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Como montar carteira de investimentos internacional em 2024?

Você sabia que a bolsa de valores brasileira representa menos de 1% de todo o mercado acionário global? Ou seja, quem aplica apenas domesticamente está deixando de acessar 99% das empresas em que poderia investir ao ir além de nossas fronteiras. Isso sem falar dos títulos de dívida.

Contudo, o tamanho do mercado não é tudo. Quem investe internacionalmente tem ainda a oportunidade de obter rendimentos em moedas mais fortes — como dólar, euro e libra —, acessar mercados globais e, de quebra, proteger o patrimônio das instabilidades políticas e econômicas do Brasil.

Gostou? Então, siga conosco. Ao longo deste artigo, mostraremos de forma didática tudo o que você precisa saber para montar uma carteira de investimento internacional perfeita e adequada aos seus objetivos pessoais.

Entre outras pontos, abordaremos:

  • O que é uma carteira de investimentos internacional;
  • Como abrir conta em uma corretora no exterior;
  • Como montar uma carteira de investimentos internacional;
  • Quais os tipos de investimento internacional existentes;
  • Como escolher um país para investir;
  • Estratégias de investimento no exterior.

O que é uma carteira de investimentos internacional?

A carteira — ou portfólio — de investimentos internacional pode ser compreendida como o conjunto de todos os ativos financeiros de diferentes países, para além do Brasil, mantidos por investidor.

Pode ser constituída por um sem fim de combinações de papéis — incluindo ações, Fundos de Investimento, imóveis, títulos de dívida —, negociados em distintos mercados ao redor do globo, como os EUA, Europa, Ásia, e assim por diante.

Além de expandir as oportunidades de investimento para além das opções acessíveis no mercado doméstico, constituir uma carteira de investimentos globais é a forma mais prática do investidor brasileiro obter rendimentos em moedas mais fortes que o real, como o dólar e o euro

A grande vantagem, contudo, vem agora: a diversificação geográfica. Ao fazer investimentos em diferentes economias, o investidor protege seu patrimônio das instabilidades políticas e econômicas locais e deixa de depender tão somente do desempenho do mercado brasileiro.

 Importante mencionar que uma carteira de investimentos global não necessariamente implica em fazer investimentos no exterior, já que existem opções de títulos atrelados ao mercado internacional disponíveis desde a bolsa de valores brasileira, a B3 (Brasil, Bolsa e Balcão). 

Como abrir uma conta de investimento no exterior?

Da mesma forma que o investidor doméstico precisa do intermédio de uma corretora para suas operações na B3, quem pretende acessar as bolsas de valores estrangeiras tem que obrigatoriamente abrir conta internacional de investimento. Mas pode ficar tranquilo. Hoje em dia, esse processo está cada vez mais fácil e democrático. 

Por mais que as exigências possam variar de instituição para instituição, os documentos e dados solicitados não costumam ser diferentes daqueles requisitados para abrir conta em uma corretora ou banco nacional, incluindo: RG ou passaporte, comprovante de residência, CPF, número de telefone e email.

A boa notícia para quem ainda tem resistência em investir no exterior por causa do idioma é que até a barreira linguística não é mais um empecilho. Atualmente, já existem corretoras que contam com plataformas de negociação e atendimento totalmente em português

Como montar uma carteira de investimentos internacional?

Quer montar uma carteira de investimentos internacionais, mas não sabe por onde começar? Isso é normal. Afinal, migrar do mercado doméstico para o global é realmente um grande passo, e uma transição que levanta muitas dúvidas. 

Mas não se preocupe, separamos abaixo algumas dicas básicas e preciosas que você pode utilizar como orientação para iniciar suas jornada financeira para além das fronteiras brasileiras:

  1. Defina seus objetivos de investimento

Por qual motivo você quer investir no exterior? O que está querendo alcançar com essas aplicações? Esse tipo de questionamento pode parecer bastante óbvio, mas não deve ser subestimado. Pelo contrário, esse deve ser, invariavelmente, o seu ponto de partida

Ao estabelecer uma meta, tudo fica mais nítido e concreto: o quanto é preciso investir, por quanto tempo, e o mais importante: quais os ativos mais adequados para se investir. De modo geral, os objetivos financeiros costumam ser divididos em três classes, a depender do prazo necessário para alcançá-los:

  • Médio prazo: comprar uma casa ou iniciar um negócio;
  • Longo prazo: aposentadoria ou geração de patrimônio.

