Na jornada de aprendizado de um investidor, a renda variável costuma representar mais um degrau alcançado.
Enquanto a renda fixa é um início clássico no mercado de capitais e garante segurança para quem está começando, a variável vem para quem está disposto a assumir riscos mais altos em prol de rentabilidades mais atrativas.
Segundo a B3, o número de pessoas físicas investindo em renda variável na Bolsa de Valores aumentou em todas as regiões do país. Em algumas áreas, como no Norte do Brasil, a alta foi significativa: 150% entre 2020 e 2023.
Entre as razões para as estatísticas, temos a digitalização dos bancos e das corretoras de valores. Investir nunca foi tão fácil e todo o processo pode ser feito em uma única plataforma. Além disso, as informações estão por todos os lados: inclusive neste artigo, onde compilamos absolutamente tudo o que você precisa saber sobre o tema.
Nós provamos — dá uma olhada em tudo o que vai aprender hoje se seguir até o fim:
- O que é renda variável;
- Como funciona;
- Diferenças entre renda fixa e renda variável;
- Como calcular a renda variável;
- Quais são as vantagens e os riscos;
- Quais os tipos disponíveis para investimento;
- Como começar a investir em renda variável.
Nós garantimos: esse conteúdo será um verdadeiro guia para você dar um passo à frente e extrair o máximo dos seus investimentos. E se o objetivo for seguir aprendendo, ainda daremos uma dica de ouro no final, sobre onde seguir se aprofundando sobre o tema.
Vamos lá?
O que é Renda Variável?
A Renda Variável pode ser descrita como uma categoria de investimento que oferece rendimentos não fixados, ou seja, flutuáveis. Posto em outra perspectiva, quem investe em ativos dessa natureza não tem como mensurar qual será o seu retorno — ou prejuízo. Entre os exemplos mais conhecidos desses ativos estão as ações e os Fundos Imobiliários de Investimento (FIIs).
Investimentos de Renda Variável se comportam de maneira imprevisível. Sua rentabilidade e valor nominal oscilam constantemente, seja para cima ou para baixo, em reação às condições econômicas e de mercado.
Como o desempenho desses ativos é inconstante, produtos financeiros de Renda Variável também são conhecidos por apresentar maiores riscos quando em comparação aos investimentos de renda fixa — onde os lucros ou o funcionamento da rentabilidade são conhecidos desde a aplicação.
Por outro lado, esse risco é compensado por um potencial maior de retorno. Isso acontece porque seus rendimentos não são limitados por taxas de juros determinadas. São imensuráveis, no sentido positivo e negativo da palavra. Em linhas gerais, quanto mais arriscado um produto financeiro, maior é o seu potencial de retorno.
Via de regra, investimentos de Renda Variável não são indicados para investidores mais conservadores. Aqueles que não se sentem seguros ou não estão dispostos a arriscar nenhum dinheiro em ativos que não ofereçam certeza de lucro, mesmo que mínimo. No entanto, são a opção mais promissora para quem busca maneiras de aumentar o patrimônio.
Tesouro Direto é Renda Fixa ou Variável?
Para ir direto ao ponto: todos os títulos emitidos pelo Tesouro Direto são classificados como investimentos de Renda Fixa. Isso ocorre porque, ao investir em um desses papéis, é possível conhecer previamente qual será a sua rentabilidade.
Um dos títulos públicos mais populares entre os investidores, o Tesouro IPCA, por exemplo, corrige o investimento pela inflação e paga um juro pré-determinado.
Apesar de ser impossível prever o comportamento do índice de preços ao consumidor ao longo do tempo, o investidor sabe que seu título seguirá esse indicador, proporcionando uma ideia mais clara e garantia de retorno.
No entanto, é compreensível que investidores menos experientes se confundam. Consequentemente, consideram os títulos do Tesouro Direto como de Renda Variável devido à marcação a mercado (MaM), que é a atualização diária dos ativos de Renda Fixa e das cotas de fundos de investimento — um equívoco.
Essa atualização, na verdade, mensura o valor que um investidor conseguiria obter com um determinado papel, como um título do Tesouro Direto, caso optasse por vendê-lo antes do prazo de maturidade.
Esse fator, contudo, só é relevante para aqueles que não desejam manter a titularidade de seus ativos. Para todos os demais, independentemente do MaM do dia, o valor a ser recebido na data do vencimento é igual ao acordado no momento da compra.
Ouro é Renda Fixa ou Variável?
A cotação do ouro não é fixa. Portanto, é um investimento de Renda Variável.
Por ser considerado uma commodity — uma matéria-prima, ou seja, uma mercadoria em estado bruto e de igual valor em toda parte —, seu preço é determinado internacionalmente.
Além disso, varia de acordo com a lei da oferta e da demanda. Como tal, pode ser impactado por uma série de fatores econômicos e geopolíticos.
Por ser um metal precioso e escasso, diferente do papel-moeda (real, dólar, euro, e assim por diante), o ouro é um bem imune à inflação. Por isso, costuma ser um porto seguro para investidores em tempo de incerteza econômica.
Entre as formas mais convencionais de investir em ouro estão:
- Mercado futuro: os contratos futuros são um acordo de compra e venda de uma quantia específica de ouro em uma data futura por valor acordado no presente;
- Fundos de investimento: onde o capital aportado a um investidor é somado ao de outros investidores e aplicado conjuntamente em ativos relacionados ao ouro.
Poupança é Renda Fixa ou Variável?
Investimento mais querido do brasileiro, a caderneta de poupança é considerada uma aplicação de Renda Fixa.
Seus rendimentos são conhecidos de antemão e calculados segundo a Selic, a taxa básica da economia brasileira, e a Taxa Referencial (TR) — indexador de remuneração monetária criado no governo Collor.
Este último foi desenvolvido como base de correção para aplicações como a própria poupança e financiamento habitacionais —, conforme exposto abaixo:
- Selic igual ou maior de 8,5%: nesse cenário, o rendimento oferecido pela poupança é igual a 0,5% ao mês, mais o TR acumulado no ano;
- Selic abaixo de 8,5%: já quando a taxa é menor que esse patamar, a poupança passa a remunerar o investidor com um valor igual a 70% da Selic.
