Quando o bitcoin ainda era um assunto fresco no mercado financeiro, não faltaram interessados em aprender como minerar a criptomoeda, se valendo de computadores “comuns” para obter, como recompensa pelo trabalho de mineração, uma porção generosa dos ativos.
O tempo passou e a situação é, agora, completamente diferente: além do processo de mineração já não ser tão simples — demandando máquinas poderosas e quantidades massivas de energia elétrica — a recompensa dos mineradores cai pela metade a cada 4 anos, aproximadamente.
Esse evento de redução se chama halving e, adivinhe: o próximo deve acontecer em 2024, levando especialistas a acreditarem em uma valorização significativa do bitcoin.
Se você tem interesse em compreender melhor o assunto, ou aproveitar esse evento histórico para diversificar a sua carteira de investimentos com as criptomoedas, siga na leitura para aprender:
- O que é o halving do bitcoin;
- Como esse evento funciona;
- De onde essas regras saíram;
- Qual o impacto do halving no preço do bitcoin;
- Como o halving afeta o trabalho dos mineradores;
- Quando será o próximo halving e o que se espera dele.
No final da leitura, ainda vamos apontar o caminho para você, caso deseje ir adiante no seu aprendizado sobre as criptomoedas, em busca de extrair a melhor estratégia desse artigo.
Vamos lá?
O que é o halving do bitcoin?
O halving é um evento periódico que reduz pela metade a recompensa dos mineradores de bitcoins (BTCs) — e, consequentemente, a própria emissão de novas unidades desta moeda. Presente no protocolo de criação do bitcoin, esse processo está marcado para ocorrer sempre que 210.000 blocos de transações são adicionados à blockchain (espécie de livro aberto virtual onde são registradas todas as transações de BTC), o que costuma levar aproximadamente 4 anos.
Na falta de um termo melhor em português, o halving pode ser traduzido como “cortar pela metade”. Obedecendo a um princípio de escassez programada, esse mecanismo de corte tem o objetivo de controlar a emissão de bitcoins, fazendo com que esse ativo torne-se mais raro e valioso com o passar dos anos. Uma lógica contrária a das moedas fiduciárias tradicionais — como o real, o dólar e o euro, por exemplo — que perdem valor com o tempo, conforme novas remessas são emitidas pelos governos.
Um dos momentos mais aguardados por quem investe em criptomoedas, o halving tem, até o momento, funcionado à perfeição em seu intento de elevar o preço do bitcoin, o tornando imune à inflação. Os meses que antecedem e sucedem esse evento costumam ser marcados por aumento da demanda e valorização dessa moeda.
Conforme o quarto halving da história se avizinha, ao que parece, tudo caminha para que isso continue sendo seguido à risca. Uma prova? No dia 8 de março de 2023, a cotação do bitcoin bateu mais de US$70 mil pela primeira vez desde sua origem, há quase 15 anos.
Como funciona o halving do bitcoin?
Em oposição às moedas fiduciárias que são corroídas pela inflação, o bitcoin foi projetado para ser um dinheiro deflacionário, capaz de ganhar cada vez mais valor de compra. Isso é possível pela combinação de dois fatores: sua finitude e o halving, que funciona como o mecanismo que dosa a emissão de novas criptomoedas, reduzindo o número de novas unidades mineradas conforme o tempo passa.
O halving é acionado sempre que 210.000 novos blocos são adicionados à blockchain, reduzindo em 50% a capacidade de emissão de bitcoins e garantindo, assim, que esse bem se torne cada vez mais escasso. Além disso, ao diminuir o número de moedas criadas por bloco minerado, esse mecanismo também evita que todas as unidades sejam criadas precocemente.
Atualmente, a cada 10 minutos, os mineiros finalizam um bloco na blockchain, recebendo 6,25 bitcoins como pagamento. No total, são emitidas cerca de 900 novas moedas por dia. A partir do próximo halving, que deve acontecer em abril de 2024, essa recompensa irá cair para 3,125 bitcoins, reduzindo o número de emissões diárias para 450.
