Após 20 anos desde o lançamento do primeiro ETF no Brasil, o mercado de Exchange Traded Funds segue em desenvolvimento oferecendo cada vez mais vantagens e opções para atender os investidores brasileiros.
Em 2018, a B3 passou a negociar os primeiros Fundos de Índice de Renda Fixa, em 2021 (três anos antes dos EUA), a bolsa brasileira já negociava fundos lastreados em criptomoedas e, mais recentemente, em 2023, passaram a ser disponibilizados ETFs que pagam dividendos.
Some esses fatos à adesão cada vez maior da população aos investimentos e temos aqui uma modalidade com grande potencial de crescimento para os próximos anos. Quer começar a se atualizar sobre o assunto? Siga conosco e aprenda:
- O que é ETF;
- Qual a liquidez;
- Como as taxas de administração impactam os ETFs;
- Quais os tipos de ETFs;
- Qual a diferença entre ETF e Fundo de Investimentos;
- Como escolher um ETF.
Ao final, ainda te daremos uma dica para continuar se aprofundando nos ETFs de maneira gratuita! Siga conosco.
O que é ETF?
Os ETFs (sigla para Exchange-Traded Funds) são Fundos de Investimento negociados na bolsa de valores, assim como as ações. Também chamados de Fundos de Índices, buscam replicar ou acompanhar o desempenho de um indicador econômico ou de um segmento específico.
Na prática, os ETFs espelham uma carteira imaginária (chamada de teórica) de diferentes indicadores — nacionais ou internacionais, de renda fixa ou variável. Ao investir nesse tipo de produto, você está comprando uma pequena parte desse pacote de ativos.
Em geral, os Fundos de Índice são geridos de forma passiva. Ou seja, o objetivo da estratégia não é superar uma meta, mas sim seguir o desempenho do indicador ao qual a carteira está atrelada. Por exemplo: se um ETF acompanhar o Ibovespa, os esforços do gestor vão se concentrar unicamente em replicar esse índice.
Aos investidores, esta é uma modalidade de aplicação bastante prática, uma vez que economiza o trabalho de analisar e escolher títulos individualmente. Ao mesmo tempo, possibilita a exposição do portfólio à evolução de uma gama ampla de grandes empresas ou outras classes de ativos.
Qual a liquidez de um ETF?
Embora seja frequentemente comparada com Fundos de Investimentos tradicionais e ações, a liquidez de um ETF segue uma dinâmica diferente, baseada na combinação destes fatores:
- Ativos aos quais a estratégia está atrelada;
- Interferência dos market makers;
- Possibilidade de criação e resgate de cotas no mercado primário;
- Volume de negociações no mercado secundário.
Antes de prosseguirmos, vale esclarecer alguns dos termos mencionados acima:
- Liquidez: facilidade de compra ou venda de um ativo no mercado sem afetar significativamente seu preço;
- Mercado secundário: ambiente onde os investidores negociam entre si ativos já emitidos, como ações, títulos e ETFs;
- Mercado primário: onde ocorre a emissão e distribuição inicial de títulos e valores mobiliários;
- Market makers (formadores de mercado): instituições intermediárias que garantem a liquidez dos ETFs, facilitando a compra e venda de cotas no mercado secundário.
Muitos investidores caem no erro de considerar apenas o volume de negociações na hora de avaliar um ETF como líquido ou não. Entretanto, esse dado isolado funciona mais para mensurar a popularidade do Fundo.
Para compreender melhor, pense nas ações. Quando uma empresa abre o seu capital na Bolsa, emite um número fixo destes papéis. Então, se as ordens de compra e venda aumentarem, o preço das posições será afetado.
Os ETFs, por outro lado, são Fundos Abertos — podem resgatar cotas ou emitir novas diariamente, algo que acontece no mercado primário. Logo, o volume de negociações não necessariamente tem a ver com as mudanças nos preços.
Isso nos leva aos market makers, que atuam no mercado secundário. Ao se oferecerem para comprar e vender cotas de ETF com maior frequência, garantem diariamente que os ativos permaneçam com um bom grau de liquidez.