Enquanto escrevo esse artigo (abril de 2024), a Selic está em 10,75%. Logo, a poupança está entregando 0,5% de retorno mensal mais a Taxa Referencial, acumulada em 0,23% nos quatro primeiros meses do ano.
Debêntures são Renda Fixa ou Variável?
As debêntures são classificadas como investimentos de Renda Fixa. Correspondem a títulos de dívida privada emitidos por empresas enquadradas como sociedades anônimas (S/As), com exceção de instituições financeiras.
Esses títulos são subclassificados de acordo com o modelo de remuneração adotado. Além do retorno do capital aplicado, o investidor pode ser recompensado com juros prefixados, pós-fixados ou híbridos.
Algumas debêntures concedem ainda direitos que vão além do pagamento do crédito, como a possibilidade de converter seus títulos em ações da emissora ou mesmo de alguma outra companhia.
Independentemente da categoria da debênture, o tipo de rentabilidade e o prazo de vencimento são definidos já na emissão dos títulos e não podem ser alterados. Assim, o investidor sabe desde o momento da aplicação como funcionará o retorno do título escolhido.
Como funciona a Renda Variável?
O funcionamento da Renda Variável obedece uma lógica inversa ao da Renda Fixa. A rentabilidade desses produtos financeiros não pode ser dimensionada antecipadamente, uma vez que o preço nominal e o desempenho desses ativos muda de maneira reativa as condições de mercado.
Esse tipo de produto não garante nenhum ganho fixo e pode, inclusive, resultar em perdas de capital.
Quem adquire um título de Renda Variável participa em alguma medida, seja de forma direta ou indireta, dos lucros e prejuízos do emissor. Isso é diferente dos títulos de Renda Fixa, onde, como em um empréstimo, o retorno corresponde a uma taxa de juros determinada, independentemente de qualquer resultado.
Ao aplicar em ações de uma empresa, o investidor está apostando em seu potencial de crescimento, já que isso também resulta na valorização de seus títulos. Não há, contudo, como saber se isso ocorrerá e nem em que medida. Uma ação comprada por R$100,00, por exemplo, pode valer R$200,00 ou R$50,00 em um ano. Esse desempenho é imprevisível e pode ser impactado por:
- Riscos Sistemáticos: desafios que afetam a economia de um modo amplo, como crises financeiras, mudanças bruscas nas taxas de juros ou de câmbio;
- Riscos Não Sistemáticos: adversidades da empresa emissora, como problemas de gestão ou reputação, ou do setor do qual faz parte.
Os riscos, contudo, são equilibrados por um maior potencial de retorno. Esses rendimentos podem vir de duas fontes:
- Valorização dos títulos: lucro obtido pelo investidor ao vender suas participações por um preço mais alto do que o da compra;
- Dividendos: os dividendos correspondem a uma parte do lucro que é distribuído entre os investidores pelas empresas ou fundos de investimento.
Importante citar ainda que todos os produtos financeiros de Renda Variável são negociados por meio da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), a Bolsa de Valores brasileira. As operações e agentes desse mercado, por sua vez, são regulados e fiscalizados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Quais as diferenças entre Renda Fixa x Renda Variável?
Títulos de Renda Fixa permitem que o investidor saiba — ou ao menos tenha como calcular — qual será o seu retorno, desde o momento da aplicação. Já os títulos de Renda Variável não fornecem nenhum meio de mensurar qual o lucro que pode ser obtido — e nem se haverá algum.
Apesar de determinante, esse não é o único ponto de oposição entre esses investimentos, como você pode conferir na tabela abaixo:
Característica | Renda Fixa | Renda Variável |
Retornos | Oferece rendimentos previsíveis e constantes ao longo do tempo, normalmente em forma de juros. | Os retornos variam ao longo do tempo de acordo com as condições do mercado. |
Data de vencimento | Via de regra, possui data de resgate definida, alguns títulos possuem liquidez diária. | Normalmente não possui prazos definidos para resgate. |
Potencial de retorno | Limitado pelas taxas de juros estabelecidas como pagamento. | Seus rendimentos não são previamente limitados e podem ser maximizados em períodos de alta do mercado. |
Volatilidade | O preço desses ativos tende a se manter mais estável. | O preço dos ativos flutua constantemente, aumentando as oportunidades de lucro e também de perdas. |
Garantia | Boa parte dos títulos conta com alguma garantia de pagamento, como a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). | Não é protegido por nenhuma entidade governamental ou corporativa. |
Grau de risco | A previsibilidade de retorno e a estabilidade desses papéis, os tornam investimentos bastante seguros. | Seus rendimentos não são garantidos e podem, inclusive, ocasionar em perdas para o investidor. |
Perfil de investidor | Indicado para investidores com baixa tolerância a riscos, que buscam preservar o patrimônio. | Recomendado para investidores dispostos a tomar riscos para alcançar maiores rendimentos. |
Benchmarks | Esses produtos costumam seguir indexadores como o CDI, a taxa Selic, o IPCA ou o TR. | Seguem diferentes indicadores. Ações, por exemplo, podem acompanhar o IBOV, já os FIIs podem replicar o IFIX, e assim por diante. |
Exemplos | Títulos do Tesouro Direto, LCIs e LCAs, CDBs, CRIs e CRAs, debêntures e a caderneta de poupança. | Ações, fundos de investimento imobiliário, ETFs, derivativos, câmbio, commodities e criptomoedas. |
Como calcular a Renda Variável?
Diferentemente dos ativos de Renda Fixa, onde as fórmulas de remuneração são previamente conhecidas, não há como calcular a rentabilidade de um investimento de Renda Variável antes da aplicação. Nesse caso, o rendimento é imprevisível e muda dia a dia. Não provém de taxas de juros pré-acertadas, mas como resposta à performance do emissor.
