Se você é novo nesse assunto de investimentos, deve ter visto vários nomes diferentes para vários títulos que te assustaram, como por exemplo títulos de renda fixa. Essa classificação está dentro dos dois tipos de investimentos que você vai encontrar no mercado financeiro.
Nos momentos em que a taxa Selic está alta, os títulos de renda fixa começam a ser bem mais atrativos do que os títulos de renda variável, pois essa mesma taxa afeta cada uma dessas variáveis de forma inversamente proporcional.
Isso é importante para você entender, pois você deve estar muito atento ao cenário econômico do país ao investir seu dinheiro. Não adianta contratar um título de renda fixa que rende 10% ao ano, quando a Selic está maior do que essa porcentagem.
Mas, afinal, o que são os títulos de renda fixa? É isso que você vai descobrir hoje!
O que é um título de renda fixa?
Um título de renda fixa é um título que possui uma rentabilidade previsível.
Enquanto nos investimentos de renda variável você não pode ter uma previsão do quanto seu ativo vai render, na renda fixa fica mais simples de descobrir.
Isso significa que você sabe quanto vai receber quando aplica seu dinheiro. Por conta disso, a renda fixa é o mais recomendado para iniciantes que possuem perfis de investidor conservador e moderado.
Você pode investir em títulos de renda fixa para empresas, instituições financeiras (bancos e corretoras) e até o mesmo o governo – falaremos mais desses títulos. O importante é você entender o conceito de renda fixa.
Como funcionam os títulos de renda fixa?
Para entender de uma vez por todas, imagine o seguinte:
Quando uma pessoa vai pedir um empréstimo para um banco, você negocia com o gerente desse banco desde o início o valor que vai receber de empréstimo, e o valor que terá que pagar no fim do pagamento, acrescido de juros.
A lógica ao investir em um título de renda fixa é a mesma coisa. Quando você empresta dinheiro para o banco (que é o dinheiro que você investiu no título), o banco vai negociar com você uma taxa de juros e o dia do vencimento desse título.
A taxa de juros desses títulos pode ser indexada em alguns indicadores.
A indexação ocorre quando algum indicador econômico é utilizado para corrigir a rentabilidade do seu investimento, ou atualizar o valor de um ativo. Esse indicador pode ser a inflação, a Selic, entre outros.
Um exemplo bem comum é ver o reajuste nos preços dos aluguéis. Esse reajuste é corrigido, em grande parte dos contratos de aluguel, anualmente pelo IGP-M. O Índice Geral de Preços do Mercado é divulgado mensalmente pela FGV – Fundação Getúlio Vargas.
Confira abaixo os principais indexadores que englobam os títulos de renda fixa:
TR: A taxa referencial é a taxa que corrige o rendimento da poupança. Em cenários de Selic baixa, ela costuma ser zero. Porém mesmo em cenários em que a Selic é alta, a TR costuma ser baixa: entre 0,01% e 0,30%;
CDI: O Certificado de Depósito Interbancário é um título de curto prazo emitido entre os bancos. Esse índice costuma ser bem próximo à Selic. Você não pode investir diretamente nele, apenas aos títulos que o possuem como índice de referência;
Selic: É a taxa básica de juros da economia. Ela é utilizada para manter a política monetária do país intacta, ou seja, ela controla a inflação e as outras taxas da economia.
Um fato importante a se levar em conta é que o CDI e a Selic serão quase sempre iguais. Isso ocorre porque ambas competem pelo dinheiro dos bancos.
O motivo disso é que, como os bancos não podem terminar com menos dinheiro do que ele começou no dia por lei, eles negociam entre si para garantir que isso não ocorra.
Porém, se a Selic for muito maior que o CDI, então não vai valer a pena para esses bancos emprestarem para outro banco, já que o governo é o emissor com menor risco de uma economia. Por causa disso, o CDI e a Selic andarão quase que no mesmo patamar.
É seguro investir em Renda Fixa?