Como funciona a taxa de administração de um ETF?
A taxa de administração é um valor pago como remuneração pelos serviços prestados pelo gestor, profissional responsável por administrar a carteira do fundo. Esse desconto é anual e incide sobre o patrimônio investido.
Para quem já conhece outros tipos de Fundo de Investimento, essa taxa não é novidade. A diferença é que em ETFs esse custo costuma ser muito menor, já que o trabalho do gestor não é tão complexo em comparação com o empenho que teria ao administrar um fundo ativo. O desconto varia de fundo para fundo e, via de regra, costuma ficar entre 0,20% e 0,80%.
Tenha em conta que ademais da taxa de administração, existem alguns outros descontos que incidem sobre Exchange Traded Funds:
- Emolumentos: é uma taxa de operação cobrada pela B3 e pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) que incide sobre cada operação de compra e venda;
- Taxa de corretagem: é um valor cobrado por algumas corretoras pela intermediação de negociações na bolsa de valores;
- Imposto de Renda: ETFs também estão sujeitos à incidência de IR. A alíquota é de 15% sobre os ganhos de capital, com exceção dos dos Exchange Traded Funds de Fundos imobiliários cuja alíquota é de 20%.
Importante citar que ETFs não possuem isenção de IR para vendas de até R$20 mil mensais. Esse benefício tributário é exclusivo para quem opera ações de forma direta.
A responsabilidade por calcular os lucros obtidos com a negociação desses títulos é do investidor. O pagamento correspondente deve ser realizado por meio da emissão de um Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF), até o último dia útil do mês subsequente. Isso não vale, contudo, para ETFs que seguem indicadores de Renda Fixa. Nesse caso, uma taxa de 15% é retida na fonte pela corretora.
Qual é o impacto das taxas de administração de ETFs?
Por mais que sejam conhecidos por apresentarem taxas de administração mais baratas do que outras categorias de Fundos de Investimento, é importante que o investidor considere com cuidado esse custo ao equiparar diferentes Exchange Traded Funds. Pode não parecer, mas mesmo uma cobrança de menos de 1% pode causar impactos significativos na rentabilidade.
Para ilustrar, observe na tabela abaixo o impacto de diferentes taxas de administração em uma aplicação hipotética de R$1.000,00 com rentabilidade constante de 10% ao ano, após uma década:
Taxa de Administração | Montante Final |
0% | R$ 2593,74 |
0,10% | R$ 2577,80 |
0,20% | R$ 2561,87 |
0,50% | R$ 2522,49 |
0,80% | R$ 2483,68 |
Como constatado nos dados aplicados acima, essa aplicação hipotética teria um desconto praticamente irrisório de R$15,94 ao fim de 10 anos, com uma taxa de administração de 0,10%.
Agora, ao subir esse valor para 0,80%, o investidor já teria um desconto de R$110,06. São 4,24% de perda sobre o retorno bruto. Uma diferença e tanto, não é mesmo?
O impacto dessa taxa, vale observar, é ainda mais visível em aplicações maiores e carregadas por maior tempo.
Ao longo de décadas, mesmo pequenas diferenças percentuais podem resultar em grande diferença nos retornos acumulados. Apenas para ter uma ideia, se considerarmos a mesma rentabilidade de 10% em um investimento de R$100.000,00 mantido por 25 anos, e uma taxa de 0,50%, obteríamos um desconto de mais de R$100,000,00.
Por isso, principalmente para horizontes de investimento mais longos, é melhor que essa taxa não seja tão alta, de modo que a rentabilidade não seja tão reduzida. Quanto menor esse desconto, maior será a proximidade do fundo com o desempenho acumulado do índice ao qual está atrelado.
Naturalmente, esse não é o único fator a ser observado. Taxas muito reduzidas podem estar escondendo algum outro problema, como dificuldades de liquidez, por exemplo.
Quais são os tipos de ETFs?