Atenção: para que isso funcione, essas metas devem ser objetivas e realizáveis. Ou seja, é necessário ter certeza de que a sua realidade financeira é compatível com os objetivos e prazos que você estabeleceu. Na dúvida, é possível aplicar o famoso método SMART para gerenciamento de metas. 

Acrônimo para “Specific” (específico), “Measurable” (mensurável), “Achievable” (possível), “Relevant” (relevante) e “Timebound” (com prazo definido), o método SMART (em tradução direta “esperto”) estabelece cinco critérios básicos a seguir no momento de estabelecer suas metas financeiras. 

Para não restar dúvidas, que tal passar brevemente por cada um desses critérios?

  • Specific/Específico: como já citado, para saber o quanto é necessário aplicar e por quanto tempo é preciso ter um objetivo bastante claro;
  • Mediable/mensurável: é preciso que o progresso do seu investimento seja capaz de ser medido. Ao determinar um valor a ser aplicado mensalmente e um período de tempo, é possível saber quanto falta para alcançar sua meta, e se os prazos estão sendo cumpridos;
  • Achievable/possível: para evitar desapontamento, saiba determinar seus limites e ser realista. Não há como comprar um Porsche no fim do ano, investindo R$ 100 ao mês;
  • Relevant/relevante: seu objetivo tem que ser importante o suficiente, para que você se sinta motivado e não desista no meio do caminho;
  • Time-bound/prazo definido: por fim, é preciso determinar um prazo coerente para atingir seus objetivos. Do contrário, a impaciência ou a impressão de que a meta está muito longe, podem te fazer perder o ímpeto.
  1. Avalie seu perfil de investidor

Avaliar seu perfil de investidor nada mais é do que saber até que ponto você está disposto a se arriscar ao investir. Isso é importantíssimo, já que cada classe de ativo tem seus riscos próprios, que devem ser atentamente observados para evitar que se tenha prejuízos maiores do que se pode sustentar.

Não se esqueça: essa não é uma questão de ordem subjetiva. Para saber seu perfil, é preciso fazer o chamado “teste de suitability”, questionário que define qual a sua tolerância a risco. A boa notícia, é que esse teste é normalmente aplicado pela própria corretora ao abrir sua conta.

A depender do resultado, o seu perfil de investidor pode ser categorizado como:

  • Conservador: preza principalmente pela proteção do patrimônio. Normalmente, é um investidor inexperiente e que conta com uma carteira essencialmente constituída de títulos de renda fixa. Um exemplo de investimento para esse caso são os bonds;
  • Moderado: comumente, é um investidor acostumado com renda fixa e que se sente pronto para dar um passo além. Apesar de ainda manter um olho na segurança, está disposto a expor uma parcela da carteira à renda variável para impulsionar seus rendimentos. Uma opção interessante para esse tipo de perfil são os ETFs;
  • Agressivo/ Arrojado: é, normalmente, um investidor já experiente e com patrimônio suficiente para investir em ativos de maior risco. Como seu foco está mais no retorno que na segurança, seu portfólio está mais concentrado na renda variável. A opção mais conhecida para esse perfil são as ações internacionais.

A partir da identificação do perfil, a composição da carteira de investimentos internacionais começa a ganhar contornos mais nítidos. Posto de outra forma: fica mais claro definir o quanto de seu montante deve estar aplicado em cada classe de ativo.

É interessante pontuar que o risco dos investimentos também tem relação com as metas estabelecidas e com a situação de vida de cada pessoa.

O perfil agressivo, por exemplo, é mais adequado para pessoas jovens, que não precisam preservar o capital imediatamente e que têm metas como a constituição de uma aposentadoria complementar.

Ao contrário de um aposentado que depende de suas rendas para pagar as contas e, portanto, necessita de ativos mais líquidos, uma pessoa na casa dos 30 anos, com as contas em dia, pode suportar a volatilidade de curto prazo em busca de crescimento no médio e longo prazo.

  1. Estabeleça um orçamento

Uma das dúvidas mais comuns entre os investidores interessados em se expor ao mercado global é qual o percentual do patrimônio deve ser alocado no exterior. O ponto é que não há um número exato para isso. 

Isso posto, existe uma tendência de que pessoas com maior capacidade de investimento ou com perfil mais arrojado tenham percentuais maiores alocados globalmente. Não é incomum, por exemplo, que esse valor seja bastante superior ao mantido no mercado doméstico.