Até o momento, já ocorreram três halvings e 19,6 milhão de unidades já foram mineradas. Segundo o protocolo de criação do bitcoin, estão previstos mais 33 eventos até 2.140, ano em que a unidade de número 21.000.000, a última moeda, deve ser minerada. A partir daí, o pagamento dos mineiros virá exclusivamente das taxas cobradas por transações.
É válido destacar ainda que a dificuldade de mineração também é ajustada automaticamente para assegurar que o ritmo seja mantido dentro dos prazos previstos. Logo, independentemente do número de mineradores ou da tecnologia empregada, a emissão segue em uma velocidade constante, que permite prever, com bom grau de assertividade, a data de cada novo halving.
Quem definiu as regras do halving do bitcoin?
As regras do halving foram definidas por Satoshi Nakamoto, pseudônimo adotado pelo criador(a) — ou criadores(as) — do bitcoin. Essa entidade, cuja identidade nunca foi revelada, é a mente por trás do white paper (nome dado ao documento que explica o funcionamento de uma nova tecnologia aos leitores) que deu origem à primeira moeda virtual que se tem notícia.
O famoso documento intitulado “Bitcoin: um sistema de efetivo eletrónico usuário-a-usuário“, foi divulgado pioneiramente em uma lista de mailing ou em um fórum aberto — existem diferentes versões de história —, com a simples descrição: “Aqui está uma nova moeda e um sistema de pagamento. Usem se quiserem.”
Além de ser o pioneiro a desenvolver uma criptomoeda, essa entidade também foi quem introduziu o termo “minerador” de moedas pela primeira vez. No protocolo, Nakamoto fala sobre a necessidade de recompensar essas pessoas pelo tempo e pelos custos (de eletricidade) dispensados a manter a blockchain.
Da mesma forma, foi Nakamoto que definiu o limite de bitcoins a serem emitidos, de modo a simular a escassez deste ativo. O fato da criptomoeda ter sido lançada na esteira da crise financeira de 2008 dá indícios que seus princípios foram desenvolvidos com ideais políticos, como uma espécie de resposta ao sistema centralizado que molda o mercado financeiro tradicional.
Contudo, isso é meramente especulativo. O que levou essa entidade a definir as regras por trás do bitcoin — incluindo sua finitude e o sistema de recompensas — é um mistério guardado com a identidade de Nakamoto. Importante citar, inclusive, que essa entidade simplesmente desapareceu em 2011. Desde 26 de abril daquele ano, não há nenhum registro de mensagem em seu nome. O mais curioso, porém, é que sua carteira pessoal contendo 1 milhão de BTCs — uma fortuna estimada em R$350 bilhões — também nunca teve registro de movimentação.
Qual o impacto do halving no preço do bitcoin?
O halving é a engrenagem responsável por promover a escassez programada no protocolo do bitcoin, a qual, teoricamente, impulsiona o preço desse ativo sempre para cima.
Embora tenha sido aplicada de maneira original para criar um ativo com caráter deflacionário, sua lógica parte de um dos princípios mais básicos da economia: a lei
da oferta e da demanda. O emprego desses dois conceitos econômicos é fácil de compreender:
Redução da oferta
A cada novo halving, o número de bitcoins minerados diariamente cai pela metade. Na prática, isso significa que é cada vez mais complicado adquirir uma dessas moedas sem negociá-las com um terceiro.
Ao reduzir a oferta, esses ativos ganham valor, uma vez que tornam-se mais escassos.
Aumento da demanda
O advento de um halving, até agora, sempre vem acompanhado de uma maior visibilidade para o bitcoin, fazendo com que a moeda ganhe mais destaque nos noticiários e atraia novos investidores.
Quer um exemplo ainda fresco disso? Em março deste ano, com as altas do bitcoin, e em vias de chegar uma nova redução de recompensa, o termo ultrapassou as musas pop “Taylor Swift” e “Beyoncé”, nos assuntos mais buscados no Google.
