cumpra com suas obrigações. Como vimos, normalmente existem garantias que visam amenizar esse risco. O importante aqui é verificar a solidez do cedente e quais são essas garantias;
  • Risco de mercado: títulos de renda fixa possuem rendimentos mais previsíveis que os de renda variável. Isso é fato. Isso não significa, porém, que seus retornos não são comprometidos pelas flutuações do mercado. Títulos pós-fixados e híbridos podem ter seus rendimentos afetados negativamente pela queda da Selic, por exemplo. Títulos prefixados, ao contrário, passam a valer menos no mercado secundário, sempre que a taxa básica de juros aumenta.

Como comprar e vender CRA?

O CRA pode ser negociado tanto no mercado primário quanto no secundário.

No primeiro caso, os títulos são adquiridos por meio da oferta pública. Nesse caso, a securitizadora faz a emissão do novo papel na bolsa de valores e os interessados podem solicitar uma reserva. Nesse caso, o ativo é obtido diretamente com a instituição emissora.

A segunda opção é comprar esses papéis de algum titular que tenha a pretensão de resgatar seu dinheiro antes da data de vencimento. Esse também é o espaço ao qual você deve recorrer caso pretenda vender uma CRA. 

Para acessar qualquer um desses mercados, contudo, o caminho é o mesmo: por intermediação de uma corretora de valores. Mas não nos adiantemos, isso é assunto para o tópico que vem logo a seguir.

Como investir em CRA?

Se após compreender o funcionamento, as especificidades, vantagens e riscos das CRAs, você se sente preparado para começar a investir, fique sabendo que a prática é muito mais tranquila que a teoria.

Logo, se não houveram problemas para acompanhar o que explicamos até agora, o passo a passo para investir vai ser uma moleza. Olha só:

1. Abra sua conta em uma corretora

Conforme adiantamos, para ter acesso às ofertas de CRAs é preciso ter a mediação de uma corretora de valores. Assim, evidentemente, o primeiro passo é abrir sua conta junto a uma dessas instituições financeiras;

2. Defina seu perfil

Antes de aplicar nestes títulos é preciso saber se eles são mesmo a melhor opção para o seu perfil. Como? Por meio de um teste de suitability, um questionário aplicado por corretoras e consultores de investimento para descobrir qual o seu grau de tolerância a riscos;

3. Verifique o prospecto

Esse é o documento que compila todas as informações relevantes sobre a oferta de uma CRA, tais como os recebíveis lastreados, a remuneração prometida, os prazos, entre outros;

4. Compare as opções disponíveis

Por meio da plataforma de operação da corretora —  o home broker —  você terá acesso a todos os CRIs distribuídos pela mesma. Ao compará-los, observe detalhes como: 

  • Tipo de taxa de rentabilidade atrelada ao papel;
  • Prazos de resgate;
  • Existência ou não de pagamentos periódicos;
  • Solidez da empresa que recorreu ao financiamento junto a securitizadora;
  • Valor mínimo da aplicação.

5. Solicite uma reserva

Já escolheu uma CRA? Se sim, agora é só solicitar uma reserva e informar à corretora quantos títulos pretende adquirir. Essa solicitação, importante dizer, deve ser realizada dentro do “período de reserva” —   prazo de algumas semanas que antecede o lançamento da oferta pública.

Além dos papéis lançados no mercado primário, também é possível adquirir títulos que já estão em circulação por meio do mercado secundário. De qualquer modo, isso também é feito com a intermediação da corretora, assim como explicamos anteriormente;

6. Emita a ordem de compra

Tudo decidido até aqui? Então, basta transferir os recursos para a sua conta na corretora e efetuar a ordem de compra. Simples assim!

Como escolher bons ativos de CRA?

Caso você tenha se sentido atraído pelas vantagens das CRAs, mas ainda não se sinta confiante o suficiente para escolher um papel, não se preocupe.

Para te ajudar a tomar sua decisão com maior segurança, preparamos um check-list com os principais pontos que você deve considerar ao escolher um bom Certificado de Recebível do Agronegócio. Veja:

  1. Verifique o lastro

A partir do prospecto, avalie mais a fundo quem é a empresa ou produtor rural que originou os recebíveis e buscou antecipação de recursos. A reputação, a saúde financeira e a capacidade de pagamento do cedente são fatores importantes a considerar ao avaliar o risco da operação. 

