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Inflação vs Poupança: como relação afeta o rendimento?

A Poupança é, tradicionalmente, um dos investimentos mais conhecidos e utilizados pelos brasileiros. Por ser simples e acessível, muitas pessoas a veem como uma maneira segura de guardar dinheiro. No entanto, em tempos de alta inflação, será que a caderneta é realmente a melhor opção para proteger seu patrimônio?

Neste artigo, vamos explorar como a relação entre a Poupança e a inflação afeta diretamente o seu rendimento e o poder de compra do seu dinheiro. Você vai entender por que, em muitos casos, a caderneta pode não acompanhar a inflação e quais as alternativas disponíveis para proteger melhor o seu patrimônio.

Continue a leitura para descobrir:

  • Como a inflação afeta o rendimento da Poupança?
  • Por que a Poupança pode não ser capaz de acompanhar a inflação?
  • Quais são as desvantagens de investir na Poupança?
  • Quais alternativas de investimento você pode considerar para garantir que seu dinheiro não perca valor com o tempo.

No final, ainda trazemos algumas dicas para você identificar o melhor investimento para o seu perfil e proteger seu dinheiro da inflação com eficiência!

Como funciona a relação entre a poupança e a inflação?

A Poupança costuma render abaixo da inflação em muitos períodos, o que faz o poder de compra do dinheiro investido diminuir ao longo do tempo.

Para entender a relação entre a Poupança e a inflação, é importante primeiro compreender como ambos funcionam separadamente.

O que é a inflação?

A inflação é o aumento generalizado dos preços de bens e serviços ao longo do tempo. Ela é medida por índices, como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que monitora as variações nos preços de uma cesta de produtos. Quando a inflação está alta, o poder de compra do dinheiro diminui, ou seja, a quantidade de produtos e serviços que você pode adquirir com a mesma quantia é menor.

A inflação é influenciada por diversos fatores econômicos, como aumento dos custos de produção, crises externas ou variações no câmbio, e pode flutuar bastante ao longo do tempo. Quando a inflação sobe rapidamente e o rendimento da Poupança se mantém baixo, ocorre uma defasagem. Em outras palavras, mesmo que o saldo na poupança cresça, a velocidade com que os preços aumentam no mercado faz com que o dinheiro tenha menos valor.

Essas variações imprevisíveis da inflação podem tornar a poupança uma opção desfavorável para proteger o poder de compra do investidor, especialmente em cenários de alta inflação.

O que é a rentabilidade da Poupança?

A poupança é um investimento de renda fixa, que tem suas regras de rendimento atreladas à taxa Selic (taxa básica de juros da economia). A rentabilidade da poupança é determinada por regras específicas que seguem variações da Selic, e oferece um retorno previsível, embora geralmente mais baixo em comparação com outros investimentos. Ela é vista como uma opção segura, mas com ganhos limitados.

Como a inflação afeta a poupança?

A inflação afeta diretamente o dinheiro guardado na poupança porque, mesmo que o saldo aumente, o poder de compra pode diminuir. Isso acontece quando a inflação é maior do que a rentabilidade da Poupança. 

Por exemplo, se a inflação anual for de 6% e a poupança render apenas 4%, o preço dos produtos subirá mais rápido que o crescimento do seu dinheiro, resultando em uma perda real de poder de compra.

A influência da taxa Selic

A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. Quando a inflação está alta, o Banco Central tende a aumentar a Selic para conter o aumento dos preços. Quando a Selic está alta, a Poupança rende mais, pois atinge 0,5% ao mês. 

Porém, se a Selic estiver baixa, a poupança passa a render apenas 70% da taxa, o que pode ser insuficiente para superar a inflação.

Cenários de rentabilidade da Poupança vs inflação

A caderneta de poupança ainda continua sendo o investimento mais utilizado, segundo o estudo Raio X do investidor brasileiro – 7ª edição feito pela ANBIMA, 68% dos investidores deixam seu dinheiro na poupança. E por muito tempo a caderneta apresentou rendimentos reais positivos, como você pode ver na tabela abaixo.