Em suma, o halving atua para diminuir a oferta de novas bitcoins, mantendo sua a demanda constante. Consequentemente, o preço do ativo tende a subir.
O que acontece com o preço do bitcoin após o halving?
Quando falamos em comportamento do mercado, nada é preto no branco. Tudo pode acontecer — até mesmo nada. Isto é, o bitcoin pode se valorizar ainda mais, iniciar uma queda ou manter-se próximo ao valor em que estava antes do halving. Apesar disso, se nos basearmos estritamente no padrão observado nos três eventos que já ocorreram até agora, a possibilidade de que o preço do bitcoin dispare é certamente a melhor aposta.
Conforme o observado na tabela abaixo, antes e após esse evento de corte, o preço desse ativo costuma passar por períodos acentuados de alta:
Halving | Emissão de novas moedas por bloco | Valorização aproximada do bitcoin |
2012 | 25 | 30.000% |
2016 | 12,5 | 800% |
2020 | 6,25 | 700% |
Fonte: CNN EUA
Como observado, nos três primeiros halvings, a escassez programada funcionou à perfeição, impulsionando o preço do bitcoin às nuvens, enquanto o número de moedas em circulação encolheu.
Para evitar ruídos, é necessário pontuar que o levantamento acima considera o período de um ano antes e um depois do evento em si, de modo a criar um panorama mais amplo da demanda e do seu impacto no preço.
Dito isso, no que tange a 2024, a metade do caminho foi seguida à risca: os meses que antecederam o halving fizeram o bitcoin chegar a marcas históricas. Se os indícios estiverem corretos, esse valor só tende a aumentar depois de abril.
Como o halving afeta os mineradores de bitcoin?
Após compreender que os bitcoins são criados por meio da mineração de blocos de transações, é fácil ligar os pontos e deduzir que, ao forçar a redução no número de novas unidades geradas, o halving afeta na mesma medida a recompensa paga aos mineradores, responsáveis por manter a rede blockchain em funcionamento. Isso, porém, não é tudo.
O halving não apenas reduz a receita dos mineiros, como aumenta consideravelmente a dificuldade de mineração e os custos dessa atividade. Abaixo explicamos cada um desses fatores.
Redução da receita
A cada novo halving, a recompensa por bloco minerado é cortada pela metade. Assim, após três desses eventos, esse pagamento, que já chegou a ser de 50 bitcoins, foi reduzido para os atuais 6,25.
A partir do próximo evento, cairá para 3,125. Em 2028, quando deve ocorrer o quinto, será reduzido para 1,5625. E assim consecutivamente, até chegar a 0 no ano de 2.140, no 33º halving. Quando já não existir nenhuma moeda para ser moderada, a expectativa é de que o modelo se mantenha, recompensando os mineradores exclusivamente com as taxas de transferência.
Aumento da dificuldade de mineração
Com o passar dos anos — e dos halvings —, ao passo que a recompensa por blocos diminui, a dificuldade de mineração aumenta, tornando a atividade de mineração mais árdua. Grosso modo, a “dificuldade de mineração” pode ser descrita como o grau de complexidade dos cálculos matemáticos que precisam ser resolvidos para validar transações e adicionar um novo bloco à rede blockchain.
Até 2010, quando as criptomoedas ainda eram um assunto limitado a um pequeno grupo de programadores interessados em criptografia e praticamente não valiam nada — considerada a primeira transação comercial com BTCs, esse valor era de US$0,00076 —, a mineração não exigia mais que um computador pessoal simples.
Hoje, esse processo exige uma capacidade imensa de hardware e conexão ininterrupta com a internet. Por isso, essa atividade é praticamente dominada pelas chamadas “fazendas de mineração”, galpões repletos de supercomputadores conectados, sistemas de resfriamento e dispositivos criados essencialmente com esse fim.
É importante destacar que a dificuldade de mineração é ajustada automaticamente a cada 2.016 blocos minerados — o que leva aproximadamente duas semanas —, de modo a garantir que a produção mantenha uma média constante de um novo bloco a cada 10 minutos.