O mercado de Exchange Traded Funds é bastante amplo, com opções que vão desde fundos menos arriscados como os de Renda Fixa de curto prazo, até aqueles que seguem ativos extremamente voláteis como as criptomoedas.
Como o desempenho desses investimentos está atrelado a indicadores específicos, esse certamente é o principal critério a ter em conta na hora de adicionar esse tipo de produto a sua carteira.
Entre as categorias de ETFs mais conhecidas estão:
- ETF de índice;
- ETF de ações;
- ETF de renda fixa;
- ETF de commodities;
- ETF de moedas;
- ETF de criptomoedas;
- ETF de mutimercado;
- ETF alavancado;
- ETF inverso.
Cada uma dessas categorias conta com especificidades, benefícios e riscos próprios. Entender as diferenças e similitudes entre eles é essencial para encontrar o ETF que melhor se encaixa aos seu planejamento financeiro e ao seu perfil de investidor.
Para te ajudar nesta tarefa, na sequência explicaremos cada um desses fundos individualmente:
ETF de índice
ETFs de índice são Fundos de Investimento com gestão passiva que buscam espelhar algum indicador de mercado em particular, como o Ibovespa, o S&P 500 ou o Dow Jones, entre tantos outros.
São conhecidos por oferecerem diversificação instantânea, permitindo que o investidor se exponha a uma grande gama de companhias de maneira prática e acessível.
Basicamente, esse tipo de fundo replica de perto o desempenho do indicador ao qual está atrelado. Um ETF de índice que segue o Ibovespa, por exemplo, se valoriza sempre que a performance média das empresas brasileiras listadas na B3 sobe, e desvaloriza, quando essas ações oscilam para baixo.
ETF de setor
Diferentemente dos Fundos de Índice que acompanham indicadores amplos de mercado, como o Ibovespa ou o Dow Jones, os ETFs de setor (ou ETFs setoriais) seguem o desempenho de um segmento específico da economia, tais como: tecnologia, finanças, energias, desenvolvedoras de jogos de videogame, e assim por diante.
Para focar em somente um exemplo, a carteira de um ETFs de tecnologia incluirá apenas empresas relacionadas a essa área. Assim, pode ser composta por ações de empresas como Apple, Facebook, Amazon, Netflix, Google e assim por diante.
ETFs de setor permitem que o investidor tenha exposição a segmentos que acredita que possuem bom potencial de crescimento, com base, por exemplo, em mudanças nas condições econômicas ou nas expectativas do mercado.
Também proporcionam diversificação interna dentro do setor, reduzindo os riscos de investir em empresas individuais.
ETF de ações
Também chamados de “Equity ETFs”, os ETFs de ações são fundos criados para acompanhar o desempenho de um índice de ações específico ou de um conjunto de empresas que guardam alguma relação entre si.
Essa categoria pode seguir carteiras teóricas constituídas com base em diferentes critérios, tais como tamanho de capitalização (que reflete o valor de mercado das empresas), potencial de crescimento (focando em empresas consideradas com alto potencial de valorização) ou setor (como tecnologia, saúde, finanças, entre outros).
ETF de renda fixa
Essa classe de ETF espelha índices de Renda Fixa. Isto é, carteiras teóricas compostas por títulos do Tesouro Direto ou debêntures.
Alguns exemplos de indicadores incluem o IRF-M (índice ANBIMA que mensura a performance dos títulos do Tesouro Prefixados) e o IMA-B (índice ANBIMA que mede o desempenho de títulos do Tesouro IPCA+).
Apesar de ser uma categoria relativamente nova no Brasil, com o primeiro Fundo datando de 2018, hoje, a B3 já conta com mais de 10 ETFs de Renda Fixa atrelados a indicadores nacionais e 2 internacionais — ambos seguindo o desempenho de bonds, como são genericamente chamados os títulos públicos estrangeiros.
ETF de commodities
Esses fundos replicam indicadores de produtos básicos e primordiais da economia — matérias-primas e elementos em estado bruto — e seus contratos futuros.