O que pode — e deve ser feito — é mensurar os resultados obtidos com essas aplicações para ver se vale ou não mantê-las na carteira. Felizmente, isso é bastante fácil e pode ser feito considerando dois tipos de rentabilidade: a nominal e a real.
A rentabilidade nominal é igual aos rendimentos totais de uma aplicação no período analisado, sem considerar a inflação, taxas, despesas e o Imposto de Renda (IR).
A fórmula da rentabilidade nominal é a seguinte:
Rentabilidade nominal = [(Preço atual / preço anterior) x 100] – 100
Para facilitar, imagine uma ação hipotética que tenha sido adquirida por R$50,00 no começo do ano e que, 12 meses depois, tenha chegado a R$65,00. A rentabilidade nominal dessa aplicação seria:
Rentabilidade nominal = [(65 / 50) x 100] – 100
Rentabilidade nominal = [1.3 X 100] – 100
Rentabilidade nominal = 130 – 100
Rentabilidade nominal = 30%
Nesse caso, a ação teria rendido 30% em um ano, se considerada a rentabilidade nominal. Os rendimentos reais (ou líquido) desse investimento, contudo, são sempre menores do que o lucro bruto. Para descobrir esse valor é preciso considerar a rentabilidade real.
A rentabilidade real corresponde aos retornos de um investimento, após deduzir o efeito da inflação no período observado. A fórmula utilizada para calcular esse tipo de retorno é a seguinte:
Rentabilidade Real = [(1 + rentabilidade nominal) / (1 + inflação)] – 1 x 100
Para facilitar o entendimento, vamos voltar ao exemplo anterior, considerando agora o efeito da inflação no período. Para isso, imagine que essa ação hipotética tenha sido adquirida em janeiro de 2023 e vendida exatamente 12 meses depois. Considerando que o IPCA neste ano fechou em 4,62%, a rentabilidade real dessa aplicação seria:
Rentabilidade Real = [(1 + 0,3) / (1 + 0,0462)] – 1 x 100
Rentabilidade Real = [1,3 / 1,0462] -1 x 100
Rentabilidade Real = 1.2416 – 1 x 100
Rentabilidade Real = 0,2416 x 100
Rentabilidade Real = 24,16%
Portanto, a rentabilidade real desse investimento em um ano foi igual a 24,16%.
Esse tipo de cálculo é muito importante para evitar distorções e ter uma ideia melhor sobre o desempenho de um ativo.
Existem casos, por exemplo, onde a rentabilidade nominal é positiva, mas a rentabilidade real não. Isso acontece quando o lucro real fica abaixo da inflação. Nesse caso, apesar de, em um primeiro momento, parecer que uma ação trouxe rendimentos, na verdade essa aplicação não foi capaz de repor a perda do poder aquisitivo do real. Foi, portanto, um prejuízo.
Antes de avançarmos, vale fazer um par de adendos.
Primeiramente, para ter uma ideia mais assertiva do que uma ação tem trazido de lucro, é válido também considerar outros descontos além da inflação: como as taxas de corretagem e o IR.
Lembre ainda que, além da valorização do capital ou das cotas (a diferença entre o preço de compra e o preço atual dos ativos), também é preciso considerar os dividendos ao calcular a rentabilidade de investimentos de Renda Variável.
Quais são as vantagens da Renda Variável?
Investir em Renda Variável significa assumir maiores riscos. Em bom português: envolve chances reais de perder dinheiro. Contudo, esse tipo de aplicação apresenta vantagens capazes de compensar essas possibilidades.
Por isso, se você ainda se sente relutante em abrir mão da segurança do seu patrimônio e ir além da Renda Fixa, vale observar alguns benefícios dos investimentos de Renda Variável que, talvez, possam lhe fazer mudar de ideia:
- Potencial de retorno maior: a rentabilidade desses ativos pode ser muito mais alta do que investimentos de renda fixa, já que não são limitadas previamente;
- Diversificação: títulos de renda fixa possibilitam exposição aos mais diferentes tipos de setores econômicos, o que reduz os riscos específicos;
- Possibilidade de ganhar com dividendos: muitos títulos contam com distribuição de rendimentos mensais ou semestrais, garantindo uma fonte de renda passiva;
- Aprendizado e crescimento: com a Renda Variável, se aprende na prática como funciona o mercado, o que ajuda a tomar decisões mais acertadas com o tempo;
- Liquidez: títulos de Renda Variável possuem maior volume de negociação, o que facilita a compra e também a venda, sempre que seja preciso fazer algum resgate;
- Possibilidade de alavancagem: alguns títulos permitem que o investidor compre mais títulos do que poderia aportar com o capital que possui disponível;
- Investimento no futuro: títulos de renda fixa tendem a valorizar no longo prazo, sendo um excelente investimento ao se pensar em planos para o futuro;
- Proteção contra a inflação: a Renda Variável costuma superar a inflação no longo prazo, protegendo o capital do investidor contra a perda do poder de compra.
Quais são as desvantagens da Renda Variável?
Se é verdade que os títulos de Renda Variável são reconhecidos por entregar retornos superiores aos de Renda Fixa, de igual modo, também é de conhecimento geral que os riscos desses papéis são consideravelmente maiores.