Da mesma forma, é mais do que natural que investidores mais conservadores ou moderados prefiram migrar lentamente seu capital para bolsas estrangeiras, expandindo o percentual aplicado no estrangeiro conforme ganham confiança. Se esse for o seu caso, manter uma fatia na casa dos 20% seria um começo considerável.

  1. Escolha uma corretora internacional 

Conforme adiantamos, para ter acesso mais amplo ao mercado global é necessário abrir uma conta em uma corretora internacional. Para facilitar, recomendamos que você escolha uma instituição que permita acesso ao mercado norte-americano, já que boa parte das principais companhias mundiais — incluindo empresas europeias, japonesas e de economias emergentes — estão listadas na Nasdaq e a NYSE (a bolsa de valores de Nova Iorque). Do contrário, seria preciso manter diferentes contas em cada um dos países de interesse.

Entre as corretoras de valores dos Estados Unidos se destacam a Avenue, Charles Schwab e a Interactive Brokers, que também permitem acesso ao mercado europeu, com negociações em dólar e euro. 

Além delas, outras corretoras bastante conhecidas, mas com atuação apenas nos EUA, são a Sproutfi e a Nomad, além das brasileiras XP Investimentos, C6 Bank e a Inter.

Observe que cada instituição conta com benefícios e limitações que as diferenciam entre si. Ao avaliar qual a melhor corretora, atente aos seguintes fatores:

  • Aportes mínimos: algumas instituições podem exigir aportes mais altos, o que pode ser um limitante para quem ainda tem pouca experiência ou não se sente seguro ao aplicar muito dinheiro no exterior;
  • Idioma: se você não domina o inglês, verifique se a corretora escolhida conta com suporte e plataformas de negociação em português;
  • Regras de residência: existem corretoras internacionais com regras restritivas quanto ao domicílio do cliente. Algumas não permitem a abertura de conta para residentes em outros países;
  • Relatório para Imposto de Renda: não esqueça que seus investimentos no exterior precisam ser declarados à Receita Federal. Para evitar erros e facilitar sua vida, se possível, opte por corretoras que emitam relatórios adequados para declaração de IR no Brasil;
  • Taxas: por fim, compare todas as possíveis taxas cobradas por cada uma dessas instituições. Entre elas, podem constar cobranças como taxa de corretagem (cobrada em dólar ou euro), mensalidade, a mesmo cobrança de abertura de conta.
  1. Diversificação geográfica

Quando se fala em investimento no exterior, os primeiros destinos que costumam vir à mente dos investidores são os Estados Unidos, seguido da Europa. Isso não é por acaso. Enquanto os EUA é conhecido como o maior mercado financeiro do mundo, o Velho Continente concentra boa parte das maiores economias globais. Claro, sem falar na solidez do dólar e do euro.

Assim, ao montar uma carteira internacional de investimentos é natural concentrar a maior fatia do patrimônio mantido no exterior nesses dois mercados. É importante, contudo, ter o cuidado para não esquecer do resto do mundo. 

Lembre que mesmo os países mais ricos não são imunes a crises financeiras ou instabilidade políticas. Ao diluir suas aplicações em diferentes regiões, você minimiza o risco associado a essas economias e ainda pode acabar por acertar em um “azarão” ou tirar a sorte grande em uma “aposta menos segura”.

Um exemplo pontual disso é o Japão, que surpreendeu a todos em 2023. Na ocasião, o Nikkei 225, a bolsa de Tóquio fechou o ano com um crescimento de 28%, cerca de 5% a mais que o S&P 500, indicador financeiro que mede o desempenho médio das 500 maiores empresas dos EUA. 

Para quem não está atento ao mercado financeiro global, isso pode até não parecer uma surpresa, já que falamos da quarta maior economia do planeta. Entretanto, o fato notável é que os níveis apresentados pela Nikkei 225 não eram alcançados desde 1989, quando o Japão entrou em uma das recessões mais longas da história — superior, inclusive, à retomada norte-americana após a Grande Depressão.

Para não ficar só no Japão e em economias desenvolvidas, basta dizer que as duas bolsas que mais cresceram no primeiro semestre do ano foram as de Buenos Aires (70%) e a de Istambul (40%). Bem atrás, ainda no pódio, aparece a famosa Nasdaq com 17%, seguida de perto pela já citada Nikkel (16%) e pela Bolsa de Valores da Colômbia (15%).