ETFs de commodities podem acompanhar o preço de grãos (como milho e café), carnes (arroba do boi gordo), minérios (ouro, ferro e alumínio) e o petróleo. Esses Fundos podem ser uma boa alternativa para compensar os momentos em que outros índices estão em baixa, como os de ações.
Outro ponto positivo é que esse tipo de produto tem correlação positiva com a inflação. Ou seja, seus preços tendem a subir junto com a inflação, protegendo o patrimônio contra a perda de poder aquisitivo.
ETF de moedas
São Fundos que seguem as variações de diferentes moedas, como o euro e o dólar.
Esses ETFs podem ser utilizados tanto para a especulação cambial, com base em leituras e previsões acerca do cenário econômico, como para proteção contra as incertezas e oscilações da economia nacional.
Assim como os commodities, investir em moedas estrangeiras mais estáveis também pode ser uma maneira de proteger o capital contra a inflação, principalmente no longo prazo.
ETF multiativo
Também chamados de “multi asset”, os ETFs multiativo acompanham o desempenho de diferentes classes de papéis, permitindo acesso a carteiras de Renda Variável e de Renda Fixa ao mesmo tempo. Esses Fundos podem ser compostos por diferentes índices e setores, incluindo títulos públicos, commodities, ações e metais preciosos.
A grande vantagem desse tipo de investimento é justamente a possibilidade de aplicar em um grande leque de mercados de uma só vez.
Importante citar que recentemente, em 2023, a B3 passou a listar os primeiros BDRs de ETFs multi asset, que são ativos representativos de diferentes ETFs listados em bolsas de valores de outros países. Esse novo produto também oferece mais uma maneira do investidor brasileiro de acessar outras economias, reduzindo sua exposição às oscilações do país.
ETF de criptomoedas
Esses ETFs funcionam de maneira semelhante aos Exchange Traded Funds de moedas que explicamos acima, com a diferença de que espelham o desempenho de moedas digitais como o bitcoin e a ethereum, e não de moedas fiduciárias, como o real ou o dólar.
Fato curioso é que, enquanto os primeiros ETFs de bitcoin só foram autorizados nos Estados Unidos em 2024, o investidor brasileiro já tinha acesso a esse tipo de investimento desde 2021.
No momento, existem 14 fundos que acompanham criptomoedas na B3. Diferentemente dos EUA, onde até o momento só existem Exchange Traded Funds de bitcoins, no Brasil são permitidos cestos com diferentes criptoativos.
ETF alavancado
Enquanto os ETFs tradicionais buscam replicar um indicador de mercado em uma relação de um para um, os fundos alavancados se valem de endividamento para multiplicar os resultados do indexador subjacente.
A ideia é utilizar recursos maiores do que os disponíveis para duplicar ou mesmo triplicar os retornos. Assim, se o indicador de mercado seguido pelo fundo cresce 5%, o ETF pode crescer 10% ou 15%.
Apesar de poder trazer retornos bastante atrativos, fundos alavancados também apresentam riscos igualmente altos e devem ser evitados por investidores sem experiência ou de perfil conservador ou moderado.
Isso porque o efeito de multiplicação vale para ambos os lados. Ou seja, se o desempenho do índice cair, o ETF multiplicará essa queda. Retomando o exemplo anterior, uma queda de 5% representaria uma perda de 10% ou 15% para o fundo.
ETF inverso
Bastante singulares, esse tipo de fundo é planejado para replicar a performance de um indicador de mercado de maneira inversa.
Distinto de outros Exchange Traded Funds que sobem e descem acompanhando os movimentos do indicador subjacente, um ETF inverso se valoriza quando o índice ao qual segue se desvaloriza e vice-versa.
Esses ETFs usam derivativos para simular resultados opostos ao indicador, em vez de assumirem posição no subjacente.O objetivo é se valer de oportunidades de momento para lucrar com a venda à descoberto de ações — ou seja, vendem títulos antes de uma eventual queda, esperando recomprá-los mais adiante por um preço mais baixo. Como mercados em baixa não costumam durar muito, essa estratégia é focada no curto e médio prazo.