A resposta vai depender do título. Existem títulos de renda fixa menos arriscados e mais arriscados. Mas, no geral, os títulos de renda fixa costumam ser mais seguros que os títulos de renda variável. Além disso, existem alguns mecanismos que dão mais segurança ainda ao mercado de renda fixa. Confira:
Rating
O principal risco a ser levado em conta é o risco de crédito. Isto é, o risco de o tomador do crédito não honrar com seus pagamentos. E para isso, existe uma classificação para esses títulos que mede o seu grau de risco: o “rating”, ou classificação de risco.
Basicamente, é uma nota dada a uma empresa, um país, um título ou uma operação financeira. Serve para indicar a capacidade desses agentes de honrar seus pagamentos e mostrar a chance de eles darem calote.
As principais agências classificadoras de risco no mundo são hoje a Standard & Poors, Moody’s e Fitch Rating, que controlam mais de 75% do mercado global de avaliação de risco.
Portanto, ao escolher um título de renda fixa, é importante olhar a classificação de risco do emissor e do título, e assim você poderá escolher o melhor investimento para você.
FGC – Fundo Garantidor de Crédito
Alguns títulos de renda fixa possuem a garantia do FGC. Basicamente, é um mecanismo de segurança do mercado que protege os investidores para aumentar a segurança do sistema financeiro.
O limite dessa cobertura é por CNPJ e de R$250 mil por instituição participante, mas com um teto de R$1 milhão por investidor, com validade de 4 anos.
Ou seja, para ter a total proteção do FGC, basta investir até R$250 mil por instituição financeira, em 4 instituições diferentes – Falaremos mais para frente dos títulos que são protegidos pelo FGC.
Vamos supor que você tem R$1 milhão para investir, e quer ter a garantia do FGC – vamos usar a poupança como exemplo, pois ela é protegida por esse fundo. Para garantir que você tenha todo o patrimônio protegido, deve fazer o seguinte:
- Criar contas em 4 bancos diferentes;
- Investir R$250 mil em cada uma delas;
- Sacar mensalmente o rendimento dessas aplicações.
Quem pode emitir títulos de renda fixa?
Os emissores desses títulos podem ser: o próprio governo (títulos públicos), instituições financeiras (poupança, CDBs, LCI e LCA), e sociedade por ações (debêntures, letras de câmbio, notas promissórias).
Como escolher um título de renda fixa?
O primeiro passo é fazer a sua análise de perfil do investidor. É importante saber qual sua aversão ao risco e, dependendo do seu perfil, você pode tolerar uma seleta de títulos maiores Quando você descobre com clareza o seu perfil de investidor, você entende qual a sua aversão ao risco e entende se você tem “estômago” para investimentos de maior risco ou não.
Após isso, preste atenção nos seguintes fatores:
- Prazo de resgate do título;
- Cenário macroeconômico do país;
- Compare seus rendimentos líquidos de impostos.
Se você precisar do dinheiro por causa de algum imprevisto financeiro, você pode não conseguir resgatar seus investimentos. Isso acontece porque alguns títulos possuem prazo de carência.
Esse prazo tem relação com a liquidez de um investimento e a junção do vencimento desse papel. Enquanto alguns títulos possuem liquidez diária, outros só podem ser readquiridos no vencimento. Portanto, atente-se a esse prazo.
Além disso, é importante estar de olho nos principais indicadores macroeconômicos: Inflação e Taxa de juros. Você pode escolher um título que rende 10% ao ano e achar que está arrasando; mas a Taxa Selic pode estar em 15%.
Isso significa que esse investimento está rendendo menos do que os títulos do governo. Portanto, não foi um bom negócio.
E claro, não adianta ganhar 10% se a inflação acumulada é maior do que isso, já que você continua perdendo poder de compra. Em resumo, são dois dados importantes de se olhar ao investir.
E por último, atente-se a carga tributária. Mostraremos mais para frente como funciona a tributação nos principais títulos de renda fixa, e que alguns são até isentos de imposto de renda.
Quais são os títulos de renda fixa?