  1. Diversificação setorial

Para ter uma carteira mais equilibrada e diversa, além de investir em diferentes países, também é indicado evitar concentrar todos os seus investimentos ou parte muito significativa deles em uma só classe de ativo ou setor. 

Como dica adicional, ao investir no estrangeiro, considere investir em produtos ou setores sem correspondentes no Brasil ou, ao menos, que tenham baixa relação com os ativos do mercado doméstico em que você já aplica. Caso você seja acionista da Vale, por exemplo, evite investir em outras mineradoras.

  1. Selecione os tipos de ativos

Os investimentos no exterior não se limitam às ações de empresas mundialmente conhecidas como a Google, Amazon e Coca-Cola. Longe disso.

 Ao se expor ao mercado internacional, o investidor também passa a ter acesso a produtos como os REITs (equivalente aos nossos fundos imobiliários), ETFs (os chamados “fundos de índice” e os bonds (como são conhecidos os títulos de renda fixa fora do Brasil)

  1. Análise de riscos e retornos

Para começar, é preciso estar ciente de que investir no mercado internacional é uma decisão que engloba alguns riscos extras, para além daqueles que você já conhece. 

O risco de câmbio é um deles. Afinal, os ativos estarão atrelados a moedas estrangeiras, que podem flutuar com frequência até mesmo diária. Além disso, o seu portfólio estará exposto às oscilações econômicas e setoriais de nações distintas, com movimentos que devem ser entendidos antes de migrar o seu capital para fora das fronteiras brasileiras.

Ao mesmo tempo, é inegável que os retornos de uma carteira internacional podem ser maiores. O próprio câmbio retorna nessa equação: em momentos de alta, seus rendimentos seriam impulsionados.

Por isso, antes de realizar um aporte, certifique-se de ter completa compreensão sobre o ativo no qual está aplicando, a empresa emissora e a economia do país em questão.

  1. Monitoramento e rebalanceamento

Mesmo que a sua estratégia seja de longo prazo, não é recomendado que você faça uma aplicação e a deixe de lado. 

Lembre-se que a variação cambial e as movimentações dos ciclos econômicos do país do seu investimento podem afetar os seus ativos selecionados e é importante estar a par de tudo o que acontecer.

Outra razão para se manter atento ao seu portfólio é que, com o tempo, a exposição a determinada classe pode extrapolar o limite desejado inicialmente. Imagine, por exemplo, que o seu objetivo seja destinar unicamente 10% da sua carteira para investimentos internacionais e, após um período, essa proporção passe para 20%.

Nesse caso, rebalancear é preciso e não há nenhum problema em fazer ajustes para equilibrar o portfólio da maneira como você deseja.

  1. Considerações fiscais

Ao estudar um mercado em que pretende investir, não esqueça de analisar cuidadosamente como funcionam as regras fiscais e tributárias do país em questão, afinal cada nação conta com suas próprias regulamentações.

Uma coisa que muita gente ignora, por exemplo, é que, diferentemente do Brasil, os dividendos são tributados nos Estados Unidos. Para investidores estrangeiros, 30% dos proventos ficam retidos diretamente na fonte.

Não esqueça de verificar ainda a existência de acordos de reciprocidade com o Brasil, para não correr o risco de bitributação.

Falando nisso, além de observar as condições fiscais do país de investimento, não esqueça que você deve declarar as suas aplicações no exterior

Inclusive, algumas corretoras até disponibilizam informes de rendimentos em português, adaptados para a declaração no Brasil. Se esta for uma de suas prioridades, vale a pena checar se o recurso é ofertado.

  1. Plataformas e ferramentas de gestão

Ferramentas do tipo permitem que o investidor acompanhe em tempo real as oscilações do mercado global, análise tendências e tome decisões mais informadas.

A depender da plataforma, há ainda a presença de recursos extras, como relatórios detalhados e alertas personalizados — tudo para que você maximize o seu potencial de retorno, sem tirar o olho dos riscos.

  1. Estudo de casos e modelos de carteira

Na dúvida sobre em quais ativos investir no exterior ou como montar um portfólio sustentável com aplicações estrangeiras, vale conferir as dicas e recomendações de especialistas sobre o assunto. 