Não é incomum ainda que ETFs inversos também usem de alavancagem para potencializar seus lucros. O risco nesses casos também é multiplicado, já que altas do indicador vão refletir em perdas multiplicadas ao fundo.
Qual a diferença entre ETFs e Fundos de Investimento?
A grande diferença entre ETFs e Fundos de Investimento está na estratégia adotada pela gestão em relação ao indicador de referência de cada fundo.
Exchange Traded Funds, como você já sabe, apenas espelham carteiras teóricas, acompanhando seus resultados de forma passiva. Isso é feito mesmo que o gestor, por eventualidade, acredite que outros títulos não englobados pelo indicador ofereçam melhores resultados.
Já a relação dos Fundos de Investimento com um indexador é bem distinta. Esses fundos não espelham nenhuma carteira e apenas usam o índice de mercado como um referencial a ser batido. A gestão, nesse caso, é ativa. Explicado de modo mais simples, o gestor monta a carteira aplicando as estratégias que julgar necessárias — desde que de acordo com as políticas internas do Fundo — para gerar o máximo de retorno, entregando preferencialmente acima da média de mercado.
O desempenho do Fundo Imobiliário dependerá do sucesso das ações tomadas pela gestão, enquanto nos ETFs o retorno apenas segue aproximadamente o índice de mercado subjacente.
Como o empenho da gestão é muito maior em Fundos de Investimento, as taxas administrativas cobradas também tendem a ser consideravelmente maiores quando em comparação aos Exchange Traded Funds.
Quais as principais vantagens dos ETFs?
Os Exchange Traded Funds são um tipo particular de investimento que permite que investidores tenham exposição aos mais diferentes setores econômicos de maneira prática e abrangente.
Se isso por si só não lhe parece motivo suficiente para começar a aplicar nesses produtos, ressaltamos abaixo algumas da principais vantagens características desse tipo de investimento que podem servir de incentivo para estudar esses ativos mais de perto:
Diversificação
Uma das principais vantagens oferecidas pelos ETFs é a possibilidade de obter diversificação instantânea com uma única aplicação e mesmo dispondo de poucos recursos.
Ao adquirir cotas de um ETF que replica o S&P 500, por exemplo, o investidor passa a se expor ao desempenho geral das 500 maiores companhias negociadas nos Estados Unidos de uma só vez.
Facilidade para investir
Investir em ETFs pode ser uma mão na roda para investidores que não possuem tempo — ou que não querem se dar ao trabalho — de analisar, comparar, escolher e acompanhar de títulos em específico.
Além de possibilitarem uma forma muito mais prática de montar uma carteira diversificada do que escolher ativos individualmente, o desempenho dos ETFs também é bastante fácil de entender já que reflete a performance de um índice de mercado definido.
Investimento inicial baixo
Além de oferecerem uma forma prática de diversificar a carteira, os ETFs também são consideravelmente acessíveis. Esses fundos permitem que o investidor tenha exposição a setores econômicos de maneira abrangente, mesmo com recursos limitados.
As cotas desses fundos podem ser adquiridas por valores que variam, em média, entre R$30,00 e R$130,00, embora existam opções ainda mais baratas, negociadas até mesmo por menos de R$10,00.
Rentabilidade
ETFs são uma das formas mais práticas de se expor a setores econômicos consolidados ou com grande potencial de crescimento, bem como aproveitar-se de tendências do mercado para lucrar.
Prova disso está no desempenho recente de boa parte dos fundos de criptomoeda da B3, que seguindo a tendência de alta do bitcoin, conseguiram crescer mais de 50% só no primeiro trimestre de 2024.
De forma geral, os ETFs costumam entregar retornos superiores ao da maioria das opções conservadores de Renda Fixa, sendo uma excelente oportunidade, por exemplo, para investidores que buscam rendimentos maiores, mas ainda não dominam o funcionamento da bolsa de valores.