Aumento dos custos de energia
Além dos custos com equipamentos de ponta e estrutura, a evolução na complexidade dos cálculos necessários para decodificar blocos de transações também exige maior esforço dos hardwares. Posto em prática, isso leva a um terceiro problema para os mineradores: o aumento nos custos de energia.
Embora à primeira vista, e quando comparado com os dois fatores explicados acima (redução da receita e maior grau de dificuldade na mineração), esse pode ser visto como um impacto menor para os mineradores, o aumento dos custos de energia não pode ser ignorado. Vale citar que uma máquina ASIC (Application-Specific Integrated Circuit) — hardware popular projetado especificamente para mineração de criptomoedas — gasta 3.200 watts de potência em média, o que equivale a 10 vezes o consumo total de uma família.
Se olharmos para o grande quadro, os custo de energia com a atividade de mineração de bitcoins anualmente é comparável com o consumo de eletricidade de países como Bélgica e Holanda.
Para trazer um exemplo mais específico, em novembro de 2023, um minerador solitário ganhou as manchetes de portais especializados por conseguir minerar um bloco de bitcoin sozinho — um evento raro que não costuma acontecer mais de uma vez a cada cinco anos. Apesar do prêmio de R$1,25 milhão (segundo a cotação da época) recompensar todos os custos, o gasto em energia dispensado para essa façanha não passa despercebido: algo em torno de R$150 mil.
A redução da recompensa, o aumento da dificuldade de mineração e o acréscimo nos custos operacionais são fatores que, quando colocados na ponta do lápis, podem fazer com que mineradores — principalmente aqueles que operam com margens apertadas — decidam sair da rede.
Embora não haja indícios de que um fato assim possa ocorrer tão logo, a eventual desistência massiva de mineiros tem o potencial de causar a instabilidade geral do sistema. Primeiramente, quanto menor for o número de desenvolvedores disputando criptomoedas, menor será o potencial computacional por trás da rede blockchain, o que enfraquece sua segurança. Segundo, caso haja uma liquidação muito grande de moedas, o preço do bitcoin naturalmente tende a cair, acompanhando o aumento da oferta.
Como uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que reduz o prêmio em quantidade, o halving também faz com que essas moedas tenham cada vez mais valor, fazendo com que a recompensa mantenha-se atrativa.
Quando será o próximo halving do bitcoin?
O próximo halving do bitcoin está previsto para ocorrer em abril de 2024, muito provavelmente entre os dias 16 e 22. É impossível determinar uma data exata, já que esse evento acontecerá quando o bloco 840.000 for adicionado a rede blockchain.
Apesar de cada bloco levar em média 10 minutos para ser minerado, essa é apenas uma estimativa, que permite antever mais ou menos quando um novo halving deve ocorrer. Contudo, não há como afirmar exatamente quantos dias são necessários para minerar 210.000 blocos.
Para facilitar, esse tempo costuma ser arredondado para 4 anos, embora nunca tenha chegado a tanto. Em 2012, o evento aconteceu em 28 de novembro. Em 2016, foi em 9 de julho. O último foi no dia 11 de maio de 2020.
Quem quer acompanhar esse evento de perto, pode buscar plataformas que fazem a contagem regressiva para o novo halving. Muitas delas ajustam essa contagem constantemente, sempre que um novo bloco é decodificado, de modo a se manterem o mais precisas possíveis.
O que esperar do próximo halving do bitcoin?
Embora seja perigoso fazer qualquer previsão sobre o comportamento futuro do mercado, não é absurdo esperar que o próximo halving impulsione o valor da bitcoin para novos recordes históricos.