Portanto, para evitar tomar mais riscos do que deveria, é imprescindível que o investidor também conheça e pondere acerca das desvantagens comuns a esse tipo de investimento. São elas:
- Risco de perda: existe a possibilidade real de que o investidor tenha perdas financeiras com alguns ativos de Renda Variável;
- Volatilidade: esses títulos são imprevisíveis. Seus preços flutuam com constância e podem cair de forma abrupta;
- Risco de mercado: os retornos da Renda Variável são sensíveis ao humor do mercado, condições econômicas, eventos geopolíticos, entre outros;
- Risco específico: além dos riscos de mercado, cada título também compartilha de riscos específicos do setor de atuação do emissor;
- Horizontes de investimento: a Renda Variável flutua muito no curto prazo, sendo mais indicada para horizontes mais amplos para alcançar seu potencial;
- Complexidade: títulos de Renda Variável são influenciados por diferentes fatores, exigindo um conhecimento mais amplo do mercado por parte do investidor;
- Custos de transação: custos comuns em operações de compra e venda como taxas de corretagem e de câmbio podem reduzir consideravelmente os retornos;
- Impostos: o investidor precisa considerar ainda a incidência de IR sobre o ganho de capital, o que também rezer o lucro líquidos dessas operações;
- Necessidade de estudo e acompanhamento: é preciso despender tempo para estudar e acompanhar o mercado e as notícias que podem afetar o emissor;
- Risco emocional: a volatilidade pode levar o investidor a tomar decisões por impulso. Nem todo mundo está preparado para perdas, mesmo que momentâneas.
Quais são os tipos de Renda Variável?
A Renda Variável engloba uma grande gama de títulos. As opções vão desde ativos com funcionamento mais complexo, até opções mais práticas que podem servir de ponto de partida para quem está ponderando migrar parte do capital para a Renda Variável.
Entre os investimentos mais comuns desta categoria estão:
- Ações;
- ETFs;
- Fundos de Investimento Imobiliário;
- BDRs;
- Mercado Futuro;
- Câmbio;
- Criptomoedas e criptoativos.
Cada um desses ativos conta com especificidades únicas que precisam ser analisadas com minúcia na hora de montar sua carteira de investimento.
Na sequência, introduzimos cada um deles de maneira breve e individual, destacando suas principais características, para que você já saia deste artigo com uma ideia mais clara de quais investimentos são adequados ao seu perfil e ao seu planejamento financeiro pessoal.
Ações
Investimento mais conhecido de Renda Variável, as ações representam pequenas frações do capital de uma sociedade aberta.
Na prática, ao adquirir esses títulos é como se o investidor estivesse comprando uma parte da companhia emissora. Isso significa que compartilha do desempenho, dos lucros e também dos prejuízos da companhia.
Os rendimentos das ações são provenientes dos dividendos, que correspondem a uma parcela do lucro líquido da empresa distribuídos periodicamente e proporcionalmente entre os acionistas.
Além dos dividendos, o investidor ganha ainda com a valorização das ações, que pode ser impulsionada por uma série de fatores, como melhorias na performance da empresa, nas perspectivas do setor e na economia de modo geral. Nesse caso, existe a possibilidade de lucrar ao vender suas participações, ou parte delas, por um valor superior ao desembolsado para comprá-las.
Por mais que tecnicamente o acionista seja um sócio da empresa, existem limitações acerca de seu poder na tomada de decisões do negócio. Seu nível de governança depende da categoria de ação que possui, as quais podem ser:
- Ações ordinárias (ON): dão direito ao voto em assembleias gerais da companhia;
- Ações preferenciais (PN): não dão direito de voto, mas asseguram ao recebimento preferencial dos dividendos;
- Units: são pacotes indivisíveis formados por diferentes números de ações preferenciais e ordinárias.
Além do grau de governança, as ações também costumam ser classificadas de acordo com o market cap (ou seja, o valor de mercado) da empresa emissora. Segundo esse critério, podem ser categorizadas em:
- Blue chips: são as ações emitidas pelas maiores e mais conhecidas empresas da bolsa de valores, o que as torna mais seguras e líquidas;
- Small caps: são ações emitidas por companhias novas ou pertencentes a setores pouco consolidados. São mais arriscadas e pouco líquidas, porém, possuem alto potencial de valorização;
- Mid caps: ações emitidas por empresas com valor médio de mercado. Isto é, com capitalização entre 2 e 10 bilhões de reais. Permitem a oportunidade de investir em companhias que ainda podem crescer, mas sem assumir risco de liquidez.
Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs)
Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) possibilitam que diferentes investidores unam seus recursos para investir de forma conjunta no mercado imobiliário.
A depender da categoria do FII, esse montante pode ser destinado a construção ou a compra de imóveis reais (como shoppings, galpões logísticos, hotéis, prédios comerciais, e muito mais), em títulos de recebíveis lastreados em financiamentos do setor imobiliário (CRIs, LCIs e LHs) ou mesmo em cotas de outros fundos.
A administração do patrimônio do Fundo, a escolha dos imóveis e todas as burocracias são assumidas pelo gestor — um profissional com amplo domínio do mercado.
O rendimento dos FIIs que investem em títulos de dívida vem das taxas de juros atreladas a esses papéis. Já os retornos dos fundos que aplicam em imóveis físicos é proveniente, majoritariamente, dos aluguéis dessas propriedades.
Esses valores são distribuídos, geralmente, todos os meses e de forma proporcional aos aportes realizados. Isto é, segundo o número de cotas adquiridas.
Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) são categorizados de acordo com os tipos de ativos que constituem suas carteiras, conforme explicado abaixo:
Fundos de Tijolo
Os Fundos de Tijolo são assim chamados por investirem em imóveis reais, em propriedades físicas. Normalmente são especializados em um tipo de setor imobiliário específico, sendo subcategorizados em:
- FIIs de Agências bancárias;
- FIIs de Escolas ou universidades;
- FIIs de Escritórios;
- FIIs de Logística (galpões e armazéns);
- FIIs de Hotéis;
- FIIs de Hospitais;
- FIIs de Lajes Corporativas;
- FIIs de Prédios Residenciais;
- FIIs de Shoppings.
Fundos de Papel
Diferentemente dos FIIs de Tijolo, os Fundos de Papel não investem em propriedades tangíveis, mas sim em títulos de crédito lastreados em operações do mercado imobiliário, como: CRIs, LCIs e LHs.
Fundos Híbridos
Fusão de FIIs de Papel e de Tijolo, os Fundos Híbridos investem tanto em propriedades físicas, quanto em títulos de recebíveis do mercado imobiliário.
Em resumo, oferecem uma diversificação adicional ao investir em diferentes tipos de ativos imobiliários, combinando potencial de valorização do mercado com a estabilidade dos recebíveis.