Além disso, observe quais os produtos agrícolas relacionados ao papel e qual o potencial de retorno do lastro. Lembre que a possível inadimplência por parte dos cedentes pode resultar em perda parcial ou total dos retornos do investidor;

  1. Observe o nível de risco

Lembre-se de considerar todos os riscos gerais atrelados a essa modalidade de papel (de crédito, mercado e liquidez). CRAs possuem prazos longos e não contam com cobertura do FGC. Destinar valores que constituem parte muito relevante de seu patrimônio a esses títulos, pode te deixar muito exposto a riscos. 

Investidores mais inexperientes devem ter o cuidado de não se deixar atrair por retornos que parecem muito acima de outros papéis. De modo geral, quanto mais arriscado o negócio, mais alta a promessa de retorno. Se pergunte: o quanto de risco você está disposto a tomar? Qual o seu perfil de investidor?

  1. Considere os prazos e a liquidez

CRAs são papéis considerados de longo prazo e não permitem resgates antes da data de maturidade. Seus vencimentos podem ir de 2 a 15 anos. Ou seja, ao menos que seu título seja negociado com alguém no mercado secundário, você não terá como tocar no dinheiro aplicado durante esse período — se decidir vendê-los dessa forma, entretanto, seus retornos podem ser inferiores ao esperado.

O recomendado é que o investidor tenha certeza de que não haverá nenhum problema em manter essa quantia parada. Uma dica aqui é construir uma reserva de emergência acessível antes de começar a investir;

  1. Avalie a rentabilidade

Se o lastro é seguro, os riscos são aceitáveis e os prazos estão de acordo com o seu planejamento, é momento de avaliar o mais importante: seus retornos. CRAs são títulos de renda fixa e, por conseguinte, suas regras de rentabilidade e prazos de resgate são conhecidos desde antes da aplicação. Com isso, o investidor pode  prever com mais assertividade quais os lucros que pode esperar.

Tudo dependerá, como vimos, do valor mínimo inicial, do prazo e, sobretudo, da taxa de rentabilidade atrelada ao papel: se prefixada, pós-fixada ou híbrida. A primeira é a mais segura. As outras duas podem garantir maiores retornos, isso dependerá, contudo, do desempenho de indexadores.

CRA e outros tipos de investimento

CRAs, LCAs, CRIs, CRAs, CDBs… Nós sabemos: tanta sigla acaba mesmo causando confusão para quem ainda não está acostumado com o mercado de capitais. Some a isso, o fato de que todos esses produtos pertencem à categoria de renda fixa e de pronto bate a dúvida: “Por que escolher a CRA e não um outro produto semelhante?”

Isso, porém, não é motivo para alimentar nenhuma insegurança. Esse questionamento, bem da verdade, é saudável. Afinal, antes de começar a investir em algum produto é sempre recomendável compará-lo com títulos semelhantes. Ao fazer isso, você irá notar que alguns papéis possuem menos riscos, outros podem trazer mais retornos, alguns se destacam pela liquidez, e assim por diante.

Dito isso, para descomplicar um pouco as coisas, preparamos abaixo, alguns comparativos individuais entre CRAs e outros títulos de renda fixa que, por diferentes razões, são comumente confundidos entre si. Com base nisso, ficará mais fácil decidir se esses títulos são mesmo a melhor opção para você.

CRA e LCA

Uma das confusões mais comuns se dá entre as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Afinal, ambas são ativos de renda fixa, isentos de IR e com lastro no crédito do agronegócio. Embora significativas, as semelhanças terminam aí. 

A primeira diferença é que as CRAs são títulos emitidos por securitizadoras. Já as LCAs são emitidas por bancos. 

No que tange à segurança, as letras são cobertas em até R$250 mil pelo FGC. Os certificados de recebíveis, por sua vez, costumam possuir alguma garantia física atrelada à emissão.