É preciso considerar, entretanto, que ETFs não são investimentos recomendados para perfis conservadores, com pouca tolerância a riscos. Por mais que entreguem potencial de retorno, a rentabilidade desses fundos não é garantida.
Quais os ETFs que pagam dividendos?
Mais comuns no exterior, os ETFs que pagam dividendos são uma novidade ainda recente no Brasil.
Essa categoria de fundo só foi regulamentada em janeiro de 2023, e o primeiro produto só ficou disponível em setembro do mesmo ano. Antes disso, os ETFs brasileiros adotavam unanimemente a política de reinvestir os proventos das ações na própria carteira, como uma forma de valorizar suas cotas.
Importante citar que a distribuição de proventos entre cotistas é uma prática que só é autorizada para Fundos de Índice lançados após a regulamentação.
Até o momento (maio de 2024), só existem dois ETFs com distribuição de dividendos mensais listados na B3. São eles:
Nu Renda Ibov Smart Dividendos (NDIV11)
ETF pioneiro no Brasil, o NDIV11 é o primeiro Fundo de Índice com distribuição de dividendos mensais listado na B3.
Desenvolvido pela Nubank, esse fundo foi criado para acompanha o desempenho do “Ibovespa Smart dividendos B3”, um indicador de mercado criado pela B3 e que mensura o desempenho médio de 21 empresas que se destacam na Ibovespa como boas pagadoras de proventos, seja em dividendos ou em JCP (Juros sobre Capital Próprio).
Buena Vista US High Income (SPYI11)
Segundo — e até então o último — ETF que paga dividendos listado na B3, o SPYI11 foi lançado em novembro de 2023. Diferentemente do NDIV11, o Buena Vista US High Income foi criado para acompanhar o desempenho de empresas estrangeiras.
Criado pela gestora de fundos de investimento Buena Vista Capital, esse Exchange Traded Fund espelha o índice “NEOS S&P 500 High Income ETF (SPYI)”, indicador composto pelas 500 maiores empresas dos Estados Unidos, incluindo marcas mundialmente conhecidas como Apple, Microsoft, Amazon, Nvidia, Alphabet (Google), Disney, Nike e Walmart.
Como escolher os melhores ETFs?
Após compreender como funcionam os Exchange Traded Funds (ETFs) e suas vantagens, você está considerando investir nesses produtos? Se a resposta for sim, separamos 10 dicas adicionais que podem ajudá-lo a escolher os seus primeiros ETFs:
- Avalie a adequação do investimento ao seu perfil de risco
O primeiro passo — e, possivelmente, o mais importante — para escolher um ETF é descobrir quais são os fundos mais adequados ao seu perfil de investidor. O qual pode ser classificado como:
- Conservador: normalmente é um investidor mais inexperiente, que preza acima de tudo pela segurança do seu patrimônio, mesmo que isso signifique dar preferência a títulos de baixo rendimento. Os melhores ETFs, nesse caso, são os de Renda Fixa;
- Moderado: perfil em transição da renda fixa para a variável. Ainda se preocupa com a segurança, mas está disposto a assumir algum grau de risco para potencializar seus rendimentos, sempre que uma oportunidade pareça vantajosa. Um exemplo são os ETFs que seguem indicadores como o S&P 500 e o Dow jones que mensuram o desempenho de blue chips;
- Arrojado ou agressivo: investidores já experientes, com patrimônio consolidado, e dispostos a assumir riscos para alcançar grandes lucros. Esse perfil pode investir, por exemplo, em ETFs de mercados emergentes ou nos recentes fundos de criptomoedas, os quais possuem maior potencial de retorno, apesar de serem mais voláteis.
Essa classificação, vale dizer, não é subjetiva. O grau de tolerância de risco de um investidor é determinado pelo chamado “teste de suitability”, um questionário aplicado pela corretora de valores no momento da abertura da conta.
Aqui vale ainda um par de advertências extras: primeiramente, é preciso considerar que, independentemente do indicador que seguem, os ETFs são produtos de renda variável que acompanham as flutuações de setores ou classes de ativos de forma passiva. Ou seja, todos possuem algum grau de risco.