Fundos de Fundos (FoFs)
Bastante singulares, os FoFs investem essencialmente em cotas de outros FIIs. Configuram uma alternativa interessante para quem não tem muito capital disponível para investir, uma vez que se pode acessar uma grande gama de ativos em uma única aplicação.
Fundos de Desenvolvimento
Categoria mais arriscada de FIIs, os Fundos de Desenvolvimento investem em propriedades reais ainda não concluídas, em diferentes estágios de construção ou mesmo na planta.
Os Fundos de Investimento Imobiliário são conhecidos por oportunizar o acesso a um setor de alto custo, com aportes acessíveis e de maneira prática.
Além disso, também costumam entregar bons dividendos para quem está em busca de uma fonte de renda passiva. Na prática, permitem que o investidor invista em imóveis de maneira indireta, recebendo aluguéis, sem a necessidade de se preocupar com reformas, IPTU, e assim por diante.
Todos esses benefícios, porém, são contrastados com os riscos próprios do setor imobiliário, tais como:
- Vacância;
- Inadimplência por parte dos locatários;
- Problemas e atrasos na obra;
- Deterioração dos imóveis.
ETFs (Fundos de Índices)
Sigla para o termo em inglês “Exchange Traded Funds”, os ETFs são Fundos de Investimentos criados para acompanhar o desempenho de índices de mercado ou mesmo de um setor econômico em específico. Daí a razão pela qual também são popularmente conhecidos como “Fundos de Índice”.
Os ETFs podem replicar a carteira teórica de indicadores diversos, incluindo índices nacionais, internacionais, de Renda Fixa e de Renda Variável.
Por exemplo, um Exchange Traded Fund que segue o S&P 500 replica a performance média das 500 maiores empresas listadas nas bolsas dos EUA. Assim, o ETF se valoriza sempre que o desempenho conjunto dessas companhias cresce, e perde valor sempre que essa carteira teórica apresenta quedas.
Normalmente, os ETFs possuem custos reduzidos quando comparados a outros Fundos de Investimento, já que não exigem muito do gestor, que apenas acompanha de maneira passiva o desempenho do indicador de mercado escolhido.
Além disso, também oferecem uma das formas mais práticas de diversificação, já que replicam carteiras teóricas compostas por ações de diferentes empresas.
BDRs
Sigla para “Brazilian Depositary Receipts”, os BDRs correspondem a certificados representativos de ações de empresas estrangeiras, negociados na bolsa de valores do Brasil, a B3.
Por meio desse tipo de produto, o investidor brasileiro tem a oportunidade de aplicar em marcas conhecidas mundialmente, como Apple, Google, Coca-Cola, Netflix, entre tantas outras, sem a necessidade de abrir uma conta internacional e enviar dinheiro para o exterior.
Esses títulos, vale dizer, não correspondem exatamente a ações. Os “papéis originais” permanecem sob custódia de uma instituição financeira no país de origem. Isso dito, os direitos de quem investe BDRs é exatamente o mesmo do investidor que adquire esses ativos diretamente nos mercados de valores onde estes são negociados.
Importante citar que, embora sejam negociados em reais, os Brazilian Depositary Receipts são atrelados ao dólar.
Contam, portanto, com um risco e potencial de retorno adicional que deve ser considerado: o câmbio. Dito de forma clara: sempre que a moeda norte-americana valoriza frente ao real, os retornos são impulsionados. O contrário, claro, também acontece.
Além do risco cambial, os BDRs compartilham de riscos comuns ao mercado acionário, expondo o investidor aos riscos da empresa em questão.
Mercado futuro (derivativos)
Também chamados de “derivativos”, os contratos futuros funcionam como uma forma de acordo de negociação de compra ou venda de um bem, por um preço e em uma data predefinidos.
Esse “bem” pode ser desde uma commodity (como sacas de milho ou arroba do boi gordo), até ativos financeiros (ações, índices, câmbio de moedas estrangeiras, entre outros).
O Mercado Futuro é regulado pela B3 e todos contratos precisam ser padronizados para que sejam listados na bolsa de valores. Ou seja, precisam ser idênticos em valor, tamanho, vencimento e qualidade. Ao operar um contrato cheio de milho, por exemplo, o investidor está se comprometendo a comprar ou vender o equivalente a 450 sacas de 60kg deste produto (que é o seu lote padrão).
Entre os principais tipos de contratos futuros disponíveis para negociação na bolsa de valores estão:
- Contrato futuro de Índice;
- Contrato futuro de taxa de juros;
- Contrato futuro de moedas;
- Contrato futuro de commodities (Boi Gordo, Milho, Café Arábica, Soja e Ouro).
Ao negociar contratos futuros, o investidor busca lucrar com suas expectativas sobre o preço do ativo adjacente (bem) na data posterior, determinada no contrato. Isso pode acontecer tanto com a queda, quanto com a valorização desse bem.
As negociações no mercado futuro são utilizadas principalmente para duas estratégias opostas:
- Hedge: é a prática de proteger o valor de um bem, por meio da antecipação de seu preço;
- Especulação: essa tática é utilizada por investidores que buscam antever as flutuações de preço, lucrando com essa volatilidade.
Para deixar mais claro, o lado da venda está buscando proteger o valor atual do ativo. O comprador, por sua vez, acredita que esse bem subjacente irá valorizar até a data de maturidade.
Câmbio
O mercado de câmbio engloba operações baseadas em moedas estrangeiras, como o dólar e o euro.
Além de poder potencializar os retornos ao expor a carteira a moedas mais valiosas e sólidas que o real, esse tipo de investimento é utilizado como uma estratégia de proteção contra instabilidades da economia brasileira.
Existem diferentes formas de investir em câmbio. As mais comuns são:
- Fundos Cambiais: são Fundos de Investimento que investem ao menos 80% do patrimônio conjunto em ativos relacionados a moedas;
- Contratos Futuros: na B3, existem 17 moedas negociadas por contrato futuro. Podem ser comprados cheios ou por minicontratos, que são parcelas de um lote.