Agora, confira quais são os principais títulos de renda fixa negociados no Brasil:
1 – Poupança
O título mais tradicional do Brasil, e dispensa apresentações. É também conhecido como caderneta de poupança. Para se ter ideia de quão tradicional é, foi criada em 1816 por Dom Pedro II.
O cálculo do rendimento da poupança depende da Taxa Selic e da Taxa Referencial. Como a Taxa Referencial costuma ser um valor de quase zero ou exatamente zero, ela não impacta tanto no rendimento final do título.
Se a taxa Selic estiver abaixo de 8,5%, então a poupança renderá 70% dessa porcentagem. Por exemplo: Uma taxa Selic de 6% fará com que a poupança renda 4,2% ao ano mais a TR.
Agora, se o governo fixar a Selic em um valor acima de 8,5%, então a poupança renderá 0,5% ao mês (6% ao ano no total). É assim que funciona o rendimento da poupança.
2 – Títulos Públicos
Esses são os títulos emitidos pelo governo. Pelo fato do estado ser o emissor mais seguro da economia, esses também acabam se tornando os investimentos mais seguros.
Para investir nos títulos, você precisa ir ao site do Tesouro Direto e escolher um dos três tipos de tesouro: Os tesouros prefixados, tesouros Selic e tesouros IPCA.
Os títulos prefixados são aqueles que têm taxa de juros fixa, ou seja, você já conhece no momento do investimento.
Os títulos Tesouro Selic são títulos pós-fixados que possuem rentabilidade atrelada à Taxa Selic.
A rentabilidade desse título está atrelada à inflação, medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Isto é, esses títulos oferecem uma rentabilidade igual à variação da inflação com uma taxa prefixada de juros.
3 – CDBs
Os Certificados de Depósitos Bancários são títulos emitidos por bancos para conceder empréstimos a outras pessoas. Assim como a poupança, ele é garantido pela FGC, porém existem algumas diferenças cruciais.
Os CDBs não são isentos de imposto de renda, ou seja, vão cair na tabela regressiva. Mais para frente explicaremos como funciona a tributação. Além disso, alguns CDBs não possuem liquidez; e só poderão ser resgatados no vencimento.
4 – LCI e LCA
As Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio são títulos emitidos pelas instituições financeiras, destinados ao mercado imobiliário e ao agronegócio, respectivamente.
Alguns títulos possuem liquidez acima de 90 dias, e outros apenas no vencimento. Além disso, possui isenção de imposto de renda.
5 – Debêntures
Se você não quer comprar uma ação de uma empresa, esse é o investimento pronto para você. As debêntures são títulos que podem ser emitidos por Sociedades Anônimas (SAs) não financeiras de capital aberto ou fechado.
Porém, por causa de uma regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), só é possível investir nos títulos de companhias abertas.
Em poucas palavras, ela serve para que essas empresas captem recursos no mercado sem precisarem vender uma participação do capital social.
6 – CRI e CRA
O Certificado de Recebíveis Imobiliários e o Certificado de Recebíveis Agropecuários são parecidos com a LCI e LCA. Porém, existem algumas pequenas diferenças cruciais entre eles.
Eles são emitidos por companhias securitizadoras, que são instituições não financeiras. Por causa disso, não possuem garantia do FGC. Mesmo assim, continuam com a isenção no imposto, já que são dois setores que o governo gosta de estimular o investimento.
Quanto rende os títulos em Renda Fixa?
Isso vai depender da modalidade do título que você escolher. Existem três tipos de rendimentos que você vai encontrar: prefixado, pós-fixado e híbrido.
Prefixado
Nesse caso, o investidor saberá exatamente o rendimento do seu dinheiro na hora da aplicação, pois já é fixada desde o início da operação.
Pós-fixado
Nesse rendimento, o título acompanha algum indicador, e você só conhecerá os resultados na data de vencimento.
Híbrido
Existe esse último caso em que basicamente é uma mistura de uma taxa de juros fixada e um indicador de referência.