Por mais que existam especialistas que defendam que a escassez fabricada não seja um fator forte o suficiente para gerar, por conta, valor subjacente, os três halvings realizados até então parecem demonstrar indícios de um padrão: o aumento constante do preço do bitcoin antes e após o evento, em resposta a redução na emissão de novas unidades. Para melhor observar esse movimento, basta analisar os dados históricos abaixo:
Data do halving | Preço do bitcoin na data do halving | Preço do bitcoin um ano após o halving | Valorização percentual da moeda |
28 de novembro de 2012 | US$12,20 | US$1.141,00 | 9.245,9% |
9 de julho de 2016 | US$650,96 | US$2.518,44 | 286,87% |
11 de maio de 2020 | US$8.600,00 | US$56.704,57 | 558,88% |
Fonte: Yahoo Finances
O histórico não deixa mentir: ao cortar a taxa de crescimento dos bitcoins, o halving impulsiona o preço desses ativos de maneira exponencial. Neste ano, nada indica que isso será diferente.
Na verdade, para além do novo halving, outros dois eventos singulares — um já ocorrido e outro em vias de acontecer — levam o mercado a crer que 2024 será um ano especialmente glorioso para o bitcoin:
Aprovação dos ETFs de Bitcoins nos EUA
Em janeiro deste ano, os primeiros 11 ETFs de Bitcoin foram aprovados pela Securities Exchange Comission (SEC). Com isso, essas criptomoedas passaram a ser negociadas de forma indireta nas duas maiores bolsas de valores do mundo.
A expectativa geral é de que a entrada desses produtos no mercado de capitais cause um aumento natural da demanda, já que investidores agora têm a chance de aplicar nestes ativos de um modo mais convencional.
Redução das taxas de juros norte-americanas
Após as taxas de juros terem se mantido em alta ao longo de 2023, espera-se que o Federal Reserve reduza ou mantenha estáveis as taxas neste ano. Isso tornaria o bitcoin uma opção atraente para investidores tradicionais, pois seu mecanismo de escassez pode servir como uma estratégia de proteção contra a desvalorização das moedas tradicionais.
Além disso, a perspectiva de queda nas taxas de juros geralmente leva a realocações de investimentos para renda variável, aumentando o potencial de crescimento do mercado de criptomoedas.
Em resumo, a soma de todos esses eventos particulares faz com que muitos analistas creiam que 2024 se converta em um ano de ouro para quem investe em bitcoin. Muitos esperam que a rainha das criptomoedas alcance a marca histórica dos US$100 mil até o fim de 2024 — e isso que, para evitar euforia, estamos falando de previsões relativamente moderadas.
Aqui, antes de avançar com o artigo, vale um par de avisos.Todas essas expectativas são estritamente baseadas no comportamento passado do mercado e em expectativas sobre eventos pontuais. Contudo, apesar do otimismo, não há como cravar que essas previsões e sentimos serão confirmados.
Por fim, um adendo ao leitor mais atento, que deve ter percebido na última tabela o registro de um recuo no valor do bitcoin entre o ano de 2013 e o halving de 2016. Além de uma amostra clara da volatilidade e da não linearidade do preço desse ativo, esse dado também revela outra constante observada ao longo dos últimos anos: da mesma forma que os preços costumam disparar nos meses que precedem e nos que seguem a esse evento, os dois anos intermediários são comumente marcados por quedas e estagnação, já que a demanda é “normalizada”.
Quem pretende investir nesses ativos deve estar ciente disso para evitar tomar sustos ou agir por impulso ao verificar o saldo em um eventual momento de baixa.
Como se preparar para o halving do bitcoin?
É natural que, com a proximidade de um novo halving, muitas pessoas acabam se sentindo tentadas a investir em bitcoins, com medo de perder uma oportunidade singular de fazer dinheiro. Apesar desse sentimento ser compreensível, a verdade é que todo investimento precisa ser feito com cautela.
Especialmente para você que também quer participar desse momento, separamos algumas dicas práticas para lhe ajudar a se preparar para o halving de bitcoin de maneira consciente:
Faça sua própria pesquisa
Por mais que esteja em cima do laço, quem nunca investiu em criptoativos, mas quer se aproveitar do halving ou antecedê-lo para adquirir satoshis (como é chamado a fração de uma bitcoin), precisa estudar a fundo o funcionamento destes ativos, compreender seu comportamento de preço antes e após a redução na taxa de criação de novas moedas, a reação dos mercados tradicionais em cenários semelhantes, regulamentações governamentais que podem afetar o preço desse ativo, entre outros.