No entanto, não se esqueça de manter um olhar crítico sobre o conteúdo que for absorver. Isto é, não existe uma fórmula mágica no que diz respeito aos investimentos, especialmente os internacionais. O ideal é que o seu portfólio reflita os seus objetivos e expectativas financeiras.

  1. Uso de consultoria profissional

Ainda se sentindo inseguro ao escolher as melhores aplicações no exterior? Nesse caso, não hesite em pedir aconselhamento profissional. Consultores financeiros possuem o conhecimento e a experiência necessários para orientar você nas melhores práticas e oportunidades, sempre levando em conta o seu perfil e os seus objetivos. 

Além disso, podem oferecer insights sobre tendências de mercado, avaliar riscos e ajudar na criação de um portfólio diversificado e alinhado com as metas financeiras do cliente.

  1. Educação financeira

Por fim, aprender sobre os princípios básicos de finanças — como diversificação, gestão de riscos e análise de mercado, permite que você tome decisões mais conscientes e fundamentadas. 

Acredite: o mercado financeiro pode parecer complexo à primeira vista, mas basta o esforço contínuo de desbravá-lo para que você se sinta mais familiarizado com seus conceitos, estratégias e fórmulas.

Para isso, existem inúmeros recursos disponíveis: livros, cursos online, canais no YouTube e, é claro, todo o conteúdo disponível no blog da Finclass

Por que diversificar internacionalmente a sua carteira de investimentos?

Existem um bom par de motivos para você considerar diversificar internacionalmente a sua carteira de investimentos. Entre os mais relevantes, vale citar:

  • Proteção do patrimônio: ao diversificar seus investimentos em diferentes países, você se protege dos chamados riscos sistemáticos, aqueles que afetam toda a economia de um país. Caso o Brasil passe por uma recessão, por exemplo, parte do seu patrimônio estará preservado, já que está alocado no exterior;
  • Acesso a empresas globais: ao internacionalizar seus investimentos, é possível investir nas marcas mais conhecidas e valiosas do mundo, como a Apple, Google, Amazon, Ferrari, Sony, Adidas, Spotify, Coca-Cola, Disney, Mitsubishi, e assim por diante;
  • Exposição a economias globais: enquanto a maioria das empresas negociadas na B3 possuem atuação interna, gigantes como as citadas acima estão presentes em todo o globo. Desse modo, são menos impactadas por reduções de retorno em seus países de origem, já que estão expostas ao consumidor global;
  • Diversificação de setores: ao investir internacionalmente é possível ter acesso a setores inexistentes ou ainda em desenvolvimento no Brasil. O melhor exemplo é a tecnologia, segmento mais importante dos últimos anos e ainda pouco representativo a nível nacional;
  • Retornos em moedas mais fortes: com uma carteira internacional, o investidor passa a ter retornos em moedas mais fortes e consolidadas que o real, como o euro, o dólar e a libra;
  • Proteção contra inflação: moedas fortes são aquelas que perdem menos valor com o passar do tempo e em períodos de instabilidade. Assim, investir em dólar, por exemplo, pode ser visto como uma forma de proteger o poder de compra de seus retornos.

Quais são os tipos de ativos internacionais para investimentos?

Seja de forma direta, com a abertura de uma conta internacional, ou indireta, através dos ativos negociados na B3, existem diferentes maneiras do investidor brasileiro investir no exterior e obter renda em moedas como o dólar e o euro. 

Entre os tipos de ativos internacionais mais conhecidos estão:

Ações internacionais

Certamente o tipo de investimento mais popular para o investidor brasileiro, as ações internacionais representam uma pequena fração do capital de uma empresa estrangeira. 

Ao comprar uma ação, o investidor está, na prática, adquirindo um “pedacinho” da companhia emissora e, com isso, passa a compartilhar de seus lucros e, claro, prejuízos.

Títulos internacionais (bonds)

Os bonds são como são genericamente chamados os títulos de renda fixa negociados no estrangeiro, incluindo tanto os títulos públicos (treasury bonds), como os títulos de dívida emitidos por empresas privadas (corporate bonds). São os equivalentes aos títulos do Tesouro e debêntures conhecidas pelos investidores brasileiros.

Fundos de Investimento Internacionais 

Uma das formas mais práticas de diversificar os investimentos no exterior, os Fundos de Investimento Internacional permitem que o investidor invista em um cesto de ativos estrangeiros, em vez de selecionar e aplicar em diferentes papéis individualmente.