Mas esse jogo tem mudado: em 2012, houve uma mudança nas regras de rendimento da Poupança e, desde então, esse investimento teve alguns anos de sufoco. Imagina ter seu poder de compra corroído por três anos, como foi o caso de 2019 a 2021? 

Por isso, continue lendo este texto e saiba quais as razões desses resultados negativos e aprenda como proteger o seu patrimônio. 

Por que a Poupança pode não acompanhar a inflação?

A Poupança, apesar de ser um investimento popular, muitas vezes não consegue superar a inflação, o que acaba diminuindo o poder de compra do seu dinheiro ao longo do tempo. 

Vamos entender por que isso acontece:

Regras de rendimento da Poupança

O rendimento da poupança segue regras específicas que limitam seu potencial de ganho. Atualmente, a poupança rende de duas formas:

  • Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança oferece 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR);
  • Quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da taxa Selic mais a TR.

Como a rentabilidade da caderneta é predefinida e tem um teto relativamente baixo, ela pode não acompanhar o ritmo de crescimento dos preços (inflação), especialmente em momentos de inflação alta e Selic baixa. Isso faz com que o dinheiro investido não se valorize o suficiente para manter o poder de compra.

Exemplos práticos com o passo a passo do cálculo

Exemplo 1: se a Taxa Selic for igual ou menor do que 8,5% ao ano

Neste cenário, o rendimento da poupança será de 70% da Taxa Selic + TR (Taxa Referencial).

  • Taxa Selic: 7,5%
    70% de 7,5% = 0,70 × 7,5% = 5,25% ao ano (antes da adição da TR).

Se a TR for igual a zero (como tem sido nos últimos anos), o rendimento da poupança ficará em 5,25% ao ano.

Agora, vamos aplicar isso de forma prática:

  • Valor investido: R$1.000,00;
  • Rendimento anual: 5,25%.

Portanto, ao final de 1 ano, você teria R$1.052,50 de rendimento nominal, ou seja, sem considerar a inflação do período.

Agora vamos para o segundo cenário.

Exemplo 2: se a Taxa Selic for maior que 8,5% ao ano

Neste cenário, o rendimento será de 0,5% ao mês + TR.

  • 0,5% ao mês corresponde a cerca de 6,17% ao ano.

Se a TR for igual a zero (como tem sido nos últimos anos), o rendimento da poupança ficará em 6,17% ao ano. Usando os mesmos números do exemplo anterior, veja o novo resultado:

  • Valor investido: R$1.000,00;
  • Rendimento anual: 6,17%.

Agora, ao final de 1 ano, você teria R$1.061,70.

O resultado é melhor que o primeiro cenário, mas agora precisamos descontar a inflação para sabermos qual foi a rentabilidade real desse investimento. Para isso precisamos fazer um cálculo, ele é bem simples e a fórmula estará logo abaixo para você anotar:

A fórmula necessita apenas dos percentuais de rentabilidade e inflação do período, aqui é importante relembrar que a base das duas informações devem ser as mesmas. Ou seja, tudo em ano, semestre, trimestre, meses e dias, beleza?

Cenários para descontar a inflação dos rendimentos

Exemplo 1: se a Taxa Selic for igual ou menor do que 8,5% ao ano

  • Rentabilidade nominal: 5,25% ao ano;
  • Inflação considerada: 4,50% ao ano.

Rentabilidade real de 0,72% ao ano.

Ou seja, de R$1.052,50 seu valor real descontada a inflação é de: R$1.000,00 × (1 + 0,0072) = R$1.007,18. 

Exemplo 2: se a Taxa Selic for maior que 8,5% ao ano

  • Rentabilidade nominal: 6,17% ao ano;
  • Inflação considerada: 4,50% ao ano.

Rentabilidade real de 1,60% ao ano.

Ou seja, de R$1.061,70 seu valor real descontada a inflação é de: R$1.000,00 × (1 + 0,016) = R$1.015,99.