Em suma, é preciso ter um domínio mínimo sobre o assunto e evitar se levar pelo efeito manada, para tomar boas decisões.
Invista apenas o que você pode se dar ao luxo de perder
A ideia de ganhar dinheiro fácil faz com que muita gente aposte mais alto do que deveria. Como já alertamos, por mais que existam fortes sinais de que o bitcoin deve valorizar ao longo do tempo, nenhum analista sério colocaria a mão no fogo para defender essa previsão.
Criptomoedas são ativos extremamente voláteis e imprevisíveis e flutuam mais do que qualquer outra classe de investimento tradicional. Não é incomum que seu preço caia ou suba 10%, 20%, 30% em um só dia. Por isso, esse tipo de investimento só é indicado para quem está com as finanças em dia, possui uma reserva de emergência, e está acostumado a produtos de renda variável. O principal: jamais dê um passo maior que a perna. Por mais que ninguém aplique pensando em perder, nunca invista valores que podem lhe fazer falta.
Diversifique seu portfólio de investimentos
Por mais que os bitcoins, sobretudo nos meses que antecedem e sucedem halvings, tenham o potencial de alcançar valorizações superiores a de investimentos mais tradicionais, isso não significa que você deva investir exclusivamente neste ativo ou reservar uma fatia muito representativa da sua carteira para criptomoedas. Pelo contrário.
A melhor estratégia para investir em ativos voláteis como o bitcoin é ter uma carteira diversificada, repleta de produtos financeiros de diferente natureza capazes de contrabalançar o risco de se expor a moedas virtuais. Assim, se o bitcoin cair, você não coloca tudo a perder, já que o desempenho positivo de outros ativos menos flutuáveis podem compensar uma possível perda.
Se puder, considere investir também em outras criptomoedas, em produtos internacionais que podem te dar exposição a diferentes moedas tradicionais globais (ADRs, REITs, Bonds e ETFs, por exemplo), ativos de renda fixa (como os títulos do Tesouro), de renda variável (como ações e FIIs), e assim por diante. Antes de qualquer alocação, considere sempre seu planejamento financeiro e seu perfil de investidor, para montar um portfólio equilibrado e personalizado.
Crie uma estratégia de investimento
Não faltam histórias de pessoas que fizeram muito dinheiro em uma jogada de sorte e que, em um piscar de olhos, se viram sem nada novamente. É por isso que educadores financeiros defendem que enriquecer depende mais de controlar seu dinheiro do que quanto se ganha. Não invista em bitcoins apenas por investir ou para seguir os demais.
Antes de aplicar, não esqueça de colocar esse investimento em seus planejamentos financeiros, apontando o quanto você pode aplicar, o quanto você tolera perder, qual o valor que pretende alcançar e o que fazer com os lucros, caso os alcance. Assim fica mais fácil evitar tomar decisões precipitadas ou perder a chance de realizar seus planos por ter mantido sua posição mais do que deveria.
Não é incomum também que com o tempo, após investir em bitcoins pela primeira vez e compreender como as criptomoedas se comportam, você se sinta mais à vontade para seguir investindo nesse ativo. Por isso também é importante considerar de que forma isso será feito. Aqui existem duas estratégias possíveis:
Investimentos constantes
Esse método consiste em destinar um valor fixo mensal para a compra de novos satoshis, independentemente da cotação do dia. Basta marcar um dia ao mês e depositar.
Investimentos de oportunidade
Um caminho um pouco mais longo seria investir o dinheiro separado para a compra de satoshis em produtos mais estáveis e líquidos. Assim, é possível resgatar esses fundos pontualmente para aplicá-los em bitcoins, sempre que o mercado estiver mais oportuno.
Use uma exchange confiável
Embora existam outros meios de adquirir satoshis e bitcoins, o método mais prático de investimento são as exchanges, espécies de corretoras especializadas em criptomoedas. Entre algumas das mais conhecidas do mercado estão: a Binance, a BityBank, a Foxbit e a Mynt.