Imóveis internacionais (REITs) 

Na falta de melhor comparação e para facilitar o entendimento, os Real Estate Investment Trusts podem ser descritos como produtos similares aos Fundos de Investimento Imobiliário conhecidos pelos brasileiros. Inclusive, assim como os FIIs, os REITs podem tanto investir em imóveis físicos, quanto em títulos lastreados em operações do mercado imobiliário.

Fundos cambiais

São fundos que aplicam ao menos 80% da carteira em moedas estrangeiras. O mais comum é que a maior parte do portfólio seja reservada para moedas fortes como o dólar e o euro, embora essa não seja um requisito.

Fundos de índice (ETFs)

Os Exchange Traded Funds são fundos de investimento passivo que espelham indicadores de mercado, acompanhando seus desempenhos de maneira passiva. Quem investe em um ETF que replica o S&P 500, por exemplo, se expõem a performance média das 500 maiores empresas dos Estados Unidos.

Global Depositary Receipt (GDRs)

Criados para facilitar o acesso de empresas estrangeiras desde bolsas locais, os GDRs funcionam como uma forma de certificado lastreado em ações listadas em bolsas do exterior. Entre os GDRs estão:

  • BDRs: os “Brazilian Depositary Receipts” correspondem aos títulos representativos de ações estrangeiras negociadas na B3. Por meio dele, o investidor brasileiro pode, por exemplo, investir em companhias como Apple, Google e Netflix, sem abrir uma conta com corretora nos EUA;
  • ADRs: os “American Depositary Receipts” são certificados lastreados em ações de empresas de fora dos Estados Unidos, negociados em bolsas norte-americanas. Por meio dele, investidores podem acessar companhias de todo o mundo, incluindo marcas brasileiras — como a Petrobrás, Gol, Gerdau, Itaú, entre outras —, desde mercados como a NYSE;
  • Contrato futuro: regulados pela B3 e negociados apenas pela bolsa de valores, os contratos futuros funcionam como uma espécie de acordo de compra e venda entre duas partes, que se comprometem a negociar um ativo determinado (nesse caso, moedas) em uma data adiante por um valor previamente combinado. Atualmente, as moedas negociadas no mercado futuro são o dólar e o euro.

Como escolher os países e mercados para investir?

O mercado acionário e o de dívida (considerando os títulos do Tesouro e as debêntures) do Brasil equivalem a menos de 1% e 2%, respectivamente do mercado global. Não é de espantar, portanto, que em meio a tantas novas oportunidades, o investidor tenha dúvidas de por onde, afinal, começar a investir no exterior. 

Felizmente, existe uma série de fatores bastante básicos que podem ser analisados para ajudar a filtrar as opções e encontrar aquelas que melhor se adequam aos seus planos. 

Ao escolher os países e mercados para investir, observe fatores como:

Crescimento econômico

Como não poderia deixar de ser, o ponto de partida para comparar diferentes países e bolsas é o crescimento econômico. Aqui, não há segredo: é preciso acompanhar o noticiário e estudar como está o desempenho econômico atual, o histórico recente e, também, as projeções futuras de cada nação e de suas principais bolsas. 

Para quem quer ir pelo caminho mais seguro, as economias mais consolidadas são aquelas que todo mundo já sabe de cor: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, e assim por diante. 

Aqueles que têm a pretensão de ir além e não se importam em assumir alguns riscos, entretanto, podem manter um olho na performance de mercados com maior potencial de crescimento, mas com maiores níveis de volatilidade, como a China, o México e a Rússia.

As principais potências econômicas do mundo em 2024 segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), inclusive, revelam uma mistura entre emergentes e países economicamente desenvolvidos, podendo servir de panorama para quem pretende montar uma carteira diversificada geograficamente. 

De acordo com o levantamento, as 10 maiores economias mundiais no momento, em ordem crescente, são: 

  • Estados Unidos; 
  • China; 
  • Alemanha; 
  • Japão; 
  • Índia; 
  • Reino Unido; 
  • França; 
  • Brasil; 
  • Itália; 
  • Canadá.

Estabilidade política

Além do crescimento econômico, outro fator chave é a estabilidade política. Democracias mais sólidas conferem um ambiente mais confiável e favorável para investidores estrangeiros. 

Um bom exemplo desse sentimento de confiança pode ser medido pelo “Índice de Confiança do Investimento Estrangeiro Direto”, estudo realizado anualmente pela consultoria norte-americana AT Kearney junto aos executivos de 500 das maiores empresas de todo o mundo. 

