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Inflação: entenda o que é e como interfere nos seus investimentos

Cédulas de real e moedas espalhadas.
Créditos da imagem: Joel Santana (Joelfotos)/Pixabay.

Você já ouviu falar da inflação?

A palavra vem do latim “inflar-se”, entretanto desde o século XIX (19) relaciona-se o termo “inflação” à ideia do aumento contínuo no preço dos bens e serviços, o que ocasiona diminuição no poder de compra dos consumidores ao decorrer do tempo.

Neste artigo iremos apresentar suas principais causas; os principais índices de medição no Brasil; cenários de hiperinflação, deflação e estagflação, bem como o que eles significam para nossa economia.

Por outro lado, demonstraremos como você pode ajustar seus investimentos para proteger seu patrimônio dos efeitos adversos da inflação e não ter seu dinheiro corroído por ela.

Causas da inflação

A inflação pode ter algumas causas, e antes de mais nada entender como ela funciona e como pode nos afetar é essencial no momento de escolher nossos investimentos.

Em síntese, são algumas delas:


1. Relação entre oferta e demanda

Quando há uma alta procura a um produto ou serviço específico, eventualmente o preço sobe para evitar o desabastecimento.

Por exemplo, casacos no inverno ou ventiladores no verão.

2. Gastos públicos

A necessidade dos governos se endividarem faz com que o poder de compra encolha.

Assim sendo, na urgência de obter receita, as empresas repassam o aumento no recolhimento de impostos aos cidadãos.

3. Causas naturais

No caso das commodities, a perda de uma safra pode ocasionar no aumento geral dos preços, com a finalidade de controlar o estoque.

4. Custos de produção

Um ajuste nos custos de produção de empresas do setor secundário ou terciário, devido à alguma das razões supracitadas, pode interferir no preço final de venda ao consumidor.

Por exemplo, o aumento no preço do milho por perda da safra; do óleo de soja por um ajuste de oferta e demanda; bem como o aumento dos impostos na conta de energia podem ocasionar o aumento geral de preços dentro de um cinema.

5. Indexação

Um preço pode sofrer um aumento programado devido à correlação entre seu valor inicial e um índice de reajuste.

Por exemplo, o aluguel é comumente reajustado pelo IGP-M acumulado nos 12 meses anteriores à data da renovação do contrato.

Índices de inflação

Gráfico financeiro.
Créditos da imagem: Buffik/Pixabay.

No Brasil, existem alguns índices que medem a inflação, levando em conta diferentes métricas.

Eles são calculados de maneiras diferentes e têm pesos diferentes na economia, mas todos têm o potencial de interferir nos seus investimentos de alguma forma, portanto é essencial distingui-los.

O Governo estabelece metas de inflação com o intuito de buscar uma melhor previsibilidade. Em teoria, isso melhora a capacidade de planejamento familiar, empresarial e governamental.

Em síntese, conheça abaixo os principais índices e como são aferidos:

1. IPCA ­– Índice de Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (o índice oficial de inflação no Brasil)

É calculado pelo IBGE e leva em conta o consumo de famílias que ganham entre 1 e 40 salários-mínimos, nas principais regiões metropolitanas do país.

Ele considera gastos em alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais.

É medido entre os dias 1º e 30 de cada mês e é considerado o índice oficial de inflação pelo Governo Federal.

2. INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor

Também é calculado pelo IBGE, mas diferentemente do IPCA, leva em conta o consumo de famílias que tem uma renda de até 5 salários-mínimos.

O peso de alguns grupos, como o de alimentos, é maior no cálculo do INPC.

3. IGP – Índice Geral de Preços

É calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e, em contraste com os índices aferidos pelo IBGE, que levam em consideração somente os setores da economia ligados ao consumo, também é composto pelo setor de atacado e construção civil.

Possui 3 variações (IGP-DI, IGP-M, IGP-10), e, em suma, a diferença entre elas é o período da coleta dos dados.

A principal entre elas é o IGP-M, também conhecido como “a inflação do aluguel”, pois ele é quem define o percentual de reajuste anual na maioria dos contratos de locação.

Hiperinflação, deflação e estagflação

Uma taxa de inflação ideal é aquela que se mantém estável e controlada a um nível baixo. Caso ela seja muito elevada, pode ser prejudicial ao país pois impacta o dia a dia dos cidadãos.

Um cenário de hiperinflação impacta sobretudo o bolso dos que ganham menos, onde o crescimento da sua renda não acompanha os índices inflacionários e pode impactar nos investimentos dessas famílias.

A inflação muito alta também é desfavorável ao governo, visto que ela aumenta o custo da dívida pública. Como vimos anteriormente, quanto maior a dívida pública, mais o governo pode-se ver obrigado a elevar sua arrecadação para cumprir com seus compromissos, e ocasionar um aumento geral de preços, num ciclo vicioso.

Por outro lado, uma taxa negativa, também conhecida como deflação, pode indicar um desaquecimento do ritmo de crescimento de uma nação, e uma possível recessão de sua economia.

Nesse caso, empreendedores podem ser lesados pela diminuição dos preços por menos que tenham um planejamento financeiro bem estruturado.