Além desses, os ETFs e os BDRs, dos quais já falamos aqui, também são investimentos de Renda Variável que permitem exposição ao mercado internacional.
O maior risco desse mercado é justamente a flutuação das moedas estrangeiras, reconhecidas por serem um dos ativos mais voláteis que existem. Esse tipo de investimento também pode ser prejudicado em caso de instabilidade no país de origem da moeda em questão.
Criptomoedas e criptoativos
As criptomoedas podem ser definidas objetivamente como um tipo de dinheiro 100% digital.
Assim como as moedas fiduciárias — o real, o dólar e o euro, por exemplo — esses ativos são utilizados como meio de troca, ou guardados como reserva de valor. Diferente do real e do dólar, contudo, não são impressos em papel-moeda e não são centralizados.
São caracterizados principalmente pelo uso da tecnologia blockchain, que permitem que as transações e emissões sejam realizadas sem a intermediação do governo ou de instituições bancárias.
As criptomoedas e os criptoativos representam uma das modalidades mais recentes da Renda Variável. Ao mesmo passo, representa também um dos mercados que mais cresce.
A primeira moeda digital, o Bitcoin, surgiu há apenas 15 anos e hoje vale mais de R$350 mil. Embora nenhum outro ativo tenha chegado perto desse valor ou tamanho, é válido destacar que em tão pouco tempo já existem mais de 20 mil diferentes tokens acessíveis na rede.
Com um potencial assombroso de valorização, as criptomoedas são também a classe de Renda Variável mais volátil que existe. Não é raro, por exemplo, que um ativo valorize ou desvalorize 10%, 20%, 30% em um só dia.
Além disso, outro risco comum é a perda ou roubo desses ativos. Isso engloba desde o risco de hackers, até a perda física da carteira ou esquecimento da senha de acesso. Em qualquer um desses casos, o dinheiro é irrecuperável.
O que são Fundos de Investimentos de Renda Variável?
Os Fundos de Investimento de Renda Variável são uma modalidade de aplicação coletiva, onde os recursos aportados por diferentes investidores são reunidos em um único montante e aplicados no mercado de capitais, por um gestor profissional. Ao fim, os lucros obtidos são distribuídos proporcionalmente entre os cotistas.
Uma escolha interessante principalmente para investidores que estão iniciando na Renda Variável, os Fundos de Investimento permitem a participação em carteiras diversificadas com uma só aplicação. E o melhor: delegando todas as decisões e estratégias de investimento a um profissional do mercado financeiro.
Normalmente, esses Fundos concentram seus investimentos em uma única categoria de ativos. Por isso, são categorizados de acordo com a formação da carteira. Os tipos mais comuns são:
- Fundos de Ações: aplicam recursos em participações acionárias;
- Fundos de Investimento Imobiliário: investem em ativos ligados ao mercado imobiliário, incluindo títulos de recebíveis e imóveis físicos;
- Fundos Multimercado: aplica em ativos de Renda Fixa e de Renda Variável;
- Fundos de Câmbio: investem em ativos relacionados a moedas estrangeiras;
- Fundos de Índice: são fundos que espelham carteiras teóricas, com o objetivo de replicar o desempenho de um indicador de mercado;
- Fundos de Criptomoedas: investem em moedas digitais como a Bitcoin e a Ethereum. Quando destinados a investidores individuais, essas carteiras só podem ser compostas por 20% de criptomoedas, o restante deve ser em Renda Fixa.
Qual é a tributação da Renda Variável?
O Imposto de Renda (IR) é o único tributo que incide sobre títulos de Renda Variável. Essa cobrança é calculada somente em cima do ganho de capital obtido com a venda desses ativos. Em outras palavras, a tributação desses títulos afeta apenas sobre o líquido resultante da operação, não sobre o valor total da venda.
Apenas como suposição, em uma ação adquirida por R$1.000.00 e vendida por R$1.300,00, o IR seria calculado apenas sobre o lucro de R$300,00.
Ações, importante citar, são isentas de IR em operações mensais que não ultrapassem o limite de R$20.000,00 mensais. Esse valor corresponde ao montante movimentado, independentemente do lucro. Caso ultrapasse esse teto, é cobrada uma alíquota fixa de 15% sobre o lucro líquido.
Esse benefício tributário não vale para nenhum dos demais títulos negociados na bolsa de valores — Fundos de Investimento Imobiliário, ETFs, BDRs, entre outros. As alíquotas funcionam de maneira específica para cada um deles, conforme explicado abaixo:
- Operações Day Trade: o lucro sobre esse tipo de movimentação, caracterizada pela compra e venda de um ativo no mesmo dia, é tributado em 20%, independentemente do ativo. Nesse caso, a isenção para ações não é válida;
- Operações de Swing Trade: para posições mantidas por mais tempo, ou seja, onde os títulos não são adquiridos e vendidos no mesmo dia, a alíquota é de:
- 15%: para lucros auferidos com ações, opções, BDRs, ETFs e contratos futuros;
- 20%: para o ganho de capital com a venda de cotas FIIs.
Vale reforçar que ativos de Renda Variável não são taxados por IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mesmo que sejam adquiridos e vendidos dentro de 30 dias. Do mesmo modo, ainda não existe nenhuma cobrança sobre a distribuição de dividendos.
Como declarar investimentos de Renda Variável no Imposto de Renda?
Desde 2023, a declaração de investimentos de Renda Variável só é obrigatória para quem movimentou mais de R$40 mil na Bolsa de Valores no ano. Antes, toda operação deveria ser declarada, independentemente de gerar lucro ou prejuízo.
Mas atenção: esse valor diz respeito a todo o conjunto de operações e não a ativos isolados. Por exemplo, caso o investidor tenha vendido R$15 mil em ETFs e mais R$25 mil em ações, já estaria obrigado a fazer a declaração.