Segundo os dados de 2024, os 10 países mais confiáveis para se investir são: 

  • Estados Unidos; 
  • Canadá; 
  • China; 
  • Reino Unido; 
  • Alemanha; 
  • França; 
  • Japão; 
  • Emirados Árabes; 
  • Espanha; 
  • Austrália. 

O Brasil aparece na 19ª posição.

Regulamentação

Já tocamos neste assunto anteriormente, mas vale reforçar: ao analisar um mercado, tenha o cuidado de esmiuçar as regulações que o regem. 

Cada país conta com suas próprias normas e questões fiscais. Alguns mantêm acordos de reciprocidade com o Brasil, outros não. Da mesma forma, a tributação sobre os investimentos também pode variar bastante.

Diversificação setorial

Ao fim, uma das grandes vantagens de investir no estrangeiro é ter acesso a setores ainda não desenvolvidos ou mesmo inexistentes no Brasil. Por isso, ao escolher um mercado ou país no qual investir, dê preferência aqueles capazes de lhe oferecer uma maior diversificação setorial. 

Um exemplo aqui são os REITs norte-americanos, que além de investir em setores imobiliários tradicionais como varejo, residenciais e escritórios, também abrangem mercados sem equivalentes por aqui, como cassinos e unidades de armazenamento.

Quais são as melhores estratégias para investir internacionalmente?

Existem diferentes estratégias que podem ser utilizadas ao investir internacionalmente. Aplicar algum método condizente com seus planos e realidade, pode ser de grande valia tanto para filtrar os ativos, quanto para gerenciá-los e acompanhar seus rendimentos.

Entre as principais estratégias que podem ser aplicadas para orientar os investimentos no exterior, podemos citar:

  • Investimento passivo;
  • Investimento ativo;
  • Investimento temático;
  • Investimento em fatores;
  • Diversificação geográfica e setorial.

Abaixo apresentaremos cada um desse métodos individualmente:

Investimento passivo

Uma boa escolha para investidores iniciantes ou com pouco tempo para acompanhar o mercado global, a estratégia de investimento passivo tem por princípio comprar ativos e mantê-los por um longo tempo, independentemente das flutuações de curto prazo. A teoria é que, no longo prazo, os papéis tendem a se valorizar.

Uma das formas mais eficientes de potencializar esse método é aplicar em ETFs, de modo a replicar o rendimento de todo um setor ou classe de ativos, sem a pretensão ou preocupação de rebalancear sua carteira para tentar bater o mercado. O mais interessante, contudo, é que muitas vezes essa estratégia costuma trazer melhores resultados do que a de fundos ativos. 

Uma prova contundente disso está no levantamento “S&P Indices Versus Active Funds (SPIVA)”, relatório que apresenta a porcentagem de fundos de ações que foram superados por seus benchmarks em termos de retornos absolutos.

Investimento ativo

Método que exige maior domínio do mercado e capacidade analítica, o investimento ativo é o preferido por aqueles que preferem “arregaçar as mangas” em vez de acompanhar passivamente as flutuações de suas aplicações. 

Normalmente escolhido por investidores mais experientes, essa estratégia tem por objetivo vencer o mercado. Ou seja, fazer com que sua carteira e seus investimentos obtenham retornos acima da média. Esse tipo de investidor costuma escolher e comprar ações “individuais”, uma a uma, em vez de espelhar um indicador, como fazem os ETFs.

Investimento temático

O investimento temático é uma estratégia voltada para investidores capazes de olhar para a frente, identificando tendências com potencial de provocar mudanças econômicas e estruturais em todo o mundo. 

Em vez de investir em setores tradicionais e já consolidados, como o varejo, alimentação, financeiro e industrial, esse método foca em temas e nichos não tão acreditados, mas que possuem  o potencial de redefinir paradigmas ou solucionar problemas existentes de maneira inovadora. 

Exemplos de investimentos temáticos incluem, empresas que priorizam critérios ESG (sigla para “environmental, social and governance”), transporte elétrico, e a indústria dos games.

Investimento em fatores

O investimento em fatores — ou “factor investing”, no original em inglês — é um método avançado e disruptivo de aplicação cada vez mais em voga. 