Perceba que as condições econômicas podem impactar diretamente a rentabilidade da Caderneta de Poupança. Tanto as variações da taxa Selic quanto o controle da inflação fazem desse investimento o pior de todos quando se fala de rentabilidade.

A justificativa é a seguinte: se a inflação estiver alta e a Selic baixa, a Poupança terá dificuldades em preservar o valor do dinheiro. Em cenários de inflação moderada e Selic elevada, a Poupança pode oferecer algum nível de proteção, mas raramente é a melhor opção para manter o poder de compra a longo prazo.

Quais as desvantagens de investir na Poupança?

Apesar de ser amplamente utilizada por sua facilidade e segurança, a Poupança apresenta diversas desvantagens que podem comprometer o crescimento do seu patrimônio ao longo do tempo, como baixa rentabilidade, perda do poder de compra, falta de diversificação, e regras específicas e pouco flexíveis.

Veja a seguir os principais pontos negativos:

1. Baixa rentabilidade

A rentabilidade da Poupança é muito limitada e, em muitos casos, não consegue superar outros investimentos de renda fixa, como CDBs e Tesouro Direto. Isso ocorre principalmente devido às regras de rendimento que a restringem, especialmente em cenários de Selic baixa. 

Portanto, ela oferece um rendimento fixo e baixo, o que impede o crescimento acelerado do patrimônio. Mesmo com aportes frequentes, o efeito dos juros compostos é limitado, fazendo com que o investidor precise de muito tempo para alcançar retornos significativos.

2. Perda do poder de compra

A Poupança muitas vezes não consegue superar a inflação, o que significa que o dinheiro investido pode perder valor ao longo do tempo. Mesmo que o saldo da conta aumente, o aumento dos preços no mercado pode reduzir o que você pode comprar com esse dinheiro.

3. Falta de diversificação

Investir na Poupança não oferece opções de diversificação de carteira, o que é fundamental para minimizar riscos e buscar melhores retornos. Diferentes tipos de investimentos podem proporcionar maiores ganhos e proteger o investidor em momentos de crise econômica.

4. Está sujeita ao Imposto de Renda

Embora a Poupança não seja tributada diretamente, o governo pode, em situações extremas de crise fiscal, adotar medidas que a tornem sujeita à taxação. Isso já aconteceu no Brasil no passado (confisco da poupança), o que adiciona um risco extra.

5. Regras específicas e pouco flexíveis

A Poupança segue um ciclo de rendimento mensal, ou seja, o investidor só recebe os juros completos se o dinheiro permanecer aplicado por um período de 30 dias. Se o valor for retirado antes da data de “aniversário” da aplicação, não há rendimento proporcional, o que tira a flexibilidade do investimento.

Quais são as alternativas à poupança para proteger o patrimônio da inflação?

Tesouro Direto, Fundos de Investimento, CDBs, LCIs, LCAs, debêntures, ações e ETFs são algumas das opções de investimento que podem proteger o seu patrimônio contra os efeitos da inflação e oferecer retornos mais atrativos do que aqueles da Poupança.

Esses ativos não só oferecem maior retorno potencial, como também podem preservar o valor real do seu dinheiro ao longo do tempo, compensando o efeito da inflação. Algumas das principais alternativas são:

  • Tesouro Direto: títulos públicos emitidos pelo governo, como o Tesouro IPCA+, que garante rentabilidade acima da inflação;
  • Fundos de Investimento: fundos que diversificam o portfólio, protegendo o investidor e permitindo a exposição a ativos de diferentes naturezas;
  • CDBs (Certificados de Depósito Bancário): investimentos de renda fixa oferecidos por bancos que podem oferecer taxas superiores à poupança e com prazos mais flexíveis;
  • LCI e LCA: Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, que são isentas de Imposto de Renda e podem oferecer bons retornos, com rentabilidade atrelada a índices como o CDI;
  • Debêntures: títulos de crédito emitidos por empresas privadas, que podem proporcionar uma remuneração atrativa para quem está disposto a assumir um risco um pouco maior;
  • Ações e ETFs: para investidores que aceitam maior volatilidade, investir em ações ou fundos de índice pode gerar retornos superiores à inflação no longo prazo.