Como citamos anteriormente, só há incidência de Imposto de Renda sobre o ganho de capital. Apesar disso, mesmo os ativos mantidos sem movimentação na carteira e os rendimentos com dividendos devem ser declarados.
Mas vamos com calma. Para evitar confusão, abaixo explicamos como é feita a declaração em casos de ganho de capital, e também de títulos mantidos em posse.
Como declarar ganho de capital com ativos de Renda Variável
O controle para a declaração de títulos operados em bolsa deve ser feito antes mesmo do período de declaração do Imposto de Renda. Normalmente, todos os meses. Isso porque, o investidor tem a obrigação de emitir um DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) até o último dia do mês subsequente a qualquer operação onde tenha lucrado com a venda de títulos.
Para isso, é preciso:
- Somar todas as notas de corretagem do mês — observando o saldo do rendimento do período, sempre separado por classe de ativo;
- Fazer o cálculo de IR devido sobre cada título conforme as alíquotas que explicamos anteriormente.
É importante citar que os ativos que resultaram em prejuízos podem ser deduzidos dos lucros.
Feitos os cálculos, é necessário emitir o DARF, preenchendo todos os dados exigidos. Atenção:
- Pessoas físicas devem utilizar o código da receita de número 6015;
- Pessoas jurídicas devem utilizar o código 3317.
O documento é gerado com um código de barras que permite o pagamento em qualquer banco conveniado, cada lotérica ou pelo internet banking.
A forma mais prática de emitir o DARF é pelo site da Sicalc Web, ferramenta online disponibilizada pela Receita Federal. Importante citar que o DARF deve ser declarado no IR anualmente na seção de “Pagamentos Efetuados”.
Como declarar posse de ativos de Renda Variável
Mesmo que os ativos de Renda Variável comprados e mantidos em carteira não resultem no recolhimento de IR, esses ativos devem ser declarados à receita.
Para fazer a declaração de títulos mantidos em posse, o investidor pode acessar o programa de declaração de IR pelo site da Receita Federal ou por meio do aplicativo “Meu Imposto de Renda”, disponível para download para o sistema iOs e Android.
Cada tipo de ativo deve ser declarado de forma individual, seguindo os dados específicos solicitados pelo programa.
Para deixar mais claro, explicaremos na sequência como fazer a declaração de cada tipo de ativo:
Como declarar Ações
Para declarar suas ações em carteira, abra o programa de declaração de IR, e siga essas etapas:
- Abra a aba “Bens e Direitos” e selecione “Grupo 03 – Participações Societárias;
- Selecione o “Código 01 – Ações”;
- Preencha o CNPJ da empresa emissora (o qual pode ser conferido no informe de rendimentos);
- Preencha os detalhes solicitados, como quantidade de ações, ticker (código de negociação), custo médio de aquisição, entre outros;
- Declare a situação de acordo com o indicado no informe de rendimentos;
- Seguindo a mesma lógica, preencha os campos com todas as ações que tiver em seu portfólio.
Como declarar BDRs
Para declarar BDRs em seu portfólio, é só seguir o caminho abaixo:
- Na ficha de “Bens de Direitos”, clique no código “04 – Ativos negociados em Bolsa no Brasil”;
- Preencha os dados solicitados:
- Ticker;
- Nome da empresa;
- Quantidade de BDRs;
- Valor do ativo;
- CPF e código da instituição financeira custodiante;
- Informe o valor que você tinha em BDRs no ano anterior;
- Repita o procedimento com cada um de seus BDRs.
Como declarar criptomoedas
Criptomoedas devem constar na declaração anual sempre que o valor no último dia de exercício for igual ou maior a R$5 mil. A tributação, por sua vez, segue o mesmo modelo das ações — incluindo os valores de isenção.
Para fazer a declaração anual de criptomoedas, faça o seguinte:
- Acesse o “Grupo 08 – Criptoativos” na ficha “Bens e Direitos”;
- Procure e apelo código correspondente a moeda que você possui;
- Conforme solicitado, informe o valor de aquisição, e os custos, como taxas e demais tarifas.
Como declarar Fundos de Ações, Multimercado e Cambiais
Para declarar a posse de cotas de um ou mais fundos, é preciso:
- Acessar o “Grupo 07 – Fundos”, na ficha “Bens e Direitos”;
- Escolher o código referente a categoria do fundo:
- Código 01: Fundos de curto e de longo prazo;
- Código 04: Fundos de Ações, Fundos Mútuos de Privatização, Fundos de Investimento em Empresas Emergentes, Fundos de Investimento em Participação e Fundos de Investimentos de Índice de Mercado; ou
- Código 99: outros fundos;
- Em “Discriminação”, informe:
- CNPJ do fundo;
- Nome da gestora;
- CNPJ da gestora;
- Quantidade de cotas;
- Na sequência, informar o valor aplicado até o último dia do ano.
Como declarar FIIs
Para fazer a declaração de cotas de FIIs observe o seguinte passo a passo:
- Na ficha de “Bens e Direitos, selecione o “Grupo 07 – Fundos”;
- Escolha então o código “03 – Fundos de Investimentos Imobiliários”;
- Em “Discriminação”, preencha:
- Nome do fundo;
- CNPJ do fundo;
- Quantidade de cotas na carteira até o último dia do ano;
- Nome do titular do fundo.
- Em “Situação”, informe o valor da aquisição total (custo médio de aquisição das cotas multiplicado pela quantia disponível até o último dia do ano correspondente).
Como declarar dividendos
Os dividendos também são isentos de IR, mas também precisam ser informados ao Leão. Para declarar esses rendimentos, é só fazer o seguinte:
- Clicar na aba “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”;
- Selecionar o “Código 09 – Lucros e Dividendos Recebidos”;
- Informar o montante recebido ao longo do ano.
É seguro investir em Renda Variável?
Do ponto de vista operacional, com certeza sim. Assim, caso tenha algum receio de investir em ativos de Renda Variável por medo de cair em algum golpe, fique tranquilo.