Em segundo lugar, esse tipo de fundo costuma ser mais indicado para objetivos de médio e longo prazo. Por isso, é importante observar se estão alinhados com seu planejamento financeiro.
- Estude a composição do ETF
Definida sua tolerância ao risco, a segunda etapa se concentra naturalmente em estudar a composição dos ETFs. Isso é razoavelmente fácil. Tudo o que você precisa fazer é verificar qual o indicador de mercado acompanhado pelo fundo.
Esses índices, como já explicado, funcionam como carteiras teóricas utilizadas para medir o desempenho de determinados setores, classes de ativos ou mercados. Podem ser compostos por:
- Títulos públicos ou privados de um país ou economia em específica;
- Ativos vinculados a diferentes segmentos como tecnologia, imóveis, bens de consumo;
- Classes de ativo, como ações, títulos públicos, imóveis, commodities, entre outros.
A depender de como são formados, esses indicadores podem ser menos ou mais arriscados de serem espelhados.
Exchange Traded Funds atrelados a índices que mensuram bonds dos EUA, por exemplo, são produtos reconhecidamente seguros. Do mesmo modo, fundos que acompanham moedas e principalmente criptomoedas costumam apresentar alta volatilidade.
Além disso, alguns tipos de ETFs como os “alavancados” e os “inversos” possuem mecânica mais avançada e riscos consideravelmente maiores.
- Mensure o retorno potencial
Uma vez que não há como prever o futuro, infelizmente ainda é impossível determinar como será o desempenho de um indicador de mercado com base em seu histórico. Isso posto, a solidez de determinado setor ou classe de ativo ao longo do tempo é obviamente um bom sinal.
Além disso, ao olhar para trás, é possível ver como essas carteiras teóricas se comportaram em diferentes cenários econômicos, incluindo períodos de crise.
Quem investiu em um ETF do Ibovespa há 10 anos, por exemplo, viu seu rendimento valorizar em torno de 157%.
Considerado o mesmo período, quem aplicou no S&P 500 teve uma valorização de 453% — considerando também as variações da taxa de câmbio nesta década. Vale sempre lembrar que, ao longo desse tempo, ambos indicadores enfrentaram uma grande crise provocada por um agente em comum: a pandemia de Covid-19.
Atenção: ao tentar mensurar o retorno, lembre que os ETFs são investimentos de renda variável. Logo, para que faça sentido investir em um desses produtos, é válido observar se seus rendimentos têm potencial de superar as melhores aplicações de renda fixa de forma a compensar o risco assumido.
- Analise a performance
Embora os ETFs estejam diretamente atrelados ao desempenho de um indicador subjacente, dificilmente o fundo terá uma correspondência exata ao da carteira que está espelhando. Da mesma forma, dois diferentes fundos que sigam o Nasdaq 100, por exemplo, podem apresentar diferenças de performance entre si.
Essas diferenças podem acontecer por uma combinação de diferentes fatores. Entre eles: as taxas de administração, custos de transação, fatores de mercado, câmbio e as dificuldades de rebalanceamento da carteira, já que nem todas as ações do índice são facilmente disponíveis ou negociadas com a mesma liquidez.
- Observe a aderência
Extensão do tópico anterior, a aderência nada mais é do que a correspondência do ETF em comparação com o indicador de mercado subjacente. Em outras palavras, é a diferença entre o desempenho do fundo e de sua carteira teórica, durante o período analisado.
Em suma, quanto menor for esse desvio, melhor.
- Atente ao spread
O spread, por sua vez, corresponde à diferença entre o preço de compra (bid) e o preço de venda (ask) das cotas de um fundo. Quanto maior for essa margem, mais custosas serão as operações do ETF.
- Conheça a taxa de administração cobrada pelo fundo
Já falamos com mais profundidade sobre esse tópico pouco antes, mas vale o reforço: antes de escolher um fundo, compare sua taxa de administração com a de outros produtos semelhantes.