Antes de escolher entre uma dessas ou qualquer outra exchange, não esqueça primeiro de conferir sua reputação e garantia. Afinal, não faltam casos de plataformas que simplesmente “desapareceram do mapa”, levando junto os recursos de seus clientes.
Esse é um dos motivos, inclusive, pelos quais muitos aficionados pelo tema ainda defendem o método peer-to-peer como o mais seguro para negociar e armazenar criptomoedas, já que o próprio usuário é o responsável por armazenar e operar seu dinheiro, sem necessidade de um mediador.
Esse método, contudo, também não é livre de risco – como calotes, ataques hackers, o extravio da carteira digital, perda da senha de acesso, entre outros – e pode ser mais complicado para quem está apenas começando.
Uma estratégia alternativa seria duplicar sua carteira, mantendo na exchange somente o valor que você pretende negociar.
Mantenha seus bitcoins seguros
Quem investe em bitcoins precisa tomar algumas precauções básicas para não “perder” suas moedas ou ser roubado. Em ambos os casos, não há para quem recorrer. Se você esquecer sua chave de acesso ou ter seu arquivo roubado por um hacker, por exemplo, seu dinheiro está perdido.
Por isso, após comprar satoshis ou bitcoins, tome as seguintes medidas para manter suas moedas virtuais em segurança:
- Mantenha suas chaves de acesso em lugar seguro e criptografado – essa chave é formada por uma frase de 12 a 24 palavras e é imutável;
- Não fale para ninguém quantas moedas você tem ou onde as mantém armazenadas;
- Faça cópia das suas carteiras, mantendo na corretora somente o necessário para aplicações imediatas;
- Considere investir em uma cold wallet, dispositivos offlines criados para armazenar criptoativos, e tenha cuidado para não danificá-lo.
Esteja ciente dos riscos
Investir em bitcoins não é algo indicado para todo mundo. Antes de aplicar nesses ativos, tenha certeza de que eles estão alinhados com o seu perfil de investidor ou se são mais arriscados do que você pode tolerar.
De modo mais amplo, são principalmente dois os principais riscos a considerar:
Alta volatidade
Mesmo sendo a criptomoeda mais estável que existe, o bitcoin ainda apresenta flutuações maiores do que a de qualquer produto financeiro tradicional. Seu preço é uma verdadeira montanha-russa, com altas e quedas velozes.
Seu valor já chegou a cair 99,9% por um brevíssimo período em 2011. Em outro episódio, após atingir o valor de US$19.497 em dezembro de 2017, recuou para US$3.300, um ano depois.
Perda ou roubo
Assim como adiantamos na dica anterior, esse risco engloba a possibilidade de ataques hackers, erros de software, danos de hardware, entre outros que podem afetar sua carteira digital.
Existe ainda a chance de você esquecer sua chave de acesso ou de simplesmente perder o dispositivo onde suas moedas estão armazenadas. Isso tudo é mais comum do que você imagina: estima-se que cerca de 3 milhões dos 19,4 milhões de bitcoins já minerados estão perdidos para sempre, a maioria deles por “desatenção”.
Existem outras criptomoedas que também passam por halving?
Assim como o bitcoin inspirou a criação de diversas outras criptomoedas, é natural que o programa de halving e a limitação de ativos tenha sido utilizado no protocolo de emissão de parte delas. A diferença, contudo, está na dinâmica de funcionamento desse mecanismo.
Que tal um par de exemplos para ver como esse mesmo evento é utilizado por diferentes criptomoedas?
Dash (DASH)
Essa criptomoeda reduz a recompensa dos mineradores em 7,14% a cada 210.240 blocos, o que leva em média pouco mais de 13 meses.
Litecon (LTC)
Mais semelhante ao procedimento adotado pelo bitcoin, o LTC também corta as recompensas dos mineiros pela metade a cada novo halving, e também leva em torno de 4 anos para acontecer. A diferença está no número de blocos necessários para que o evento ocorra (840.000 contra 210.000 do BTC).
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