Essa metodologia defende que a formação de uma carteira deve ser embasada na identificação de “elementos” capazes de influenciar o desempenho de diferentes papéis. A ideia, portanto, é orientar os investimentos com base em dados observáveis, independentemente da empresa ou setor.

 Assim, na prática, esse método reverte o modelo tradicional de investimento tradicional, partindo da observação das características e fatores do mercado, antes da análise e comparação de ativos individuais.

Entre os fatores mais conhecidos observados por essa estratégia estão:

  • Carrying (carregamento);
  • Dividend Yield (DY);
  • Momentum (momento);
  • Market cap (tamanho);
  • Qualidade;
  • Value;
  • Volatilidade.

Diversificação geográfica e setorial

Por fim, outra maneira bastante comum de orientar suas aplicações no estrangeiro consiste em diversificar o máximo possível seus investimentos, seja geográfica ou setorialmente. 

Além de diluir os riscos associados a países ou setores específicos, essa estratégia permite que o investidor esteja pronto para capturar diferentes momentos do mercado. Se o setor industrial não está bem, talvez o de energia esteja. Se o mercado do Brasil passar por uma recessão, talvez haja um crescimento no mercado japonês. E assim por diante.

Quais são os custos associados ao investimento internacional?

Já escolheu seus ativos e a estratégia a ser aplicada em seus investimentos internacionais? Então, antes de começar sua jornada financeira no exterior, falta apenas um importante detalhe: considerar os custos associados a esse tipo de aplicação.

Como esses descontos podem impactar diretamente nos seus retornos, é preciso colocá-los na ponta do lápis para evitar decepções ou equívocos em seu planejamento. 

De modo geral, os custos mais comuns em que você deve prestar atenção são:

Taxas de corretagem

Valor cobrado pela corretora de valores pela intermediação de operações no mercado financeiro

Essa taxa pode ser fixa ou variar segundo o valor transacionado, número de negociações ou classe de ativo. A depender da instituição financeira podem haver ainda despesas extras como mensalidade e ou cobrança de abertura de conta.

Taxas de administração

Quem pretende investir em fundos de investimento deve considerar também o custo de administração, valor destinado ao gestor como pagamento por seus serviços. 

Uma dica: essa taxa costuma ser significativamente menor em fundos passivos como ETFs, do que em ativos como fundos de ações, multimercado ou cambiais.

Taxas de performance

Alguns gestores também podem cobrar um bônus, a chamada “taxa de performance”, sempre que os fundos que administram desempenham acima do mercado.

Taxas de câmbio

Para enviar dinheiro ao exterior é necessário utilizar serviços de câmbio e remessa internacional. As instituições geralmente cobram taxas de serviço e aplicam spreads (diferenças) entre a taxa de câmbio comercial e a taxa oferecida ao consumidor.

Impostos

Pessoas físicas domiciliadas no Brasil estão sujeitas a uma alíquota fixa de 15% sobre os rendimentos de capital aplicado no exterior

O desconto é anual e sem base de dedução. Além disso, o investidor deve observar ainda como funciona a tributação do país estrangeiro onde investe. Nos EUA, por exemplo, há desconto de 30% direto na fonte na distribuição de dividendos.

Quer aprender mais sobre investimentos internacionais?

Esperamos que este artigo tenha servido para sanar ao menos parte das suas dúvidas sobre investimentos internacionais. Mas é importante que você não pare por aqui. 

Apesar de termos pincelado alguns dos tópicos mais relevantes sobre o assunto, o mercado global de investimentos é um tema amplo, impossível de ser abrangido em um artigo introdutório como este. 

Por isso, caso você esteja realmente interessado em fazer seu dinheiro render em moedas como dólar e euro, te convidamos a dar uma olhada em nossa Finclass sobre Investimento Internacional

Neste curso, exclusivo para nossos assinantes, o analista da Spiti e especialista em mercado estrangeiro, Felipe Arrais ensina todos os truques para montar uma carteira de investimentos internacionais perfeita. 

Gostou? Então não perca mais tempo. Assine hoje a Finclass, e venha aprender a investir do zero com os profissionais mais conhecidos do mercado financeiro!

Ted Duarte
Ted Duarte
Ted Duarte é economista e Pós-graduado em Mercado de Capitais, e traz em sua bagagem a experiência de trabalhar em uma das maiores auditorias contábeis do mundo, onde se especializou na análise de balanços de fundos de investimento. Atualmente atua no time de analistas da Finclass na área de Fundos Imobiliários.
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