Embora Exchange Traded Funds são reconhecidos por apresentarem taxas de administração bastante inferiores a outros Fundos de Investimento, esses descontos não devem ser subestimados. A diferença entre uma taxa de 0,20% e uma de 0,60% pode parecer mínima ao princípio, mas no longo prazo, pode confiar, você perceberá a diferença.
- Verifique a liquidez do fundo
De maneira mais ampla, a liquidez está relacionada com a facilidade com que é possível negociar um determinado ativo financeiro. Em resumo, papéis com maior liquidez são mais seguros já que possuem maior procura e permitem que o investidor possa reaver seu dinheiro com maior facilidade, em caso de algum imprevisto.
No caso dos ETFs, contudo, esse é um fator ainda mais importante a se considerar, já que a baixa liquidez pode resultar em custos mais altos de transação. Isso ocorre por conta de spreads maiores e, consequentemente, da menor capacidade de absorver um grande número de ordens sem causar oscilações no preço de mercado.
Para verificar se um fundo tem boa liquidez, observe:
- Volume de negociação diário: média de cotas do ETF negociadas diariamente. Quanto mais movimentações, melhor sinal;
- Número de cotistas: ETFs populares são, por lógica, aqueles com maior número de cotistas;
- Spread: quanto menor for essa margem no preço das cotas, mais líquido tende a ser o fundo;
- Net Asset Value (NAV): podendo ser traduzido como “valor patrimonial líquido”, o Net Asset Value é igual o valor total dos ativos de um fundo menos seus passivos, dividido pelo número de cotistas. Preços próximos ao NAV indicam que as cotas estão sendo vendidas por um preço justo.
- Averigue o aluguel da cota
Como forma de gerar uma renda adicional, alguns ETFs permitem que o cotista alugue suas cotas a um interessado por uma taxa de juros e prazo determinados.
Esse tipo de situação ocorre quando um investidor, que acredita que um indicador de mercado vai cair, vende as cotas que tomou emprestado, com a intenção de comprá-las de volta por um preço mais barato e dentro do prazo estimado, lucrando com a diferença. É a chamada “venda a descoberto”.
A melhor parte é que quem empresta segue tendo a posse do ativo. Ou seja, a distribuição dos rendimentos são ainda direcionados ao dono original e não a quem as tomou emprestado.
- Pesquise a gestora
Por fim, mas não menos importante, não esqueça de pesquisar a reputação e o histórico da gestora por trás do ETF.
Instituições mais conhecidas e confiáveis geralmente oferecem produtos mais estáveis e melhor suporte aos investidores.
Quanto rende um ETF por mês?
É impossível apontar exatamente quanto um ETF rende por mês, já que os retornos variam significativamente. Afinal, dependem de muitos fatores, como o índice atrelado ao ETF, as condições do mercado e a composição do fundo.
Se um ETF acompanha o desempenho do S&P 500, por exemplo, o rendimento mensal vai ser similar ao deste índice. Por outro lado, se a composição do fundo considerar mercados e ativos mais voláteis, é muito provável que os ganhos passem por mais oscilações também.
Caso ainda seja leigo no assunto e queira investir em um ETF mais estável para começar, os de renda fixa podem ser boas opções. Em média, eles rendem cerca de 0,2% a 0,5% ao mês, dependendo de qual é a taxa de juros vigente e da seleção de ativos do índice.
Atenção: essas porcentagens se tratam unicamente de estimativas, não de garantia de retornos. Para ter uma ideia mais precisa de quanto um ETF pode render, o ideal é que você consulte o histórico de desempenho em questão e analise as condições de mercado.
Não pare de estudar os ETFs agora
Antes de ir, dê uma passada no canal da Finclass no YouTube e maratone a playlist sobre ETFs que temos por lá!
Nela, abordamos todas as dúvidas e tópicos necessários para que você inclua mais essa modalidade de investimento no seu portfólio, a fim de potencializar os lucros e equilibrar a sua estratégia.