Além da autorregulação da B3, que atua de forma direta para oferecer um ambiente de negociação seguro e organizado para investidores, empresas e instituições, a Bolsa de Valores é fiscalizada e regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade ligada ao Ministério da Economia.
Enquanto órgão regulador do mercado de capitais, a CVM tem como objetivo ditar as regras de funcionamento para cada classe de ativo, supervisionar as operações e proteger o investidor.
A Comissão também controla quais instituições e profissionais estão autorizados a trabalhar com a intermediação de produtos financeiros negociados na B3. Todos agentes que não seguem as regulamentações específicas podem ser julgados e punidos pelo órgão.
Para proteger ainda mais os investidores, a B3 desenvolveu o Mecanismo de Ressarcimento (MRP), um sistema criado para indenizar em até R$200 mil quem tenha tido prejuízos, comprovadamente, causados por erros ou omissões das corretoras e distribuidores de títulos mobiliários. Por exemplo: falhas no home broker (plataforma de negociação oferecida pelas corretoras, por meio da qual o investidor tem acesso a bolsa de valores e seus produtos).
Apesar do mercado ser seguro e dos agentes e profissionais do mercado serem fiscalizados de perto, isso não impede que seus investimentos tragam resultados ou não resultem em perdas. Afinal, ninguém pode prever ou controlar o desempenho de ativos de Renda Variável e das condições de mercado que podem impactá-los de alguma forma.
Por fim, evite pular etapas. Investimentos de Renda Variável são indicados para quem tem uma boa reserva de emergência e que já tenha valores aplicados em títulos de Renda Fixa.
Cada tipo de ativo conta com funcionamento e riscos próprios. Antes de tomar uma decisão, estude o título com cautela e observe, acima de tudo, qual o seu grau de risco e se esse investimento se encaixa em seus planos financeiros.
Como investir em Renda Variável?
Se sentindo preparado para começar a investir em Renda Variável? Essa é uma decisão importante rumo a portfólio mais rentável e equilibrado. Em tese, começar é fácil: basta abrir uma conta em uma corretora de valores, buscar pelos ativos que deseja e emitir a ordem de compra.
No entanto, na prática, o passo a passo é mais complexo — e nós simplificamos para você:
1- Identifique seu perfil de investidor
Ao abrir conta em uma corretora de valores, você será submetido a um teste de suitability. O questionário aborda assuntos como condições financeiras atuais, planos futuros e configuração familiar, com o objetivo de identificar o seu grau de tolerância ao risco.
A partir das suas respostas, será definido qual desses tipos de investidor você é:
- Conservador: prefere investimentos de baixo risco e prioriza a segurança do capital investido;
- Moderado: busca um equilíbrio entre segurança e rentabilidade, aceitando um pouco mais de risco em troca de retornos potenciais mais altos;
- Arrojado: está disposto a correr riscos maiores em busca de retornos mais significativos, priorizando investimentos com maior perspectiva de crescimento;
- Agressivo: assume riscos substanciais em busca de retornos elevados, aceitando volatilidade e possíveis perdas significativas em troca de oportunidades de lucro mais amplas.
Para investir em renda variável, o ideal é estar além do moderado, a depender do ativo em questão. Afinal, é a partir desta etapa que o investidor já está se sentindo mais confortável em distribuir o dinheiro em diferentes aplicações e tem mais familiaridade com o funcionamento do mercado de capitais. Logo, por conta dessa compreensão mais profunda, estará preparado para assumir mais riscos.
2- Compreenda os seus objetivos financeiros
Sem um objetivo bem definido, você não tem clareza sobre qual direção tomar e, consequentemente, não consegue montar uma estratégia eficaz para valorizar seu patrimônio.
Na dúvida, veja algumas das metas mais comuns entre quem investe:
- Construir uma reserva de emergência;
- Comprar um veículo ou um imóvel;
- Garantir tranquilidade financeira na aposentadoria;
- Financiar estudos;
- Fazer uma viagem;
- Assegurar o futuro dos filhos.
Note que cada um desses exemplos tem prazos distintos. Veja só: garantir a aposentadoria demanda muito mais tempo do que organizar uma grande viagem. Por isso, a inclusão de ações no seu portfólio deve ser feita com base neste critério e aonde deseja chegar.
3- Abra conta em uma corretora
Agora, um passo mais técnico: escolha uma corretora de valores e abra uma conta nela. Na dúvida, cheque a lista de corretoras autorizadas pela B3 a operar. Dessa maneira, você assegura que a empresa selecionada é confiável.
Além disso, outro tópico a ser considerado na decisão é a usabilidade da plataforma. Neste ambiente, é possível fazer aportes, comparar ativos e acompanhar gráficos de desempenho. Logo, é importante que a navegação por todas essas funções seja descomplicada.
Quando tiver a sua escolhida, basta transferir fundos de uma conta bancária para a sua conta na corretora — desde que ambas estejam registradas no mesmo CPF. Esse processo, aliás, é bastante rápido e pode ser feito via PIX.
Por fim, selecione os papéis de renda variável e emita as suas ordens de compra.
4- Tome somente decisões informadas
Lidar com o próprio dinheiro é compreensivelmente uma tarefa que afeta o lado emocional de uma pessoa. Por isso, muitos investidores caem no equívoco de tomar decisões por impulso, especialmente quando se trata de renda variável.
Essa é uma classe de ativos que é impactada com frequência pelas movimentações do setor econômico ou pelo desempenho das empresas emissoras de ações, por exemplo. Então, os papéis tendem a valorizar ou desvalorizar com certa frequência durante o tempo de aplicação.
Aqui, o conselho é: antes de vender seus títulos, faça uma análise cuidadosa do cenário em questão e da performance do ativo para averiguar se a venda é ou não uma boa ideia.
O mesmo vale para a escolha de quais ações ou títulos de renda variável aplicar. Antes do aporte, verifique a dinâmica do papel selecionado, sua rentabilidade histórica, a reputação da gestora e tudo o que mais for necessário para que a decisão seja informada.
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