Títulos de Renda Fixa com garantia do FGC
Como dito acima, alguns títulos possuem a garantia do FGC. Isso permite que esses investimentos sejam mais seguros do que alguns outros.
Claro que é importante lembrar que o Fundo Garantidor de Crédito não é infinito. Se vários bancos falirem ao mesmo tempo causando uma crise no sistema financeiro econômico, esse fundo pode não garantir todos esses títulos.
Em 2021, por exemplo, o patrimônio do fundo era de R$ 93,3 bilhões. Por isso, é importante ter em mente que ele não pode proteger todos os brasileiros que investem no FGC.
Dito isso, confira quais são os títulos que possuem a garantia do FGC:
- Depósitos à vista.
- Caderneta de poupança.
- CDB e RDB.
- LCI – Letras de Crédito Imobiliário.
- LCA – Letras de Crédito do Agronegócio.
- Letras de Câmbio.
- Letras Hipotecárias.
- Operações compromissadas.
Custos e Taxas dos Investimentos de Renda Fixa
Impostos
Mais para baixo falaremos com mais detalhes, mas é bom ter em mente que você poderá ter que pagar dois impostos sobre o lucro: o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o Imposto de Renda.
Taxa de custódia
Além disso, a B3 cobre uma taxa sobre alguns investimentos de renda fixa (Tesouro Direto, por exemplo), já que eles são os custodiantes desses títulos. Isso significa que a posse é a sua, mas quem resguarda ela é a bolsa de valores.
Entretanto, para quem aplica até R$10 mil reais no Tesouro Direto possui isenção dessa taxa.
Como funciona o Imposto de Renda em Renda Fixa?
Alguns investimentos em renda fixa precisam pagar impostos. Existem dois desses impostos que vão diminuir seu lucro na renda fixa: o IOF e o Imposto de Renda.
O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incide sobre os rendimentos dos resgates que acontecem antes do 30° dia de aplicação, com uma tabela regressiva diferente da tabela do imposto de Renda.
Existe uma tabela regressiva de imposto de renda para alguns títulos de investimento. O imposto será devido apenas sobre o lucro, e varia entre 22% e 15%. Já a variação do tempo será entre 0 e acima de 720 dias. Em 721 dias, você pagará a menor quantidade de Imposto de Renda.
Quanto mais tempo você deixar investido, menor será o valor pago. Abaixo, segue a tabela utilizada para você entender melhor:
Quais investimentos de renda fixa são tributáveis e quais são isentos?
Lembrando que o imposto já é tributado na fonte desses investimentos, ou seja, no momento que você resgata. Veja abaixo quais são esses títulos:
- Tesouro direto (os títulos públicos);
- CDB e RDB;
- Debêntures.
Abaixo, confira quais possuem isenção de impostos:
- Caderneta de poupança;
- LCI e LCA;
- CRI e CRA;
- Debêntures incentivadas (debêntures de empresas do setor de infraestrutura, rodovias etc.).
Agora, é importante entender que nem sempre um título ser isento de imposto de renda, ou render uma porcentagem menor do CDI, são fatores determinantes na hora de escolher um investimento. Vamos pegar por exemplo uma LCI que rende 92% do CDI, enquanto um CDB rende 100%.
Como o CDB possui tributação no lucro, você precisa descobrir o rendimento líquido de imposto. Portanto, precisamos subtrair o valor da tributação.
Ao olhar esse cálculo, é possível notar que, mesmo se você segurar o CDB por mais 2 anos, ainda renderá menos do que uma LCI que rende 92% do CDI. Mas claro, leve em consideração o prazo de liquidação, pois o prazo mínimo de uma LCI é de 90 dias.
Conclusão
O universo do mercado financeiro é imenso, mas fique tranquilo: o primeiro passo foi dado.
Ao terminar de ler esse artigo, você com certeza estará mais preparado para investir na renda fixa, e poderá escolher os melhores investimentos a partir de agora. E claro, não deixe de ler os outros artigos, pois conhecimento nunca será demais, ainda mais quando se trata do seu dinheiro!