Além disso, a data de maturidade também é um fator de distinção entre esses papéis. No geral, as letras possuem prazos menores de resgate, sendo que alguns papéis podem ser sacados com apenas 90 dias. O prazo estendido das CRAs, por outro lado, é compensado por uma maior rentabilidade.

CRA e CRI

Os Créditos de Recebíveis Imobiliários (CRIs) são, sem dúvida, os ativos que mais se assemelham aos CRAs. A diferença mais significativa entre esses dois títulos está em seu lastro. 

As CRIs, como o nome sugere, são lastreados no crédito imobiliário. São utilizadas, entre outras coisas, para financiar a compra de imóveis, construir empreendimentos, e assim por diante. São originadas em recebíveis de construtoras e incorporadoras.

Já os CRAs, como você já deve ter deduzido, são originados em créditos por receber por parte de cooperativas, agroindústrias e produtores reais. Esses títulos são lastreados em empréstimos relacionados à produção e comercialização de produtos, insumos ou maquinário do agronegócio.

Na prática, essa distinção pode ser importante ao analisar o possível impacto dos riscos setoriais sobre cada título. 

CRA e CDB

Aqui as diferenças já começam a ficar mais acentuadas, sendo possível pontuar vantagens e desvantagens mais claras para ambos os lados.

Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) podem sair na frente no quesito segurança, uma vez que possuem cobertura do FGC.

Por outro lado, CRAs são isentos de Imposto de Renda. Ou seja, não possuem descontos sobre os rendimentos no momento do resgate.

O prazo e a liquidação também são fatores notáveis de divergência. Aqui, basta dizer que existem certificados bancários com liquidez diária.

Por fim, como é de se imaginar, esses títulos também possuem origens distintas. Enquanto os CDBs são emitidos por bancos e são utilizados para fomentar suas operações financeiras e de crédito, os CRAs, conforme já vimos, são emitidos por securitizadoras e lastreados em financiamentos do agronegócio.

CRA e debêntures

CRAs e debêntures são títulos de renda fixa de crédito privado. Ou seja, o valor captado é destinado ao financiamento de empresas não financeiras. 

Diferentemente dos certificados de recebíveis que são emitidos por securitizadoras, as debêntures são emitidas diretamente pelas companhias interessadas. 

Outra distinção na emissão está na natureza desses papéis: as CRAs, como já citamos inúmeras vezes, são originadas em antecipação de recebíveis de empresas do agronegócio. Debêntures, por outro lado, são títulos de dívida emitidos por sociedades anônimas para financiar projetos de expansão ou mesmo para remanejar dívidas.

A diferença primordial entre esses ativos mais uma vez está na tributação. Com exceção das debêntures incentivadas —  títulos emitidos por empresas de setores considerados estratégicos pelo governo —, as demais são tributadas segundo a tabela regressiva do IR. 

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Os Créditos de Recebíveis do Agronegócio são títulos de crédito privado indicados para investidores iniciantes e moderados. Suas regras de rentabilidade são conhecidas desde a aplicação, enquanto seus retornos são livres de tributos e superiores a ativos cobertos pelo FGC. Contudo, além de não possuírem essa garantia, esses papéis também contam com baixa liquidez e prazos longos de resgate.

Assim, antes de investir em CRAs, o indicado é colocar todos esses fatores na balança e, como vimos acima, compará-los com outros produtos semelhantes. Tenha em mente que não há investimento perfeito. Todos têm seus prós e contras. Por isso, saber distribuí-los de modo equilibrado em sua carteira é a melhor maneira para minimizar riscos e potencializar seus lucros. 

Sabemos que pode parecer muita coisa para absorver, mas não se assuste. Fazer isso é muito mais fácil do que parece. Tudo o que você precisa é estar disposto a estudar o mercado

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Ao fim do curso, além de saber como funcionam todos os produtos financeiros disponíveis, você aprenderá ainda como estudar o mercado de modo a multiplicar seus retornos. Com empenho e estratégia, acredite, é possível até superar os lucros da renda variável. Gostou? Então dá logo o play e vem com a gente! 

Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalveshttps://finclass.com/
Hugo é copywriter no Grupo PRIMO. Trabalha com finanças há mais de 7 anos.
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