Um comerciante pode ser obrigado a vender seu estoque com um preço inferior ao preço de compra, graças aos efeitos da deflação.

Em um cenário de exceção, entretanto, pode ocorrer também a estagflação, que é um evento incomum de altos níveis de desemprego combinados a altos níveis de inflação.

Como se proteger do efeito da inflação nos seus investimentos

Créditos da imagem: Nattanan Kanchanaprat/Pixabay.

Considerando que os preços dos produtos e serviços que consumimos são ajustados anualmente, sem dúvida o valor que R$100 tem hoje não será o mesmo daqui a 5 anos.

É essencial, portanto, nos protegermos do efeito inevitável da depreciação do nosso dinheiro para que nosso patrimônio não seja corroído.

Alguns investimentos, sobretudo os de renda fixa, podem ser boas opções para quem deseja investir com segurança e garantia de ganhos reais.

Ganhos reais, ou rentabilidade real, levam em consideração a taxa de inflação aferida em seu período.

Por exemplo, se um investimento de R$100 tiver rendido 5% nos últimos 12 meses, mas a inflação tiver sido de 10%, não houve ganho real, pois ao final de 1 ano você terá obtido R$105, mas precisaria de R$110 para comprar as mesmas coisas que comprava no ano anterior com os R$100 iniciais.

A saber, conheça três opções para iniciantes para blindar sua carteira de investimentos contra a desvalorização do real:

1. Tesouro IPCA+ (antigo Tesouro NTN-B Principal)

Quando se investe no Tesouro Direto, em outras palavras você está emprestando dinheiro ao Tesouro Nacional.

O Tesouro Nacional funciona como se fosse o caixa do Governo Federal, recebendo o dinheiro arrecadado pelos impostos e tributos e gerindo seus recursos para cumprir com o orçamento público nacional.

O Tesouro IPCA+ é um investimento onde seu dinheiro rende a uma taxa de juros pré-fixada + a inflação aferida no período, e no final recebe-se o valor total, somados os juros e correção monetária, já descontado o Imposto de Renda na fonte.

Deve-se ter em mente que, nesse título, todo o retorno será feito de uma vez, apenas na data de vencimento do título.

2. Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (antigo Tesouro NTN-B)

É semelhante ao título principal, mas os juros pré-fixados são depositados semestralmente na conta onde realizou o investimento, e a inflação observada é depositada junto com o principal na data de vencimento.

Ele é indicado para quem precisa complementar a renda e não pode aguardar o vencimento do título, ou para quem possui um planejamento financeiro robusto e deseja usar os juros recebidos para diversificar a carteira com investimentos mais rentáveis.

Sua principal desvantagem é que o IR descontado na fonte é maior, uma vez que o Imposto é regressivo, ou seja, beneficia quem deixa o dinheiro rendendo por mais tempo.

3. Debêntures

Quando se investe em debêntures, você está emprestando dinheiro para empresas financiarem projetos de expansão das suas operações.

Algumas debêntures têm taxas de juros atreladas à taxa Selic, outras ao IPCA, e outras são pré-fixadas, por isso é importante se certificar de que fez a escolha certa antes de dar o aceite no seu banco ou corretora.

Debêntures são títulos de crédito que não têm proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mas possuem uma classificação de crédito feita por uma agência de classificação, como a Standard & Poors, Fitch ou Moody’s.

Para mitigar os riscos, algumas empresas oferecem garantia real na emissão de suas debêntures, ou seja, caso não tenham dinheiro em caixa para honrar seus pagamentos na data do vencimento do título, são utilizados os bens da empresa para garantir o pagamento dos credores.

Alguns títulos recebem um incentivo do Governo para atrair mais recursos. São as debêntures incentivadas, que buscando captar mais investimentos para projetos de infraestrutura, têm isenção de Imposto de Renda.

Para investir nesses títulos, você deve possuir uma conta aberta em um banco ou corretora de valores, como a XP Investimentos, Rico ou Clear, que possua essa classe de ativos.

Para conhecer mais

A inflação constata o crescimento econômico de um país, mas deve ser mantida em uma taxa razoável para demonstrar um nível de equilíbrio e assim garantir a confiança dos investidores, portanto deve-se sempre levar a desvalorização do dinheiro em conta quando estiver fazendo seu planejamento financeiro.

Ela é um conceito que gera debate entre economistas. Por alguns, ela pode ser entendida como um artifício, utilizado em conjunto com a taxa básica de juros, para equilibrar o crescimento da economia de um país através do aumento no preço dos produtos e serviços.

Em paralelo, existem outros entendimentos, como o da Escola Austríaca, que estabelecem a inflação sendo o aumento da oferta de moeda, sem estar ligado ao crescimento da demanda pelo dinheiro.

Seja enxergando a inflação como a causa ou a consequência do crescimento de um país, ela afeta a todos nós e faz com que o dinheiro perca valor ao longo do tempo, por isso é essencial levá-la em consideração durante o planejamento dos seus investimentos.

Leia também: Educação financeira: 6 livros essenciais para iniciantes

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Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalveshttps://finclass.com/
Hugo é economista e copywriter no Grupo PRIMO. Trabalha com finanças há mais de 7 anos.
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