Em resumo, ao explorar essas alternativas, você estará melhor preparado para preservar o poder de compra do seu dinheiro e, ao mesmo tempo, alcançar uma rentabilidade mais interessante que a oferecida pela poupança.

Como escolher o melhor investimento para mim?

Escolher o melhor investimento depende de vários fatores pessoais e financeiros. Para ajudar nessa decisão, é fundamental seguir um passo a passo que leve em consideração seus objetivos, perfil de risco e o cenário econômico

Aqui estão os principais pontos a serem analisados:

1. Defina os objetivos financeiros

Antes de qualquer coisa, é essencial saber por que você está investindo. Pergunte-se: você quer construir uma reserva de emergência, comprar um imóvel, garantir a aposentadoria ou obter uma renda extra? Definir seus objetivos financeiros vai guiar as suas escolhas de investimento.

2. Avalie o perfil de investidor

Seu perfil de investidor indica o quanto de risco você está disposto a correr. Ele pode ser:

  • Conservador: prioriza segurança e prefere investimentos de baixo risco, como renda fixa;
  • Moderado: equilibra segurança e rentabilidade, aceitando algum nível de risco;
  • Arrojado: busca maior rentabilidade, assumindo riscos elevados e diversificando em ativos mais voláteis, como ações e Fundos de Investimentos agressivos;
  • Agressivo: está disposto a correr riscos maiores em busca de rentabilidades mais elevadas, como em ações.

3. Entenda os diferentes tipos de investimento

Existem várias classes de ativos, cada uma com características específicas:

  • Renda fixa: CDBs, Tesouro Direto, LCIs, LCAs;
  • Renda variável: ações, Fundos de Ações, ETFs;
  • Fundos de Investimento: reúnem diferentes ativos, oferecendo diversificação automática.

Compreender as opções disponíveis e como cada uma se comporta em relação a prazos, riscos e rentabilidades ajudará a escolher o mais adequado.

4. Considere o prazo

Cada objetivo financeiro tem um prazo. Para objetivos de curto prazo (até 1 ano), prefira investimentos mais líquidos e seguros. Já para o médio e longo prazo, você pode buscar alternativas mais rentáveis, como títulos de longo vencimento ou até mesmo ações.

5. Avalie os riscos

Todo investimento envolve um ou mais riscos e é importante entendê-los. Investimentos de renda fixa são menos voláteis, mas podem perder para a inflação. Já a renda variável oferece maior potencial de retorno, mas com maiores oscilações.

6. Diversifique a carteira

A famosa frase “não coloque todos os ovos em uma cesta” se aplica ao mundo dos investimentos. Diversificar sua carteira significa distribuir seu dinheiro em diferentes ativos para minimizar riscos e potencializar o retorno. Assim, um investimento que não vai bem pode ser compensado por outro que tenha bom desempenho.

7. Busque orientação profissional

Contar com a ajuda de um consultor financeiro ou especialista pode facilitar muito o processo de escolha dos melhores investimentos, além de garantir que suas decisões estejam em linha com seus objetivos e perfil de risco.

Ao seguir esses passos, você conseguirá construir uma carteira de investimentos mais alinhada com seus objetivos e protegida contra imprevistos do mercado.

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Funciona assim: basta informar qual é o patrimônio que deseja investir, selecionar o objetivo da carteira de investimentos (se é proteger o patrimônio ou gerar renda) e explorar os ativos e as estratégias sugeridas para o seu caso. 

E se você quiser entender ainda melhor os conceitos por trás da inflação e como ela afeta seus investimentos, temos algumas sugestões de Finclasses que podem ajudar:

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Vinicius Cerri
Vinicius Cerri
No primeiro ano da faculdade, conheceu Thiago Nigro (Primo Rico) e Bruno Perini no YouTube, e começou a estudar sobre investimentos. No final do ano passado, deu um passo importante nessa jornada e tirou a certificação CPA-20. Hoje atua como moderador na comunidade da Finclass.
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